Segundo Capítulo

Me vi em uma total escuridão, ouvia vozes ao longe de lamentações, meu corpo era só ossos brilhando no escuro, senti o ódio dominar meu ser, meu espírito, eu não me lembrava mais quem era Deus e porque um dia eu lutei a favor dele, eu queria vingança e a cada passo, eu sonhava em encontrar Altair, o ódio que eu sentia por esse ser desprezível, passou a ser meu alimento.

Eu precisava ser forte, ser mais forte do que ele, por um momento de distração ele me dominou e tirou a única coisa que realmente importou na minha vida miserável, Isa, ele podia fazer qualquer coisa comigo, mas não podia ter tocado no que para mim era mais sagrado, minha esposa.

Eu ia encontrá-lo e me vigar, como eu nunca me vinguei de ninguém, naquele momento eu voltei a ser aquele homem cruel e frio, acompanhado de um ódio mortal. Meu corpo já não sentia mais nada e meu ódio me alimentava a cada passo que eu dava naquele lugar de penumbra e solidão.

Aprendi a me alimentar de energias sucessivas, a subjugar seres trevosos e reunindo um pelotão de soldados mais cruéis que já tive um dia, a cada vale que encontrava um ser melhor e mais poderoso eu o dominava com minha fúria e insensatez, assim fui montando uma legião um verdadeiro exército.

Por vales passei e a cada ano me tornava mais cruel, já era temido por muitos seres das mais profundas trevas, até que deparei com um lugar mais profundo cheio de lama e energias destrutivas.

Aquele lugar era realmente arrepiante até para um ser cruel como eu, não se via nada, o cheiro era insuportável, seres imagináveis que pareciam não ter consciência humana, formas de seus corpos eram muitas vezes de animais com cabeças humanas, seres rastejantes, cobras das mais venenosas.

Foi ali que montei meu castelo, muitos me seguiam e me protegiam, montamos uma verdadeira base militar, alguns animais eram conhecidos por mim na terra, como os cavalos e um deles me chamou atenção ele era tão negro que não podia vê-lo até que suas patas de tão rápidas saiam faíscas de fogo ao encontrar com o solo, na lama ele flutuava, seus olhos me fixavam, ele tinha uma crisma grande e brilhante, era um cavalo forte e robusto,  me encantei por aquele ser e ele por mim, ele me encarava, quando me aproximei de vagar, ele baixou a cabeça, foi fácil montá-lo e em cima daquele cavalo ninguém me via, ele era muito veloz, deu-me a impressão que ele estava destinado a mim.

Por anos fiquei naquele mundo subterrâneo, encontrando forças para continuar, conhecimento para dominar e poder para atravessar o desconhecido, subir a crosta para o umbral eu teria que passar pelas trevas sabia que lá iria encontrar seres muito poderosos. Pelos anos que vivi naquele vale mais profundo, nada mais me temia. Então eu meu cavalo e minha falange seguimos viagem.

Eu precisava chegar ao meu objetivo de encontrar Altair. Por cada lugar que eu passava deixava sentinelas vigilantes para encontrá-lo, daquele dia em diante comecei a conquistar aliados, não daria para subjugá-los, por mais poderoso que me tornei, uma lei maior ainda desconhecida por mim, era dominante em todos os lugares. O respeito era minha maior arma naquele momento.

Chegamos em um grande portal não foi fácil nos aproximarmos daquele lugar, uma força magnética nos impedia de continuar, eu precisava entrar sozinho, assim fiz, fui recebido por diversas entidades sombrias que me levaram ao grande guardião daquele lugar, “O senhor das Trevas”. Cheguei na humildade com aquele ser poderoso, sua energia eu senti ao longe, sentado no trono um homem coberto de palhas me fez recuar, mas o senhor das trevas me autorizou prosseguir.

- Seja bem-vindo, cavaleiro, esperáva-mos por você.

- Meus sinceros cumprimentos Senhor das Trevas, vim até aqui por um objetivo, pedir sua permissão para passar pelo seu território e subir até a crosta do umbral e possivelmente encontrar alguém em especial na terra.

- Você procura vingança cavaleiro?

- Sim senhor, pelo que percebi o senhor sabe muito de mim.

- Sei o necessário para lhe pedir que seja nosso guardião, trabalhando para luz, aquele no trono é meu mestre e senhor Omolu.

- Já ouvi falar do poder de seu mestre, Omolu.

- Sim, como ele você poderá conhecer os sete reinos dos orixás e aprender como defender a Luz de seres indignos como aquele que tu procuras.

