Capítulo 4

Natasha acordou assustada com os lençóis da cama manchada de sangue, ficou tomada pelo pânico sem saber o que ocorreu. Estava tonta sentindo dor de cabeça, sabia que tinha ido à festa de formatura e que tinha bebido bastante, e não estava conseguindo lembrar o que aconteceu!

Porque sua cama estava suja de sangue, sua mãe bateu na porta do quarto acordando; chamando-a para levantar que seu pai queria ter uma conversa séria, a respeito do desaparecimento da festa na noite anterior, queria explicação do fato ocorrido, e para ele isso era uma desfeita das grandes. Ela simplesmente dissera:

    — Mãe não vou levantar tão cedo hoje, diz pro papai que não estou me sentindo bem!

     — Filha, o que foi que aconteceu? E o que você tem?

     — Mãe eu sai cedo da festa e vim embora me perdoe por não ter dito que vim pra casa, não queria deixar vocês preocupados é só isso!

     — Mas seu pai quer falar com você, sabe como ele é?

    — Sei sim, ele quer descarregar seu veneno, mas mãe diga a ele que passei mal na festa e vim embora só isso. Faz isso por mim mamãe?

— Margarete que fazia todas as vontades da filha foi convencer Francisco que sua filha não estava passando bem. Enquanto ela ficava pensando e tentando descobrir o que aconteceu depois que saiu da festa, tinha ingerido bebida alcoólica.

E não lembrava de nada, mas alguma coisa estava fora do comum. Não sabia o certo se havia sonhado? Ou aconteceu, algo que jamais poderia imaginar que um dia pudesse acontecer.

Mas aconteceu, e precisava descobrir o que? Uma coisa tinha certeza! Não era mais virgem, mas o problema com quem ela esteve? Entrou em pânico se perguntando e tentando lembrar. Ficou deitada na cama pensando em tudo, não era mais virgem, isso era um fato. Precisava saber como isso aconteceu? Sentia uma sensação estranha sem saber se era bom ou ruim.

Voltando à festa e lembrando como tudo aconteceu, a memória foi reagindo aos poucos. Conheceu um jovem de máscara que não dava para ver bem quem era, mas era um estranho e galanteador, bom de papo, gentil e um verdadeiro cavaleiro que se chamava Felipe.

Lembrou dos (beijos) carícias e finalmente fizeram amor, tudo favorecia, estava carente e triste desanimada por falta de atenção do seu pai e de sua família. Cansada da vida rotineira que levava e acabou se entregando de corpo e alma, ou melhor, se apaixonou perdidamente por um jovem sedutor e desconhecido. E na medida em que ela se lembrava dele, constatou que encontrou o homem da sua vida, ou seja, seu príncipe encantado.

Assim como imaginou que pudesse acontecer. Embora (sendo) cética a respeito do romantismo, pouco acreditava que pudessem existir homens interessantes por quem pudesse se apaixonar, mas aquele jovem despertou algo especial. Estava difícil esquecer aquela noite que marcaria para sempre sem dúvidas, a sensação muito gostosa de sentir, embora (sendo) virgem, mas que tivera muito prazer, as carícias, os beijos molhados e quentes.

Aconteceu de forma misteriosa, era escuro, embora tendo lua, mas que seguidamente se escondia por trás das nuvens. Um pouco tonta pela embriaguez, que contribuiu bastante para aquilo acontecer. Ele se chamava Felipe que dissera ter vindo de Porto Alegre. De um estranho foi se tornando especial, e não esquecia os doces momentos que tivera, e jamais iria imaginar chegar ao ponto que chegou.

Não estava em seus planos de se entregar para qualquer homem. E embora não sendo romântica e sonhadora de acreditar em príncipe encantado, ou alma gêmea, mas que sonhava quem sabe um dia encontrar um homem especial que a amasse do jeito que ela merecia ou queria. Como era prática e objetiva andava com os pés no chão, sabia que homens especiais não existiam. Estava diante de um dilema.

Foi induzida por aquele jovem misterioso e sedutor que não sabia de onde viera. Apenas se chamava Felipe, será que era mesmo Felipe? Já que ela também inventou um nome: Alice.

— Que brincadeira foi essa que inventei, para disfarçar o que eu sentia por ele, porque fugi dos meus sentimentos, mas que boba que sou de criar uma personagem. Porque não sou assim? Nunca tive medo de nada?

Natasha falava sozinha com ela mesma, e ria da situação, mas, ao mesmo tempo, estava em pânico ao descobrir que não era mais virgem, se entregou para um jovem desconhecido correndo sérios riscos de que ela sempre temeu, ou seja, uma doença sexualmente transmissível. Ou até mesmo uma gravidez indesejável, da qual ela mais temia caso acontecesse, e isso seria um pesadelo, conhecendo bem a família que tinha. Principalmente seu pai.

Um mês depois…

Arthur estava de malas prontas para viajar a Europa Paris França. Em busca dos seus sonhos traçados. Era um momento de satisfação e apreensão ao mesmo tempo ter que deixar as pessoas que ele amava para trás.

E ir em busca daquilo que sempre buscou desde a infância, mas agora estava diante de um desafio e um dilema, desafio de recomeçar a nova vida sozinho sem sua família por perto, sabia que nada seria fácil na vida. Mas a vida que segue, embarcou no ônibus e seguiu destino a São Paulo. E depois a Paris para a tristeza de Natasha que não entendia o porquê? Quando deveria ficar feliz pela conquista do seu melhor amigo.

