Quatro

Ele dá um beijo na minha testa e sai rapidamente. Eu fico naquele sofá quieta, ansiando para que Zion volte logo. Passados cinco minutos, a campainha do apartamento toca. Eu levanto, xingando meu primo mentalmente por ter esquecido a chave. Mas quando eu abro a porta, dou de cara com Nate, coberto de neve.

— Cat? Que cara é essa? Cadê o Zion?

— Entra, Nate. — eu digo e me afasto da porta, voltando para o sofá.

— Você está bem?

— Não muito. — digo baixo.

— O que tem?

— Uma pequena febre.

Nate retira sua jaqueta, deixando cair neve pelo piso de madeira e coloca em cima do braço da poltrona. Depois se aproxima de mim, sentando perto do meu pé, e coloca sua mão, hiper, mega, super gelada na minha testa.

— Mas você está ardendo em febre!

— Sua mão que é uma pedra de gelo ambulante! — digo, empurrando sua mão para longe.           

— Nem é!

Eu abro um pequeno sorriso e ele abaixa a cabeça. Depois me olha de lado e retira o seu gorro preto, deixando mais neve cair e o enfia na minha cabeça.

— Para que isso? — pergunto puxando o gorro um pouco mais pra baixo, para cobrir as minhas orelhas.

— Para aquecer sua cabeça.

— Obrigada.

— Zion foi aonde?

— Disse que ia em uma farmácia comprar algo pra mim.

— Zion parece que não tem cérebro as vezes. — ele diz e revira os olhos. — Tem remédio aqui!

— Pega pra mim? Eu não aguento de dor de cabeça.

— Claro!

Ele vai até a cozinha e logo volta com um copo d'água e um comprimido. Eu coloco o comprimido na boca e bebo a água sobe o olhar fixo de Nate em mim.

— Não fica me olhando assim, Nate. — digo envergonhada e dou o copo a ele.

— Desculpa.

Ficamos nos encarando e Nate me dá língua.

— Ei!

— Que foi? — ele ri.

— Você me dando língua.

— Você ficou me encarando, ué.

— Ah, garoto.

De repente Zion entra em casa tão cheio de neve, quanto Nate estava.

— CHEGUEI CAT. Nate o que faz aqui?

— Eu disse que iria vir aqui. — Nate se levanta e Zion se senta do meu lado. — E não precisa mais dar remédio a ela. Já dei.

— Como já deu?

— Aqui tinha. — eu digo. — Ele foi lá, pegou e me deu.

— Ah...

— Zion? — eu o chamo e abro os braços. — Vem me esquentar.

Ele deixa o pacote da farmácia em cima da mesinha e senta atrás de mim. Eu me encosto em seu peito e ele beija a minha cabeça.

— Senta aí Nate! Vamos ver um filme. — Zion diz e eu puxo as minhas pernas para Nate sentar.

Depois que ele se senta, eu coloco minhas pernas no seu colo, fazendo—o sorrir.

Zion liga a TV e coloca em um canal de filmes. Estava passando Amanhecer parte dois.

— Ahhh, eu amo esse filme! — digo, me ajeitando.

— Eu sei, vampira. — Zion diz no meu ouvido e dá um beijo no meu rosto.

— Sou Team Jacob, ok?

— Ah, mas a Bella foi feita para o Edward! — Nate diz e eu o encaro. — Que foi? Sou Team Edward, ué!

Eu reprimo o riso e apenas mordo o lábio. Nate baixa a cabeça e sorri de lado.

— Será que vocês podem parar de se paquerar?

Nate levanta a cabeça ligeiramente corado e eu gargalho.

— Deixa de ser idiota, Zion. — digo olhando para Nate. — Não tem ninguém se paquerando aqui.

Pisco para Nate, que arregala os olhos ligeiramente, antes de baixar a cabeça. Zion tosse e eu olho para a TV morrendo de vontade de rir.

[...]

Estava na parte da luta, que na verdade é uma visão de Alice, quando eu sinto uma leve cosquinha no meu pé. Eu mexo-o, sem tirar os olhos da TV. Mas acontecia de novo. Quando eu olhava para Nate, ele parecia estar querendo rir. Então torno a olhar para a TV, mas olhando de lado para Nate. Vejo que ele está com uma mão bem perto do meu pé, e então sinto a cosquinha novamente.

— Nate se fizer isso mais uma vez eu juro, que vou te chutar!  — digo olhando para a TV.

— O que você está fazendo com ela, Nate?

— Nada! E não me chute, Catssyn.

— Então para! — digo e o olho. — Eu não quero mais ver filme!

— Por quê? Nate para de encher ela!

— Não é por causa do Nate. — digo, desencostando de Zion e me sentando. — É que estou com fome.

— É verdade! Você nem almoçou.

— Porque não? — Nate pergunta. — Passou o dia doente?

Olho para Zion, pedindo mentalmente para que ele não conte nada sobre o surto que tive de manhã.

— Ela acordou tarde e já com febre.

— Ah entendi. Posso fazer um sanduíche para você. Quer?

