Capítulo I

Dias atuais...

Meu primeiro dia no trabalho, estou super ansiosa e bastante apreensiva também, mesmo tendo estagiando nesse mesmo escritório que, diga-se de passagem, é um dos mais conceituados de Boston, porém, a situação é diferente, porque agora eu era uma advogada recém contratada.

Empenhei-me demais para conseguir essa vaga e aqui estou eu, prestes a realizar um sonho. Lutei bastante para conseguir chegar até aqui, consegui uma bolsa de estudos em Harvard, entrei para a faculdade por mérito único e exclusivo meu e agora vou começar no meu novo emprego por mérito meu também, pois foi com afinco e determinação que consegui passar na seleção rigorosíssima para o estágio e lutei mais ainda para me destacar como melhor estagiária e, consequentemente, ser contratada efetivamente para o cargo de advogada sênior do escritório Mackenzie & Garret Advogados Associados.

Termino de ajeitar meu blazer preto por cima de minha blusa branca, aliso minha saia risca de giz, pego minha bolsa, enfio o celular dentro dela, alcanço as chaves de casa e as chaves do meu carro, verifico minha aparência uma última vez e saio do apartamento, na mesma hora que o elevador para em meu andar abrindo as portas, tomo isso como um bom sinal e entro dentro dele rumo à garagem do meu prédio.

Meia hora depois estou caminhando no hall de entrada do escritório acenando para a recepcionista chamada Amber, uma moça muito bonita, ruiva de olhos verdes. Ficamos amigas assim que comecei a estagiar aqui.

- Boa sorte no seu primeiro dia de trabalho, Aly! -Amber, fala acenando para mim.

- Obrigada, Amber. -Aceno de volta e corro em direção aos elevadores que a essa hora se encontram relativamente cheios, pois o escritório fica em um prédio no centro de Boston, que além de abrigar o escritório em que vou trabalhar, possui vários outros ao longo do edifico inteiro.

 Dez minutos depois, chego ao meu andar e sigo em direção à mesa da senhorita Morret, a secretária do senhor Garret, tenho que me apresentar a ele, pois serei sua subordinada, sendo assim orientada por ele.

- Bom dia, senhorita Morret. Devo me apresentar ao senhor Garret para começar o expediente, a senhorita poderia por favor me anunciar.

- Bom dia, querida, claro que a anunciarei e, a propósito, parabéns por conseguir o cargo, senhorita Hernández. -Ela se inclina um pouco para a frente como se quisesse me confidenciar algo. Eu automaticamente abaixo um pouco também, para escutar o que ela tem para dizer.

- Sabe, querida, aqui entre nós, eu estava torcendo por você. Não conte nada a ninguém, mas você era sem sombra de dúvidas a mais qualificada para ocupar a vaga, além de ser a mais dedicada. – A simpática senhorinha confidencia, com um sorriso cúmplice nos lábios. Ela foi uma das pessoas que mais me ajudou no meu período de estágio aqui na Mackenzie & Garret.

- Obrigada, senhorita Morret. A senhorita é muito simpática. -Agradeço retribuindo o seu sorriso simpático. Ela pega o telefone e disca o ramal da sala do senhor Garret para me anunciar.

Após colocar o telefone no lugar ela me autoriza a entrar na sala. Sigo até a porta e dou duas batidinhas e adentro a sala após ouvir um “pode entrar”. Ao atravessar a porta vejo o senhor Eliot Garret levantar-se de sua cadeira e andar até a frente de sua mesa para me recepcionar.

- Parabéns, senhorita Hernández! Fico feliz que tenha conseguido o cargo de advogada sênior e espero que futuramente seja uma de nossos associados. -Ele fala e imediatamente sei qual será minha meta, porque irei dar meu sangue, para enfim me tornar sócia neste escritório.

- Obrigada senhor Garret. Tenha certeza de que farei o meu melhor pelo escritório e que trabalharei com afinco para elevar ainda mais o nome da empresa e se eu chegar a me tornar sócia, será mera consequência do trabalho árduo que irei fazer, disto pode ter certeza. -Termino meu discurso com alegria, por estar certa do futuro que o destino me reserva. Porque, finalmente a vida está sendo um pouco benevolente comigo.

- Seja bem-vinda a Mackenzie & Garret Advogados Associados, senhorita Hernández. -Senhor Garret me estende a mão, como que para completar o seu discurso de boas-vindas e eu a aperto, com o coração transbordando de alegria.

