Capítulo três

                     

Alisson Parker

Os raios solares adentravam pela janela por causa das cortinas abertas, olhando para o criado mudo ela vê que já são dez horas da manhã, sorri ao lembrar o motivo por ter acordado tarde.

— Scott acorde, estou indo para casa — o namorado dorme profundamente e só se ouve os seus pequenos resmungos como resposta.

Levantando-se nua e com uma intensa vontade de ir ao banheiro, ela pega uma muda de roupa que sempre deixa extra na bolsa e vai tomar um banho para tentar se aliviar.

O banheiro tem vários tons de cinza, com duas pias: uma ela usa e a outra ele. Além de uma banheira enorme com um chuveiro do lado, opta por ele.

Depois de tomar um banho frio para despertar, ela coloca um vestido florido que bate na altura dos joelhos e prende seu cabelo castanho em um rabo de cavalo alto. Saindo do banheiro o vê na mesma posição: deitado de bruços.

A casa dele ficava uns quarenta minutos da dela, de carro. Então chamar um táxi seria o meio mais eficiente.

                              ༺༻

Ela dedica a tarde daquela quinta feira para dar uma faxina na casa. Morava sozinha desde os dezoito anos e foi a melhor decisão, por mais que ela ame sua família, gostava ainda mais de ter o seu próprio canto.

Com seus 25 anos, totalmente independente e com seu próprio negócio sente-se realizada.

De banho tomado e a casa devidamente arrumada, ela senta no sofá de couro da sala com sua gata Diane em seus pés.

— Minha princesinha — ela ri da própria voz infantil que faz e ganha um miado de volta — De fato, sou um pouco louca!

O tédio se instala e tudo que ela faz é pegar as chaves e sair. Já era noite e a cidade acordará com os mais jovens de idade.

Ela se sentia satisfeita, sua loja estava bem, a família mesmo estando em outra cidade continuava participativa em sua vida e seu namoro não poderia estar mais perfeito e então, ela só não entendia o porquê que, às vezes, como estava ocorrendo no momento, se sentia sozinha.

Sentada dessa vez na calçada da prainha, ela não tem mais aquele semblante alegre do dia anterior com o Scott.

Mais à frente um casal trocava carícias de forma apaixonada, um jovem caminha com seu cachorro na areia e assim o tempo vai passando. 


Será que era apenas isso? — Pensava consigo mesma.

— Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então — as palavras saem como vento por sua boca, o que a surpreende, não pela espontaneidade, mas sim do que acabou de falar.

Será que ela sabia quem realmente era?

Um barulho de moto, um tanto desconhecida para ela, surge tirando-a dos seus devaneios, assustada ela olha para trás e vê uma fileira de motos passando. Pôde contabilizar umas seis, e estavam relativamente perto dela.

Mas o que chamou mais a sua atenção foi somente o estilo deles, todos de jeans e jaquetas de couro, lembravam aqueles bad boys motoqueiros de filmes.

— Com licença — Levando um pequeno susto, ela não nota que um deles parou ao seu lado. Sua voz era baixa, mas suave de se ouvir, ao olha-lo talvez não tenha conseguido esconder a surpresa na sua expressão, pois o mesmo dá um leve sorriso.

Seus cabelos castanhos com loiro estavam soltos na altura dos ombros, possuía uma pequena barba, suas sobrancelhas continham um risco singelo, mas que chama a atenção realmente, eram os olhos castanhos e seus dentes tão brancos que davam inveja.

Sentado na moto com uma camisa preta escrita Nirvana junto de uma jaqueta igualmente daquela cor, ele surpreende com o seu grande porte.

— Você poderia me ajudar? — Ele pergunta e uma moto buzina à frente, não identifico quem é, pois ainda está de capacete, mas ele era enorme.

— O que deseja? —  Alisson pergunta. O olhar dele percorre o seu corpo e o seu sorriso se alarga. Quando percebe o duplo sentido, podia sentir suas bochechas esquentando.

— Sabe onde fica o Hotel Sonserina? — Ele pergunta sem fazer qualquer piada, e no fundo, ela agradecia por isso.

— Siga em frente, na quarta rua a direita você vira e irá encontra-lo. Não tem erro. — Outra vez o cara buzina de forma insistente.

— Já vou, porra! — Ele grita para o homem — Obrigado querida, a propósito, meu nome é Vincent.

Sem esperar por uma resposta ele liga a moto e se vai junto dos outros.

Será que agora a cidade terá diversões? — Pensava enquanto encarava o homem se afastar.

Logo que pensa isso ela repreende os próprios pensamentos, e encerra mais um dia, diria ela que interessante. 

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