Michael Beckham

            — Porra, como isso aconteceu? 

Perguntei gritando no telefone durante o trajeto até a casa dos meus pais, eu estava furioso, na verdade estava a ponto de socar qualquer um que se opusesse em minha frente.     

            —Eu...  Não sabemos, senhor Michael.

 O segurança respondeu com seu tom de voz constrangido e aparentemente contido de nervosismo.      

             —Eu vou pegar o próximo voo para Londres, esteja me aguardando no aeroporto quando eu aterrissar.

 Respondi cuspindo as palavras e encerrando a ligação. Suspirando fundo, tento manter o controle. Não quero ir embora, não queria sair daquele jantar, não queria acabar com a noite sem ao menos saber o nome daquela mulher. 

        Caramba Aquela mulher…

Fechei os olhos e soltei um suspiro audível e com isso ouvi Gregori se aproximar, e ficar ao meu comando.

             — Gregori, preciso que você fique na cidade, e descubra algumas coisas para mim. 

 Ele assentiu e aguardou em silêncio e eu continuei.

               — Preciso que você descubra quem é a senhorita que estava conversando com meus pais esta noite. 

 Gregori assentiu e relaxou um pouco sua postura e disse.

               — Sim, Senhor.

 Olhando o movimento para fora da janela, me vejo pensativo, minha mente me levava diretamente para aquela mulher dos cabelos escuros, quando a vi saindo silenciosamente do salão, durante meu discurso, e com uma pontada de preocupação, me perguntei.

Será que meu discurso a desagradou?

Com tantas coisas fervilhando em minha cabeça, a última coisa que quero pensar no momento é em mulheres, entretanto, aquela mulher, não sairá facilmente da minha memória, nunca mais vou esquecer da forma que ela me olhou quando esbarrou em mim, parecia assustada, pequena e submissa, mesmo me olhando daquele jeito provocante delicado. Confesso que fiquei muito curioso sobre ela, queria saber o que ela estava pensando no momento em que seus olhos se perderam em mim quando me viu.

Mas logo me arrependi, não gosto da idéia de estar impressionado por uma mulher, ou com expectativas do que eela estaria pensando sobre mim naquele momento, se é que estava pensando alguma coisa que me agradace.

Logo sinto a oscilação de humor me atingir e de repente meus pensamentos já estão indo para outro caminho. A visita indesejada da minha ex noiva. Sim, Laura teve coragem de ir até minha casa em Londres e se passar por minha atual, sendo assim, facilitando a entrada dela na minha casa.

 Sinto-me furioso, primeiro: ela voltou a me importunar, segundo: tive que sair após o meu discurso de um evento que iria agregar muito para que eu conhecesse os demais empresários da cidade, terceiro que é o pior: me fez perder a chance de conhecer aquela moça adorável.

           Soltando um grunhido baixo, respiro fundo e já mais tranquilo, tento afastar meu pensamento daquela mulher adorável, não posso ficar pensando nisso, na verdade não quero pensar muito. Entrando em casa, subi a escadaria rapidamente e fui em direção ao meu quarto, peguei minha pasta e desci  mais rápido ainda, meu intuito de voltar para Londres é acabar com as loucuras da Laura e voltar para New York em seguida, então certamente não vou precisar de nada além da minha pasta, até por que tenho roupas em casa.  

Assim que entrei no carro, Gregori logo pisou no acelerador para apressar minha viagem, e sem pensar duas vezes resolvi ligar para meu pai que no segundo toque atendeu.

        —  Michael, onde você está? 

 Ouvi a voz do meu pai preocupada e aliviada ao mesmo tempo.

      — Eu preciso voltar para Londres, aconteceram alguns imprevistos. Mas estarei de volta amanhã.  No máximo até segunda-feira pela manhã.

 Falei tranquilizando meu pai sobre o fato de que eu iria estar na segunda já cuidando dos negócios da empresa. Eu seria nomeado o representante legal da corporação Beckham e meu pai obviamente vai ter 30% das ações e participações nas tomadas de decições caso desejar e a outra porcentagem seram minhas.

