07

Ele se vira caindo para o lado, me viro e consigo ver seu peito subir e descer a cada segundo, ele sorrir pra mim, e depois de alguns minutos se levanta indo ao banheiro. Eu me ajeito encima da cama, vestindo minha calcinha e sua blusa. Ao voltar do banheiro, ele estava com uma box preta, me fazendo admira-lo, ele deita ao meu lado e me puxa para seu peito. E logo depois a preocupação me toma conta.

- Você acha que o Nicola vai fazer alguma coisa com a Julia, alguma coisa mais além? - pergunto, sem pensar.

Encaro Isaac que passa a mão pelos meus cabelos e balança a cabeça.

- Não, nem com ela e nem com você. Eu não sei qual é a desse cara, mas eu não vou deixá-lo usar a Julia para te atingir, ele que você não ela. - Ele diz sério, passo minhas mãos sobre seu peito e suspiro. - Mas vai ficar tudo bem.

- Eu tenho medo, que isso acabe com a gente de alguma forma. - Digo pensando alto, me afasto e ele me olha.

- Nada vai acabar com a gente, não tem nada que possa acabar com isso daqui nada. - Ele sorri me confortando, me puxando novamente para seu braço. Eu queria poder confiar no que ele dizia, mas eu sabia que não era bem aquilo. - Você acha que a Kiari pode tá escondendo alguma coisa? - Isaac quis mudar de assunto e eu rir não sabendo o que responder.

- Isaac, você precisa dá um tempo pra ela, Kiari já é bem grandinha. - Finalmente consegui achar algo pra falar.

Eu adorava ficar daquela forma com ele, parecia que só existia apenas nos dois, sem Nicola e sem Marina.

- Mas eu só quero protegê-la. - Deixou claro.

Para o Isaac, a irmãzinha perfeita que os pais criaram como uma princesa nunca jamais poderia ter se quer um dia de rebeldia. Kiari e Isaac são o padrão dessa família, o "futuro" da empresa do pai deles, porém não acho que seja bem isso que o Isaac ou a Kiari queira, apesar de quando esse assunto é tocado eles forçam uma animação e empolgação para serem os próximos engenheiros da família, mas conheço meu namorado é sei que ele só quer ser um adulto normal, seguir seu próprio caminho trabalhar no que ele é bom de verdade, não pelo o que os pais dele escolheram ser o melhor.

Comigo é muito diferente, o fato de meus pais terem morrido e eu ser criada pela minha madrasta infernal, faz eu querer arranjar qualquer meio para sair dessa cidade, desse país e seguir um caminho bem longe disso tudo, até mesmo de quem eu amo se for preciso.

No fim, acabamos pegando no sono. E foi confortante passar a noite agarrada aos braços de Isaac, me sentia segura ao seu lado.

**

Acordei Isaac bem cedo logo pela manhã, eu tinha que sair de sua casa antes que todos acordassem. Mesmo resmungando pelo horário em que estava acordando em pleno domingo, ele se levantou e se arrumou assim como eu, para me deixar em casa.

 Quando saímos de sua casa, ninguém estava ainda acordado, e dei graças a Deus por aquilo.

Quando seu carro parou em frente à minha casa, o meu medo foi alguém de lá está acordado, eram apenas seis horas da manhã, mas tinha o risco da Marina está muito irritada pronta para me matar na sala. Me despedi de Isaac, com inúmeros beijos e quase que não consigo sair de seu carro.

 Passo pela porta indo para as escadas na ponta dos pés, sem fazer barulho para não acorda ninguém.

- Alex? - ouvi a voz doce da minha “irmã” postiça. Meu coração acelera, mas logo se acalma ao ver que era ela sozinha. Ponho a mão no peito e respiro fundo.

- Que susto. - Admito, ainda tentando me recuperar.

- Desculpe, mas eu pensei que estava no seu quarto. - Ela rir baixo ao ver meu estado de pânico.

- É eu deveria está, mas eu acabei dormindo com Isaac. - Admiti, com ela não haveria problema falar aquilo. Ela deu um curto sorriso, abrindo a boca e concordando de forma monótona.

- Ah sim, acho melhor subir antes que minha mãe de as caras. - Pamela sugeriu e eu concordo, dando um beijo rápido em seu rosto e subindo as escadas até meu quarto e fechando a porta.

E agora eu estava aqui, pensando no que ia acontecer com a Julia. O que será dela agora? Com toda essa confusão que como sempre os pais dela não vão dá a mínima, esse é o grande problema da Julia, a mãe é uma mulher muito bem mesquinha só pensa no dinheiro e no que pode fazer para ganhar, sai com um cara a cada mês e deles arranca os melhores presentes para ela e para a Julia, a dona Barbara quer fazer da Julia uma cópia fiel dela e ela está conseguindo. O pai da Julia é um rico falido que mora na periferia da cidade e nem lembra que ela existe e também a mãe dela não deixa ele ter nenhum contato com a filha, para a mãe dela ele e a " pior decepção que já teve", se não for eu, se eu não ajudar, a Julia nunca vai sair dessa situação ou vai se afundar mais ainda.

**

Olhar para a cara da minha madrasta cheia de cremes em pleno domingo de manhã tira completamente o meu apetite então prefiro ficar no meu quarto a manhã toda até ela sair de casa ou o meu telefone tocar e for alguém pronto para me livrar dessa maluca, e eu preciso ver a Julia ainda hoje.