Depois de conversarmos mais um pouco fui levada até minha sala ao lado da do senhor Garret, porém um pouco menor que a sua, mas nada que diminua o seu charme, porque o importante mesmo será o trabalho em que irei realizar dentro dela e só esse detalhe me faz querer pular de entusiasmo, como uma criança que recebe o tão esperado presente no dia de Natal.

Após, me passar alguns processos e me instruir sobre algumas ações e clientes aos quais ficarei responsável de agora em diante, senhor Garret se vai me deixando só em meu escritório, com um sorriso maior do que meu próprio rosto. Olho tudo ao redor, a sala é bem espaçosa, apesar de não ser muito grande, porque a disposição dos móveis nos dá a impressão de espaço. No centro há uma mesa de madeira com uma cadeira grande atrás dela e duas cadeiras estofadas em cores escuras em sua frente, um tapete no centro da sala, a minha direita jaz  um sofá de couro em tom pastel e na parede por trás da cadeira que será minha fica uma estante, verifico também uma porta ao lado da estante o que deve ser um banheiro, caminho até lá confirmando minhas suspeitas, é um banheiro pequeno, porém organizado, ele é todo branco com exceção da pia, em que o balcão e a moldura do espelho em cima dela  são de um tom escuro, iguais a das cadeiras do escritório. Voltei para a sala e sentei em minha cadeira, “minha cadeira”, era contagiante repetir essas palavras em minha cabeça, eu estava feliz, realmente feliz, depois de alguns anos de tristeza, mas especificamente desde a morte de minha mãezinha querida, o meu único parente no mundo e que agora não estava mais ao meu lado para compartilhar comigo a realização do meu sonho.

Sacudi a cabeça para espantar a tristeza, e me concentrei nos processos em minha mesa, começando a trabalhar neles. E assim seguiu-se o meu primeiro dia no trabalho, fiz anotações, busquei auxílio com Eliot, pois foi assim que o senhor Garret me pediu, para chamá-lo quando estivéssemos trabalhando no escritório, porque nos traria uma maior cumplicidade para trabalhar em equipe, palavras dele. Eu custaria a me acostumar com o tratamento informal, mas faria de tudo para tentar me encaixar, ele, no entanto, foi bastante atencioso nas vezes em que necessitei do seu auxílio como advogado mais experiente, me dando dicas valiosíssimas e esclarecendo minhas dúvidas, sanando-as imediatamente.

Ao dar o expediente por encerrado no final do dia, peguei minha bolsa, acenei ao passar em frente à mesa da senhorita Morret e fui em direção ao elevador, descendo no térreo para chamar Amber, para que fôssemos embora juntas, já que ela morava algumas quadras antes do meu apartamento. Ela acena ao me ver sair do elevador.

- Oi, Aly, e então como foi o seu primeiro dia no trabalho?

- Foi ótimo, Amber! Amei demais a minha sala e todos foram muito simpáticos e agradáveis comigo, inclusive meu chefe, o senhor Garret. -Respondo sua pergunta ainda eufórica.

- Dá para perceber que foi bom mesmo. Primeiro por seu entusiasmo e, segundo, porque te esperei para almoçarmos juntas, como sempre fazíamos, mas você não desceu e eu fiquei receosa de te ligar ou de m****r uma mensagem. Não queria te atrapalhar em seu primeiro dia. -Ela fala, pegando sua bolsa e me puxando para que saíssemos do prédio em direção ao meu carro estacionado na lateral do prédio.

- Desculpe, Am. Eu não quis sair para almoçar e comi um sanduíche em minha sala mesmo. Mas amanhã prometo que almoçaremos juntas, está bom assim? -Pergunto colocando a chave na ignição e dando a partida já entrando no trânsito do horário caótico do rush.

- Eu só desculpo se você me prometer que iremos dançar no fim de semana para comemorar o seu emprego e, quanto ao almoço amanhã, está combinadíssimo. -Ela fala sorrindo.

- Não sei se vou estar a fim de sair para dançar, Am, mas daqui para lá vamos ver, até porque hoje ainda é segunda e a semana mal começou. -Sei que ela não vai aceitar a minha resposta, porque conheço bem minha amiga e que daqui para sexta ela vai insistir muito até me fazer concordar em ir dançar, ela é muito persuasiva quando quer.

- Tente fugir o quanto quiser querida, Aly, mas você e eu sabemos de que no final de semana iremos dançar sim, porque você sempre faz tudo que eu quero.

- A senhorita está muito segura de si ultimamente, não acha não, senhorita Amber Simpson? -Gargalho com a cara de indignada que ela faz.

- Não acho não, senhorita Hernández. Simplesmente sou realista. - Gargalho ainda mais da sua audácia. Amber liga o rádio e começamos a cantar a música que está tocando, felizes.

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