04

Três semanas passaram voando, apesar da escola está muito puxada, eu sou uma boa aluna e consigo me dá bem. Já Julia não é muito boa no quesito escola.

- Desisto. - Julia falou jogando o livro no chão do meu quarto. Olhei com uma sobrancelha erguida para ela, a gente tenta ajudar e a pessoa ainda é grossa. Quem deveria desistir sou eu.

- Olha eu tenho que arrumar a casa, se você quiser aprender é agora. - Falei pegando o livro de matemática do chão. A Julia visivelmente não faz nenhum esforço para passar nas matérias, ela simplesmente cola do Liam como se isso fosse ajudar alguma coisa no futuro dela, aliás, que futuro ela quer?

- Não sei por que você ainda faz as coisas que a Marina fala. - Ela levantou da minha cama e ficou mexendo na minha cômoda.

Marina banca de rica, mas não paga uma empregada, e por um único motivo, a empregada dela sou eu, ela tem gosto em me ver fazendo o que ela manda.

- Melhor nem contraíra... - Falo dando de ombros. Marina tem a minha guarda, apesar de já te dito diversas vezes que preferia que eu estivesse morta. Só não vejo a hora de acabar a escola e sair daqui.

- Cadê a aberração da filha dela? Ela Não faz nada também. - Julia falou insultando a Pamela e eu a olhei muito feio. Não gostava quando ela se referia assim a única pessoa que me dá força aqui nessa casa.

- Não fala assim dela, Pamela é um amor de pessoa, apensar da mãe que tem. - Tentei defender a Pamela. Ela é como uma irmã mais nova para mim, veio para a minha casa com apenas quatro anos, vi ela crescer.

- Ela tem o sangue da Marina e daquele irmão do mal gostosos dela, você acha mesmo que ela vai ser fofinha e legal para sempre? - Julia falou e deu de ombros e se sentou na cama novamente me fazendo bufa.

Pamela e diferente da família dela, ela foi criada pelo meu pai desde criança assim como eu, e ele nunca deixou Marina fazer a cabeça dela. Não suporto quando Julia se acha melhor do que os outros só por ela ser bonita ou sei lá mais o que.

Ignorei Julia e continuei a estudar, já que ela não queria, eu tinha que fazer aquilo. A senti levantar da cama novamente, mas não me virei para ver onde ela ia. Apenas continuei citando algum cálculo em voz alta para que pelo menos ela ouça algo e preste atenção.

- Você é doida. - Ela falou meio irritada, me virei para ela a vendo segurar meu diário em mãos e olhava atentamente para ele. - Você tem um caderno só com teoremas? - perguntou com um olhar espantado e eu ri do jeito dela. - Meu Deus e eu achava que só o Liam era assim. - Fiquei satisfeita por ninguém conseguir ler o meu diário.

Apenas eu conseguia desvendar aquilo.

- É o meu diário. - disse dando de ombros, mesmo sabendo que ela já estava ciente daquilo e ela riu de um jeito engraçado.

- Um diário que só você consegue ler. - Ela falou enquanto colocava ele no lugar em baixo de alguns livros. - Parabéns, um ótimo jeito de ninguém saber seus segredos mais profundos e obscuros. - Julia bateu palmas de um jeito irônico.

- Você poderia saber eles, se soubesse matemática assim como eu. -Dei um sorriso fofo para ela e lhe entreguei o livro de matemática, recebi um olhar de tédio.

- Ninguém vai conseguir ler aquilo, qual é a graça que tem, Khatarine. - Ela falou abrindo o livro de matemática e voltando a se sentar na cama. Eu gostava daquele enigma, quem tentasse ler ia ter que se esforçar bastante para desvenda-los.

- Talvez alguém consiga ler… algum dia. - Forcei um sorriso, mas no fundo meu peito apertava só de pensar em alguém descobrir tudo que havia ali. - Talvez alguém seja capaz de me entender...entender tudo que fiz. - Pensei alto fixando em um ponto qualquer e a Julia bufou.

Não sei o que eu sinto quando escrevo coisas inelegíveis no meu diário, me sinto conectada a alguém, mas esse alguém não é nenhum dos meus amigos ou alguém que eu conheça, deve ser mais uma coisa da minha cabeça que as sessões de terapia que fiz quando era criança não conseguiram revólver. Acho que ninguém nunca vai conseguir resolver.

Quando eu era criança tinha pesadelos com a minha morte, e então meu pai me colocou numa terapia pensando que era por causa da morte da minha mãe, mas nunca consegui resolver isso, às vezes eu ainda tenho esses pesadelos. Além do que eu sinto uma culpa enorme dentro de mim, uma agonia muito grande como se eu fosse culpada de algo muito forte e isso me faz sair um pouco do controle às vezes, em busca de descobri por que.

- Vamos na festa comigo hoje. - Julia insistiu enquanto eu a levava até porta. As festas que Julia vai nunca são simples festas, sempre tem gente louca e bêbada tentando te agarrar. É o que é mais louco, é que o Isaac também frequenta esses lugares, escondido dos pais por pura diversão.

- Não, prefiro ficar em casa. - Olhei para o sofá e já me imaginado vendo um filme romântico na televisão. Talvez até mesmo Isaac pode vim para cá e nos passaremos a noite juntos. Não, péssima ideia, a Marina vai ficar querendo puxar o saco dele como sempre.

