O amor que você merece
O amor que você merece
Por: Pann Ludovica
Capítulo 1

Priyanka afastou uma mecha de cabelo ruivo do rosto antes de se inclinar sobre o pequeno berço de madeira. Neville ficou na ponta dos pés, ambas as mãos se estendendo em sua direção, seus dedos gordos faziam movimentos de agarramento no ar.

— Não acha que está um pouco grandinho para ser carregado, hum? Que tal começar a andar para dar descanso as minhas costas? — Brincou ela. Em resposta, a criança riu o mais forte dos sorrisos. — Certo, certo. Com essa carinha, realmente não dá para recusar!

Assim que suas mãos o agarraram, a criança soltou um gemido terrível de prazer, seus olhos cinzentos brilhando quando Priyanka o balançou em um círculo completo no ar antes de finalmente colocá-lo em seu quadril.

— Você dormiu bem? — O som de sua voz apenas aumentando o sorriso do menino, sorriso que exibia dois pequenos dentes na gengiva inferior.

Priyanka trocava sua fralda e colocava roupas limpas. Falava com ele sobre o que sonhara enquanto dormia, do sol que brilhava pela janela e das rosas-brancas que haviam florescido ao longo da cerca. Contava que iriam se mudar em breve, pois passariam a morar na casa de uma pessoa ao qual sempre cuidou dela e de sua família. Neville balbuciou em resposta a cada uma de suas falas, suas mãos batendo palmas animadamente quando ela o pegou e o carregou escada abaixo para o café da manhã.

— Que tal algumas maçãs? — Priyanka perguntou, e então pegou de uma panela e logo depois, despejou purê de maçã em um prato. O garoto brincava de seu canto na cozinha, perdido em sua variedade de blocos de madeira e um cavalo de brinquedo que com uma carruagem, rolava pelo chão sobre rodas barulhentas.

— Devíamos arranjar um pedaço de barbante para essa carruagem. — Continuou, as mãos cortando habilmente a ponta de um pão escuro. — E então, assim que você começar a andar, poderá puxá-lo por toda a casa! — Sorriu para a criança lhe passando um pedaço do pão duro ao qual ele começou a chupar com avidez.

Priyanka o levantou do chão, colocando-o em sua cadeira alta na ponta da mesa. Sentou-se ao seu lado em um banquinho alto, agora alimentando-o com o purê de maçãs ao mesmo tempo, em que ele perdia o interesse no pão.

— Talvez devêssemos dar um passeio esta tarde. — Sugeriu levando a tigela vazia para a pia. — Se o sol continuar brilhando assim, poderíamos até fazer um pequeno piquenique. O que acha?

E então continuou a tagarelar com o bebê enquanto preparava seu próprio café da manhã e limpava a cozinha. As janelas precisavam de uma boa lavagem, o jardim e a sebe de uma boa capinagem e aparamento, se lembrou quando mirou o jardim pela janela da cozinha.

— Ou talvez devêssemos arrumar esse jardim? Seria de grande ajuda seus puxões as ervas daninhas como da última vez. Precisamos deixar esse lugar limpo antes de nos mudarmos. — Ela beliscou uma das bochechas de Neville ao passar por sua cadeira, mas o menino estava muito ocupado batendo seus blocos contra a mesa para notar o leve toque.

As tarefas seriam o suficiente para distraí-la de outras coisas. Tinha a mesma esperança todas as manhãs: que o trabalho de cuidar da casa, cuidar do pequeno Neville e suas costuras conseguiria distraí-la de seus pensamentos, mas a cada dia, sem falha, seu sorriso vacilava sempre que ela se acomodava em seu trabalho. Seus braços se cansando muito rapidamente à medida que ela misturava a massa para o pão fresco que precisava assar mais tarde naquele mesmo dia.

Quando falava com Neville, nunca se permitiu que pensamentos obscuros aparecessem em suas palavras ou expressão. Ele não precisava saber que sua mãe o abandonou e vivia agora  de luxo que sempre desejou em outra cidade. Que seu pai não muito provavelmente não sabia de sua existência, e ela própria nem sabia quem era. Também não precisava saber que como ele, ela fora rejeitada, não somente pelo noivo, que a trocou pela irmã, mas também pela falecida mãe. E a própria irmã, única parente viva, simplesmente não se interessava por ela. Então decidiu que daria a Neville todo amor e carinho que ela mesmo nunca teve da própria família.

