Quarto Capitulo

São Paulo, uma família tradicional acabava de se mudar para os jardins, Gustavo Almeida um empresário do ramo de jóias Jovem de 28 anos, alto, branco, cabelos castanhos e olhos verdes, herdou de seu pai uma grande fortuna e aplicou em jóias montando um grande patrimônio. Casado com Almira uma mulher dedicada dona de casa, era uma mulher bonita, apesar de simples, tinha uma beleza natural olhos verdes e cabelos claros, se casaram e foram morar na capital, deixando a vida de luxo do Interior com seus pais, devido a vida corrida e empresarial do esposo, Almira foi obrigada a se mudar contra sua vontade para acompanhar Gustavo, ela gostava da vida calma da fazenda onde morava, mas teria que se adaptar a nova realidade do esposo.

O casal chegou eufórico na grande Mansão na Avenida das Américas, bairro nobre de São Paulo, Gustavo fez questão de contratar empregados para cada função da mansão para que a jovem esposa não se sentisse sozinha.

Cozinheira, arrumadeira, faxineira, mordomo, jardineiro e dois motoristas, uma para ficar à disposição de Almira e outro de Gustavo. Empregados apresentados Almira se sentiu mais segura com pessoas circulando naquela mansão de oito quartos, três salas, cozinha e copa, sala de jogos, biblioteca, quartos de empregados, uma edícula no fundo da mansão que serviria de dispensa, um jardim enorme com piscina.

- Amor não é exagero essa casa?

- Não minha querida é nosso passaporte para o sucesso, não podemos morar em uma casa simples é aqui que vamos criar nossos filhos e ser feliz.

- Se acha isso, tudo bem.

Gustavo não via a hora da esposa engravidar e encher aquela casa de filhos. Um ano de casados e não parava de pensar em fazer crescer a família.

Gustavo depois de seu casamento comprou um prédio para ser sede da empresa, na Avenida Paulista. Dividia seus negócios com um sócio chamado Roberto, que era um homem charmoso com seus 30 anos de idade, alto, moreno, olhos castanhos e cabelos castanhos, casado com Aída uma mulher elegante nascida e criada na Europa que veio para o Brasil acompanhar seu marido, se dedicava exclusivamente a ele, Aída era completamente apaixonada pelo esposo e muito ciumenta, o casal já tinha um filho de um ano Matheus e Aída estava grávida novamente.

Gustavo conheceu Roberto assim que ele chegou no Brasil, os dois se conheceram em uma feira de negócios no interior de São Paulo e acabaram formando uma bela parceria, depois do casamento de Gustavo os dois marcaram de se encontrar para formalizar a sociedade no ramo de jóias e assim fizeram.

- Não acredito, você já tem um filho? Quanto tempo está casado?

- Exatamente meu amigo, eu não perco tempo em fazer crescer minha família, estamos há dois anos casados. Aída está grávida novamente e você porque não está cuidando de aumentar a sua?

- Se dependesse de mim eu já teria filhos, mas Almira não engravidou ainda.

- Bom vocês só têm um ano de casados, logo ela te dá um herdeiro.

- Espero que sim, meu amigo.

No vai e vem das reuniões de negócios, Aída e Almira acabaram se conhecendo, ficaram amigas, apesar de Aída sentir que Almira era muito bonita e não gostava que ela conversasse com seu marido, se ela continuasse distante seriam ótimas amigas.

Roberto achou Almira uma bela mulher, mas conhecia bem a esposa para saber que o território estava minado, portanto sempre a cumprimentava o mais formal possível e distante sempre, que despertou em Almira uma certa antipatia por Roberto, mas as reuniões na mansão de Gustavo fez com que Roberto sempre observasse Almira com desejo sem que Aída percebesse.

Aída frequentava um terreiro de Umbanda e quando soube da dificuldade da amiga em gravidar e sabendo que todos os médicos foram unânimes em dizer que nenhum dos dois tinham nenhum problema de saúde, indicou para amiga um tratamento espiritual.

