Capitulo 2

 

Camile.

2 semanas depois...

Meu irmão havia me feito prometer jamais tocar no assunto com ninguém, seria o nosso segredo ele disse.

Pietro não dormia mais direto, escutava ele sussurrar coisas sem sentido durante a noite, se debatia com pesadelos e acordava assustado e suando.

Passei a ir me deitar com ele todas as madrugadas. Passava a velar seu sono até não aguentar mais e também cair no sono.

Quando acordava ele não estava mais. Naquela madrugada não tinha sido diferente, assim que ele dormiu e começou seus tormentos me espremi em seu lado. Em sua caminha de solteiro, passando as mãos em seus cabelos, dizendo que estava tudo bem, até ele se acalmar.

— Camile! —escutei mamãe chamar. Eu estava tão sonolenta, que escutava longe sua voz.

—Camile!—chamou novamente— porque está deitada, novamente na cama de seu irmão? —indagou.

Abri meus olhos com dificuldade, me recordando que mais uma vez Pietro havia tido pesadelos e que eu tinha ido deitar com ele para ver se conseguia acalma-lo.

Mamãe parada na beira da cama, esperava minha resposta.

—Acordei de madrugada e fiquei com medo, então o mano me deixou deitar com ele —menti. Para que ela não desconfiasse de nada.

—E para agradecer você mijou na cama dele? — ironizou puxando os lençóis molhados, com um sorriso no rosto.

Eu tinha cinco anos mais já fazias quase três ou quatro, que deixará de mijar na cama. E não me lembrava de se quer ter tido vontade de ir ao banheiro.

— Aí, mamãe me desculpa! —Pedi. Me levantando indo para o banheiro —estava com muito medo de levantar de madrugada e o mano estava dormindo, devo ter pego no sono novamente— justifiquei.

—Minha querida por mim não tem problema, mais seu irmão deve estar uma fera— Falou apertando meu nariz com o indicador, em um gesto de carinho.

Entrei no banheiro verificando se realmente tinha feito xixi nas calças, porém eu já sabia a resposta aquela pergunta.

Tirei minha roupas e fui para o chuveiro, molhei mais um pouco da minha calça, para mamãe não notar que minha roupa está seca.

Sai do banheiro levando minha roupa para o tanque observando que a roupa do meu irmão já estava lá.

Ele sempre levantava antes, desaparecia pela manhã inteira só voltando à tarde no horário de mamãe ir trabalhar.

Naquele dia no entanto, pra minha surpresa quando entrei na cozinha para tomar meu café Pietro já estava sentado à mesa.

— Me desculpe...— começou corando. Não deixei que terminasse.

—Eu que deveria me desculpar por ter feito xixi em você e na sua cama Pietro. —falei dando risada, para disfarçar ele me olhou surpreso, mais logo compreendeu.

—Tá certo mana, da próxima vez pode me chamar que te levo ao banheiro, tá bom! — disse dando mais credibilidade a nossa pequena encenação.

—Esqueçam isso —mamãe pediu, colocando pães e café à mesa — já limpei toda a bagunça e coloquei o colchão para secar. Hoje à noite estará novo em folha. Mais minha princesa, não precisa ter medo de levantar pra ir ao banheiro ou de dormir em sua cama—afirmou.

—Tá bom mamãe —falei pegando um pão para comer — É que a noite a casa parece mal assombrada — justifiquei sem ênfase.

— As únicas assombração nesta casa são as baratas e lagartixas— declarou, rindo de seu próprio comentário.

— Pois é! e não é uma ótima razão pra ter medo? —Mamãe balançou a cabeça rindo mais ainda.

Mamãe era assim, sempre leve e sorridente, eu tinha puxado a ela com olhos e cabelo encaracolados na cor de café e pele morena em um marrom claro.

—Meus amores vou trabalhar daqui a pouco, hoje vocês não vão pra casa da vovó pois ela mais uma vez não está bem, mais pedi pra Carlos dar uma olhada em vocês de vez enquanto, então se precisarem de alguma coisa é só falar com ele.

Meu irmão ficou tenso, tão tenso que achei que tinha virado uma estátua, mais então, levantou e saiu.