Enquanto torcia o pano que usou para limpar a mesa, percebeu que nem era final da manhã e suas costas já doíam. Sua juventude, se vinte e cinco anos ainda fosse considerado ser jovem, estava indo pelo ralo, como a água suja do balde que usava para limpar a cozinha. Os últimos meses foram os mais difíceis. Até Neville completar dois meses, Adele se contentara em ficar com ela e cuidar do menino. Havia mentido para o próprio marido, avisando que cuidaria da irmã que estava grávida e adoentada, passando então, todo o período da gravidez com Priyanka. Os poucos meses pareceram anos, Adele reclamando de tudo e por tudo, sempre lembrando da falta que a mãe fazia, enquanto Priyanka se dedicava e tentava ser como a mãe que falecera anos antes. Pedira, implorara para que ela permanecesse por mais tempo, pois a criança precisava do leite materno para viver saudável. Mas Adele ficou inquieta com o passar de somente dois meses. Reclamava mais forte das labutas da maternidade, de como isso a estava envelhecendo, de como não era sua responsabilidade e de como precisava voltar para seu amado marido. E então, em uma tarde, Adele informando precisar visitar o centro da cidade, sumiu e nunca mais voltou.

Sem despedidas. Sem pedidos de desculpas. Priyanka não poderia simplesmente ir até Greenfield e deixar Neville aos cuidados de Adele. Não sabia o que ela poderia realmente fazer com aquela criança. Ela sempre abandonava quem impedia sua felicidade e seus luxos. Sempre agredia quem estava em seu caminho… Tocou em sua cicatriz, a fina linha desenhada em seu rosto que ia da lateral da testa até a mandíbula, em formato de ‘N’. Dolorosas lembranças.

— Venha, querido. — Priyanka ergueu Neville da cadeira e deu um leve beijo no topo de sua cabeça. — Vamos dormir um pouco?

Suzette chegou à porta da cozinha, um avental branco engomado amarrado na cintura e uma grande cesta pendurada no braço direito, foi quando Priyanka percebeu serem onze e cinco da manhã.

— Desculpe o atraso! — Suzette estava ofegante. — Minha mãe pediu que trouxesse esses biscoitos para Neville. Eles estão um pouco duros, então achou que poderiam ser bons para a dentição dele.

— Oh! Agradeça-lhe por mim. — Pegou a cesta e espiou por baixo do pano com os biscoitos ainda quentes. — Neville está dormindo agora, mas tenho certeza que vai adorar mordiscar um ou dois destes com seu leite quando acordar. — Sorriu, colocando o cesto em cima da mesa. — Tudo bem com a entrega de ontem?

— Oh, sim! — disse sorridente. — A senhora vai mesmo se mudar? — Seu tom de voz soou triste.

Enquanto Priyanka estendia a mão para substituir um grampo de cabelo que havia escorregado de sua trança na parte de trás, ela examinou a jovem Suzette. Ela era uma bela criatura, com faces e pele lisas como creme fresco. Priyanka fez uma careta sob suas próprias sardas, sardas que a perseguiam desde que ela era uma criança e que não desapareceram completamente com o declínio da feminilidade. E para combinar com sua decadente feminidade, havia sua cicatriz, que por mais fina e discreta que se possa parecer, ainda chamava bastante atenção dos mais curiosos.

— Lady Nanachi está precisando de alguém para cuidar de sua saúde, mas, acredito que não conseguirei fazer ao mesmo tempo, em que cuido de Neville. O que devo fazer? — Brincou, incentivando um convite como resposta de Suzette.

— Eu posso ajudá-la, claro, se não for inconveniente para a senhora…

— Eu ficaria muito mais aliviada tendo você ao meu lado cuidando de Neville. — Sorriu. As feições da garota se iluminaram em felicidade.

Suzette, pensava Priyanka, seria uma ótima esposa e mãe algum dia, embora a garota parecesse estar completamente alheia aos seus próprios atrativos. Ela, por outro lado, conhecia a extensão de suas próprias limitações conjugais. Além do aspecto físico, o comportamento de sua irmã havia eliminado qualquer chance que Priyanka tinha de encontrar um marido. E ela, já havia perdido o desejo sobre esse assunto há bastante tempo. Já era suficiente uma decepção. Viver como uma viúva e mãe de um lindo menino era o máximo que poderia desejar para sua própria vida devido as circunstâncias.