 Assim que Gregori me deixou no aeroporto minutos mais tarde, eu já estava aguardando meu voo, depois de 1 hora, meu embarque foi chamado e olhando em meu relógio vi que já eram 2 da manhã e isso me fez estremecer só em lembrar que Laura está tentando se apossar da minha casa, e que provavelmente quando eu chegar lá ela vai estar usando uma camiseta minha, como fazia no passado.

        Com o estômago revirando, entreguei minha passagem ao comissário e entrei no corredor que seguia até a saída para pegar o avião. Me acomodando no assento onde indicava em minha passagem, relaxei sobre o assento e aguardei as ordens do piloto para o momento em que devêssemos afivelar os cintos. Uma aeromoça se aproximou com um carrinho onde havia bebidas e petiscos e com um sorriso tranquilo ela parou ao meu lado e me ofereceu, negando com a cabeça sorri em agradecimento. Uma voz saiu dos alto-falantes informando que iríamos levantar voo e passou todos os procedimentos para o cinto, já com tudo feito, apenas fiquei aguardando o avião levantar para pegar minha pasta novamente, pois tive que colocá-la sobre meus pés por conta do cinto. 

        No momento em que o avião decolou, fiquei olhando pela janela e pensando no olhar daquela mulher, ela tem algo que me prendeu mas é claro, ela não é tudo aquilo...

      Caramba, não vou mentir pra mim mesmo, ela é maravilhosa. Não consigo ter outra definição para ela, diante daqueles olhos consegui enxergar não só a beleza e delicadeza, ela parece ser afiada e inteligente, e eu, mais do que ninguém, queria ter o privilégio de testar sua inteligência e para saber o quão afiada ela pode ser. 

Só em pensar nisso já soltei um sorriso sem querer, pela primeira vez em dias me sinto relaxado mesmo sabendo o que me espera em casa. E só de lembrar o motivo de estar voltando para casa, meu humor muda novamente.  

       Durante as duas horas seguintes, abri o espaço reservado como mesa e coloquei o Mac em cima para responder aos e-mails recebidos, aqui não vou conseguir envia-los mas no momento em que estabelecer conexão, será todos enviados. Fechei o Mac e o coloquei na pasta e olhei para a janela, comecei a pensar, imaginar de onde aquela mulher surgiu, desejando que Gregori consiga todas as informações possíveis sobre ela, fiquei curioso, preciso descobrir mais sobre ela. Preciso conhecê-la e acabar com essa sensação  angustiante que estou sentindo.  E pensando nela, comecei a sentir meu corpo relaxando, uma fina brisa de sono tomando conta de mim.

Eu estava andando em um local desconhecido,  porém muito bonito e cheio de vida, olhei para os lados a busca de algo que eu reconhecesse, olhei para a ponte que dividia o solo da água e lá encontrei uma pessoa, a pessoa que fez meu coração acelerar quando pus os olhos nela,  ela estava vidrada em alguma coisa que se escondia por entre o lago, depois virou para mim e com uma expressão horrorizada deixou lágrimas descerem silenciosamente pelo seu belo rosto, e então tive o instinto de olhar para onde ela olhava e lá encontrei quem não queria ver nunca mais na minha vida, a pessoa que eu passei a desprezar com todas as minhas forças. Laura estava sorrindo, um sorriso que me deu nojo, e com tamanha petulância ouvi sua voz em um murmúrio.   

           — Ela não será sua nunca, Michael. E eu vou cuidar  pessoalmente para que isso não aconteça.

 Aquilo me deixou furioso e então andei tentando me aproximar dela quando de repente tudo fica em silêncio…

Abrindo os olhos, sinto algo conhecido, tentei deixar minha mente em alerta para descobrir onde eu estava, então me encontrei no meu jardim usando uma calça jeans escura e uma camisa de linho branco e me sentindo feliz, olhei em volta respirei uma lufada de ar fresco, estava calor, uma brisa deliciosa e perfumada tomou conta do local, ouço alguns passos se aproximarem juntamente com uma risada deliciosa e então quando me viro para olhar quem se aproximava...     

              — Senhor Michael...

Ouço uma voz masculina me chamar com cautela.     

              —  Senhor Michael, já aterrissamos.

