03. NOS CONHECENDO UM POUCO MAIS.

Condessa Melayne.

Acordei naquela manhã e fiquei deitada olhando para o teto tentando entender onde estava, apenas alguns segundos depois pude me lembrar que estava no palácio onde seria minha nova casa e que hoje o príncipe e meu futuro marido voltaria para o nosso país.

Me sentei na cama e esfreguei os olhos tentando manter a postura que sempre fora me ensinada, quando de repente alguém bateu na porta.Levantei da cama e vesti meu hobby.

— Entre —falei passando as mãos pelos meus longos cabelos loiros, então logo Kate apareceu.—

— Majestade —disse fazendo reverência ao me ver.— Bom dia, como passou a noite?

— Muito bem Kate, obrigada —disse sorrindo para ela enquanto a mesma ia para as cortinas da janela e as abria dando luz ao lugar.

— Diga-me o príncipe Christian já chegou ao país?

— Ainda não alteza, mas fui informada de que o avião real já está caminho e o palácio todo já foi preparado para a chegada do príncipe —falou passando por mim e indo para o closet provavelmente escolher a roupa que usaria naquela dia.—

— A sim, —disse sentindo meu coração bater mais forte, então ele já estava a caminho.— Por favor prepare meu banho.

Kate fez um gesto positivo com a cabeça e saiu para o banheiro, poucos minutos ela voltou e fui para o banheiro tomar meu banho.

Depois de vários minutos sai e fui me vestir, quando já estava pronta Kate voltou e começou a pentear meus cabelos fazendo um penteado clássico e bastante formal que eu havia gostado bastante.

Logo minha mãe apareceu no quarto com o seu rosto sério de sempre e se voltou para Kate.

— Me deixe a sós com minha filha —ordenou ela em um tom frio para a pobre mulher.—

— Sim, alteza —disse quase de imediato e indo em direção a porta.—

— Kate obrigada pelo penteado —falei sorrindo para ela.— Eu adorei.

— De nada alteza —falou sorrindo para mim e saindo do quarto.—

Minha mãe ao ver aquele gesto da minha parte não ficou muito satisfeita, pudia ver a desgosto no rosto dela como sempre. Nada a agradava a não ser saber que eu seria a princesa do Reino Unido.

— Era só o que me faltava a futura princesa se tornar amiga dos criados —falou caminhando na minha direção.—

— Ai mamãe não exagere —disse me levantando e indo em direção as enormes janelas que davam para uma varanda linda e o imenso jardim.— Eu apenas agradeci pelo penteado, não foi nada de mais.

— Você sempre foi assim Melayne boa, carinhosa com todos igual a seu pai —eu podia perceber que quanto mais ela dizia isso mais irritada ficava.— Mas está errada, você tem que ser destemida e fria principalmente com os criados se quiser ser respeitada como princesa e futura rainha que será um dia.

— A outros jeitos de conseguir respeito mamãe —falei me virando para ela.— Não somente pela base da frieza e maus modos como me diz para fazer minha vida toda.

— Se continuar assim, não vai demorar muito para os criados verem você como amiguinha e não como a princesa que você é —falou abanando-se com seu leque.— Lembre que você não é e não pode ser igual a todos, uma princesa tem que ser sinônimo de soberania, de grandeza e está acima do povo se não para que a realeza?!

Respirei fundo e voltei a me virar para a janela, uma princesa… Uma princesa… Sempre ouvi isso na minha vida.

Uma princesa…

Mas o fato era que eu não queria ser uma princesa, eu queria ser livre para viver a minha própria vida e conhecer o mundo.

— Tem razão mamãe —falei no final desanimada novamente dominada por ela.—

— A minha filha —ela veio caminhando na minha direção e parou na minha frente segurando meus braços.— Sabe que tudo o que eu quero é o melhor para você.

Aquilo me parecia soar de uma forma tão mentirosa e vindo da minha própria mãe, mas eu não ligava.Bom, pelo menos não mais.

— Volte a se arrumar —falou apontando para a mesa onde estava antes quando arrumava meus cabelos.— Se maquei, hoje deixarei você fazer isso. Mas capriche o príncipe chegou a Inglaterra e deve estar a caminho do palácio nesse segundo, Richard e Izabela já estão na sala a espera do filho.