- Alex... - Pamela falou entrando no meu quarto de vagar de um jeito tímido e eu a olhei saindo dos meus pensamentos. - Minha mãe disse que você tem que fazer o almoço hoje, vamos ter visita. - Pamela entortou o nariz como se essa visita não fosse nada agradável para ela. Nos domingos minha madrasta sempre sai para comer fora com a Pamela, para ela ficar deve ser alguém importante.

- Ela quer algo em especial? - perguntei prendendo uma mexa de cabelo atrás da orelha. Não vou questionar muito hoje, vou fazer tudo certo, quero sair o quanto antes para poder ver a Julia, mas como ninguém me ligou ela ainda deve estar dormindo.

- Sim, ela quer que você faça uma lasanha. - Ela falou revirando os olhos e eu assenti. - Se quiser por veneno, hoje está liberada, só me avisa antes. - Pamela falou séria e eu ri. Acho que nunca vi ela seria antes não por causa de um simples almoço que a mãe vai da. Eu sinto que Marina irá aprontar novamente.

- Lembra quando a gente era pequena e o meu pai nos ensinou a fazer lasanha. - Falei indo até ela e colocando meu braço em volta do pescoço dela para tentar fazê-la sorrir.

- É lembro... - Ela suspirou. - Alexandra, eu não quero ficar aqui, me leva com você antes que esse almoço comece. - Olhei seria para a Pamela. Ela estava estranha, e aquilo não estava me cheirando bem.

- Quem é que vai vim? - Perguntei curiosa. Isso está me deixando preocupada, o nervosismo da Pamela está deixando tudo muito confuso para mim.

- Alexandra. - Minha madrasta apareceu na porta do meu quarto com aquelas mesmas roupas de perua, como sempre. - Quando irá fazer o almoço? Estou com pressa. - Marina perguntou petulante e eu contei até dez mentalmente antes de dá uma resposta bem mal educada.

- Estou indo, Marina. - Falei tirando meus braços de volta do pescoço da Pamela e saindo do quarto. Paciência é tudo que eu preciso ter agora. Mesmo estando em um momento bastante estressante com a noite em que tive.

Fui para a cozinha e comecei o preparo da lasanha, eu gosto de cozinha apesar das quase todas as vezes que fiz foi forçada pela Marina.

Assim que acabei de fazer a lasanha e coloquei todos os pratos na mesa peguei o meu celular e disquei o número da Kiari, demorou alguns segundos e ela atendeu com voz de sono.

- Dormindo até agora? - perguntei assim que ela disse oi no outro lado da linha.

- Na verdade eu estou tentando dormir agora, fiquei de olho nela pela noite e ainda tive que levantar cedo para fazer a social com os meus pais no café da manhã. - Ela falou com a voz sonolenta.

- E a Julia, como ela está? - perguntei me encostando no balcão.

- Dormindo e muito, não acordou em nenhum momento, graças a Deus meus pais tiveram um almoço de negócios hoje é saíram bem cedinho, dessa a Julia está safa. - Assenti mesmo sabendo que ela não estava vendo. Dessa ela pode estar safa, mas do resto ainda não.

- Eu vou para aí daqui a pouco ok, se a Julia acorda não deixa ela sair dessa casa. - falei séria e a Kiari concordou de imediato.

- Conversando durante o trabalho? - Marina entrou na cozinha mechando no IPad sem olhar para mim. - Espero que seja algo muito importante para você deixar os servidos assim. - Ela passou por mim e minha vontade de colocar o pé na frente para ela tropeçar foi grande, porém me segurei.

- Já acabei tudo aqui, Marina. - falei e em seguida me despedi da Ki no celular o desligando em seguida.

 Marina olhou para mim e depois para a mesa e logo depois assentiu.

- Vai se arrumar, ou você vai ficar no almoço com esses trapos? - Ela falou e eu a olhei com os olhos um pouco arregalados.

- Como é que é?

- Você ouviu, anda vai se arrumar. - Marina fez um gesto banal com as mãos me dizendo para ir. O que diabos está acontecendo aqui?

Sai sem questionar aquela estranha notícia que a minha madrasta, que modéstia parte me odeia, me deu, desde quando ela me quer nos almoços dela? Isso está muito estranho mesmo.

Fui para o meu quarto e entrei no banheiro, me olhei através do espelho e suspirei. O que a Marina está aprontando? Ela nunca é boa comigo, a não ser que seja na frente dos pais do Isaac, porém não pode ser eles a visita já que Kiari me avisou que eles estão num almoço de negócios.

Me despi e entrei no box ligando o chuveiro e deixando a água cair sobre o meu corpo. Não conseguia parar de pensar no que é esse almoço e por que eu, logo eu, tenho que fazer parte dele.

Assim que acabei o banho sai enrolada na toalha e fui direito para o meu armário procurar uma roupa, coloquei um vestido rosa bebê que era solto e ia até a minha cocha, nada demais até porque nem sei quem vem.

Enquanto penteava os meus cabelos, não parada de pensar, a Pamela nervosa e estranha, Marina me convidando para almoçar com ela. Isso está estranho, porém sou curiosa e vou ficar para ver o que é tudo isso.

- Está pronta? - Pamela disse entrando no quarto vestindo uma camiseta de manga e calças compridas, ela estava bonita e confesso que nunca a vi usando esse estilo de roupas antes ela sempre usa roupas largas.

- Estou, nossa você está muito bonita. - Sorri para ela que sorriu de volta. - Deve ser uma pessoa muito importante que vai vim certo? Para eu participar... e você está usando roupas tão diferentes. - falei como quem não queria nada, porém estava louca para saber algo a mais sobre isso.

- Você nem imagina o quanto é... vamos? - Ela perguntou e se virou saindo do quarto. Ok, mais uma tentativa de saber algo a mais falhou.

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