No inicio Almira disse que ia pensar, mas com o passar dos meses resolveu ir até o terreiro.

- Que bom Almira você aceitou, você vai ver que tudo dará certo, amanhã é sábado e tem uma gira de esquerda será ideal para você conhecer os trabalhos.

- Você vai ficar comigo até o final não vai?

- Claro, jamais te deixaria sozinha.

No dia marcado as duas amigas foram no terreiro que estava lotado, sentaram-se no fundo do salão, Almira estava ansiosa e com medo, o salão estava em meia luz, todos os médiuns estavam vestidos de preto e alguns alternavam com vermelho, um ar misterioso e inquietante.

- Amiga! Sinistro esse ambiente.

- É porque você nunca foi em um centro de umbanda, não é?

- Nunca fui em nenhum centro espírita, no interior eu frequentava a igreja católica.

- Relaxa estamos entre amigos, você vai ver.

Os trabalhos começaram, os atabaques tocavam com vontade e Almira sentia seu corpo estremecer, aquele atabaque parecia o toque de seu coração, uma emoção tomou conta dela, uma felicidade de ouvir os pontos que não sabia explicar. Primeiro foi os exus que desceram e os médiuns começaram a incorporar um a um, com gargalhadas, suas capas e alguns de chapéus, Almira não viu mais o rosto dos médiuns e sim dos exus de verdade, alguns eram caveiras e outros homens muito bonitos, logo após desceram as pombogiras e o mesmo aconteceu com os médiuns, um a um começaram incorporar, diferente dos exus que tanto homens como mulheres incorporavam, as pombogiras eram incorporadas apenas por mulheres, uma a uma Almira viu chegar, lindas e formosas, um perfume no ar se fez e Almira ficou encantada, Aída não podia ver o que Almira via, mas ficou feliz que a amiga estava gostando.

Depois dos guias fazerem seus rituais, cantarem, dançarem, andarem pelo salão cruzando o chão e cumprimentando a todos, os atendimentos começaram.

Um exu saiu do canto dele e foi direto no meio da assistência, foi passando entre um a um e chegou na frente de Almira, estendeu a mão e disse:

- Venha! Você será minha primeira consulente.

As outras pessoas começaram a protestar que estavam na frente que chegaram cedo e o exu foi na frente deles e disse em voz alta.

- Vocês que vieram até aqui e querem passar comigo, sejam pacientes todos serão atendidos, mas existe casos que são mais urgentes e não importa a ordem eu vou escolher quem será o próximo, por ordem de necessidade, fico grato se vocês colaborarem, se não quiserem esperar tem outras entidades na casa fiquem a vontade.

O Exu virou-se com sua capa preta e levou Almira até um canto onde ele havia desenhado no chão um círculo e riscado seu ponto, acendido suas velas e tinha uma taça no meio.

Aos olhos de Almira o Exu era muito bonito, olhos castanhos, rosto bem feito, um olhar imparcial, mas amistoso, seus movimentos eram precisos, sua voz era grave e rouca.

- Moça não fique com medo estou aqui para ajudar.

- No início eu estava com medo, mas depois que vocês chegaram não fiquei mais Exu, estou tranquila agora.

- Você tem clarividência, não é?

- Eu não sei o que significa Exu, mas se for que eu consigo ver vocês, sim eu consigo ver claramente cada um de vocês aqui presente.

- Você é médium com todas as faculdades mediúnicas apuradíssima moça, mas vamos falar o que lhe trouxe aqui, quer ter um filho e não está conseguindo, não é?

- Sim, não sei mais o que fazer eu e meu esposo começamos a nos desentender por causa disso.

- Bom, eu vou fazer um trabalho, mas quero lhe alertar a moça tem que trabalhar.

- Trabalhar?

- Sim, como médium.

- Desculpe-me Exu, é uma troca?

