Segundo Capítulo

O dia amanheceu lindo e todo vilarejo se preparava para nova conquista de guerra. Pétros no dia anterior havia visitado Leda a chamava carinhosamente de madrinha e ela o garantiu vitória, mas o alertou da morte de seu pai. Pétros ficou muito preocupado, mas foi dormir pedindo aos Deuses proteção ao rei, mas quando Pétros se levantou na manhã seguinte, já se deparou com a notícia que seu pai Uziel havia falecido durante a noite. Areno não conseguia esconder a satisfação, mas todos no reino sentiram muito por Pétros perder seu pai.

   A cerimônia duraria sete dias, somente depois disso Pétros mandaria Areno para guerra. Pela primeira vez Areno sairia como chefe do exército real, posição ocupada por Pétros até o momento e sairia sozinho tomaria a decisão que lhe fosse conveniente, feliz nem se ocupou com a coroação do irmão, pensaria nisso depois.

         No oitavo dia após o sepultamento do rei Uziel, Pétros se tornou o novo rei, mesmo sem rainha, pela norma da cidade isso seria impossível, mas diante do fato de Pétros ser o sucessor de seu pai, teria que ser rei mesmo fora dos procedimentos de coroação exigidas pelas leis. Areno não se incomodou sabia que teria vitória na guerra segundo o Bruxo Aleister.

         O reino de Uziel estava em festa o novo rei seria justo e competente. Apesar da tristeza de perder o pai Pétros mostrou-se satisfeito. Areno partiu para guerra, enquanto Pétros ocupava-se com o reino.

- Preciso falar com o Rei. Disse um dos conselheiros do palácio.

O conselheiro disse ao novo rei que preparasse uma festa para que seja escolhida a nova rainha. Pétros não queria pensar em casamento no momento, mas temia a insatisfação do povo e da realiza se demorasse a escolher a rainha. Pediu um tempo ao conselheiro.

         Após dois meses na guerra. Areno já estava pronto, o ataque à próxima cidade era Cetros. Uma cidadezinha próxima ao rio Nilo, era a última cidade a ser conquistada. Areno já estava exausto e pretendia voltar para casa depois dessa conquista.

         Em Cetros morava um rei muito generoso em sua aldeia não havia escravos, seus moradores viviam livres, as pessoas que trabalhavam no palácio ganhavam em troca de comida, moradia e um pouco de ouro a cada final da lua cheia.

         O Rei de Cetros só tinha uma filha chamada Ádne. Uma bela moça e muito cobiçada por outros reinos. Ádne não era uma princesa comum, tinha o dom de prever o futuro e nem seus pais sabiam por que ela nascera com esse dom, mas agradeciam aos Deuses pela dádiva. Sendo assim o rei Cetros conseguia conquistar alguns reinos menores e mesmo contra as leis do Egito se recusava a manter os escravos como seres inferiores, dando-lhes abrigo e um documento assinado pelo rei atestando que eram cidadãos livres.

         A rainha Angelina se enchia de orgulho de sua família.

         Ádne acordou assustada e sua cambone Nyla foi correndo saber o que estava havendo.

-Minha princesa, o que aconteceu?

- Nyla eu tive uns daqueles sonhos reveladores.

-Como foi princesa Ádne?

-Todo nosso reino estava pegando fogo e a minha família toda foi morta, menos eu e você, depois levaram todo nosso povo para um reino distante como escravos. Eu vi um olhar, onde não havia trevas somente amor e luz, mas de repente veio outro olhar e apagou tudo com ódio e destruição.

-Que horror! Deve ser apenas um sonho bobo, princesa!

-Não foi. Eu sei quando meu sonho é atoa ou revelador, me ajude preciso me vestir, empresta suas roupas.

-O que? Para que a senhorita quer minhas roupas?

-Não me questione, vamos! Não há tempo a perder, eu sonhei com a lua minguante e hoje é o último dia da lua minguante, temos que correr. Vamos!