Circunstância que não havia pedido para si mesma. Mas é sua família e precisa se doar para salvá-la, seja perdendo sua própria vida para isso. E claro, sabe dos rumores que circulavam sobre si. Que nunca foi casada, que a criança nasceu fora do casamento e que fugiu de sua cidade anterior para escapar do escândalo. Com a ajuda do marido da irmã, conseguiu a cabana para morar. Neville tinha dias de nascido.

Foi tudo muito rápido. Quando Adele descobriu a gravidez, correu até ela em desespero. Priyanka sabia que não era de Gustaaf, pois o mesmo faz muitas e longas viagens a trabalho. E por um descuido, dizia Adele, não arriscaria o casamento que lutou para conseguir. Priyanka acabou assumindo a responsabilidade, como uma boa irmã mais velha. Precisava manter a reputação de sua família. Pena seu pai ter falecido bem quando havia adquirido, com muita diligência e dedicação, seu tão sonhado título de ‘Barão’. E como um novo-rico, tinha muitos conhecidos e contatos. Contatos esses que mantinham relacionamentos de negócios com Gustaaf, marido de sua irmã.

Enquanto o marido estava em viagem, Adele fingiu cuidar da irmã mais velha adoentada e grávida, que ainda morava na cidade em que seus pais faleceram. Adele teve que se manter longe de suas festas e bailes por conta da barriga que crescia a cada mês. Priyanka precisava usar uma barriga falsa para não levantar suspeitas. Mas claro, muito já se falava dela. Como uma mulher semi-enclausurada estava viúva e engravidou? Já que era a sua irmã que sempre se exibia e enfeitiçava os homens jovens e abastados da cidade, suas mulheres sempre a atacando e maldizendo. Priyanka não teve muito o que fazer, quando a criança nasceu, empacotou seus parcos pertences para uma nova vida em Berany.

Assim permaneceu em sua nova casa, ensinando-se a administrar a pequena quantia que guardou enquanto morava em Lanarca. Manteve-se em confinamento, longe dos olhares curiosos e julgadores dos vizinhos e ainda teve que suportar os olhares arrogantes e a maldade absoluta dos habitantes da cidade que optaram por desprezá-la por seu passado tenebroso contaminados por vários meses de fofoca.

No início, foi bastante difícil. Precisava ser aceita já que dependia da sua costura para sobreviver. Abandonada pela própria irmã, como muitos pensavam, o que não era de todo mentira, muitos não queriam manter nenhum contato. Alguns meses passados, Suzette se prontificou em ajudá-la. Com relutância, ela aceitou, pois, julgava que a jovem somente queria mais dardos para alimentar as fofocas que circulava pela cidade. Mas, percebendo ser genuíno o interesse da garota, a aceitou e agora não se arrepende. Depois de alguns meses a fofoca morreu e as coisas ficaram mais calmas.

— Há um pequeno buraco aqui, senhora. Bem ao longo da costura.

Priyanka e Suzette passaram o resto da manhã tirando todas as cortinas e examinando-as por qualquer dano antes de colocá-las para lavar. Priyanka puxou o nó de sua linha e começou no pequeno buraco que Suzette havia apontado, seus dedos se movendo com mais velocidade assim que ouviu Neville começar a se mexer em seu quarto no andar de cima.

— Eu vou buscá-lo. — Suzette ofereceu-se, e saltou em direção à escada antes que Priyanka pudesse dizer uma palavra a favor ou contra. Minutos depois, a jovem voltou com um Neville sorridente alinhado contra seus braços, suas mãos batendo em uma pequena fita que ela tirou de seu cabelo para usar como brinquedo.

— Minha mãe me garantiu que ele estará andando antes de envelhecer mais um mês. — Seu sorriso crescendo enquanto sacudia a fita fora do alcance de Neville antes de permitir que escorregasse entre seus dedos novamente.

— Eu não ficaria surpresa. — Priyanka combinou o sorriso da jovem com o seu próprio, observava o bebê e seus esforços quase cômicos para agarrar o pedaço fino de tecido. — Adele caminhou cedo, cerca de nove meses, se não me engano.