Aquelas palavras me paralizaram e não pude ouvir mais nada depois do "o príncipe chegou a Inglaterra e deve estar a caminho do palácio nesse segundo", então finalmente eu o conheceria.

Finalmente conheceria o estranho com quem me casaria e ficaria presa para o resto da vida, agora sim, não tinha mais como retroceder.

— Melayne está me ouvindo? —disse irritada olhando para mim.—

— Hã? —falei olhando para ela confusa e sem graça por não ter ouvindo nada.— Desculpe mamãe estava pensando, o que foi que disse?

— Então pense menos —falou seria e aquilo me fez querer encolher na cadeira.— Eu estava dizendo que os reis farão um baile de boas-vindas para o príncipe daqui a uma semana e será também aproveitado para anunciar o noivado de vocês.

Aquelas palavras não me surpreenderam, minha mãe queria anunciar esse noivado o quanto antes. Se pudesse ser amanhã mesmo ela agradeceria e muito.

— Se estiver do agrado do príncipe, por mim tudo bem —disse tentando ser a mais natural possível enquanto terminava minha maquiagem.—

— Bom… —falou com um sorriso enorme no rosto mostrando todos os seus dentes brancos e perfeitos.— Muito bom, vou deixar você sozinha para que termine de se arrumar, mas não demore muito sabe que não é educado.

Então ela se virou e caminhou em direção a porta saindo logo em seguida.Foi então que eu joguei o pincel de maquiagem que estava usando para esfumar uma sombra no olho direito em cima da mesa e me levantei irritada, magoada e tensa.

Eu não queria ser a princesa, não queria… Não queria…

Olhei para as enormes janelas e caminhei até elas, coloquei minhas mãos na maçaneta e as abria entrando na varanda.

Vi o imenso jardim repleto de flores de vários tipos e os caminhos entre elas que formavam um labirinto em uma certa parte, olhei para frente por cima do enorme muro e vi a minha cidade: Londres.Amava meu país, isso sempre me foi ensinado. A ama-lo de verdade e coloca-lo acima de tudo, até a cima da minha felicidade e era isso que eu estava fazendo.

Não dava mais para desistir, nunca deu. Vou aceitar esse casamento e tentarei ser a melhor princesa que o Reino Unido já teve.

Respirei fundo e voltei para o meu quarto e para minha mesa, me sentei e voltei a maquiagem agora estava decidida.

Passaram-se alguns minutos e já estava pronta, não havia caprichado muito na maquiagem por que não era prudente. Olhei-me no espelho e havia gostado muito do que via, Kate tinha um bom gosto para roupas e penteados.

Respirei fundo e caminhei para a porta, mas claro não antes de passar um bom perfume.

Saí do meu quarto e caminhei pelo corredor em direção as escadas que davam para o enorme hall do palácio.Ia começar a descer quando vi o Rei Richard e a Rainha Izabela com alguém no final da escada, parecia ser um homem. Aquilo acelerou meu coração e minhas mãos começaram a tremer e a suar, era ele… Era o príncipe Christian.

Tentei me manter calma e comecei a descer as escadas com cuidado já minhas pernas estavam bambas e qualquer movimento brusco eu poderia rolar até o chão, foi então que a Rainha Izabela olhou para cima na minha direção e sorriu.

— A minha cara —falou olhando para mim enquanto eu descia com cuidado e graça degrau por degrau.— Filho essa é Melayne sua futura noiva.

Percebi que ele ficou imóvel por uns segundos e então se virou para mim lentamente e quando me viu fixou seus olhos em mim.

Fiquei encantada olhando para ele quanto descia as escadas, Christian era um homem muito bonito. Branco, cabelos negros e barba, seu porte era forte. Ele era o tipo de homem que faria qualquer uma suspirar.Mas eu precisava admitir, ele era muito mais bonito pessoalmente do que pelas fotos que foram me mostradas.

Cheguei aos últimos degraus da escada e então parei na frente dele.

— Alteza —falei meio sem jeito fazendo reverência.—

— É um prazer finalmente conhecer minha futura esposa —falou também fazendo reverência para mim.—

Suas palavras me causaram um grande nó na garganta e então olhei em seus olhos castanhos e ele nos meus.