- Peço minhas sinceras desculpas Senhor das Trevas, mas infelizmente não me sinto digno de tal honrosa missão, enquanto meu ser vibrar com esse ódio mortal feito veneno de cobra, eu preciso encontrar a morte nos olhos de quem eu procuro, para me vingar.

- Entendo Cavaleiro, mas pense bem, às vezes a própria existência se vinga desses indignos.

- Eu vivi aqui no poço, abaixo das trevas, sei o quanto o senhor é poderoso com um soco na terra faz tremer, senhor Treme Terra, sua missão honrosa, sua dedicação e fidelidade ao seu mestre, me fez querer lhe conhecer, é com muita humildade que lhe peço permissão para partir e um dia quando eu encontrar o que eu procuro, dou minha palavra que voltarei e lhe servirei por toda a eternidade.

- Tem minha permissão e do meu mestre, vá em paz e vou esperar seu retorno cavaleiro.

Zayn partiu com sua legião, por vales trevosos passaram um a um, permissão dada e todos os vales receberam uma única ordem expressa, não atrapalhar Zayn em sua missão.

Por vários cantos das trevas o nome mais procurado era Altair. Zayn foi instruído em ir ao Vale das Bruxas para que a rainha das trevas achasse seu algoz. Eudora não era mais a dominadora daquele vale, pois seguiu sua missão ao lado do Senhor das Trevas, agora o vale foi dominado pela Rainha dos infernos. Uma pombogira poderosa e cruel com quem desafia a lei da Luz. Em seu reino Zayn foi recebido com dignidade, ficou encantado com a beleza da rainha. Apesar de não se interessar por nenhum ser feminino em sua vida, foi cavalheiro e gentil. Instruído por essa poderosa bruxa, foi fácil achar Altair, foi encontrado no vale dos drogados, acabado e sujo, imediatamente foi capturá-lo. Nem de longe Altair lembrava aquele soldado viril e cruel, Zayn o levou amarrado e por caminhos o torturou.

Altair não se importou com nada que lhe fizessem e Zayn mais ódio sentia daquele comportamento que desprezava sua presença. Altair não sentia medo, por esse motivo Zayn começou uma batalha íntima. Nada que fizesse traria Isa de volta e nada estava atingindo seu prisioneiro, isso quase o enlouqueceu. Perdido e sem esperanças, ajoelhou e implorou que o Senhor das Trevas fizesse presença. Assim aconteceu, um clarão se fez a terra tremeu e o Senhor das Trevas estava diante de seus olhos.

- Senhor agradeço sua presença, não entendo porque esse maldito não sente nada do que eu faço.

- Você quer realmente se vingar?

- Sim.

- Mas será que a vingança lhe trará paz?

- Não sei, mas eu queria que ele sentisse a dor que eu senti.

- Impossível! Pois ele nunca amou ninguém como você amou Isa. Ele foi um ser desprezível na terra, odiado por muitos. Foi capturado por seu superior e torturado por décadas, sua patente foi retirada e foi considerado um traidor. Não suportou a humilhação e se suicidou.

- Como assim? Eu que fui preso como traidor.

- Ele teria que levá-lo de volta para o Imperador, mas não o fez, ao contrário lhe manteve preso sem permissão. Você depois de sua morte, foi considerado um herói, ele não suportou, pois por mais que o subjugasse e tirasse o que para você era mais sagrado, mesmo assim, não tomou seu lugar.

O seu desespero para ele é o alimento da alma, ele está cada dia mais forte com o seu ódio.

- Mas Senhor das Trevas, o que lhe deixaria subjugado?

- Seu perdão.

- Não posso fazer isso.

- Se fizer terá um passe para reencontrar sua linda esposa Isa, nunca mais poderão ficar juntos, mas poderão trabalhar para Luz em um comum acordo. O que é mais importante para você? Se vingar desse ser desprezível ou ver novamente sua amada?

- Eu estou confuso, perdi anos para encontrá-lo e agora não sei o que fazer.

- Então pense, pois quando decidir me chame, virei com meu mestre para uma nova missão se concordar.

Para Zayn nada daquilo fazia sentido. Viveu forte e destemido somente para chegar o dia de se vingar e agora para reencontrar sua amada, teria que abrir mão desse alimento que era o ódio e a vingança.

Isa reencarnou como sacerdotisa no templo de kardak, ela era devota a Deusa Mut, por anos de dedicação e por ser um ser iluminado tinha o desejo de sempre servir, foi para a luz e no espiritual ela era muito requisitada pela sua bondade e dedicação aos seres mais providos de carinho.

Zayn soube que Isa continuava sendo uma pessoa acolhedora e tudo que sofreu não apagou a luz de seu coração, fechou os olhos e desejou por um minuto vê-la novamente, seu coração abrandou e seus olhos se encheram de lágrimas.

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