Capítulo 7

Lívia Campos

- E então, como foi a noite pra você ontem? - Pergunto à Taylor enquanto eu preparava panquecas doces e ela fazia o seu café e o meu leite com Nescau, porque eu sou do time vermelho e não do time da vaquinha.

- Você nem acredita Lívia! Jace, o barman, encontrou comigo no banheiro e nós demos muitos amassos. O cara é absurdamente gostoso e beija bem pra caralho. - Ela fala empolgada e eu solto uma risada.

- Vocês transaram no banheiro do pub? - Pergunto fazendo uma careta e ela afirma suspirando.

- Ele é muito, muito gostoso mesmo.

- Você já disse isso. - Viro a panqueca para corar do outro lado.

- Eu sei. Mas apesar disso, você sabe meu dilema. - Ela olha pra mim.

- Você não repete a dose. - Ela sorri pra mim e volta sua atenção para mexer o meu Nescau no copo de leite.

- Mas e você? Não te achei depois que sai do banheiro e olha que eu te procurei em vários locais daquele lugar.

- Ah, eu encontrei um rapaz que foi na confeitaria na sexta. - Taylor olha pra mim super curiosa.

- Conta agora. - Balanço a cabeça que sim enquanto tiro as panquecas da frigideira e coloco no prato. Levamos o nosso café da manhã até a mesa e nós sentamos.

- Bem, ele se chama Niall. É um rapaz muito lindo e simpático. Ele acabou encontrando comigo no bar, me pagou uma cerveja preta e me convidou para ir até o deck que fica nos fundos do pub. Nós ficamos conversando lá um pouco até você me ligar.

- La tem um deck? - Afirmo bebendo um pouco do meu leite com Nescau. - Nunca vi. Mas me conte mais sobre esse Niall!

- Ele é jogador profissional de Golf e um dos donos de uma empresa de Golf chamada Modest. - Começo a explicar mas sou interrompida pela loira.

- Aí meu Deus! Você conheceu o Niall? Niall Hayes? - Afirmo confusa. - Ele é tão famoso Lívia! Não acredito que nunca tinha escutado falar dele. O cara tem muitos fãs e milhares de seguidores no I*******m. É melhor amigo do cantor Paul Adams!

- Meu Deus Taylor! Ele é amigo do Paul? Aquele que toca aquela música que você ama e escuta o tempo todo?! - Pergunto assustada e surpresa ao mesmo tempo.

- Esse mesmo Lívia! Eu ainda não acredito que você conheceu e conversou com o Niall Hayes. - Ela diz chocada com a notícia que lhe informei.

- Olha não surta assim Taylor. O Niall é muito legal, e sei que é uma boa pessoa. Ela é uma pessoa normal, mesmo sendo amigo do Paul.

- Claro, porque é super normal ser amigos do Paul Adams, um cantor famoso mundialmente e podre de rico! - Ela diz com ironia e eu reviro os olhos.

- Não foi isso que eu quis dizer. É só que o Niall é uma pessoa normal, que tem a cozinha de sua casa como local preferido por amar comer, mesmo não sabendo cozinhar muito bem. Ele também gosta muito de futebol e até chama os outros pra uma partida... - Digo distraída ao me lembrar mais uma vez da nossa conversa ótima de ontem.

- Por um acaso ele te chamou pra uma partida de futebol? - Taylor pergunta bebendo um pouco de seu café e cortando sua panqueca.

- Sim. - Ela arregala os olhos enquanto eu mordo minha panqueca. - Na verdade ele insinuou isso, não foi bem um convite. Mas creio que ele vá me chamar.

- Por um acaso vocês trocaram números de celular?

- Não. - Dou de ombros. - Ele disse que vai amanhã na confeitaria.

- Okay, eu estou chocada. Isso é meio que, tipo, você Lívia Campos, minha prima legal e divertida, tem um encontro com Niall Hayes. - Ela balança a cabeça em negação e eu lhe dou um tapa de leve.

- Chega de falar dele sua dramática. Niall vai continuar sendo um cliente que eu gostei de conhecer e pronto. Agora vamos terminar logo isso aqui e  nós arrumar para ir pra casa da vovó. Tenho certeza que ela vai matar a gente se chegarmos lá atrasadas.

- Nossa, é verdade. 

Nós terminamos de tomar nosso café da manhã conversando coisas aleatórias como sempre e não demoramos a limpar tudo e ir nos arrumar para almoçar na casa da nossa avó. Aproveitando o ótimo clima de verão que faz nessa época do ano, que me trás muitas lembranças do meu pais natal, aproveitei para usar um vestido florido de amarelo e vermelho e uma sandália baixa. Demorei um pouco mais arrumando meu cabelo, mas não tanto quanto Taylor. 

Minha prima é vaidosa ao extremo e sempre passa muitos minutos se arrumando para ir levar o lixo na rua que seja. Mas são essas certas caracteristicas de Taylor - que mesmo me irritando as vezes - fazem dela a pessoa que é hoje, e eu a amo dessa maneira. Aliás, o que seria de mim sem a minha dose do drama típico de Taylor diariamente? Provavelmente alguém sem se divertir as custas disso, então não teria graça alguma. 

- Vamos logo Taylor! - Grito pela milésima vez na porta de seu quarto, até minha prima loira maluca sair de seu quarto, também vestindo um vestido florido. - Graças a Deus!

- Eu nem demorei garota. - Ela diz dando de ombros e eu reviro os olhos. Imaginem se tivesse demorado... 

