08

Camila narrando

Estou me sentindo um lixo, sinto dor em tudo,por dentro e por fora , eu mal consigo me mexer ,minha boca está cortada e  saindo sangue de tantos socos que ele me deu. Tento me levantar e me sinto tonta, não consigo me mexer  ou muito menos andar direito.

Sinto quando entram duas vezes no quarto andam em volta da cama e depois vão embora  , me encolhi na cama e fingi que estava dormindo.

-Camila? - Sinto a voz de Marina entrando no quarto. - Eu vim te ajudar, ele te machucou muito. -Ela fala se aproximando da cama, apenos levanto a cabeça e subo meu olhar até o dela. - Toma esse remédio para dor. - Ela diz me estendendo o remedio e um copo de água. -Vou te ajudar a levantar para tomar um banho e depois cuidar dos seus machucados.

Marina me ajudou a ir até o banheiro, com muita dor e dificuldade para andar eu consegui chegar até lá, a dor em baixo da minha cintura estava insuportável.

- Você era virgem? -Marina me pergunta enquanto ligava o chuveiro.

- Sim. - Digo baixo já que até para falar estava doendo. Eu estava zonza, e me segurava nas paredes e nela para conseguir ficar em pé. 

- Droga. - ouvi a Marina resmungar para ela mesmo. Ela me deixou ali de baixo do chuveiro enquanto foi pegar alguma coisa la no quarto.

Eu estava me sentindo imunda, suja, um lixo. O que o meu pai fez para esse cara para ele me sequestrar e me tratar assim, se eu não tivesse convencido meus pais a dispensar os seguranças, isso nunca teria acontecido.

- Vem, vamos, que eu te ajudo a sair. - Marina fala assim que chega no banheiro. Ela parece ser bipolar, uma hora ela me trata bem e outra não. Ela me ajudou a sair, a me secar , e me vestir, ela me levou até a cama, e agradeci mentalmente que ele não estava por ali.

- Coloca esse saco de gelo no meio das suas pernas vai ajudar a aliviar a dor. - Ela me entrega e  eu ajeito o saco.

-O que o meu pai fez para vocês?  - Pergunto a ela, que estava colocando curativo nos cortes no meu rosto . Ela me olha , e parece pensar uma resposta para me  dar.

- Muita coisa. - Ela diz fria, e continua fazer o que estava fazendo.

- Ele vai continuar me machucando? - Digo engolindo seco.

Ela me olha e apenas assente, e ali eu já entendi que aqui seria o meu fim,  que ele iria me torturar até a morte, mas eu queria entender o porquê.

Marina me trouxe comida, água,  e mais remédio já que eu tinha reclamado para ela que eu estava com muita dor.

Me ajeitei em um canto da cama, a onde eu só não caia porque era o lado da cama grudada na parede, me tampe até a cabeça e ali fiquei encolhida, eu estava morrendo de sono, mas a dor não me deixava dormir, doía tudo, por dentro e por fora.

Senti a porta abrir e  pelos passos firmes no chão, senti que era ele, meu coração acelerou, mas fiquei ali quieta.

- Se você ficar sem respirar , você vai morrer. -Ele disse andando pelo quarto e fechando a porta que acredito ser do banheiro. Quando sinto que ele não estar mais ao meu redor, eu solto a respiração.

E enfim, parece que o remédio está fazendo efeito, e o meu corpo amolece, e aos poucos vou fechando os olhos e conseguindo descansar um pouco.

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