-  Mas a senhorita não acha melhor avisar o rei?

-Não haverá tempo minha querida, o destino muitas vezes não pode ser mudado e esse é um deles. Vamos!

 Ádne se vestiu com roupas de Nyla parecendo uma serva da casa, seus pais não tiveram tempo de vê-la naqueles trajes, pois mal acabou de se vestir o reino foi atacado devastando tudo que encontrava pela frente.

Ádne pegou seu anel, Jóia da realeza e guardou dentro de suas vestes.

    Areno ficou atordoado, pois Aleister havia dito que ali teria uma princesa, mas não encontrou ninguém e inconformado voltou para seu reino.

        Ao chegar ordenou que todos fossem distribuídos como de costumes.

E assim com ajuda dos Sacerdotes as moças puras foram para o harém, os jovens homens para a guarda real e os demais para o vilarejo e alguns para servir como escravos no palácio.

Ao encontrar Pétros. Areno contou todas suas vitórias e mostrou ao irmão toda fortuna arrecadada.

       Pétros ficou satisfeito. Areno mandou separar todas as novas moças puras para levar para seu harém e ao ver Ádne ficou intrigado, a moça tinha traços finos, rosto corado e um gesto que de longe não parecia uma escrava, mas no momento que ia interrogá-la Pétros o chamou.

- Areno venha aqui!

-Sim meu irmão! Respondeu Areno contrariado sem tirar os olhos da escrava.

-A nova remessa do harém vai para o harém do novo rei.

-Mas você disse ser contra ter um harém achei que iriam para meu harém?

-Sinto muito decepcioná-lo, mas é a lei. Somente o rei pode ter um harém.

-Você não vai usar o harém como deveria, porque quer tudo para você?

-Eu sou o rei meu irmão não deve me questionar. Agora saia eu quero ficar só, para fazer a contabilidade da sua vitória.

 Areno    ficou    furioso    e   foi para casa   de Aleister. Chegando lá questionou o bruxo de suas previsões.

- Meu príncipe já voltou da guerra?

- Se você é mesmo um bom bruxo, deveria já saber disso!

-Calma meu amigo, porque está tão bravo?

-Cadê a princesa de Cetros?

-Ela está entre vocês, não sei o que ela fez para se esconder de você, mas ela está lá.

Areno ficou pensativo e lembrou-se da escrava bela  e bem cuidada que ia interrogar.

-É ela!  A escrava.

-Ah então achou?

-Sim, só pode ser uma das escravas que eu trouxe. Você disse que ela previa o futuro, então foi isso, ela prevendo o ataque se vestiu de escrava para eu não a matar, m*****a e linda.

-Esperta! Cuidado! Muito astuta para meu gosto. Disse Aleister.

-Tem razão! Tenho que dar um jeito nela, pois será minha esposa.

-Não! Deixa o rio tomar seu curso e verá que tudo sairá como meu príncipe deseja.

  Areno    saiu    da   casa    de   Aleister     feliz    e esperançoso.

  No harém as novas moças foram preparadas e colocadas em seus lugares.

 Susan e Alef tomaram conta de tudo, Susan era uma mulher experiente e bela, por anos serviu o rei depois da morte da rainha, era a preferida entre todas e assim assumiu como chefe do harém para ensinar e orientar as moças a serem dignas de servir ao seu novo rei.

    Alef era o eunuco mais velho, veio pequeno para Uziel. Não tinha dotes para guerra, tinha traços finos e um jeito afeminado, então o rei ordenou que fosse morar no palácio. Ao ser castrado passou a ajudar no harém se tornando eunuco, com sua dedicação logo se tornou um dos sacerdotes ensinando e orientando às moças em sua nova adoração aos deuses do Egito, pois com a guerra muitas tinham outras religiões se misturavam e era a obrigação de Alef orientá-las quanto a sua nova religião no Egito.