— Nate, está querendo cuidar da Cat?

— Eu só me ofereci pra fazer um sanduíche, Zion. Não pira!

— Já notou que Nate fica todo corado quando mente? — Zion sussurra perto do meu ouvido e eu assinto, olhando para o loiro com as bochechas rosadas. — Eu vou lá fazer sanduíches para a gente! Fique aqui com ela.

Zion se levanta e vai para a cozinha.

— Então... Vamos terminar de ver o filme? — Nate pergunta.

— Não quero mais. — pego o controle e desligo. — Me fala de você!

— O que quer saber que já não saiba?

— Hm... é verdade! Mas eu conheço o Nate através da mídia. E do Nate comilão através do Zion!

— Eu não como muito! Ok... talvez um pouco.

— Nate...

— OK! — ele grita e eu rio. — Eu adoro comer. E muito.

— Posso contar um segredo?

— Pode.

—Também amo comer! — falo e ele ri.

— Já conhecia Londres?

— Não. É um sonho estar aqui. — digo, olhando para seus lindos olhos azuis.

— Quer sair comigo?

— O que?

— Sair. Quero te levar pra conhecer Londres! Mas se não quiser ir eu vou entender.

— Nate, eu...

— Aqui está o nosso lanche! — Zion diz entrando na sala com uma bandeja em mãos. — Atrapalho?

— Não. — Nate diz e suspira.

Zion apoia a bandeja na mesinha e se senta do meu lado. Ele torna a ligar a TV e coloca em um canal de clipes. Coincidência ou não, estava começando um clipe deles. Zion sorri pra mim.

— Vamos cantar Nate? — pergunta e Nate concorda.

Zion coloca a TV no mudo e canta lindamente. Eles deixam Leon cantar na TV, e eu observo, maravilhada, Zion cantar junto.

Olho para Nate, quando ele começa a cantar com Zion. Ele fica olhando em meus olhos, enquanto canta. A voz dele era doce, com um leve sotaque. Era uma voz completamente gostosa de se ouvir.

Eu seguro a minha vontade de cantar o solo de Logan, mas não consigo no de Henry e acabo cantando, fazendo os dois olharem pra mim.

Eu amo cantar. Claro que minha voz jamais estaria no nível da de Zion, ou de seus companheiros de banda, mas ela é no mínimo boa.

Finalizo a música junto com eles, e sorrio para Nate.

— MEU DEUS! — ele grita batendo palmas. — Isso é de família?

— Eu nem canto tão bem!

— Não canta? — ele sussurra. — Catssyn sua voz me seduziu. Eu quase não consegui cantar quando sua voz entrou em meus ouvidos. Foi como se eu tivesse ficado hipnotizado, petrificado.

— Que isso, Nate?

Ele olha para Zion e depois pra mim.

— Eu? É que... hmmm... é.,. eu vou embora.

Nate levanta rapidamente e pega na jaqueta. Ele anda tão rápido para a porta, que parece fugir de algo.

— NATE! — eu grito e literalmente corro até ele. Tiro o seu gorro da minha cabeça e coloco na dele. Pouso minha mão na sua bochecha e sorrio de lado. — Eu aceito.

— Aceita?

— Sair com você!

Ele sorri angelicamente, antes de me dar um beijo demorado na bochecha e sair. Eu fico olhando para a porta, com a mão na bochecha beijada, como se fosse uma boba apaixonada.

[...]

Zion fingiu que nada viu e eu adorei isso. Ele nunca foi desses primos invasivos. Na verdade, ele é como um irmão que eu nunca tive. Ele que sempre me protegeu e me aconselhou.

— Zion, o que acha do Nate? —  pergunto indo até o sofá e me sentando do lado dele.

— Nate é um bebê! — ele ri e suspira. — Não tenho nada de ruim pra dizer dele. É um completo príncipe. De verdade.

— Isso é por que ele é seu amigo?     

— Não. Se ele fosse um otário, eu falaria. Mas... por que esse interesse? Gosta dele?

— O QUE? — falo alto. — Eu nem o conheço direito. É que ele me chamou para sair... conhecer Londres.

— E você aceitou, né?

— Fiz mal?

— Claro que não! — ele me abraça e se encosta no sofá. — Nate é um ótimo menino. Certeza que vocês vão se divertir.

— É...

— Cat, está melhor?

— Depende. — digo e me afasto um pouco. —  Da dor de cabeça sim.

— E aqui? — ele aponta para o meu peito, do lado do coração.

— Essa dor jamais vai sarar.

Eu me levanto suspirando e vou para a janela.

— Eu não vou mais perguntar o que aconteceu, até você se sentir pronta pra confiar em mim.

— Eu confio em você, Zion... é só que... — eu me sento no sofá e encosto a minha cabeça na janela. — Não é uma bobeira. É coisa grande. Séria.

— Catssyn...

— Me dê uns dias. — digo o olhando. — Uns dias para pensar. E enquanto isso, pensa se vai ou não me m****r embora daqui.

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