- Alexandra. - Ouvi a voz de Marina me chamando, mas a ignorei. - Alexandra, eu estou falando com você. - Ela falou surgindo da cozinha muito bem vestida e acompanhada de Pamela que estava vestida como sempre, calça jeans e moletom.

- Estou aqui, querida. - Sorri irônica. E ela assentiu me olhando.

- Vou ao shopping com Pamela fazer as unhas o cabelo e comprar roupas novas. - disse abrindo a bolsa para pegar alguma coisa. - Arrume casa toda, quero ela um brinco quando eu chegar, ouviu... - olhei para a Julia que revirou os olhos.

- Ok. - Murmurei sem a mina vontade. Hoje estou tão feliz que não vou contraria ela.

Sem contar que, se ela vai fazer isso tudo no shopping vai demorar horas, isso significa que vou passar a tarde de sexta-feira inteira sozinha.

- Você já sabe, não chegue perto do meu quarto. - Marina pegou a chave do carro em cima da mesa de centro e passou por mim e Julia indo em direção ao mesmo.

- Tchau Alex, eu trago algo para você. - Pamela falou e eu sorri para ela. -Tchau Julia. - Ela falou quando saiu pela porta e Julia revirou os olhos a ignorando.

- Essa garota por acaso é um experimento científico da NSA que não deu certo? - Julia zombou e eu bufei sem paciência. Pamela é uma menina tão boa, porque as pessoas não conseguem simplesmente a respeitar?

- Tchau Julia. - Falei empurrando-a para fora e ela riu.

- Passo as onze para te pegar, vou convencer o seu lindo e gostoso namorado a ir também, se isso te deixa mais feliz. - Ela falou e mandou um beijo para mim quando saiu pela porta a fechando atrás de si.

Eu preferia um programa entre só eu e meu namorado. Pensei olhando a casa vazia e silenciosa.

- É agora a Cinderela vai arrumar a casa para a sua madrasta. - Falei resmungando usando a piada que Garbes sempre fala quando digo que Marina me mandou limpar algo.

P.O.V Pamela

- Que tal esse? - minha mãe me esticou um vestido azul e eu olhei duas vezes ele de cima a baixo.

- Alexandra tem um igualzinho. - Falei constatando e ela bufou. Não entendo a minha mãe, sempre as roupas que ela tenta me comprar são igual às de Alexandra ou do estilo parecido com o dela.

- Eu sei, mas ela agora deu de trancar a armário, eu poderia pegar de lá, garota abusada, vou tirar o armário dela aí ela vai ser obrigada a colocar os trapinhos em sacos. - Minha mãe falou dando o vestido para a vendedora que continuava calada e só ouvia. Até por que as atrocidades que minha mãe diz não conseguem ser digeridas por ninguém.

- Liga para a Kiari Braz, diz que vamos fazer uma visitinha, mas tarde só para bater um papo com a mãe dela como de costume. - Minha mãe falou mexendo nas araras. Assenti e peguei meu celular. - Confirma que o... menino vai está lá também. - Minha mãe falou enquanto colocava a roupa na minha frente para ver se ficava bom e eu a olhei com os olhos serrados.

- Mãe já disse, não vou dá em cima do namorado da Alex enquanto ela estiver com ele. - Bufei impaciente enquanto ela colocava uma blusa na minha mão e em seguida fez um gesto com a cabeça para eu ir pra o provador.

Isso era um ridículo.

- Da em cima não, só flertar com ele. Isaac é um rapaz muito bom para você, seria um ótimo partido. - Ela falou se sentando na poltrona perto do provador. - Aliás, lembro quando você me confessou que gostava dele. - Minha mãe tirou os óculos escuros e eu bufei envergonhada enquanto fechava a cortina.

O fato de eu ter uma pequena paixão pelo Isaac Braz deixa minha mãe muito feliz, já que ele é rico demais, e isso é tipo uma oportunidade para ela. Sendo que ele namora a Alexandra, e a ama, eu nunca teria nem se quer uma chance com o Isaac, sou horrível, desengonçada é ridícula nunca que ele vai me querer.

P.O.V Alexandra

- Eu nem queria está aqui só para começar. - falei enquanto Julia reclamava por eu ter chamado a Garbes.

Olhei para o Isaac que estava no meu lado rindo muito das coisas que a Julia falava enquanto eu revirava os olhos a cada palavra que ela dizia. Tínhamos acabado de chegar na tal festa.

- Falando de mim. - Garbes falou me entregando um copo de bebida que ela foi buscar.

- Só estava dizendo que você não deveria estar aqui. - Julia deu de ombros e eu a cutuquei. - Vou dançar. - Ela falou e jogou o cabelo quando passou por Garbes.

- Por que somos amigos dessa puta cheia de preenchimento labial e aplique, mesmo? - Garbes perguntou enquanto levava o copo com vodca a boca.

Julia não era puta, bem, não tão puta assim, só era atirada é muito doida, e isso a faz popular na escola, e ainda acrescenta o fato de ela ser chefe das líderes de torcida e ser muito linda.

- Ela é parceira e você sabe. - Isaac falou enquanto pegava o copo da minha mão para tomar também.

- Parceira de vocês, de mim quero distância. - Ela falou dando de ombros. - Vocês não vem que ela falsa e só anda com a gente porque já pegou o Luiz e deve ter uma queda pelo Isaac. - Revirei os olhos ao ouvir aquilo que todos falavam. - Isso de parceira dura até ela trai vocês. - Ela concluiu e eu continuei calada para não começar um debate sobre a conduta da Julia.

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