CAPÍTULO 02

EMANUELLE REGINA 

Eu não sei por que a gente tem que entender

Por precaução, ninguém precisa explicar.

(Dias de Sol, Jorge & Mateus)

Odium. Foi isso que corre em desespero para minhas veias.

Mais de cinco horas dirigindo, para o meu amado fusquinha dar problemas justos na parte mais deserta. Faltando menos de duas horas até a cidadezinha onde meus pais moram, eu tinha antes programado do café, mas agora talvez se eu tiver sorte eu chegar antes do jantar.

Meu sorte mal melhora!

Primeiro a dupla traição, depois a decepção ao perceber que meu ex patrão é um machista por completo, agora estou sem emprego e com a fusca morta em uma estrada mais morta ainda, que nem sinal de telefone tem. Acho que se meu dia melhorar estraga.

Desço do carro desanimada com o choro entalado na garganta, o jeito é chegar a Jabuticamel a pé. Olho para frente e respiro fundo, e começo a cantalorar:

"Pela estrada para um eu vou bem sozinho, buscar apoio no colo da minha mãezinha.

O caminho é longo e deserto, e nem o lobo mau passeia aqui por perto..."

O suor escorre pelas minhas costas fazendo minha camisa cinza ficar encharcada, meus olhos ardem por conta do sol e minhas mãos são mortas por conta das malas que estou carregando. A garganta está seca eu já cantei um milhão de musica, já rezei tantas Ave-Marias e Pais-Nossos, que provavelmente emendei uma oração na outra e Deus está me castigando por isso.

Estou andando a mais de três horas, e até agora nenhuma alma boa além dos corvos e urubus apareceram. Meu corpo reclama e implora por uma gota de água, sento no barranco e tiro o elástico dos cabelos o amarrando novamente. Olho para o céu e começo a ver nuvens negras se aproximando.

Perfeito! — Eu exclamo com irritação. — Bela recepção!

Já esqueci o tempo aqui é instável, principalmente no verão. Eu deveria ter ficado no carro, agora vou tomar banho de chuva. O bom é que eu peguei minha nécessaire e posso usar meu sabonete para o banho mais completo.

Minha avó vive falando que devemos tirar o melhor de todas as situações.

Da traição eu tirei o dinheiro, do meu chefe eu fiz sua máscara de bom homem cair, do meu emprego eu tirei um mês de férias no México, e agora vou tirar da chuva.

Quando chegar na casa dos meus pais vou pedir para minha mãe fazer um banho de descarrego, não lembro de ter plantado tanto sofrimento.

Levanto determinada e com um objetivo em mente, já superei uma traição está na hora de superar as próximas horas de caminhada. É só eu fingir que Frederico está por trás de mim e que eu preciso correr para os braços do meu pai.

Droga! Papai vai querer matar meu ex e terei que visitar-lo na cadeia. Mamãe fica tão decepcionada, mas é capaz que ela ajude papai a esconder o corpo do meu ex, e eu terei que visitar-los na cadeia.

Bi bi bi... — um som irritante me joga dois meus devaneios.

Olho para trás e me deparo com um homem me olhando, seu rosto é sério e é possível ver as veias de sua testa saltadas, solto as malas no chão e limpo o suor da testa e coloco as mãos na cintura. O homem desce da caminhonete vermelha que é mais antiga que meu vó e para na minha frente.

Os olhos verdes me analisam por breves segundos, o cabelo preto totalmente bagunçados para cima deixando a cara de mau, e por razão alguma desconhecida eu não sinto vontade de correr, mas eu acho que deveria.

— Quer morrer baixinha.

Eu quero, eu quero. Passe por cima, por favor. - Eu respondo não mesmo tom e me aproximo dele. — Vai la, acelera essa lata velha em cima de mim.

O homem me encara com Fogo saltando dos seus lindos olhos e dá como costas. Ele volta para a carroça e bate à porta com força, continua o encarando com as mãos na cintura, fico no meio da estrada olhando suas mãos apertando com força o enquanto volante pobre acelerando o carro.

O desconhecido balança a cabeça e desliga o veículo, ele bate o punho no volante e eu pulo para trás ao perceber que o ataque de fúria é direcionado a minha pessoa. Determinado e com medo pego minhas malas e volto a andar.

Uma hora eu vou chegar a Jabuticamel e vou achar alguém para buscar meu carrinho. Meu lindo fusósia que comprei com tanto esforço.

"Oh baixinha", ele grita, mas ele está andando. — Quer um carona?

Pare de andar e pondere algunguns segundos, olho para ele que liga ou carrinho novamente e aproxima-se de onde está para parar.

— Vai me matar e jogar meu corpo fora? — indago respirando com dificuldades.

— É uma possibilidade. — Responde exibindo os dentes totalmente brancos.

Aparentemente ele esta mais calmo, mas nada o impede de me matar e jogar meu lindo corpo fora.

E se ele for um tarado?

Bom, que se bem que com esse sorriso ele esta mais para ator de comercia de pasta de dente.

— Para onde você está indo? — pergunto depois de alguns segundos.

— Jabuticamel e você?

— Falta quanto tempo para chegar la?

— Uma hora ou menos. — Responde me encarando com curiosidade. — Por quê?

— Curiosidade. — Minto sentindo a garganta seca.

Eu deveria aceita a carona?

“Não ele é desconhecido.” Minha anjinha me lembra e eu concordo.

Mas se eu aceitar vou chegar mais rápido a Jabuticamel, já que levei três horas para andar o equivale a uma hora de carro. Se eu continuar andando, talvez eu chegue amanha.

Aceita boba! Você ainda pode dar uns pegas nele, já que não aproveitou nada do México.” Minha diabinha entre em jogo, me deixando mais confusa.

Ei. — Sua voz me assusta. — Vai querer ou não?

— Tem certeza que você não é um assassino ou maníaco sexual?

Pergunto, mesmo já sabendo que ele pode não responder com a verdade.

— Se eu fosse com certeza não te falaria. — Sua voz é carregada de humor e eu acabo sorrindo.

— Bom, então terei que correr o risco. — Digo derrotada. — Pode me ajudar com as malas?

— Eu sou o Renzo. — diz parando ao meu lado. — Renzo Felipe.

— Emanuelle Regina. — Me apresento apertando sua mão.

— Você foi corajosa deixar o carro e seguir a pé. — diz colocando as malas na parte de trás.

— Não podia ficar esperando a ajuda cair do céu.

Entro na caminhonete e vejo ele sorrir, fechando a porta do eu lado em seguida, engulo em seco e percebo que ainda não tem sinal no celular.

— Para onde vai Emanuelle?

— Pode me chamar de Manu. — Prendo o cinto e ele me encara — Vou para Jabuticamel.

Ele concorda em silencio e dá partida na caminhonete vermelha. Saímos do último pedaço de asfalto e a poeira faz meu nariz arder e meus olhos lagrimejam, ainda falta muito para chegar a pequena vila. Espero que meus pais gostem da surpresa e que minha mãe prepare um dos seus muitos chás, além que eu quero e necessito ser muito mimada pelos meus irmãos.

Acho que é o mínimo que mereço depois de tanto sofrimento.

Cansada e com sede, deito minha cabeça no vidro que está levantado até a metade e adormeço ao lado de um desconhecido.

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