Adele sempre teve boa saúde. Tinha as melhores roupas, as melhores refeições, os melhores médicos. Priyanka ficava doente com certa facilidade, uma frieza e já estava de cama. E também tinha o sol que lhe queimava a pele mais que o normal, sempre ficando avermelhada se passava muito tempo exposta ao brilho do sol forte.

— E a senhora? — Deu outra sacudida na fita, apenas para que Neville de repente saltasse e a pegasse, os nós dos dedos ficando brancos enquanto ele segurava com toda a sua força.

— Ah não. Eu comecei tarde. — Riu. — Eu estava atrasada para andar, atrasada para falar e tragicamente atrasada para deixar uma cabeça cheia de cabelo crescer. Na verdade, eu tinha quase três anos antes de tudo isso finalmente acontecer. — Ela fez uma careta, pois havia se espetado com a agulha. — Adele costumava brincar que meu cabelo ficara tanto tempo dentro da minha cabeça que azedou e ficou com uma cor horrível. 

Suzette riu alto, então corou de vergonha.

— Não se preocupe com isso. — Ela sorriu de novo e Suzette pareceu relaxar.

— De que cor você acha que o cabelo de Neville vai ficar? — Perguntou passando os dedos pelos cabelos curtos, que decoravam o couro cabeludo do bebê.

— Não tenho certeza, mas pelo aspecto, — Priyanka largou o remendo e olhou para a cabeça de Neville. — Me parece que será loiro.

Suzette continuou a passar a mão pelo cabelo ralo do bebê.

— Como o pai dele? — Ela se conteve de repente, seus olhos se arregalando com seu próprio erro. — Sinto muito. — Sua voz saiu baixa enquanto seu olhar procurava os padrões no tapete da sala.

— Não se preocupe tanto. Não é um assunto que se possa evitar totalmente. — Uma nova passada de agulha pelo pano aqui, uma puxada ali, e pronto, o buraco desapareceu. — E não me dói. Pelo menos, não tanto quanto você possa pensar. — Ela sentiu uma breve fisgada com a desonestidade, mas tentou dar um pequeno sorriso o que deixou a garota mais à vontade.

— A senhora sente falta dele? — Perguntou de supetão após passados alguns minutos de desconforto.

Priyanka suspirou e ajeitou a cortina, deixada como nova depois de sua costura. De repente, experimentou o mesmo cansaço que a perseguiu nos últimos meses, o mesmo nó de tensão apertando no meio de suas costas.

— Claro que sim. Ele era meu marido, não era? Embora às vezes eu sinta como se não tivéssemos casados o suficiente para que eu realmente sentisse falta dele como deveria.

Priyanka se levantou em um esforço para colocar um ponto final na conversa. Não poderia se perder demais na sua falsa história e para evitar estranhamentos, preferia não comentar muito sobre o assunto.

Suzette colocou Neville em seu colo, ajeitou sua gola e puxou as meias de tricô que mantinham seus dedinhos aquecidos. Ela estava nervosa, e com vontade de fazer mais perguntas, de se envolver em um pouco de fofoca, que era maior que qualquer constrangimento que sentisse.

— Acho que está na hora de um chá? — E tirou os fios de linha de seu avental indo em direção à cozinha. — Assim Neville pode comer seus biscoitos com leite.

Na cozinha, Priyanka colocou uma xícara de leite para esquentar e um punhado dos biscoitos duros e frios na frente da cadeira de Neville à mesa. As coisas do chá foram dispostas com algumas fatias de pão e alguns morangos frescos, para ela e a Suzette. Aproveitou e arregaçou as mangas de modo a trabalhar na massa do pão deixado para crescer desde a manhã.

O som da carruagem fora da cabana não teve impacto em seus pensamentos durante sua tarefa com a massa macia e flexível. A estrada além do portão da frente perdeu o interesse ao longo dos meses, tornando o barulho das rodas e arreios, ou o barulho dos cascos dos cavalos tão familiar quanto o chamado das gaivotas que voavam da costa para o interior. Só quando Suzette entrou cambaleando na cozinha, as bochechas coradas e as mãos torcendo a ponta do avental, que Priyanka finalmente ergueu os olhos do trabalho.