Despertei do sono frustrado, não sei quem era aquela adoravel moça que estava me proporcionando aquela sensação boa. Mas voltando a realidade, me vejo frustrado por dois motivos, o primeiro é que eu talvez nunca mais veja aquela mulher e o segundo motivo é saber que quando eu chegar em casa vou ter que ver Laura tentando se apossar da minha vida novamente, e esta tentativa será inútil, pois na minha vida já não tem espaço para ela.

Na verdade, não tem espaço para mais ninguém, digo, obrigando  minha mente a parar de pensar em quem não deveria.  Este caminho que estou indo, em relação aquela mulher, é muito perigoso, e a última vez que passei por algo próximo a um relacionamento, acabei sofrendo muito.

Saindo do avião e entrando pela porta de desembarque, encontrei meu motorista ao meu aguardo, o cumprimentei formalmente e ele começou a andar rapidamente em direção a saída do aeroporto, nosso sedan estava estacionado em frente a saída do estacionamento privado, então entrei e lá esperei o motorista ligar o carro para irmos embora.

          Enquanto o motorista  pilotava o meu sedan silenciosamente, minha mente estava a mil, e a cada segundo que passava eu estava ficando mais enfurecido por estar voltando pra casa por causa dela. A estrada estava tranquila, por ser 8 da manhã de um domingo. Eu estou cansado, irritado e desejando mais do que tudo uma boa noite de sono. Ou um bom dia de sono.

Assim que chegamos na minha casa, logo consegui ver os seguranças na rua aglomerados conversando e assim que o carro estacionou, desci com minha pasta nas mãos, fechei a porta com tranquilidade, na verdade estava me controlando, pois a vontade era de  arrancar Laura a força da minha casa, mas essa vontade não deixei transparecer.

 Me aproximando dos seguranças, os cumprimentei  como de costume e logo perguntei.

      — Como ela apareceu aqui?

 Um silêncio se fez no lugar e de repente um segurança que eu nunca havia visto apareceu.

      — Senhor Michael,  a culpa foi minha, fazem 2 dias que comecei a trabalhar aqui, até então eu desconhecia a moça, pensei que realmente fosse autorizada a entrar, mas de qualquer forma, isso não justifica meu erro.

 O rapaz falou e abaixou a cabeça.

 Eu entendi ele, até por que não teria motivo nenhum de desconfiar de uma mulher como Laura, aparentemente. Tentando deixar o rapaz mais tranquilo tentei amenizar a situação.        

                — Bom, preciso que vocês procurem uma segurança feminina para retirar Laura daqui, até que a autoridade chegue eu vou cuidar dela.

 Finalizei já andando em direção a porta onde dava acesso a garagem, e entrando pelo corredor privado que dava acesso a casa entrei sem fazer ruído, respirei fundo e me acalmei para parecer a situação mais natural do mundo encontrá-la ali.

Entrando na sala de visitas, vi que estava vazia, me direcionei até a cozinha e lá também não havia vestígio de que alguém estivesse na casa,  fui em direção a escada com a minha pasta nas mãos e subi tranquilamente degrau por degrau, desabotoei meu blazer e cheguei em frente ao meu quarto e neste momento tirei o blazer respirei fundo silenciosamente abri a porta com cuidado, e entrando  vi que a cama estava desarrumada, o quarto vazio e apenas ouvi um barulho no banheiro, chegando próximo a poltrona deixei meu blazer e guardei minha pasta no meu closet, prefiro guardar pois caso ela tenha um ataque de loucura, o que com certeza vai acontecer, ela não encontrará nada meu para danificar.

              Ouvi um barulho vindo do banheiro, consegui segurar a vontade de chamar os seguranças para retirá-la do meu banheiro, seja lá como ela estivesse, pois a porta do box estava sendo aberta e com isso deduzo que ela esteja saindo do banho e xingando-a em meus pensamentos, lembro que em alguns segundos irei encontrá-la enrolada em uma toalha apenas.  Fechei meus olhos e respirei fundo, tranquilamente abri os olhos e em meio a este tempo direcionei meu olhar na mulher que saia do meu banheiro distraída, e no momento em que seus olhos desceram sobre mim na poltrona, ela recua um passo assustada e sorriu sem graça.

              — Minha nossa, você quase me matou de susto.

 E soltou uma risada no qual me fez estremecer só em lembrar o que ela fez comigo. 

