Prefácio 2: Serena

Como uma romântica incurável, eu adoraria estar escrevendo um romance baseado na minha linda história de amor. O que seria impossível, já que não tenho uma. Não é que nunca tenha me apaixonado, pelo contrário, tenho a impressão de que me apaixonei até demais e por muito pouco. Só que meus relacionamentos amorosos (se é que posso chama-los assim), sempre foram fadados ao fracasso.

Então aqui estou, para te contar a história da minha vida. Cheia de erros, medos, decepções, dores... Eu passei muito tempo me permitindo viver, literalmente, em trevas. E nem estou falando isso por ter vivido uma fase gótica na adolescência, mas sim, porque tudo em minha vida, dava errado.

Por anos, permiti que me manipulassem, me fizessem sentir pequenininha, me fizessem entender que minha existência era inútil. Quantas e quantas vezes eu desejei minha própria morte. Não tinha amigos de verdade, não tinha um amor, meus familiares só me julgavam. E foi por tudo isso que decidi escrever esse livro.

É preciso aprender a identificar as pessoas e situações, para saber como lidar com elas. Hoje, para mim, tem sido muito fácil notar quando uma pessoa se aproxima meramente por interesse, já que tenho aprendido a ouvir mais minha intuição. Outra coisa que aprendi, quando nós não compreendemos e sabemos lidar com nossas emoções, o corpo adoece. Sim, já tinha escutado muito isso, mas na prática, é bem diferente.

É difícil deixar de ser negativa, quando você aprendeu a ser assim, de tanto as pessoas te dizerem que você não é suficiente, não é capaz e não merece ser feliz. Durante anos, eu esperei meu príncipe encantado vir me resgatar da prisão que sempre acreditei estar. Por isso, qualquer indivíduo que demonstrasse interesse em mim, eu entregava meus sentimentos. E quebrava a cara.

Sempre defendi que devemos ser felizes sozinhos. Sempre gostei da minha companhia. Mas sempre odiei a situação em que estava na minha vida. Criada para temer o mundo, eu apenas me trancava no quarto e chorava sem parar. Foram anos para entender que essa insatisfação, revolta e tortura haviam virado minha “zona de conforto”. Entendendo “zona de conforto” como o local com o qual você está acostumado e não faz nada para sair.

Levei anos para aceitar que ninguém viria me regatar. Nenhum outro familiar para me aconselhar, nenhum amigo, nenhum amor. Eu deveria arregaçar as mangas e fazer sozinha, e no lugar em que estou. Reerguer-se no lugar que sempre me fez mal, nunca me pareceu uma opção. Só que era a única que eu tinha.

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