  Alef olhou nos olhos de Ádne e se arrepiou todo.

-Você é diferente moça, tem um domínio no olhar que somente os nobres têm.

-Meu povo era livre senhor, talvez seja isso, perdoe-me se te afrontei.

-Não me afrontou, só comentei que você não é uma escrava comum, vou ficar de olho em você!

 Ádne ficou com o coração em saltos e Nyla tentava controlar o nervosismo também. Susan também achou Ádne diferente.

-Veja Alef como ela anda seus gestos, seu olhar, não é de uma escrava.

-Também achei, mas ficaremos de olho nela, isso pode trazer problemas para nós, minha querida.

 - Sim, tem razão ficaremos de olho, deixa chegar a hora do jantar e veremos. Nyla falou baixinho no ouvido de Ádne.

-Você tem que aprender a ser escrava minha princesa, caso contrário descobrirão a princesa aqui.

-Tem razão minha amiga, me ajuda, por favor, não sei ser diferente, mas sei que logo isso será desnecessário.

-Quando a princesa for comer descobrirão tudo, pois nenhum servo sabe pegar em um talher, mesmo nós que éramos livres, não fomos educados para essas formalidades.

-Eu não sei comer sem talher, e agora?

-Não sei princesa peça a Deusa Isis que nos ajude.

-Pedirei Nyla.

  Ádne voltou seu pensamento para deusa Isis e pediu que a protegesse e a seu povo de todo o mal.

  Ao anoitecer o jantar foi servido no harém, mas nem Alef, nem Susan estavam lá para acompanhar, pois Pétros havia chamado os dois para conversar.

-Estamos aqui majestade, disse Susan apreensiva.

-Eu decidi que no palácio haverá somente um harém, o do rei. Os dois entreolharam e abaixaram a cabeça.

-Eu sei o que vocês dois estão pensando, mas não é nada disso, não sou como meu pai, ao contrário dele quero proteger aquelas pobres moças do meu irmão.

 Os dois olharam para Pétros e com lágrimas nos olhos se ajoelharam aos seus pés comovidos.

-Levantem! Eu sou responsável agora pela vida e integridade daquelas moças, quero que elas sejam flores neste palácio, enfeitando, dançando me servindo apenas com graça e beleza, ninguém tocará em nenhum fio dos lindos cabelos delas, não quero que mudem para ser egípcias quero que continuem com suas religiões e crenças.

-Majestade o senhor sabe das coisas que seu irmão faz?

-Claro Susan! Não é à toa que eu fui nomeado rei pelo meu pai, sei de tudo que acontece no meu reino e por esse motivo muitas coisas vão mudar aqui no palácio. Amanhã quero um banquete com o harém, eu mesmo conversarei com as moças, agora podem ir!

-Mas majestade se essas moças cultuarem seus deuses e crenças o palácio ficará uma bagunça.

-Não creio cada um acredita em quem cresceu acreditando, não permitirei templos ou altares aqui, mas cada um não deverá ser obrigado a cultuar nossos deuses apenas a respeita-los.

-Assim será majestade! – Disse Susan.

Os dois voltaram para o harém e as moças já estavam dormindo, felizes foram dormir também. No dia seguinte as moças ficaram assustadas com a movimentação da preparação do banquete real, mas não se atreveram perguntar. As moças do harém de Areno vieram todas para o harém do rei sem entender, o harém de Areno foi transformado em uma linda sala e bem decorada para receber reis de outros reinos aliados. Pétros estava abatido e desanimado, mas precisava se recompor até a noite. Areno o deixava preocupado e desgostoso. Areno foi falar com Pétros disfarçando a curiosidade.

-Meu irmão eu estou sabendo que terá uma grande festa no harém do reino, posso ir também?

-Você sabe muito bem que não pode ver as moças do harém...

Areno não deixou Pétros terminar a frase e com um tom amistoso abraçou o irmão e tentou lhe fazer uma proposta.