               — Desculpe.  

 Respondi em seco e olhando profundamente em seus olhos, contonuei.          

              —  Mas matar você de susto, é realmente a última coisa que quero.

 Levantei da poltrona  ainda olhando em seus olhos e percebi que ela baixou a cabeça como se levasse um tapa por causa da minha resposta,  em seguida  abriu a boca para responder  algo mas logo se arrepende da ideia e com isso, eu logo perguntei.

                — O que trouxe você aqui?

Enfiei as mãos no bolso da calça e relaxei a postura me sentando novamente, aguardei a resposta, Laura parou e pensou um pouco e logo respondeu.

                — Na verdade, queria ver você. Sinto sua falta.

 Ouvir aquilo me deixou irritado, na verdade, ela estava me deixando irritado.

                — Laura... você... — Levantei e  me aproximei dela rapidamente, acabando com a distância que existia e murmurei devagar.  —  Não sente nada. 

Falei com o meu tom severo e continuei encarando-a  firme e com isso deixando transparecer toda a certeza do que eu estava falando e em seguida ela olhou bem para meu rosto e disse com olhos marejados.

                  — Michael, eu  realmente sinto muito. Eu não queria...

 Ouvindo isso, dei um passo para trás e soltei uma gargalhada,  isso a surpreendeu pois ela recuou também alguns passos e se encolheu.

                   — Vai negar que você estava se divertindo? O que eu vi naquela noite já foi bem convincente.

  Quebrei o nosso contato visual e me afastei para ter uma distância segura.

                  —Michael, eu errei mas... Me arrependo muito por ter perdido você.

 Laura deu alguns passos à frente e eu recuei fechando a cara.

                  — Você não é mulher de um homem só, e por isso vai pagar um preço por passar de cama em cama .     

 No momento em que ergui a voz para ela e falei o que estava presa na minha garganta virei as costas e sai andando em direção ao corredor, estava me sentindo um pouco tonto, cansado talvez.

Mas estava me sentindo leve diante das palavras duras que gritei pra ela, e assim que cheguei na escada meus seguranças logo se aproximaram.

         — Sr. A feminina chegou.

 Assentindo. fiquei em silêncio e me direcionei até o meu escritório, peguei um copo para me servir uma bebida   destilada que eu sempre tomo, contemplando  a vista que eu tinha do meu escritório e virei o copo, bebendo tudo de uma só vez.

 Coloquei o copo na bancada e fiquei em frente à janela observando o dia quente que iria ter ao decorrer das proximas horas quando vejo Laura sendo levada à força pelo corredor em direção a saída da casa, senti um misto de orgulho e diversão com aquela cena. 

Sai andando novamente em direção ao meu quarto, dei uma averiguada ao redor em busca da pertences de Laura, se ela esqueceu alguma coisa aqui vou m****r jogar no lixo, pois aqui não quero nada dela.

            Chamei a governanta para limpar o meu quarto, trocar os lençóis e durante este período tirei minha camisa e as coloquei no cesto de roupas sujas tranquei a porta, tirando minha roupa e entrei no chuveiro.

A água descia quente pelo meu rosto, aquecendo e relembrando os momentos do meu dia. Na verdade, trazendo todas as lembranças a tona, pois minha volta para New York só me trouxe pontos positivos até agora, me sinto bem em relação a toda curiosidade que envolve aquela doce mulher, lembrei do exato momento em que a vi durante o evento. Em meio a uma conversa tranquila e sem prestar atenção por completo,  já que eles queriam saber como eu consegui chegar onde cheguei,  aparece uma dama misteriosa com um vestido bonito e que no instante em que pus os olhos nela, senti imensa vontade de saber como ela é, e na verdade daria qualquer coisa para saber ao menos o seu nome e é com isso que conto assim que chegar em New York na segunda, sei que há possibilidades de eu revê-la mas também sei que posso nunca mais ter uma notícia dela, e tentei afastar aquele pensamento,  pois me arrependo até agora por ter apenas ouvido ela se desculpar por esbarrar em mim, as vezes, confesso que sou um grande idiota, mas vou fazer de tudo para não deixar essa passar e sorrindo com esse pensamento, termino meu banho.

