Capítulo 6

- Mas quem ela pensa que é? – Pensou para ele.

Ao entrar no quarto notou que o ambiente cheirava aos seus produtos de higiene, a cama feita e um elástico em cima de um dos seus móveis. Imaginou se a cama tinha o cheiro daquela mulher que desafio-o e não se importou com o seu charme ou ego masculino, pelo contrário.

- Filho? Posso entrar? – Pediu sua mãe do outro lado da porta.

- É claro mãezinha. – Deu confirmação para o pedido.

- Bem. Já que vais ficar por aqui por causa da festa. Vou pedir que limpem o teu quarto. – Disse sua mãe.

- Não precisa. A cama está limpa. – Murmurou convicto

- Está bem. Mas sabes que aquela jovem dormiu aqui, não é? – Indagou ao filho com um sorriso discreto.

- Sei mãe. Eu quando entrei aqui encontrei-a ainda despida. – Contou dando um sorriso manhoso.

- Deus! Pobre menina. O que tu fizeste tu filho? – Perguntou agora com a preocupação estampada no seu rosto.

- Nada. Ela mal viu-me, vestiu se apressada, melhor dizendo ela já estava com a minha t-shirt, ameaçou com uma arma e ainda teve coragem de esnovar-me como se eu fosse ninguém. – Aumentou a voz lembrando-se da única mulher que não caiu em sua rede.

- Ok. Ok. Acalma-te. Vou acreditar, filho. Cuidado, gostei desta jovem. – Disse lembrando da garra da jovem.

- Eu sei mãe. – Falou sentando-se na cama enquanto sua mãe saia do quarto.

- Ela não parece ser como as raparigas, aquelas mulheres que se dão por nada, a não ser o prazer. – Falou sua mãe sentando-se ao lado dele.

- Bem, eu não sei. – Falou fazendo sua mãe levantar uma sobrancelha para ele. – Não é isso que estás a pensar, mãe. – Suspirou passando as mãos no cabelo, nervoso.

- Explica-te menino! – Pediu sua mãe ao ver o estado do seu filho.

- Sabes que já faz 9 anos, que ela morreu por minha culpa. – Relembrou à sua mãe, um dos piores dias da vida de ambos.

- Filho! Quantas vezes, terei que dizer que não foi tua culpa, meu bem. – Disse tocando no cabelo do seu filho.

- Mas, mãe….

- Não. Não vais fazer isso de novo… - Interrompeu sua mãe o puxando de encontro ao seu peito, confortando Jason que agora parecia mais uma criança magoada pela vida. Contudo não o era… era um homem carregado de culpa.

- Devia ter verificado o carro, em vez de ter saído daqui e ir divertir-me. – Disse magoado as lágrimas já se formavam em seus olhos.

- Ninguém sabia, meu filho. Ninguém sabia… Que a minha menina iria fazer isso. – Lamentou há doze anos que a sua menina partiu sem nunca mais poder voltar.

- Desculpa mãe. – Pediu abraçando-a fortemente.

- Tu não precisas de o pedir, meu filho. A culpa não foi tua. Tu precisas deixá-la ir. – Lembrou o que tanto lhe falava. – Tanto a ela como a Anna, como a Raquel. Nenhum deles foi tua culpa.

- É. Eu preciso. Estou cansado de tudo. – Exprimiu fazendo sua mãe dar um sorriso, por anos seu filho não admitia que precisava seguir em frente.

- O baile começa às 19horas, sem atrasos menino. – Falou agora num tom sério, levantando-se.

Jason deitou-se na cama, suspirou pois desde que aquela fera foi avistada por ele, não a consegue retirar da cabeça. – Como ela ousou não saber quem eu sou? – Jason pensou… Mas logo sorriu pois ela não estava preocupada em agrada-lo mas sim em fazer as coisas e proferindo conforme o que pensava. Logo que a encarou notou que suas personalidades eram quase idênticas, ambos não demonstravam e escondiam-se por detrás de centenas de personagens. Sorriu, mas lamentou não ter notado o seu cabelo, pois estava em coque bagunçado e molhado.

Mas seu sonho foi interrompido pelos pesadelos. Todos os rostos das mulheres que o atormentavam com suas mortes apareceram todos no mesmo.

- Não. A culpa foi tua. – A cara de Anna e de sua irmã apareciam juntas. – Tu não devias ter conduzido aquele carro, estávamos bêbados.

- Tu não viste o que acontecia comigo, mesmo à tua frente. – A face de Raquel entrou toda machucada.

Anna tinha um braço de menos, toda ensanguentada, Raquel tinha um corte enorme na barriga, e as suas pernas cheias de sangue. Mas a sua irmã não, ela estava bem com uma bicicleta e um vestido amarelo.

- Letty. És tu. – Sussurrou Jason no meio do seu pesadelo movendo-se de um lado para o outro na cama.

- Preciso que me procures, grandão. Por favor. – Pedi ela chorando encostada a uma árvore grande.

- Tu estás morta, nos te enterramos. – Disse levantando a mão ainda dormindo. – Tenho saudades tuas. Perdoa-me.

- Não tenho o que perdoar, estou bem. – E desapareceu com o sonho de Jason como todos os outros.

- Vai ficar tudo bem. – A voz era daquela jovem que encontrou no seu quarto. Mas o que o acalmou mesmo que fosse a sua mente a confundi-lo.

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