- Não, fique tranquila, não cobramos nada e não fazemos trocas por trabalho, vou fazer um trabalho para você engravidar, hoje começa seu ciclo de fertilização e 21 dias estará grávida, mas o seu trabalho em um bom terreiro deveria ter sido feito desde pequena, mas seus pais lhe proibiram, é sua missão, você escolheu isso.

- Eu?

- Sim antes de reencarnar neste corpo, deveria ter começado há muito tempo, infelizmente terá muitos aborrecimentos por falta do cumprimento de sua palavra.

O Exu se calou e Almira não entendia muito bem o que o Exu quis dizer, o Exu começou fazer seus trabalho e colocou um pedaço de carvão dentro da água e mandou que Almira bebesse, ela fez sem medo e receio, ele passou uma espécie de corda feita de palha em sua barriga e pronunciava algumas palavras baixinho, após encerrado o trabalho o Exu disse:

- No dia que se achar perdida e sem saída chame por mim eu irei até você e lhe trarei a lucidez novamente.

- Obrigada Exu, qual o seu nome?

- Sou Exu Sete Capas e terá a mim como seu protetor.

Almira saiu do salão encantada, o Exu foi buscar seus consulentes um a um pessoalmente e depois de atender todas as pessoas que iam passar com ele, chamou Aída que estava impaciente.

- Laroye Exu! Boa Noite.

- Boa noite Moça.

- O senhor me deixou por último Exu.

- Você veio aqui saber besteiras moça eu não tenho muito tempo para isso e decidi resolver os casos de saúde e problemas financeiros primeiro, porque a Moça não passou com Maria Padilha que trataria do seu problema com seu par de calça?

- Maria Padilha teria tempo para mim então?

- Ela lhe daria uma bela bronca para você não perder tempo indo atrás de seu par de calça moça e achar algo útil para fazer.

- Exu assim eu me sinto ofendida.

- Não é a intensão de forma alguma moça, meus sinceros respeitos, mas mulher ciumenta não é minha área de atuação.

- Eu só quero saber se meu marido me trai só isso? É tão importante para mim quanto para qualquer outra pessoa.

- Está certo, você precisa apenas ser a moça do início do casamento, hoje a moça só pensa nos dois filhos que tem e esquece que o par de calça tem desejos e é um homem jovem e viril, porque faz três meses que não se deita com ele moça?

- Castigo.

- Castigo?

- Sim ele me irrita e eu o deixo de castigo.

- Como criança?

- Exatamente.

-E quer que ele te ame incondicionalmente?

- Exatamente, quero que o Exu faça uma amarração para esse homem se humilhar aos meus pés e não tenha olhos para outra mulher.

- Vou lhe dar um passe, para que a moça mude suas atitudes e seus pensamentos, seja uma mulher que seu marido merece, se dê o respeito e pare com essas obsessões inúteis, esse homem sempre lhe amou e se casaram por causa disso, mas agora a moça está pondo tudo a perder, por egoísmo e falta do que fazer na vida.

Aída recebeu o passe e ficou indignada com o Exu, saiu batendo o pé e emburrada.

- Vamos Almira! Nunca mais quero pisar neste terreiro.

- Mas porque Aída? É um lugar muito bom, de luz de trabalhos sérios.

- Sérios? O Exu quer que eu mude e deve achar que Roberto está certo, homens são todos iguais aqui na terra e no inferno.

Almira ficou abismada com a amiga, mas não quis entrar em detalhes.

Passaram os 21 dias e Almira foi ao médico para uma consulta de rotina e descobriu que estava grávida, quando contou para Gustavo, ele ficou muito feliz, o casal estava nas nuvens.

Almira ficou muito agradecida ao Exu, mas decidiu nunca mais ir em um terreiro, achou que não precisava frequentar mais, teria o bebê para cuidar, casa, marido e não pretendia ter nenhum compromisso que atrapalhasse sua felicidade.

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