Nasce Uma Amizade

Era quase 20h quando fomos para as nossas casas e combinamos de ir juntos para o colégio no dia seguinte e foi o que aconteceu, percebi então que de fato havíamos nos tornado amigos, o que me deixou muito contente.

- Tem namorada? - Perguntou Victor enquanto íamos para o colégio.

- Hã... Não. - Respondi timidamente. - E você?

- Solteiro sim, sozinho nunca. - Brincou ao dar um leve sorriso malicioso. - Você não é virgem não, né? 

- Hã... Ah, não, claro que não. - Falei um pouco envergonhado. - E você também não é, né?

- Óbvio que não. Perdi com treze anos. - Falou.

- Legal. - Eu disse meio sem graça.

Treze anos? Meu Deus! Eu com treze anos era uma verdadeira criança. Quem que perde a virgindade com treze anos? Só o Victor mesmo. Fiquei bem surpreso com sua revelação mas não quis que ele percebesse a minha surpresa.

Quando chegamos na escola Victor me apresentou para seus amigos, para a Isabella de catorze anos que era uma moreninha bem bonitinha, para o Vinicius de treze anos que era um loirinho de olho esverdeado e Suelen de catorze anos que era uma loirinha de olhos castanhos e irmã de Vinicius. Falei pouco com eles porque em seguida o sinal tocou para a gente ir para nossa sala, mas eles pareciam ser bem legais, algo me dizia que eu gostaria deles.

A primeira aula era de História e era um porre, a professora era muito chata e ela falando parecia mais um gato miando, nunca dava prova, o que de certa forma era legal, mas dava uns trabalhos em duplas e sem consulta enormes de três ou quatro folhas e sempre acabava nos dando as respostas, o que não era legal porque assim a gente acabava não aprendendo nada.

- Quer dormir lá em casa hoje? – Me perguntou Victor durante a saída de aula.

- Quero. Mas tem um lugarzinho para mim na sua casa? – Questionei.

- Claro. Eu durmo com o meu irmão e a Ari tem um quarto só dela por ser menina, mas se você for dormir lá eu mando o Chris dormir com a nossa irmã e você pode dormir no meu quarto assim a gente pode fazer farra até de madrugada. - Falou Victor.

- Mas temos aula amanhã cedo. - Falei enquanto íamos em direção as nossas casas.

- Que se dane a escola. Você não gostaria de só por um dia poder fazer o que você quiser sem um adulto pra pegar no seu pé? Ou poder comer até explodir e ir dormir o horário que lhe der na telha sem se preocupar com o dia seguinte? - Me questionou Victor com um argumento impossível de recusar.

- Beleza, eu quero. - Falei adorando a ideia dele.

Fui para a minha casa e almocei com a minha mãe e minha irmã. Era Macarronada, uma das minhas comidas preferidas, eu amava quando mamãe fazia meu prato preferido.

Karolayne e eu estudávamos em escolas diferentes, pois o meu colégio era do quinto ano ao terceiro ano do ensino médio e Karol estava no terceiro ano do fundamental e eu no segundo ano do médio, já que tínhamos uma diferença de oito anos. Karol contou que havia aprendido a tabuada do nove e tinha decorado tudinho e até nos falou toda a tabuada durante o almoço, Minha irmã era uma excelente aluna, nunca ganhou um bilhete na agenda por mal comportamento, muito pelo contrário, a professora dela sempre a elogiou dizendo que ela era uma de suas melhores alunas, só tirava boa nota e tinha um ótimo comportamento e era extremamente carinhosa com a professora, funcionários e colegas. Uma vez no jardim Karol deu um selinho em um coleguinha dela, ela tinha uns quatro anos na época, foi a única vez que ela recebeu um bilhetinho na agenda desde que entrara na escola, mamãe conversou com ela e explicou que ela não podia fazer aquilo, que só os grandes podiam dar beijo na boca, ela entendeu e nunca mais o fez.

- Vou dormir na casa do Victor hoje. - Falei durante o almoço e após Karol terminar de falar a tabuada.

- Quem é Victor? - Perguntou mamãe curiosa.

- Um colega. Vou pra casa dele no fim da tarde e amanhã de manhã vamos juntos para o colégio. - Falei.

- Você perguntou se pode ir?

- Ah, mamãe eu não tenho mais a idade da Karol, sou velho demais para pedir permissão para sair e fique feliz de eu comunicar aonde eu vou, tem filhos que nem isso fazem. - Brinquei enquanto tirava meu prato e meu copo da mesa e me pondo a lavar minha louça.

Mamãe apenas riu e não falou mais nada, acho que estava tudo bem eu dormir fora de casa uma noite já que eu não fazia isso desde os meus doze anos quando eu fiquei pela primeira e última vez com uma menina, foi aí que eu vi que não era aquilo que eu queria para mim, que eu realmente gostava de meninos. Mamãe sabia que eu era gay, mas Karol não, era a única de meus irmãos que não sabia disso, pois achava ela muito pequena para conversarmos sobre homossexualidade e mamãe achou bom ela não saber por enquanto, pois não sabíamos se ela entenderia sobre essas coisas, acho que eu estava esperando o momento certo de contar.

Mamãe trabalhava em um escritório perto de nossa casa, ela trabalhava das 07h às 12h e fazia o intervalo de uma hora e depois voltava e trabalhava das 13h até as 19h porém muitas vezes ela fazia hora extra e quase sempre ela ia almoçar em casa já que dava uns dez minutos de seu trabalho até em casa.

Quando ela saiu para trabalhar eu fiquei arrumando toda a casa enquanto Karol via desenho na sala, ela sempre se oferecia para me ajudar, era muito prestativa, mas eu não gostava que ela ficasse fazendo os serviços domésticos, porém as vezes se tinha muita coisa para fazer eu até deixava ela me ajudar um pouco, a arrumar os quartos e lavar a louça, por exemplo, enquanto eu fazia todo o resto. Mas nesse dia tinha pouca coisa para fazer então deixei ela ver seu desenho preferido: Monster Hight.

- Vou tomar banho. - Falei pegando uma toalha que eu já havia deixado em cima do sofá.

- Manu, quando você for pro seu amigo eu vou ficar aqui sozinha? – Perguntou Karolayne cabisbaixa.

- Não. Eu vou sair daqui às 18h quando a mamãe chegar. Hoje ela vem mais cedo porque teve alguns dias que ela fez hora extra, aí deixaram ela sair mais cedo hoje. - Falei.

Karol, no entanto, voltou a ver o seu desenho em silêncio, sinceramente eu não sei o que ela via naquilo, achava aquele desenho muito chato, mas como eu adorava a série Harry Potter e o filme A Culpa é das Estrelas e via seguido sem ela falar nada, eu acabava não reclamando também das coisas que ela via, nada mais justo. 

Ao sair do banho comecei a arrumar uma mochila com as roupas que eu levaria para a casa do Victor, já a mochila do colégio eu nem mexi, pois não iria pra escola mesmo no outro dia, claro que mamãe não podia nem sonhar que eu iria matar aula por isso eu era obrigado a levar as duas mochilas para a casa de Victor. Mamãe chegou em casa 18h10, eu dei tchau para ela e para Karol e fui para a casa do Victor, ainda estava claro, pois era verão e a rua estava muito movimentada, o que para mim era ótimo, pois detestava andar na rua à noite e sem uma alma viva, sei lá, dava um medo...

- Que bom que você veio. Entre. - Falou Victor ao abrir a porta de sua casa e se pondo a me ver ali parado.

Entrei e ele me apresentou seus irmãos, Ariele que era uma japinha bem lindinha e muito simpática e comunicativa assim como Victor, dava para ver que ela adorava falar e Christopher que era um garoto de cabelo castanho, arrepiado e raspado dos dois lados, adorei o cabelo daquele moleque e ele era coisa mais fofa do mundo. 

- Você e meu irmão são amigos há muito tempo? - Perguntou Ariele. - Ele nunca nos falou de você.

- Sim, somos amigos há muito tempo, faz exatamente dois dias. - Brinquei ao lhe arrancar um leve sorriso.

Eles riram, e foi aí que eu percebi que estava a nascer uma grande amizade entre os irmãos de Victor e eu, percebi também que eu adoraria passar aquela noite na casa deles.

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