— O que deu nele hoje? —Mamãe perguntou.

— Deve estar bravo comigo por ter feito xixi em sua cama—respondi, mais estava preocupada com Pietro.

Eu e Pietro éramos assim brigávamos o tempo todo e por tudo, mais quando precisávamos, faríamos tudo um pelo outro.

Já passava da hora de mamãe ir trabalhar e Pietro não havia voltado, mamãe já estava preocupada.

— Vou matar Pietro, ele sabe que tenho que ir trabalhar. —Dizia, porém notava-se sua preocupação— sabe que tem que estar aqui com você, oposto que está com os amigos na serralheria—meu irmão ia muito na serralheria, com seus amigos Marcos e Renê para brincar ou conversar seja lá o que faziam juntos.

Mais algo me dizia que ele não estava com os amigos.

—Camile! você está queimando alguma coisa? — mamãe perguntou minutos depois. Veio até mim para verificar — que cheiro é esse? —perguntou, depois de ver que não queimava nada.

— Acho que está vindo lá de fora — falei também curiosa pra saber de onde vinha.

Saímos para fora procurando de onde vinha. Havia muita fumaça, mais não vinha da nossa casa. A fumaça vinha da casa ao lado da casa de Carlos, que agora subia labaredas de fogo.

—Meu Deus! —mamãe gritou —precisamos chamar a polícia e os bombeiros— ela parecia aterrorizada.

—Fique aqui querida! —pediu —não saia daqui, nem por um segundo. Mamãe vai na Lilian pegar o telefone emprestado é bem rapidinho—explicou, saindo.

Lilian era nossa outra vizinha. Uma enfermeira muito amorosa, que sempre estava nos ajudando.

Saiu correndo em direção ao portão. Para ir pedir que ligasse para os bombeiros, visto que não tínhamos telefone.

Pietro entrou pelo portão em seguida, sua expressão era sombria. Não pareceu se importar com o fogo que subia cada vez mais.

— A casa de Carlos está pegando fogo — informei, como se ele já não estivesse visto.

—Já vai tarde — murmurou tão baixo que pensei ter escutado coisas, mais sua expressão dizia que não.

Mamãe não demorou como havia prometido. Avisou que ficaria em casa naquele dia. Tinha aproveitado e ligado pra sua patroa e explicado o que estava acontecendo.

Mamãe, Dona Lurdes, como alguns costumava chamá-la era uma mulher trabalhadora, duro em uma lanchonete de hotel na cidade. Quando tinha folga trabalhava de diarista pra ajudar ainda mais.

Pedro meu pai também não ficava atrás, sempre fazendo uma coisa aqui e outra ali, tudo que aparecia ele ia fazer, era um homem distante da família, quase nunca ficava conosco e quando ficava nunca se aproximava muito. Na época ele estava fazendo mais um trabalho fora. Pietro se parecia com ele em muitos pontos. Era fechado e deixava poucos se aproximar de verdade.

O fogo foi apagado e não demorou para a polícia aparecer. Não fizeram perguntas para mim ou para Pietro, afinal éramos crianças. Só falaram com mamãe.

— Então?  você viu se o Sr. Carlos tinha alguma visita ou se alguém entrou na casa? —ouvi o policial perguntando.

— Não, Carlos é casado mais sua mulher está viajando pelo que sei, porque? Ele está bem? Não, me diga que... – ela não terminou de perguntar. A resposta estava estampada na cara do rapaz jovem que vestia uma farda preta.

—Pelo que tudo indica, sim! Os indícios indicam que o incêndio foi criminoso. E que Carlos estava dentro da casa, mas não consegui sair ou foi impedido. Ainda não temos todas as informações ao certo —informou o policial em voz baixa. Olhando em nossa direção para certificar de que não prestávamos atenção a conversa.

Ao ouvir aquilo, olhei para meu irmão que parecia não se importa com nada.

Havia nele uma expressão vazia, seus olhos era duas pedras inabalável, não se via nenhuma expressão ou qualquer vestígio de sentimento.

Naquele momento eu soube, ninguém precisava me dizer o que ele havia feito.

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