— Igualmente.

— Que tal vocês irem caminhar pelo jardim para se conhecerem melhor? —falou Izabela com um sorriso enorme no rosto olhando para nós.— Mandarei alguém chama-los quando a mesa do café estiver pronta.

— Gostaria de passear comigo no jardim Melayne? —ele falou olhando para mim com um sorriso no rosto mostrando seus dentes perfeitos.—

— Sim, claro —falei sorrindo para ele do mesmo jeito só um pouco tímida.— Com licença.

Christian me ofereceu seu braço e eu o peguei então saímos para o imenso jardim.

Assim que chegamos do lado de fora do palácio soltei o braço dele e começamos a caminhar pelos caminhos de pedra do jardim que ficava entre as flores, eu passava a mão direita por elas e sentia sua maseis e o perfume.

— Então Melayne —disse ele caminhando ao meu lado.— Quando se mudou para o palácio?

— Meus pais e eu chegamos ontem.

— Um —disse concordando com a cabeça.—

— E você? Como foi ficar todos esses anos fora do seu país? —perguntei curiosa.— Conhecendo outros lugares, outras culturas, outras pessoas?

Christian soltou um leve sorriso, como se se lembra de algo bom.

— Foi ótimo —falou olhando para mim.— Adorei conhecer o estrangeiro, os países, cada lugar lindo, com comidas e jeitos muito diferentes dos que temos aqui.

Aquilo me deixou maravilhada, deveria ser incrível ver tudo isso.

— Imagino que deva ser maravilhoso —sorrimos e dobramos em um caminho cuja as plantas faziam enormes muros dos dois lados.—

— E você? Que países já conheceu? —falou olhando para mim dessa vez, animado.—

Aquela pergunta me fez abaixar a cabeça desanimada.

— Não, eu… Eu nunca conheci outros lugares que não fosse Londres e minha casa —falei sem conseguir conter a tristeza em minha voz.—

— Nunca saiu da capital? —perguntou surpreso.—

— Não, nunca —falei tentando sorrir.— Minha mãe nunca permitiu, minha vida toda sempre fui moldada para o dia em que você voltasse para o país. Eu já nasci destinada a isso.

Ele ficou calado enquanto caminhava-mos para mais dentro do jardim, ficamos em silêncio por vários minutos e aquilo já estava começando a ser tornar um incomodo.

Então decidi quebra-lo.

— Soube que seus pais farão um baile daqui a uma semana para dar boas-vindas a você? —falei sorrindo.—

— Sim, minha mãe me contou e que será também para anunciar nosso noivado —falou sério olhando para frente.—

Aquilo me deixou surpresa, estava nítido que assim como eu ele também não concordava com esse casamento.

— Você acha certo? —perguntou olhando para mim.—

— O quê?

— Que mesmo antes de nascermos tenhamos nossas vidas já predestinadas? Como ela deve ser e o que devemos fazer o tempo todo?

Aquilo me deixou muda, ele verdadeiramente pensava como eu.

— Não, mas é em próu do nosso país —falei desanimada.— Do nosso povo, um dia assumiremos e seremos o rei e a rainha, e pelo menos você teve a oportunidade de fugir disso por vários anos

.— É, você pode estar certa. Mas eu vejo que você não quer isso também —falou olhando para o meu rosto como se me analisasse—

— Tudo o que eu queria era pelo menos uma vez na vida, fazer as coisas que eu gostaria de fazer. Mas isso não é possível.

Olhei para ele e o vi me olhar surpreso.

— O que houve? —perguntei confusa por ele me olhar daquele jeito tão surpreso e, ao mesmo tempo tão animado.—

— Sabe —falou sorrindo balançando a cabeça levemente de um lado para o o outro.— Você é bem diferente do que eu pensei que seria.

Aquilo me fez sorrir, paramos de andar e viramos de frente um para o outro nos olhando nos olhos.

— Você também —sorri para ele e o mesmo me devolveu o sorriso.—

— Penso que além de marido e mulher seremos bons amigos.

— Espero que sim —disse sorrindo para ele.—

Então voltamos a caminhar e a conversa sobre vários assuntos.

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