                  Desliguei a água e peguei a toalha escura  a enrolei na cintura e abrindo a porta do box sai secando meus pés para não molhar o carpete, odeio quando deixo meu carpete molhado, e assim que cheguei no meu quarto, vejo tudo limpo, arrumado e me deu vontade de me jogar na cama e acordar somente quando for o momento de voltar para New York. 

Vesti uma calça de moletom e levei a toalha até o banheiro e a estendi atrás da porta, voltando para o quarto deitei na cama e fechei os olhos, já sentia meu corpo relaxar para que eu pudesse dormir quando meu celular começou a tocar em cima do criado mudo, verifiquei a hora assim que peguei o celular e olhando o identificador de chamadas avisa que é Gregori trabalhando até tarde, pois aqui são 10 da manhã e lá provavelmente umas são 5 da manhã.     

                — Gregori.

 Murmurei sentando e demonstrando na minha voz uma ansiedade maior do que eu esperava.

                 — Senhor Michael, consegui informações sobre a moça.

 Gregori murmurou no telefone tranquilamente, e provavelmente ele sabia que eu estava curioso para saber até os minimos detalhes.

                 — Está tudo em sua caixa de e-mail.

 Gregori finalizou e assentindo senti um sorriso aparecer em meus lábios e respondi.

                — Obrigado, Gregori, vou descansar um pouco e pegarei o próximo voo. 

 Com alguns barulhos no fundo, Gregori responde.

                 — Estarei no seu aguardo, Senhor. 

 E finalizei a ligação ansioso para ver o que Gregori me mandou.

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Assim que acordei, peguei o celular que estava em cima  do criado mudo e vi que já eram quase 21:00 horas da noite. Levantei e fui andando até pegar minha pasta e coloquei o celular dentro do bolso interno e o deixei em cima da cama e fui até meu closet pegar um terno para usar.

 Escolhi um conjunto com terno preto Prada com as abotoaduras que ganhei da minha mãe e o sapatos Oxford perfeitamente polidos. Fui em frente ao espelho e dei uma mexida com os dedos no meu cabelo, voltando até o quarto peguei o celular e disquei para Gregori que no segundo toque atendeu        

                     — Senhor...

 Gregori murmurou como de costume.

                     — Boa noite, já estou indo para o aeroporto.

   Murrmurei pegando a pasta e andando em direção a saída do quarto.

                   — Estarei esperando o senhor quando chegar.

 Gregori garantiu e assentindo , eu respondi.

                  — Obrigado, até logo, Gregori. 

  E finalizei a chamada.

           Não sei ao certo, mas estou ansioso para voltar, parece que algo surpreendente me espera, afastando aquela sensação desconhecida porém muito boa, coloquei o celular no bolso e desci a escadaria e encontrei um segurança na porta da casa, assim que me viu, retornou a sua postura como agente.     

               — Boa noite, Marlon, pode chamar meu motorista, por favor.

 Murmurei olhando para o homem que já trabalha comigo a quase 4 anos e assentindo, ele respondeu.

               — Sim, senhor. 

 Abrindo a porta, ouço Marlon falando em seu equipamento de comunicação, e instantes depois o sedan já está à minha espera.

          No conforto do estofado do sedan, me permiti lembrar do sonho que tive com a senhorita Yven Lauren Cobalt, acho que são lembranças do momento em que a vi chegando, na verdade a reação dos homens que conversavam ao meu redor quando a viram, eles pareciam curiosos e admirados com a delicadeza e sensualidade que exalava daquela mulher, o intuito das informações que pedi para Gregori pegar para mim era exatamente acabar com a curiosidade que eu tive dela, ma aconteceu o contraario.

             Eu preciso saber mais sobre ela, eu quero conhecê-la, vou fazer isso de um jeito diferente, tanto para mim quanto para ela, não sei como, mas será menos desgastante para ambos.

Chegando ao aeroporto, peguei minha pasta e acenei com a cabeça para o motorista e fui em direção a entrada para comprar a passagem e entrando no portão de embarque me senti feliz depois de ter a certeza que estou voltando para New York. Assim que me acomodei no assento reservado, senti meu corpo ficar tenso, só de pensar em encontrá-la novamente já sinto vontade de conhecê-la profundamente, e quando digo profundamente, não é apenas dentro de sua calcinha, se bem que com aquele vestido, consegui ter um vislumbre do seu corpo elegante e cheio de curvas, um corpo escultural sem dúvidas.

