Capitulo 4.

Se vocês imaginavam que proteger a mente de alguém era simples, estavam errados, inclusive eu mesma. Era uma dor insuportável.

Vou tentar explicar mais detalhadamente, eram necessários, dois telepatas para esse processo. Henry entrava em minha mente tentando bloquear todas as minhas memórias, para que eu não pudesse ser controlada, já Emy, tentava acessar e fazer com que eu a obedecesse. Eu queria muito dizer que foi rápido, e que apenas o começo foi terrível, mas, para falar a verdade, ficamos 5h dentro de uma sala até finalmente termos o sucesso que desejávamos.

Eu suava frio, estava ofegante, fraca e cansada.

- Não foi tão ruim assim. – Comentou Henry.

- Eu gostei muito de você, não faça eu lhe dar um soco depois de tal comentário, pois não foi a sua mente que foi invadida.

- Ela tem razão, não diga uma coisa dessas. – Emy o repreendeu.

- Eu agradeço muito pela ajuda de vocês.

- Imagina. Mas não esqueça, para que continue dando certo, você tem que se manter firme e focada.

- Vou me lembrar disso.

Me direcionei para o grande salão, onde encontrei o pessoal. Sinceramente, a comida daquele lugar era incrível, devo dizer que meus horários preferidos são o do almoço e da janta. Não me julguem, experimentem e entenderam.

- Você demorou muito, deu certo? – Perguntou Alyssa.

- Ocorreu tudo como esperado.

Quando falei isso, Jason caiu na gargalhada, como se eu tivesse contado uma piada.

- Do que está rindo? – Perguntou Kyle.

- Apenas do comentário dela.

- Como é?

- “Parem, por favor, isso doí demais, alguém me ajude, eu vou morrer”. Tem certeza que foi tudo bem mesmo? – Disse ele, rindo mais ainda.

Aquilo me deixou furiosa, então usei a minha telecinese e lancei purê de batata em todo o seu rosto.

- Isso sim é engraçado. – Comentei.

- Você não fez isso.

- É, acho que eu fiz sim.

Ele tentou fazer a mesma coisa, mas eu consegui desviar da comida, no entanto, a pessoa atrás de mim, já não teve essa sorte.

- Quem foi que fez isso? – Perguntou o garoto cheio de purê.

Ele tinha quase dois metros de alturas, músculos enormes e uma feição não muito amigável.

- Foi ele. – Eu disse apontando para Jason.

- O que? – Resmungou.

E foi assim que o gigante, nomeado gentilmente, por mim, pegou uma bandeja com uma carne cheia de molho e jogou em Jason, o garoto ficou parecendo Carrie, a estranha.

Agora foi a minha vez de rir escandalosamente, a situação foi muito engraçada. Mesmo eu sendo a manipuladora do fogo, Jason quem parecia soltar chamas pelos olhos. E eu, como uma pessoa consciente, me escondi debaixo da mesa depois que o salão ficou negro, sai engatinhando até estar do lado de fora do salão, não queria ficar com purê de batata no cabelo.

Os corredores estavam vazios, mas algo me chamou atenção, chamas que quando juntas, formavam uma silhueta feminina. Mesmo não conseguindo identifica-la, ela parecia ser muito bonita, com longos cabelos negros, como os meus. Ou você imaginou que meus cabelos eram vermelhos como o fogo?

Enfim, segui a mulher até uma sala que estava vazia, assim que entrei as chamas se ergueram sobre mim.

“Volte para casa”

Disse a mulher, com a mesma voz que perturbava meus sonhos toda vez que eu fechava os olhos. Mas a forma se dissipou e nada havia ali, além de mim, naquele espaço escuro e desconfortável.

Quando eu voltava para o grande salão, os alunos saiam correndo, cobertos de comidas. Alex, com certeza, não me viu, já que bateu em mim e nós dois caímos no chão.

- Que cara é essa? Até parece que viu um fantasma. – Disse ele rindo.

- Nada, estava apenas pensando.

- O diretor Benjamin está te esperando na sala dele.

Não lembrava muito bem como chegar ao escritório, por isso acabei demorando um pouco, levando uma bronca no momento em que abri a porta.

- Atrasos, brigas envolvendo comidas. Senhorita Anderson, você acabou de chegar, e já está dando todo esse trabalho?

- Me desculpe, não tive a intenção. – Essa foi a única coisa que consegui dizer.

Jason estava lá também, e riu da minha situação. Mas ele não gostou muito do que aconteceu em seguida.

- E você senhor Lee, eu tolero as suas brigas por você estar protegendo seus colegas, mas hoje foi a gota d’água. Vocês dois estão responsáveis por limpar e organizar o grande salão, e espero que até o amanhecer esteja como antes estava. E não aceitarei desculpas.

Jason e eu nos entreolhamos, mesmo em silencio, acho que desde o momento que cheguei aqui, essa seria a primeira vez que concordávamos, aquela noite seria longa e muito irritante.

Quando já estávamos no enorme salão, peguei a mangueira e comecei a jogar agua por todo o chão de mármore. O garoto ao meu lado, tinha um cheiro terrível e como uma boa amiga, virei a mangueira para o mesmo. 

- Ei, o que foi isso?

- Você precisava de um banho, apenas antecipei o momento. – Ri de sua cara de espanto.

- Está frio agora.

- Eu posso ajudar com isso também.

Criei chamas por todo o meu corpo, apontando minhas mãos para Jason.

- Prefiro ficar molhado, obrigado.

- Não seja tão rude. Só estou querendo ajudar. – Disse com um tom de ironia na voz.

- É melhor não me provocar, você não me conhece.

- E nem você a mim, então não ache que vou tolerar suas brincadeiras. – Eu disse por fim.

Durante o restante da noite, ficamos em silencio, não queríamos falar um com o outro, para que não haja mais brigas, essa seria a melhor opção para todos nós.

Durante a madrugada, voltei ao meu quarto para tomar um banho e me deitar e mais uma vez, aqueles mesmos sonhos retornaram a minha mente, mas agora aquela figura humana, envolta em chamas, não saia de meus pensamentos. Eu nunca a tinha visto, mas tinha aquela sensação de que a conhecia, mas de onde? Quem era ela? Porque estava atrás de mim?

Eram muitas perguntas sem respostas, mas eu tinha que começar a entender a minha história.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo