As Lendárias Conexões Cariaciquenses
As Lendárias Conexões Cariaciquenses
Por: Lucas Rodrigues
Primeiro Ato

Não se sabe ao certo quando foi o ocorrido. Ainda na era tribal dos primeiros macro-jê que habitavam o litoral brasileiro foi possível avistar o fenômeno. Depois, com a chegada dos tupis, o evento ainda continuou sendo visto. O local era sempre o topo de rochas como o Moxuara.

Havia uma forte conexão eletromagnética entre as rochas. O Moxuara (que significa pedra irmã) se unia eletricamente ao Mestre Álvaro, na Serra, criando um campo magnético muito forte. Não somente era um fenômeno visto, mas, também, ouvido.

Um grande estrondo se ouvia e no céu chamas de fogo como um grande meteoro se chocando com o Planeta. Instantes depois, um som de descarga elétrica – como o de uma grande torre de alta tensão – pairava no ar. O evento não durava mais que alguns minutos.

Ao redor do Moxuara, principalmente da parte de trás, onde está Roda D’água, o fenômeno foi muito difundido. De geração a geração era contado como uma lenda. Todos os que cresciam ali ouvindo essa história desejavam um dia poder avistar tal fenômeno.

Em outros locais da cidade de Cariacica, esse fenômeno foi documentado de forma mais humilde. Se resumia apenas a um evento meteorológico visto a olho nu, uma grande bola de fogo surgia com um estrondo que durava alguns minutos.

Já o evento visto tanto no Mestre Álvaro, na cidade de Serra, quanto o do Moxuara, se trata de algo mais complexo, lendário, místico. A percepção dos índios ali foi bem mais aguçada, narrando algo além da compreensão racional, que translada a consciência de quem ouve e arrebata quem vê.

Uma grande história de amor está petrificada e perpetuada em solo capixaba. Se trata da lenda do pássaro de fogo que une dois corações apaixonados: Cariacica (Moxuara) e Serra (Mestre Álvaro). Esse sentimento, que transmuta as forças da física, criou um campo magnético tão forte que ainda hoje pode ser percebido por quem se aventura em subir algum desses dois montes.

O índio Guaraci era um representante da tribo dos temininós, que teria se apaixonado por uma índia da tribo dos botocudos, Jaciara. A conexão pareceu tão forte, fenomenal como um eclipse. Não há dúvidas para isso se traduzirmos seus nomes. Guaraci significa Sol (tempo quente), enquanto Jaciara significa Luar (noites com raios de Lua).

Mas havia um problema muito grande nessa linda história de amor. As suas tribos eram inimigas. Lamentavelmente, não poderiam viver esse romance proibido e seriam impedidos de se ver. Cheio de compaixão dos dois, Tupã teria os transformado em rochas, posicionadas frente a frente – Moxuara e Mestre Álvaro.

O fenômeno meteorológico era comumente visto nas noites de São João (em junho). Não apenas uma grande bola de fogo era vista no céu, surgindo com um forte estrondo. Mas, também, um grande pássaro de fogo cruzava os céus, levando a benção do amor entre o Mestre Álvaro e o Moxuara.

Justamente nessa noite, cria-se um campo magnético muito forte entre os montes, conectando o casal eternizado. O pássaro de fogo aparece e acende os céus entre as duas cidades. O casal pode assim se unir.

Tanto em Cariacica quanto na Serra a lenda do pássaro de fogo foi ensinada com as gerações. No distrito de Pitanga, o pássaro era visto uma vez por ano, cruzando os céus rumo ao Moxuara.

Essa linda história de amor foi eternizada em duas rochas que até hoje carregam o brilho dessa paixão. A conexão magnética é muito forte ali. Ao subir o Moxuara, se sente uma energia diferente que acelera o ritmo cardíaco e estimula a produção de endorfina. O mesmo ocorre numa subida ao Mestre Álvaro.

Um grande estrondo no céu, o fulgor de uma paixão imortalizada e anunciada pelo lendário pássaro de fogo. Todos os que avistaram isso ficaram perplexos com o grande evento no céu. Não sabiam ao certo que ali estava guardado um casal apaixonado que através da física demonstram o seu sentimento.

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