— Há alguém na porta… — começou, seus olhos nervosos por cima do ombro, em direção a sala, como se houvesse um animal exótico pronto para irromper pela porta. — A carruagem dele… Tem um brasão, e ele parece… Bem, ele parece…

Priyanka limpou o pior da farinha de seus antebraços e isso acabou sujando um pouco seu próprio rosto. Acompanhou Suzette até a sala mirando a porta da frente aberta preenchida pela silhueta de um homem vestido com roupas escuras. Ele ainda usava o chapéu em sua cabeça, a aba mantendo seu rosto à sombra. Mas ela viu o suficiente para distinguir a linha de seu perfil, e a posição de sua mandíbula foi o suficiente para enchê-la de uma sensação de mau agouro.

— Você não o acompanhou? — Sussurrou para Suzette que ficou atrás dela.

— Eu não sei o que deu em mim! Ele apenas… o jeito que ele olhou para mim, eu simplesmente senti todos os meus ossos se transformando em geleia, e eu não seria capaz de lembrar meu nome se me perguntassem.

Priyanka a achou um tanto exagerada e colocou a mão em seu braço.

— Está tudo bem. — E sorriu. — Basta cuidar de Neville, por favor? Seu leite deve estar quente, e eu já coloquei alguns biscoitos para ele. Há também pão e morangos se quiser.

Suzette acenou com a cabeça, alívio evidente em sua expressão, antes de pegar o bebê e levá-lo para o outro quarto. Assim que saiu, Priyanka voltou sua atenção para o estranho que ainda parado a sua porta.

— Sinto muito. — Começou, ciente das manchas de farinha em seus braços, rosto e avental, em contrapartida ao corte preciso das roupas finas do homem. — Posso ajudá-lo?

Ele abaixou a cabeça, seus olhos desaparecendo por um momento antes de encontrá-la novamente. O cinzento deles era impressionante, simulavam um céu negro sem estrelas. Mas não foi a cor de seus olhos que a fez assombrar, mas o frio desagrado que emanava deles, como se ele tivesse vindo repreendê-la por algum crime que não tinha memória de ter cometido.

— Sra. Belovica?

Pronunciou o nome com uma aversão que combinava com o brilho frio de seus olhos. Mas Priyanka percebeu que o resto do rosto do homem bem-apessoado permanecia calmo, sua expressão revelando nada de sua razão de estar na sua porta.

E então, sua mente funcionou rapidamente. Era óbvio que ele era um nobre, a julgar por suas roupas e maneiras. E ele queria falar com ela como se fosse realmente a Sra. Belovica, o que significava que ele não devia saber sua verdadeira história.

Empurrou os ombros para trás contra a pontada de tensão que se alojou ali.

— Sinto muito, mas não ouvi seu nome.

Ela observou o olhar de irritação passar por suas feições antes que fosse rapidamente reprimido.

— Minhas desculpas. — Abaixou a cabeça em uma leve reverência, tão leve que ela reconheceu o insulto que estava por trás disso. — Sou marquês Davoglio.

— Marquês?? — sussurrou abismada.

Ele ter dito seu título significava muito para ela. Significava que ele teria o poder de decidir qualquer que seja o resultado do assunto que tratou com ela.

— E o senhor, Lorde Davoglio, se encontra na minha humilde porta hoje por qual motivo? — Tentou manter seu tom leve, educado. Mas a linha de sua boca, tremulava. Nisso, o homem examinava não apenas sua própria pessoa, mas as partes da casa que eram visíveis para ele de onde ele estava e foram quase o suficiente para ela recuar. Um nobre não ia querer ter contato com plebeus, somente para algum assunto de tom ilícito.

— Sra. Belovica, — Recomeçou ele. Não havia dúvida em sua voz agora, e Priyanka experimentou um arrepio de medo. — Você sabe por que estou aqui. A menos que meu irmão conseguisse manter sua identidade em segredo de você, um fato que duvido muito.

— Seu irmão? — Priyanka balançou a cabeça. — De novo, sinto muito, mas…

— Oh, isso é ridículo! — Ele entrou e começou a tirar o chapéu. Priyanka olhou para aquele homem e seu comportamento rude em estado de choque. — Meu irmão é o pai do seu filho!

Ela então abriu a boca e no mesmo instante, fechou-a novamente. Seu irmão. Ela fechou os olhos e pressionou as pontas dos dedos nas têmporas, disposta a afastar a dor de cabeça que havia começado a se formar ali. 

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