Sete

Corro para o quarto e logo depois para o banheiro. Após um banho rápido, coloco o vestido, que se assenta perfeitamente ao meu corpo. Admiro minha imagem no espelho por uns minutos, e sorrio. Eu me sentia feliz, como nunca havia sentido antes. E tudo graças àquela família, que mesmo sem me conhecer, me acolheu tão bem.

Suspiro e pego nas botas no canto do closet. Borrifo um pouco de perfume em meu pescoço, antes de soltar o cabelo. Saio do quarto logo depois de pegar a jaqueta.

— Uau! — Brandon murmura, assim que sai do seu quarto. — Eu sabia que cairia bem em você, mas não tinha noção do quanto.

Abaixo a cabeça envergonhada.

— Obrigada... hmmm... — o encaro. — Você está...

— Lindo. Eu sei.

Brandon coloca o braço em volta do meu pescoço e nós descemos as escadas.

— Me lembre de não elogiar você. — digo. — Seu ego é inflado demais.

— Que isso, garota. Só sou sincero.

— É. Até demais.

— Chega de conversa e vamos. Essa noite será demais!

Enquanto descemos as escadas, eu só peço mentalmente para que aquele Brandon, não seja o mesmo da noite em que vodca foi derramada na minha cabeça. Eu não sabia se iria suportar ser humilhada daquela maneira novamente.

[...]

A casa do tal amigo de Brandon, não era tão longe do condomínio. Assim que ele adentrou com o carro na rua residencial, já dava pra ouvir a música.

— Uma regra e por favor, me escute dessa vez. — Brandon diz, quando saímos do carro. — Se largar um copo na mesa, não torne a beber dele. Está bem?

— Brandon, eu cresci em um orfanato, mas assisti filmes. Eu sei o que acontece em festas assim, então pode ficar despreocupado.

Entramos na casa e Brandon logo começa a cumprimentar seus amigos. Para todos, eu sou a prima Lacey e ninguém pode chegar perto de mim.

— Quer beber alguma coisa?

— Nunca bebi... bem, a não ser naquele dia na sua casa.

Brandon ri e me puxa para a cozinha.

— Então nunca bebeu mesmo. — diz. — Hmmmm... deixe-me ver...

Na bancada haviam algumas vasilhas com salgadinhos diversos e algumas garrafas de vodca. Brandon tinha aberto a geladeira e logo me oferece uma cerveja.

— Sua primeira. — ele abre. — E fico honrado de te apresentar essa belezinha. Brinde.

Após batermos nossas garrafas de leve, dou um gole naquilo.

Cerveja era ruim, mas era muito mais fácil de beber do que a vodca, que parece queimar toda sua alma, quando é ingerida.

Brandon, que estava rindo da careta que eu fiz, revira os olhos.

— O que foi?

— Seu admirador. — diz, erguendo as sobrancelhas.

Antes que eu pudesse perguntar, ouço alguém dizer meu nome, atrás de mim. Quando viro, me deparo com Thomas sorrindo.

— Não sabia que você iria vir. — ele diz, passando a mão pelo cabelo loiro.

— Não ia... Brandon...

— Lacey, eu vou procurar meus amigos. — Brandon fala. — Quer ir comigo, ou ficará com ele?

Olho rapidamente para Thomas e puxo Brandon para mais distante dele.

— Se importa se eu ficar? Sei que vim com você, mas...

— Tudo bem, Lacey. — ele sorri. — Já percebi que você se interessou no nerd. E olha, informações em primeira mão: ele também está interessado em você.

— Sério? Quer dizer... o que? Eu não estou... hmmm...

Brandon ri e beija minha testa com ternura.

— Vai lá, priminha. Ele está te esperando.

Sorrio e espero Brandon se afastar, para então chegar perto de Thomas.

— Ele protege você. — o loiro diz, bebendo de uma garrafa igual a que eu segurava.

— Por que diz isso?

— Brandon não contou o que me disse na biblioteca? — nego com a cabeça. — Pediu para que eu não me aproximasse de você, se amasse a minha vida.

Rio.

— Então você é suicida?

— Com certeza. — ele sorri.

Apesar da música alta, o silêncio se instalou entre nós.

— Quer conversar lá fora? — Thomas pergunta. — Eu não... me sinto bem com todo esse barulho.

Após concordar, nós vamos para os fundos da casa. Havia uma enorme piscina, onde tinham alguns bêbados gritando. Tinham umas almofadas gigantes, jogadas ao lado da piscina e foi ali, que nós nos sentamos.

— Por que veio, se não gosta de barulho?

Thomas me encara e ri.

— Bem, você vai rir de mim, mas... eu imaginei que você estivesse aqui.

— O que iria fazer se eu não estivesse?

— Voltaria para casa, ué. — ele brinca com a garrafa em suas mãos. — Esse pessoal, não é bem do meu círculo de amigos.

Sem saber o que responder, fico encarando o rótulo da garrafa de cerveja.

— Se não é prima do Brandon... o que é?

Sorrio de lado.

— Promete deixar entre nós? — ele assente. — Sou empregada na casa dele.

Thomas franze o cenho.

— Você tem quantos anos? Empregada?

— Tenho dezoito. E é um pouco complicado. Tudo é muito complicado.

— Seria complicado para irmos ao cinema?

— O que? — ele sorri.

— Eu não sou muito sociável e... Tem um filme que eu adoraria assistir. Com você. Se quiser, claro.