-Meu soberano Rei. Porque não acabamos com essas regras idiotas e unimos o útil ao agradável, um único harém no palácio com acesso livre para nós dois.

-Pétros sorriu e se desvencilhou de seu irmão o deixando falando sozinho. Areno ficou irritado com a postura de Pétros.

 O harém estava todo florido, enfeitado com véus coloridos e um agradável perfume estava no ar tinha frutas, vinho e carnes de diversas categorias fazia o cheiro ainda melhor, as moças foram preparadas com requinte e todas sem exceção podiam escolher joias do palácio para se enfeitar.

 Susan sabia que o rei poderia escolher qualquer uma das moças para ser sua companheira de quarto, pois havia muita esperança de que o rei dormisse com alguma moça do harém e sabendo que o rei fazia tempo que não tinha uma aventura com as moças da realeza, apesar de querer proteger aquelas moças escravas. Pétros era um guerreiro viril não ficaria tanto tempo sozinho com tantas moças lindas. Os banquetes proporcionados por Pétros eram sempre para conquista, então Susan tinha a esperança que o rei se agradasse com alguma das suas moças.

   Ao entrar no harém Pétros sentiu uma grande alegria. Aquele ambiente delicado e feminino o fazia muito bem, olhou para os rostos curiosos das moças e encheu- se de felicidade.

  Ádne estava deslumbrante e ao ver os olhos de Pétros ficou fascinada e lembrou-se de seu sonho, aquele olhar doce e íntegro.

  Areno estava inconformado de não ser convidado para o banquete e sem ninguém ver conseguiu entrar escondido observando tudo o que acontecia e logo avistou Ádne, ficou ainda mais encantado com a moça, seu coração pela primeira vez disparou, sentiu algo que nunca havia sentido, desejo, curiosidade e amor.

  Pétros ao ver Ádne pela primeira vez sentiu como se ela fizesse parte de sua vida há muito tempo e seu corpo estremeceu de emoção, sentiu um desejo, um amor tão grande que não sabia explicar, mas conteve a emoção lembrando-se de sua conversa com Susan que queria proteger aquelas moças não fazer uso delas, não podia sentir desejo por essas moças.

 O banquete foi servido e todos se divertiam sorrindo e felizes.

Pétros não tirava os olhos de Ádne por mais que tentava se distrair seus olhos cruzavam com os dela. Susan e Alef logo perceberam e ficaram intrigados.

Areno escondido atrás de um pilar também não tirava os olhos de Ádne e do irmão, quanto mais ele via esses olhares, mais sentia ódio. Pétros se aproximou da moça e disse:

- Você é a reencarnação da própria deusa Isis!

Envergonhada Ádne baixou a cabeça diante do soberano. Pétros com delicadeza tocou no seu queixo e levantou o rosto dela.

- Olhe para mim querida, qual seu nome?

- Ádne, Senhor! Era a primeira vez que Ádne pronunciava seu nome para um estranho, somente seus pais e sua mucama sabia seu nome verdadeiro por segurança.

- Venha Ádne! Tome uma taça de vinho comigo.

Todos continuaram aproveitando o banquete e Ádne estava apavorada de ser descoberta, não sabia imitar as escravas e logo Pétros percebeu o requinte da moça e falou em seu ouvido.

-Você não se parece com uma escrava, não se comporta como as outras do seu reino.

-Na minha terra não havia escravas senhor, todos nós fomos criados com educação do meu reino.

-Interessante! Então porque sua amiga se comporta diferente de você, aquela do vestido verde é de Cetros também não é? Sei o lote que veio da guerra, minha querida.

Ádne empalideceu e Pétros com um sorriso malicioso e carinhoso disse:

-Nunca minta para seu novo rei, é inevitável que eu descubra, conheço uma mentira só pelo olhar da pessoa.

-Perdoe-me, podemos falar a sós grande rei quando possível? - Eu posso explicar.

-Imediatamente!  

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo