3- Os quatro

  • Você está me dizendo que a vila foi dizimada por um exército estrangeiro que ainda está lá?
  • Sim.
  • Por que só o seu pai sobreviveu?
  • Renan, eu não vi tudo. Fugi!
  • Isso é impossível! Vivemos no meio do nada! Não temos contato com o mundo exterior. E ainda é perigoso andar por aqui. Todo mundo sabe que há muitos lobos do lado de fora da vila.
  • Não sei o porquê o ataque aconteceu. Só sei que eu vi! Ailin viu mais de perto do que eu. Essas armas são do exército inimigo.

Renan observava os machados estranhos, misturados com o arco de caça do senhor Weller. Marlon reconhece que há uma negação interior tentando recusar a notícia - mas, percebe que Renan nem sequer está dando uma chance para a história de Arthur. Já Laron, estava prestando atenção na conversa. Contudo, escuta subitamente o bater de asas vindo do céu. Olha para cima, e observa um bando de corvos indo na direção da vila. Sente o nervoso do torso - seus músculos enrijeceram. A palavra "vila dizimada" ecoa em sua cabeça. Num estalo, começa repetir:

  • Droga! Droga, droga, droga! Droga!
  • O que foi? - pergunta seu irmão.
  • Corvos! Muitos deles!
  • Eu não vi nenhum corvo - diz Renan.
  • Eu também não - diz Ailin. - Laron está alucinando!

Um uivar alto é produzido ecoando em todo o Vale de Sheear. As crianças pararam de falar, sem respirar - o uivar é bem próximo. Instintivamente, Laron sobe na carroça. Sente-se nervoso ao ver seus amigos no chão. Renan quebra o silêncio:

  • São os amigos do Cleuziou?
  • Talvez - responde Arthur.
  • Vamos lá conferir?
  • Ailin, suba na carroça - disse Marlon.

A menina subiu, e seu irmão ficou de boca aberta encarando Marlon sem entender a ordem repentina. Não vê sentido naquela quase autoridade. Olha a expressão séria do amigo, da sua irmã amedrontada, e de Laron agitado.

  • Arthur, vamos para carroça - diz Marlon.
  • Não podemos sair daqui! É o ponto de encontro.
  • Você confia na minha palavra?
  • Não se trata disso.
  • Arthur, estou falando que temos que sair daqui agora! Confia em mim!

Enquanto conversavam, a fada fala diretamente nos pensamentos do menino.

  • (Pensamento) Renan, só escute sem falar. Aquele garoto Laron possui algum encanto. Ele está vendo os corvos da morte. Suba na carroça. Preste atenção nos seus sinais. Poderão salvar a sua vida.

Renan observa seu amigo Laron de olhos arregalados, segurando a espada, atento para cada canto da floresta em sua volta. Escuta o vento sacudindo as folhas das árvores, o qual lentamente foi perdendo a força, até parar. Renan sente uma enorme vontade de fazer perguntas à pequena mulher. Mas, no intuito de não decepcioná-la, obedece-a subindo na carroça. Depois, chama o amigo.

  • Vamos, Arthur!
  • Você? Não vai questioná-lo? - o silêncio ficou no ar por alguns segundos com a expressão exagerada de desentendido de Arthur - Agora eu fiquei com medo! O que está acontecendo?

Todos subiram na carroça. Marlon equipa o escudo. Entrega um machado ao Renan, e pede para que Arthur fique de prontidão no comando da carroça. Marlon olha para seu irmão, e vê sua veia pulsando. Entende o medo que ele está sentindo. É como se sua pele inchasse, se tornando mais sensível, sendo possível detectar até mudanças ínfimas na corrente de ar causadas pela respiração de terceiros. É o medo dominando o corpo, e este concentrando suas energias para reagir.

O vento foi voltando na direção contrária, aumentando o nervosismo de todos. Pela visão lateral, Marlon sente o instinto de seu irmão reagir.

  • Arthur, temos que sair daqui agora!
  • Podemos dar uma volta para não ficarmos parados - conclui Arthur. Vamos na direção da vila até a metade do caminho. Meu pai deve estar chegando. Vamos até o início da trilha do Grande Carvalho.

Arthur manobrou a carroça e a pôs em movimento na direção da vila. No trajeto, observam cada árvore que passa pelas suas laterais. Mudam rapidamente a visão para o horizonte da estrada. A incerteza, aperto no coração, e sentimento de conforto são emoções, misturadas e predominantes, na mente de Marlon e Renan. Precisavam ver seus pais, e estavam na direção deles. Arthur e Ailin começaram a torcer e repetir mentalmente, "vai dar tudo certo!", "vai dar tudo certo!". Contudo, inesperadamente, as palavras do pensamento viraram "mas que droga é essa?". No meio do caminho havia uma mulher. Os cavalos pararam de correr ao se aproximarem dela, e, tentavam recuar, presos a carroça. A mulher possuía cabelos longos e escuros. De tão longos, atingiam a cintura. Os fios eram retos e cobriam parcialmente o seu olho esquerdo. Já seus olhos chamam atenção pelas íris vermelha radiante. Vestia um vestido verde escuro, justo na cintura e curto na saia. Possuía uma capa quadriculada vermelha escura com preto, a qual cobria seus seios e seguia nas suas costas.

  • (Pensamento) Passem por cima - diz a fada ao Renan!
  • Passem por cima - Renan repete sem pensar!
  • Passar por cima? O que? - questiona Ailin.

Pelas costas da carroça, surge um homem de longos cabelos cinza. O sujeito possuía tanto cabelo, que mesmo preso, caiam mechas nos ombros e em seu rosto, que se misturavam com a barba curta. As íris de seus olhos eram grandes, duas bolas cinzas escuras e cintilantes. Seus olhos chamavam tanta atenção quanto os seus dentes, que eram exibidos em um sorriso rosnante. O sujeito se aproxima lentamente. Arthur força as rédeas para que os cavalos andem. Mas estes não respondem ao seu comando, e, relincham como se pedissem ajuda. Então, ele desce do comando dos cavalos, se junta aos amigos na parte de inferior da carroça, encara o homem pegando o último machado, e, declara a estratégia:

  • Protejam uns aos outros! Se eles atacarem alguém, os ataquem imediatamente!

O sentimento de proteção estava firme. Mas Renan olha a angústia de Laron, e então retruca:

  • Há algo de errado! Estamos com a vantagem das armas, mas ele se aproxima. Arthur?

Arthur observa o comentário do amigo e começa a pensar "vale a pena nos atacarem com grandes chances de morrer?". E então, começa a tentar prever possíveis ataques do inimigo. Enquanto pensa, o homem e a mulher vão para a mesma lateral da carroça, se abaixam sumindo da vista das crianças, e, em um único movimento, levantam juntos a lateral da carroça, fazendo-a tombar.

Antes de começar a cair, Arthur dá a ordem:

  • Formem um círculo!
  • Ailin, fique no meio - diz Marlon.
  • Tarellas e Allaidhus - Renan repete os dois nomes ditos pela a fada em seu pensamento.

As crianças caem da carroça, mas, no desespero, rapidamente formam um círculo. Marlon escutou os dois nomes. Quando teve tempo para pensar, arregala os olhos.

  • O que vocês dois estão fazendo? Minha mãe colocou sacrifício no altar de vocês ontem! Não deveriam nos atacar!
  • O homem sorri gargalhando.

A fada então ri escondida. Pensa: "Então foi assim que esses humanos sobreviveram até agora nesta região? Allaidhus sempre foi hostil a quase tudo e a todos! Não esperava que um dia fosse fazer um acordo com humanos. Deve haver mais algum segredo."

O casal se aproxima lentamente na direção das crianças, e estas respondem recuando na direção da vila. Allaidhus aumenta o sorriso, desvia o olhar, caminha lentamente até o canteiro da estrada, e quebra um tronco de uma pequena árvore, produzindo um porrete. Volta a caminhar na direção de suas presas com um sorriso psicopata alucinante e ameaçador. A mulher faz o mesmo movimento, demonstrando também possuir uma grande força a ponto de quebrar outro tronco do mesmo tamanho apenas com as mãos nuas. A partir daí, o sentimento de segurança das crianças desapareceu! Marlon começa a conduzir o passo um pouco mais acelerado na direção da vila. Arthur entende que é um bom plano. No cenário positivo, irão encontrar com Cleuziou e seu pai, que poderiam ser de grande ajuda. Outra possibilidade é fazer os dois inimigos se enfrentarem - o exército invasor e o casal espanto.

  • O homem é o mais hostil - comenta Marlon. - Vamos atacá-lo primeiro. Me parece que a mulher iria embora se ele morrer. Ela não demonstra prazer em nos perseguir. Parece triste.
  • Se ele nos atacar, pulamos todos em cima dele - completa Renan. - Temos mais chances de sairmos vivos dessa maneira.

Arthur permanece calado. Escuta atentamente os amigos e concorda com eles. Contudo, também observa que a mulher está acompanhando o homem. Ela fará a proteção dele. Entende que precisará atacá-la, mas não vê muitas formas de vencê-la. Se ela consegue quebrar aquele tronco, portanto conseguiria matá-lo com apenas uma mão. Assim, precisará dar um golpe certeiro, sem receber danos!

Renan olha para Laron segurando firmemente a espada. Sua coragem lhe motiva. Ele pensou, "se ele não está com medo, não há perigo". Marlon também observa seu irmão e percebe que Renan também o está observando. Então Marlon ri pensando "Como você descobriu? És tão autocentrado!".

A fada estava imóvel, mergulhada em um diálogo interno com ela mesma em seus pensamentos:

  • Todas essas crianças são corajosas e bondosas! Todas elas possuem alma de ouro.
  • Mas elas vão morrer!
  • Não posso permitir isso! Se elas sobreviverem, conseguirei o meu objetivo que busco há mil anos.
  • Se eu os ajudar, também irei morrer.
  • Eu sozinha não dou conta do casal. Mas com ajuda das crianças, posso conseguir!
  • Vai arriscar a minha vida? Se perder, acabou! Estava conseguindo seguir bem o plano. Em cerca de mais mil anos, eu iria conseguir o meu objetivo de qualquer jeito. Há um progresso constante.
  • Qual o melhor plano de ataque em conjunto?
  • Eles nem me conhecem e nem sabem do meu poder.
  • Mas eu os conheci. E posso reagir com eles. Se apenas um deles morrer, ainda será um resultado incontestavelmente melhor.
  • Tem razão! Ainda dá para fugir voando se algo der errado.

Enquanto a fada conversava consigo mesma, Laron olha para cima, depois para seu irmão, e sorri. Renan observa e fala:

  • Vamos ganhar!

Allaidhus se irrita com a confiança das crianças e começa a correr na direção delas. Tenta uma investida em golpeá-las com uma tacada à meia distância girando o tronco. Mas, todos antecipadamente dão um pulo para trás, fazendo-o errar o alvo e ficar vulnerável. Marlon grita "Agora!", e, corre na direção do inimigo. Seus companheiros seguem atrás gritando. Allaidhus pula alto para trás, caindo ao lado de sua companheira.

Os dois grupos mediam distância e possibilidade de ataque e contra-ataque. Allaidhus teve uma ideia:

  • Cerque-os - dá o comando à sua companheira -. Mas não mate todos! Precisamos comer na viagem.

Renan escuta dentro da sua cabeça palavras da Fada conjurando:

  • Sombra da noite, sombra do dia, transforme essa luz em melancolia. Faça de sua agonia a minha sintonia. Pegue sua escuridão, e alimente minha condução.

Subitamente, Renan fica um pouco tonto. Sente cansaço nas suas pernas e braços. Não consegue mais se imaginar reagindo. Então, fica triste. Ele vê a mulher correndo em uma circular, buscando cercar seus amigos. Seu corpo pesa absurdamente, levando o medo ao desespero sem fim. Ele tenta gritar para avisar seus amigos, mas não consegue. Sente como se existisse uma força contrária ao seu corpo. Desesperado, ele consegue superar a força e abrir a boca. Mas, antes de falar, escuta a voz da fada diretamente dentro da sua mente.

  • (Pensamento) Renan, agora você está sentindo um desconforto e melancolia. Não se preocupe! Lancei um encanto para dominar o seu corpo. Ele se alimenta do seu medo. Sinto que você possui muito medo! Mas ao mesmo tempo, muita coragem e determinação! Eu desenvolvi uma variação desse feitiço para somarmos as nossas forças. Não lute contra o peso! Deixe eu te controlar. O desconforto passará. Sinta qual movimento eu estou te conduzindo, e, adicione sua força na mesma direção!

A mulher cerca as crianças do outro lado da estrada. Ela e seu companheiro se entreolham rapidamente, e correm na direção das crianças em sentidos opostos. Em instantes, começam a realizar o mesmo movimento de girar o tronco como se fosse acertar com um bastão pesado. Contudo, para suas surpresas, Laron, Renan e Marlon, antecipadamente, correm na direção do homem gritando. Marlon pula com escudo na altura e direção da mão que segura o tronco. Laron pula com a espada na direção de seu pescoço. Já Renan, com ajuda da Fada, pula alto demais, por cima de todos. Arthur corre sozinho para o outro lado, na direção da mulher. Pula levando o machado na direção de sua cabeça. Ailin fica parada no meio, sem se mover.

A mulher, percebendo que será atingida, antes de completar o movimento, inclina seu corpo para trás, fugindo do machado, ao mesmo tempo, desengonçadamente, chuta Arthur com um pisão, empurrando-o com a sola do pé. Este voa para trás, caindo de bunda no chão. Sente o peso em seu pulmão, ficando sem ar, respirando desesperadamente com dor no peito.

Do outro lado, o homem percebendo que será acertado, furtivamente, se joga no chão rolando pela lateral, e pula para cima de Marlon, que estava se virando em sua direção. Antes de alcançá-lo, Marlon se protege atrás do escudo. Mas, o homem segura seu escudo com uma mão, e com a outra segura com força o pulso de Marlon. Sua unha afiada corta sua veia, que começa a sangrar. Seu irmão Laron se aproxima pela lateral, forçando o homem a recuar, mas antes, lança Marlon na direção de Arthur, apenas segurando-o de mal jeito pelo pulso, e com pouco espaço para movimentar seu braço. Marlon cai rolando para trás, até chegar perto de Arthur. Pela situação, Laron sabiamente pula para trás algumas vezes, se aproximando dos outros, fugindo do homem.

O homem admira o escudo de madeira redondo com uma liga metálica de apoio. Nunca havia visto um escudo parecido. Ao olhar para frente, se surpreende com Renan correndo rapidamente em sua direção, dando um pulo de mergulho, empunhando o machado. Allaidhus, com seus reflexos rápidos, apenas pula para lateral, desviando da criança, que cai no chão, longe de seus amigos. Marlon levanta machucado e sangrando, olha para Arthur. Os dois começam a correr.

Allaidhus se aproveita que o garoto está no chão se virando, e pula alto em sua direção. Enquanto está subindo, Renan começa a sorrir por estar com uma oportunidade de calcular onde jogar o machado e acertá-lo. Ele então percebe que poderia ser atingido no ar, se protege no escudo. Agora, todos observam que Renan será esmagado no chão pelo Allaidhus protegido pelo escudo. Laron fecha os olhos para não ver o sofrimento. Mas, inesperadamente, Renan aponta o dedo para cima e recita as palavras:

  • Chamas, consumam em furacão!

Uma labareda flamejante sai do dedo de Renan, levando fogo e vento em uma escala monstruosa, formando um pequeno furacão que atinge o céu! Renan se levanta mantendo o dedo apontado para cima, conduzindo o furacão de fogo, descendo-o lentamente para o horizonte. Quando o seu braço esticado aponta para frente, paralelo ao chão, cessa o seu poder em grande estilo, fechando a mão.

Allaidhus ainda estava atrás do escudo, mas bem alto, sendo isolado na direção do dedo de Renan. Antes de cair, dá um mortal para trás, e cai agachado, apoiando a mão no chão. Fica nessa posição baixa por um tempo. Suas roupas nas costas haviam se queimado. Haviam pequenas marcas de carne viva tanto nas costas, quanto nas pernas e nos braços. Seu novo escudo ainda está em chamas na parte da frente. O homem experimentou a pior dor de sua vida! Doía tudo! Estava em choque, olhando para baixo, sem entender o que aconteceu. Durante trinta segundos, ele permaneceu naquela posição. Todos também estavam em choque e sem palavras. Depois, Allaidhus se levanta e encara Renan. Mas a criança anuncia com virilidade:

  • Sumam, ou, irei queimar seus corpos até virarem cinzas, seus animais imundos!

A incerteza descrente ficou no ar. As crianças estavam em dúvida se aquele poder todo havia ferido o inimigo. Ele já estava de pé. Renan e Allaidhus se encaravam, quando subitamente Laron avista quatro corvos se aproximando. Sua expressão muda para um desentendimento desesperado. Seu irmão e Renan se deparam com sua face, e também se desesperam desentendidos! Allaidhus sente o cheiro de medo das crianças e fica com um ar mais assassino. A sua dor começa a ficar pequena, perto de sua vontade de comer carne. A fada cansada de usar tanto poder, sente este instinto assassino no inimigo, e, percebe que é uma luta perdida. Então, libera o Renan do controle e começa a pensar em uma oportunidade de fugir. Não seria possível levar o seu garoto. O inimigo iria caçá-lo até o fim. Agora o seu corpo entra em modo de sobrevivência. É fugir para não ser devorada!

Renan sente que não há mais poder circulando. Sua expressão revela rapidamente desentendimento. A fada fala em sua cabeça:

  • (Pensamento) Quando disparamos fogo, o seu grande medo e desespero desapareceram de vez. Assim, não havia mais combustível para meu feitiço. Tive que utilizar todo o meu poder para manter o fogo aceso. Infelizmente, o sujeito sobreviveu! Desculpe! Agora, só há uma coisa a fazer, CORRA PELA SUA VIDA!

Renan tentou manter um sorriso cínico de confiança. E então anunciou:

  • Morram!
  • Pare de fingir! Consigo sentir o cheiro do medo de vocês de longe! O corpo de vocês sabem que serão dilacerados!

O ar passou a faltar para Renan e Laron. Arthur e Marlon estavam rodeando Tarellas, empunhando suas armas, tentando se aproximarem de seus amigos. A mulher fica imóvel observando seu companheiro andando na direção de Renan. Allaidhus sente o cheiro da carne do garoto. Sua fome aumenta. Estava caminhando com os olhos fixos em sua refeição. Mas, para sua surpresa, Laron baixou a sua espada e sorri aliviado. Seu irmão e Renan ficam muito surpresos. Sorriem devagar, aumentando o tom para uma risada, até começarem a gargalhar! 

  • Eu pensei que iria morrer - diz Renan.
  • Não baixem as armas - grita Arthur!

A mulher que estava com uma expressão de angústia, passou a sorrir. Allaidhus percebe a mudança repentina da mulher e fica emburrado. Assim, ele chama gritando:

  • CLEUZIOU!

Este chega correndo em passos largos.

  • Não comam os amigos do meu irmão! 
  • Não é você quem decide isso - responde Allaidhus.
  • Qual é o problema de vocês? E o nosso acordo?
  • O acordo acabou! A sua vila não existe mais!
  • Tarellas, eu não esperava isso de você. Por que não ajudaram a proteger a vila?

Tarellas segura o braço de Allaidhus com carinho, pedindo para parar. Cleuziou continuou:

  • Faz 11 anos que cumprimos o nosso acordo. Aonde vocês estiveram?
  • Você sabe muito bem! Ontem iniciou o ciclo da lua minguante. Partimos para o interior da floresta para acasalar! Estamos há dois dias sem comer - diz Allaidhus.

Tarellas fica rubra de vergonha. Mas tal informação faz Cleuziou parar distante em seus pensamentos. O pai de Arthur chega correndo, ofegante, ao lado de Bryan. Cleuziou se desperta e fala:

  • Morrigan! Ela está vindo! Temos que sair daqui!
  • Nós sabemos. Passamos perto da vila e sentimos o cheiro dela. Mas não sentimos o seu cheiro, Cleuziou. Pensamos que você havia fugido - comenta Tarellas.
  • Eu também aproveitei a lua ontem.

Tarellas perde o sorriso no rosto com essa declaração. Então Allaidhus continuou:

  • Agora que estamos juntos, podemos lutar. Mas antes, preciso comer. E será este garoto - aponta para Renan.

Todos ficam surpresos. Laron olha para cima e ainda vê corvos. Então pensa com dúvida, "para quem serão?"

Enquanto falavam, um vulto cai rápido do céu, produzindo um barulho maciço que ecoa sutilmente pelo chão, levantando folhas e poeira. Todos escutam e sentem o tremor. Era um homem loiro de cabelos compridos, muito alto e forte, que caiu agachado! Este, olha para o casal, para Cleuziou e para Bryan. Desperta um sorriso, e começa a rir! Seu riso vira gargalhada! Ri alto, muito alto e por muito tempo. Logo depois, chegam cerca de quinze soldados invasores. Um dos soldados era o invasor que Cleuziou havia derrotado quando destruiu seu escudo com o martelo. O sujeito que antes gargalhava, agora fala em uma voz grossa:

  • Igvar, você estava triste, falando que havia sido derrotado, e, não era mais o homem mais forte do mundo. Saiba que você não foi derrotado por um homem. Aqui há quatro semideuses! Seu título ainda está de pé.
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