— Claro, eu... — olho em volta. Não sabia se estava procurando alguma coisa, ou queria evitar que ele encarasse meu rosto envergonhado. — acho que vou precisar perguntar a mãe do Brandon. Não conversamos sobre essas coisas.

— Tudo bem. Eu entendo. Só... Me dê seu número? Posso m****r uma mensagem e...

— Não tenho um celular. — sorrio sem graça. — Ele... Quebrou. Quando tiver uma resposta, peço ao Brandon para te avisar. Pode ser?

— Claro. Nós não...

Thomas é interrompido pelo grito estridente de uma garota, que simplesmente se joga na piscina. Pelada.

— Está bêbada. — ele diz, rindo. — Bêbado só faz vergonha.

Olho para Thomas de lado.

— Já ficou bêbado?

— Eu? Duvido.

— Tenho uma proposta pra você. — me levanto. — Vamos ficar bêbados?

— O que?

— Está na minha lista de coisas para se fazer antes de morrer. Ficar bêbada. — ergo um dedo para ele e viro todo líquido que restava na garrafa. — Ugh... Vem, Thomas.

O garoto loiro fica me encarando por alguns segundos, antes de repetir o meu ato. Ele então se levanta e pega na minha mão, me levando para dentro da casa.

Thomas abre um dos armários e tira uma garrafa de lá.

— Shots de tequila. — diz, colocando dois copinhos em cima do balcão da cozinha.

— Isso é bom?

Ele ri.

— Você não quer ficar bêbada? Esse é o método mais rápido.

— Está bem. Coloca!

Thomas sorri, enquanto vira a garrafa para encher os dois pequenos copos. Ele larga a garrafa na mesa e pega os copos, logo me entregando um.

— Um brinde. — diz, erguendo o copo.

— Á que?

— A nossa bebedeira.

Solto uma gargalhada nada a ver com o momento e bato o copo no dele. Acho que já estava bêbada só com aquela cerveja.

— No três, tudo bem? — assinto. — Um... dois... três!

Assim que Thomas termina a contagem, viro todo o liquido. A sensação, era como se eu tivesse engolido fogo, praticamente. Minha garganta queimava tanto, que eu gritei. Olho em volta, envergonhada pelo meu ato, mas percebo que ninguém havia ligado para o meu grito.

— Tudo bem? — Thomas pergunta, rindo. — Ainda quer ficar bêbada?

Desvio meu olhar de Thomas e encaro a garrafa. Bato meu copo no balcão.

— Tenho. Enche de novo.

[Brandon]

Depois que deixei Lacey com o nerd, fui atrás dos meus amigos.

— Perdido desse lado da cidade, Parker? — chego, já batendo em sua cabeça.

— E aí, irmão. Sua mãe deixou você sair?

Colin ri, levando os outros a fazerem o mesmo.

— Até parece que minha mãe me controla. — reviro os olhos.

Na roda, havia um cigarro de maconha rolando de mão em mão.

— Deixa eu dar um trago. — peço, já esticando a mão.

Assim que trago o cigarro, seguro a fumaça um pouco na boca. Quase engasgo, quando sou abraçado por trás.

— Porra, Jess. — reclamo, tossindo. — Quantas vezes tenho que dizer para não chegar assim?

— Desculpa, gatinho.

Trago o cigarro novamente, antes de passá-lo para Colin.

— Jogue a fumaça na minha boca. — Jess diz, já abrindo a boca.

Solto a fumaça para o alto, antes de encará-la.

— Você não aprende mesmo. — digo. — Nós só transamos as vezes. É só isso. Sexo.

Jessica cruza os braços.

— Essa palhaçada toda, é por causa daquela garota?

— Palhaçada? Espera, que garota?

— Ihhhh, momento DR! — Colin diz, rindo.

Colin estava tão chapado... meu sonho. Pena que Jessica parecia disposta a acabar com minha alegria.

— Aquela sua empregadinha! — Jess branda. — Eu a vi aqui. Já está até enfiando ela no seu círculo de amigos e no meu vestido!

— Você trouxe aquela gostosa? — Colin se vira, e antes que ele pudesse ir atrás de Lacey, o puxo. — O que?

— A garota está acompanhada, sossegue as bolas, Parker. — viro para Jessica. — Eu faço o que bem entendo da minha vida. Achei que já estivesse ciente disso.

— Então levar a empregadinha para passear, é seu novo hobby?

Fecho os olhos e respiro lentamente, enquanto sorrio.

— Jessica, vaza daqui. Não vê que só tem homem aqui? Vai procurar suas amigas.

— Os rapazes não se importam com a minha presença. — ela sorri, mexendo no cabelo vermelho. — Não é, meninos?

Os garotos olham para uma direção oposta da de Jessica.

— Quem quer que a Jess vá procurar a turma dela, levante a mão.

Todos os meninos erguem seus braços, menos Colin.

— Colin? — ele me olha, totalmente desfocado do assunto. — Erga sua mão.

— Por quê?

Rolo os olhos e puxo o braço de Colin, erguendo-o.

— Pronto, é unanime. Vaza, Jessica.

Minha vitória finalmente chega, quando a garota se afasta de nós, batendo os saltos.

— Depois você vai querer transar com ela, e terá um enorme não. — Jonas diz, rindo.

— Acha realmente isso? — ele nega com a cabeça, sem parar de gargalhar. — Me passe o cigarro.

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