Não sei como, mas de alguma maneira sinto que surpresas virão e está sensação é boa e agradável, antes de qualquer coisa, quero ver o que o destino reserva para a minha vida, não sei se vou passar o resto da vida sozinho acumulando alguns milhões por semana ou se a vida está prestes a me preparar alguma moça bonita para que eu possa chamar de namorada e dar-lhe presentes sempre que desejar, e nesse momento pensei se Yven fosse minha, eu daria um closet inteiro para que só eu pudesse tirar suas roupas, e com esse pensamento logo me repreendo pois não devo e não quero ficar pensando muito naquela moça, não admito nenhum tipo de pensamento que possa desencadear um sentimento afetivo no momento.

             Principalmente porque não acredito mais no amor, sou ciente que exista atração física, um tipo de Química onde une duas pessoas e as fazem entrar no jogo da sedução. Mas pensando bem, não seria ruim entrar num jogo com a senhorita Yven Lauren. Enquanto soltava o ar preso em meus pulmões pensei  “Eu poderia entrar em qualquer jogo com ela”   

E virei o rosto para a janela pequena e com uma bela vista das nuvens, e olhando-as assim de perto, lembrei de quando eu era um menino e imaginava que as nuvens eram feitas de algodão e isso me fez sorrir e erguendo o olhar vi que uma menina de aproximadamente 18 anos estava me olhando, continuei encarando-a enquanto ela mordia os lábios e tentava disfarçar um sorriso malicioso, eu não sei por que mas, sempre acontece isso e então resolvi dar meu melhor olhar repreensor e foi quando a garota arregalou os olhos e virou-se de modo que não olhasse mais para mim.

Satisfeito com o resultado murmuro.

                     — Assim é melhor.

 E me reconfortei na poltrona macia enquanto senti meus olhos se fecharem e aquela conhecida sensação me dominar até que eu relaxasse por inteiro.

Estava andando tranquilamente por um corredor familiar, entrando em uma sala que parecia muito com a minha empresa, e assim que passei pela primeira porta consegui identificar uma voz calma, doce e feminina e outra voz mais alterada.   

          — Você... fique longe dele.

Ouço meu pai falar alterado, me aproximando, encontrei ele conversando com Laura, logo vi a expressão assustada no rosto dela que engoliu em seco e lançou um olhar suplicante ao meu pai que logo ignorou e se aproximou de mim. 

          — Michael, ela estava mentindo para você o tempo todo. 

 Meu pai aproximou sua mão em meu braço e implorou por atenção e eu o olhei e assenti. Quando foquei meu olhar na direção de Laura, vi ela olhar para alguém atrás de mim, e então virei-me e encontrei a pequena Yven, nos olhando como se estivesse assustada e lágrimas brotaram de seus olhos como se tivesse sentindo a dor que Laura já me causou.

Despertei num sobressalto enquanto a aeromoça me chamava com delicadeza para não me assustar, tentativa inútil, se bem que não foi ela quem me assustou.

Que merda, odeio quando tenho sonhos assim.

Respirando fundo, vejo que vai levar um tempo atéme adaptar. Me sinto exausto, e até regular meu sono, vou sofrer um pouco.

          Pegando minha pasta, levantei e fui andando em direção ao portão de desembarque,  me sentindo tranquilo por estar de volta à New York, e sentindo novamente aquela sensação de que algo bom me aguarda.

No momento em que encontrei Gregori, fui invadido por uma vontade imensa de saber se havia alguma novidade sobre a Yven, mas preferi não perguntar nada, nem posso demonstrar tanto interesse, pois assim irei evitar possiveis transtornos.

Entrando no carro,  meus pensamentos me levaram até aquela noite, onde encontrei aquele espetáculo de mulher, e neste momento senti um misto de ansiedade e tensão atravessarem meu corpo e com isso logo tive a certeza, aquela mulher tem o cheiro da encrenca e do pecado.

Um pecado no qual eu quero me perder sem pensar duas vezes.

Estou ferrado.

M

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