- Já são dez e meia. Apesar da vovó morar perto provavelmente vamos pegar trânsito. 

- É verdade. Vamos então. 

Saímos de nosso apartamento e fomos direto pra garagem pelo elevador.

- Que carro a gente vai? - Taylor pergunta olhando do meu carro pro dela. 

- Bem, eu quero dirigir hoje, então vamos no meu. - Ela assente feliz, ja que sei que ela não gosta muito de dirigir. 

Entramos no meu carro e enquanto eu ligava o mesmo Taylor se apressou para ligar o som do carro. Mais uma vez as canções de Jorge e Mateus começaram a tocar e nós nos encaramos com um sorriso no rosto. Sim, eu fiz meu papel de brasileira em converter minha prima britânica para se tornar fã dessa dupla sertaneja também. 

Ela queima o arroz. Quebra copo na pia. Tropeça no sofá, machuca o dedinho. E a culpa ainda é minha... - Começo a cantar animada e olho de relance pra Taylor para ele continuar. 

-Ela ronca demais. Mancha as minhas camisas. Dá até medo de olhar. Quando ela tá naqueles dias... - Seu sotaque britânico e o português desajeitado torna sua perfomace muito mais engraçada. 

É isso que eu falo pros outros. Mas você sabe que o esquema é outro. Só falo isso pra malandro não querer crescer o olho. Tá doido que eu vou, Fazer propaganda de você. Isso não é medo de te perder, amor. É pavor, é pavor... - Cantamos juntas sem nos importar com a vergonha que estavamos passando, ja que os motoristas dos outros carros que passavam do nosso lado na rua nos olhavam com feições esquisitas. - Tá doido que eu vou, Fazer propaganda de você. Isso não é medo de te perder, amor. É pavor. É minha, cuido mesmo, pronto e acabou

Nós caímos na gargalhada quando terminamos nosso dueto. 

- Essa música é meio esquisita. - Taylor diz e eu olho pra ela quando paramos em um semáforo. - Tipo a batida dela é meio depressiva. 

- É meio que a intenção desse tipo de música. Pra gente sofrer mesmo. - Taylor faz uma careta engraçada. - Apesar que eu não concordo com essa letra. 

- Fala sobre o que?

- Um esposo ou namorado que fala coisas que a mulher faz, mas é mentira. Ele apenas não quer falar as caracteríscas positivas dela pros outros. Ele considera isso como propaganda, e ele não vai fazer isso pra ela por medo de perdê-la. 

- Nossa, mas isso é meio machista, não?!

- Muito. Deus me livre um homem assim. Eu quero arrumar alguém que não vai se cansar de falar coisas maravilhosas sobre mim para os outros. Se ele tiver certeza do meu amor vai saber que nunca ninguém irá assumir seu lugar pelas coisas que ele disse de mim. - Sou sincera e volto a dirigir enquanto Taylor permanece em silêncio ao meu lado. 

- Você esta certa. - Noto que Taylor reflete minhas palavras por um bom tempo, ja que fica em silêncio. - Você sente falta do Brasil, Livia?

Mil pensamentos passam pela minha cabeça. Os motivos que me fizeram vir pra Inglaterra e ficar sob os cuidados da minha avó paterna. Claro que agora muitos anos se passaram e eu voltei pro Brasil somente três vezes desde então, mas eu sinto falta sim do país, da cultura e clima, e não tanto de todas as pessoas de lá. 

- Do país em si, sim. - Respondo apenas e Taylor compreende o que eu quis dizer. 

- Olha a vovó ja esta nos esperando do lado de fora de casa. - Nós rimos ao ver dona Emma nos esperando na porta de sua casa e eu estaciono o carro na garagem. 

- Meus amores! - Vovó diz animada quando saímos do carro e corremos em sua direção para lhe abraçar. - Vocês estão lindas e atrasadas como sempre!

- Culpa da Taylor vó. - Falo livrando meu lado e vovó ri concordando. 

- Credo, ninguém acredita em mim mais. - Taylor começa seu drama. - Eu só quis ficar bonita pra senhora, vovó. 

- Você ja é linda sem precisar se arrumar meu amor. Agora vamos entrar, precisamos colocar o assunto em dia. - E assim somos arrastadas pra dentro de sua casa. 

Vovó tem seus sessenta anos e está em ótima forma, continua trabalhando em sua empresa de advocacia aqui em Londres mesmo. Sua casa esta mais pra uma linda mansão onde passei minha adolescência e boa parte dos meus anos de juventude. Nosso avô morreu á alguns anos de acidente marítimo, ja que ele amava navegar em seu barco e pescar muitos peixes. A mansão branca cheia de detalhes que remete a nossa família é muito aconchegante e sempre me trás a sensação de estar em casa, talvez porque aqui é a minha casa. 

Ficamos horas conversando. Vovó Emma é uma pessoa muito boa, uma das melhores que ja conheci. Sempre trata a todos com humildade e alegria. Minha avó Emma é a pessoa que eu mais amo em toda a minha vida, sou muito grata a ela por tudo. 

Quando eu e Taylor visitamos nossa avó aos domingos, todos sem faltar nenhum, nós perdemos a noção de horário, porque nos sentimos tão bem de estar na companhia uma das outras que nada mais importa. E é por esses momentos que eu mantenho meu sorriso no rosto todos os dias, pois sei o quanto ele é importante para as duas pessoas que mais se importam comigo na vida...

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