Era difícil se conformar em perder seu parceiro de todas as horas. E agora não sabia como seria a sua vida sem ele por perto, para ajudar nos estudos e nos momentos em que ficava triste e carente. Lá estava ele consolando e fazendo-a rir, só ele sabia como a fazer mudar de ideia ou arrancar um sorriso quando ficava triste. Tantas perguntas na mente dela, a inconformidade de perder seu melhor amigo.

Mas tinha que torcer pelo sucesso dele, sabia que cedo ou tarde ela também pensava em viajar e ganhar o mundo e quem sabe encontrar ele por aí. E viver grandes aventuras juntos como sempre sonharam.

Tinha que se conformar e aceitar e torcer pela felicidade dele, ainda mais agora que precisava desabafar seus problemas, a vida não seria mais a mesma desde que conheceu Felipe na noite de formatura. E nunca teve coragem de revelar, esse segredo tinha que ficar só entre ela e mais ninguém.  Arthur chegou bem de viagem, embora estranhando a cidade grande e desconhecida sem ninguém para conversar.

A vida não seria fácil com sintomas de depressão, saudade da terra. E da família e sua amiga Natasha, ter que conviver num País estranho sem um rosto amigo para conhecer e conversar, mas era tarde para se lamentar, chegou onde queria chegar. Afinal de contas sempre sonhou por esse momento. E tinha que ir em frente e se adaptar à nova vida, e à nova realidade.

Na vida nada é fácil, e isso sempre soube, mas o que deixava perturbado era a jovem que não saia da sua cabeça (dia) e noite. Agora tinha que se concentrar nos estudos, e no novo curso prestes a fazer, ambição de ser um cientista famoso. Embora faltasse muito, por enquanto se dedicou ao projeto de arqueologia. E fazer novas descobertas pelo mundo afora. Seguir trabalhando.

Ir além do que esperava. Era ambicioso, mas honesto ganhar a vida sem precisar passar por cima de tudo e de todos. Garoto bom de boa formação e caráter acima de tudo. Preservava muito os valores e seus princípios. Todos da família estavam inconformados com a gravidez de Natasha. Ninguém mais conversava com ela. E a vida estava um verdadeiro inferno.

O pai decidiu o destino, depois que a criança nascesse para um colégio interno. E a criança seria encaminhada para um colégio de freiras, e seria adotada. Francisco não ouvia mais ninguém nem sua esposa Margarete. A única pessoa que conseguia convencer ele de alguma coisa.

Mas desta vez nem ela conseguiu. Estava decidido. Sua filha ia para um colégio interno fora do País de preferência Itália. Todos os dias fazia contatos com as pessoas de lá para ajudar a acolher sua filha caso fosse preciso, tinha amigos que moravam na Itália: principalmente Veneza. Seguidamente viajava para aquelas regiões. Não seria difícil concluir seu plano, se antes não dava atenção a sua filha, agora odiava, e desprezava veemente.

Para ele, Natasha não era mais filha, estava morta e nem olhava para ela, e isso deixava Natasha em pânico, mas estava decidida a ter o filho, ou filha. Embora muito magoada com seu pai, certamente nunca a perdoaria pelo que estava fazendo jogando na rua da amargura.

Sempre foi rejeitada e agora quando mais precisava de sua família, que estavam virando as costas, estava ciente disso, de que depois que sua ou seu filho nascesse teria que sair de casa, mas para onde pensava ela? E pelo que ficou sabendo ia para um colégio interno na Itália, até então estava aceitando, mas pensando numa possibilidade de fugir.

A família toda queria saber quem foi o homem que engravidou. Decidida a guardar aquele segredo até o fim, aconteça o que acontecer não ia revelar a identidade do pai da criança. Temia pela segurança dele caso dissesse ser Felipe seu grande amor que ela não tirava da sua cabeça, mesmo passando por aquele momento mais difícil da sua vida.

Mas era aquele amor que dava forças para ter esperança de que um dia pudesse encontrar por aí. Por esse amor que estava tendo forças para suportar a dor da rejeição de todos da família, e de seus amigos, que abandonaram. O único amigo que podia contar estava longe, no caso Arthur.

Precisava ser forte para não prejudicar seu bebê. Natasha estava vendo o mundo desmoronar na cabeça com tanta coisa ruim acontecendo. E se perguntava qual pecado cometeu por estar passando por aquilo tudo?

Que prova Deus estava impondo a ela? Grávida de um jovem rapaz sedutor por quem se apaixonou perdidamente. Natasha pensava em fugir de casa ir para um lugar bem longe, mas para onde pensava ela, se nem suas tias queriam saber de conversa com ela.

Para todos ela afrontou jogando o nome da família na lama engravidando com 17 anos de idade. Nem casada e nem solteira grávida de um desconhecido. Foi uma decepção para todos. E não aceitavam isso, que uma jovem linda cheia de talento que poderia casar com um bom partido. Agora grávida!

E de quem? Perguntavam-se. Queriam saber o nome do pai a qualquer preço, mas nem sobre tortura diria, até porque nem ela mesma sabia onde estava e nem de que cidade era. Dissera: que viera de Porto Alegre. Até pensou em fugir para a cidade dele. Mas com que dinheiro?

Se ainda dependia dos pais, não tinha emprego e nem profissão, não tinha terminado seus estudos, e naquele momento estava impedida até estudar por causa do preconceito da sociedade hipócrita que adoram julgar.

Menor de idade grávida, a ovelha negra da Família. Passou a ser vergonha dos primos. Todos viraram as costas, até aqueles que juravam que eram seus amigos. Chegou à conclusão que nunca foram amigos de verdade.

E sim amigos interesseiros que estavam afim pela beleza. E agora grávida que valor tem? Então a única saída para o futuro era aceitar seu destino, e ir para Veneza Itália num colégio interno sobre os cuidados de uma tia na Itália. 

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