A Festa

- Fala. - Falei ao atender o telefone.

- Onde vocês estão? - Perguntou Giovanni.

- Eu estou fazendo um lanche com um amigo e a Karol está na casa da Evelyn. - Tomei um gole de refrigerante.

- Não vem muito tarde para casa que eu vi que vai cair um temporal hoje e pode deixar que eu busco a Karol. - Falou Giovanni que aparentemente parecia estar sóbrio.

- Ok. Pode ir buscar a Karol. - Falei.

Desliguei a ligação e guardei o celular no bolso traseiro da bermuda. Dei mais um gole em meu refrigerante.

- Era meu padrasto. - Falei.

- Ele vai buscar a sua irmã e você não se preocupa com isso? - Perguntou Victor.

- Não. Pois ele parecia estar bem no telefone, conheço o jeito dele falar quando ele bebe e ele não havia bebido portanto a Karol não corre perigo com ele dessa vez. - Falei despreocupadamente enquanto terminava de comer.

- Se você diz... - Deu de ombros.

Demos mais umas voltas e nisso começou a chover muito forte, largamos correndo para nossas casas, acho que mais um pouco na rua a gente acabava pegando uma enorme gripe.

- Cadê a Karol? - Perguntei ao Giovanni ao chegar em casa e não ver minha irmã.

- Está no quarto dela. - Falou meu padrasto enquanto via o telejornal.

Fui para o quarto dela e para a minha surpresa Karol estava sentada em sua cama com perna de índio e olhando para a parede de um jeito como se quisesse chorar, mas não conseguisse, estava tão estranha, era a primeira vez que eu a via desse jeito.

- Voltei maninha. Desculpa a demora. - Falei me sentando na cama dela em sua frente.

Ela me olhava, mas parecia que não estava me vendo ali diante dela, como se esttivesse viajado para alguma galáxia bem distante e eu não soubesse fazer ela voltar ao nosso mundo.

- Karol, você está bem? - Perguntei colocando uma mãe em seu ombro.

Karol então me abraçou desesperadamente como se estivesse voltado ao nosso mundo e algo muito ruim tivesse acontecido com ela, só não sabia o quê, talvez ela tivesse brigado com a Evelyn ou tirado uma nota ruim na escola, vai saber...

- O que foi Karol? - Perguntei preocupado.

Karol não me respondia, apenas ficava abraçada em mim, já estava ficando muito preocupado com ela, pois minha irmã nunca foi disso, sempre me contou tudo o que se passava, mas dessa vez por alguma razão ela não quis falar.

- Mana, você está me assustando. Me conte o que houve. - Pedi.

- Não foi nada, não. É que eu briguei com a Evelyn. - Falou Karol enfim.

- Ah, não fica assim maninha, vocês vão fazer as pazes, vai dar tudo certo. - Falei me deitando com ela em sua cama.

- Tomara. - Falou Karol se virando para o meu lado.

Ainda bem que não tinha acontecido nada de grave com a minha irmã, pois ela já estava me deixando bastante assustado.

No dia seguinte Victor voltou a ir ao colégio e tudo voltou ao normal ou quase tudo, pois Karol andava bem estranha, chorava por tudo, estava muito sensível, talvez fosse a falta que ela sentia da sua amiga.

- Cara vai ter o maior festão hoje a noite. Quer ir comigo? - Perguntou Victor na semana seguinte.

- Ah, eu quero. Que horas vai ser? - Perguntei entusiasmado.

- Começa as 23h, será numa casa noturna na zona sul. - Falou Victor.

- Mas a gente tem aula amanhã. - Falei.

- E daí? Cara vai ser a festa do ano e vai ter cada mina gostosa, você vai perder essa? - Me questionou Victor.

- Mas nós já faltamos aula semana passada. - Ele me lançou um olhar um pouco intimidador. - Está bem, eu vou com você.

- Assim que se fala. - Deu um sorriso vitorioso.

Combinamos de nos encontrar as 22h30min e ir juntos, a festa era pra a partir de dezesseis anos, o que significava que a gente poderia entrar sem problemas. Mamãe e Giovanni não gostaram nem um pouco disso, Giovanni não queria deixar eu ir, mas mamãe convenceu ele e como eu já estava ficando ótimo em mentir acabei contando mais uma mentira, dessa vez eu inventei que no dia seguinte não teria aula porque teríamos conselho de classe, ainda bem que ela acreditara em mim.

Nos encontramos próximo a minha casa e fomos para a parada pegar o ônibus que levou cerca de uns dois minutos para chegar e levou tanto para a gente descer perto da casa noturna que eu até pensei que a gente tinha errado de bus e pegado o ônibus que fazia um tour pela cidade.

O local que seria a festa era perto da onde a gente descera e não precisamos caminhar muito. O lugar estava lotado, tinha muita gente nova, de meia idade e até de idade inteira mesmo, na entrada tinha um cara muito bem arrumado e que devia pesar uma tonelada e ficava tapando toda a porta de entrada e ele cuidava para não entrar menor de idade e nem com armas de fogo, drogas ou coisas do gênero, ele fazia abrir as mochilas quem estava com e nos revistava.

A festa até estava legal, tinha música de todos os gêneros, porém o que mais tocava era funk, o estilo musical que eu menos gostava. Não fazia nem cinco minutos que a gente havia chegado na festa e logo Victor já foi me arrastando pra copa onde ele comprou duas Heineken, uma para mim e uma para ele.

- Desculpa, mas eu não bebo. - Falei um pouco envergonhado.

- Ah, fala sério! Tá brincando, né? Você é o primeiro cara que eu conheço que não bebe. Mas comigo não tem essa, hoje você vai experimentar o lado bom da vida. - Falou Victor.

E para ele não me chamar de mariquinha eu acabei bebendo pela primeira vez e confesso que era melhor do que eu imaginava, não conseguia parar de beber, depois Victor me apresentou outras cervejas como Polar, Brahma, Antártica, entre outras e era uma melhor do que a outra, porém a que eu mais tinha gostado era a Heineken mesmo.

- Cara, olha e aprenda com o mestre. - Falou Victor após beber várias latinhas.

Então para o meu desespero ele chegou até uma garota que de feia não tinha nada e começou a falar com ela em seu ouvido e ela respondia no ouvido dele por conta da música que estava muito alta, depois Victor ofereceu cerveja a ela que aceitou e quando eu menos esperava vi algo horrível, que me fez querer sair correndo de lá, os dois estavam se beijando e depois deles quase se comerem com a boca Victor voltou.

- Viu que mina gostosa? Super fácil de pegar. - Falou Victor se exibindo. - Agora vai, é sua vez.

- O quê? - Perguntei sem entender o que ele queria dizer com aquilo.

- Qual mina você quer pegar? Vai até ela e manda ver cara.

Era isso mesmo que eu estava escutando? Victor estava mandando eu ficar com uma garota? Mas como eu ia fazer isso se eu não gostava de mulher? Como contar para ele que eu era gay? Então eu tive uma ideia, falei a ele que eu tinha conhecido uma garota na internet que morava em outra cidade e a gente estava se gostando e por isso eu não queria ficar com ninguém até conhecer ela pessoalmente, Victor achou loucura eu ser fiel a uma garota que eu nunca vi, mas me entendeu e ficou na dele. Fomos embora da festa já era de madrugada, eu estava super cansado pois eu não era muito de festas, ia uma vez que outra e nunca fui de ficar até tarde, já Victor parecia estar pronto para mais uma.

Cheguei em casa era 4h e fui direto ao quarto da minha irmã para ficar vendo ela dormir do mesmo jeito que eu fazia quando ela era bebê, eu tinha uns oito anos na época e toda noite eu ia em seu quarto para ver se ela ainda estava lá, ficava com medo de eu não ir uma noite e ela acabar desaparecendo e naquela noite resolvi ir vê-la, fiquei alguns minutos parados ali na porta de seu quarto e depois cheguei lentamente até sua cama e lhe dei um beijo em sua testa, o que fez ela despertar.

- Desculpa, eu não queria te acordar. - Falei ao acariciar seu rosto.

- Tá tudo bem, eu estava tendo um pesadelo horrível. - Se sentou na cama.

- Que pesadelo? - Perguntei ao me sentar ao seu lado e me pondo a colocá-la em meus braços.

- Com o Giovanni. - Falou Karol cabisbaixa.

- O que você sonhou com ele? - Perguntei já preocupado.

- Hã... Que ele era um monstro enorme e queria me atacar, aí ele me pegava com uma mão só e me apertava sem parar. - Falou Karol meio nervosa.

- Não fica assim mana, foi só um pesadelo. - Falei abraçando ela.

Coloquei ela deitada novamente e comecei a cantar para ela dormir, o que não demorou muito para acontecer, assim que ela dormiu eu fui para o meu quarto, troquei de roupa e me deitei para dormir.

Me acordei era 6h50min com uma voz que eu conhecia muito bem gritando por mim e mesmo morrendo de sono eu corri até o quarto da Karol para ver o que acontecera com a minha irmã já que mamãe e Giovanni estavam trabalhando.

- O que foi? Você está bem? – Perguntei preocupado ao chegar em seu quarto.

- Tive aquele pesadelo de novo. Manu, eu estou morrendo de dor de estômago, não quero ir à aula hoje. Eu nunca falto aula e sou uma boa aluna, mas hoje eu não quero ir, tá doendo muito. - Falou minha irmã quase chorando.

- Está tudo bem. Você não precisa ir para o colégio e quer saber? Eu vou ficar aqui com você. - Falei me sentando junto dela.

- Obrigada, mas você vai contar pra mamãe?

- Vou não, vai ser o nosso segredinho. - Falei.

Voltamos a dormir, porém dessa vez dormimos juntos, me deitei na cama dela e comecei a contar a história da Cinderela que era a preferida da minha irmã e quando eu vi acabamos pegando no sono. Acordamos mais tarde e arrumamos a casa, pouco depois Victor me ligou.

- Quer ir dar umas voltas? - Perguntou assim que eu atendi o celular.

- Adoraria, mas não vai dar. A minha irmã não estava bem e acabou não indo na aula e como não tinha mais ninguém em casa, eu fiquei para cuidar dela. - Falei.

- Ah, não tem problema, leva ela junto.

- Ok, vou ver se ela já está se sentindo melhor. - Eu disse.

Fiquei de falar com a Karol e depois retornar a ligação, perguntei a ela se ela ainda queria conhecer o Victor e ela pulando de alegria falou que sim, falei dela sair comigo e com ele e não deu outra, Karol topou na hora. Retornei a ligação e avisei que iríamos sair com ele, Victor, no entanto, falou que era para eu levar a minha bike. Nos encontramos em frente a minha casa e Karol estava super contente por finalmente conhecer o Victor.

- Victor essa é minha irmã, Karolayne. Karol esse é o meu amigo, Victor. - Falei assim que ele chegou até nós.

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