Melissa

Acordo bufando com o barulho irritante das galinhas… ou galos, sei lá o que era aquilo.

Desço as escadas dando de cara com vovó e tio Chris.

— Meu Deus. — disse Christopher assim que pôs seus olhos em mim, levando um tapa de vovó em seguida.

— Bom dia querida dormiu bem?

Sinceramente, estou começando a achar que Selena é a única pessoa dessa família de quem eu realmente gosto.

— Dormi sim vovó, obrigada!

— Não parece.. — sussurrou Chris.

— Como é? — perguntei, não acreditando em tamanha audácia.

Por Deus, qual o problema desse cara?

— Licença. — pegou um pequeno espelhinho no bolso. — Olha. — virou o espelho para mim, quase tive um treco ao me ver, maquiagem borrada, cabelos nas alturas parecendo a Ana do Frozen, e tenho quase certeza que estou com bafo. Sem muito pensar solto um grito agudo. — Vai estourar meus tímpanos, sua maluca.

Não dou ouvidos ao que Christopher fala, pois volto correndo para meu quarto me trancando em seguida.

Um dia nesse lugar e já foi bastante para parecer uma mendiga malacafenta? Por quanto tempo mais eu seria capaz de aguentar?

Tomo um banho quente e relaxo.

Enquanto a água corre pelo meu corpo, sinto meus músculos amolecendo. Aproveito para hidratar os cabelos.

Minutos depois, de banho tomado, visto um conjunto de moletom e enfim desço para o café.

— E o café da manhã? — pergunto assim que chego na cozinha.

— A gente já tomou! — diz Chris com um sorriso sacana.

— Tá, mas eu não! 

— Então você vai lá buscar os ovos enquanto a dona Luísa prepara alguma coisa.

— Buscar ovos? Onde? Como assim?

— Não dê ouvidos a esse bobão querida, não precisa ir. — olho desconfiada para os dois, percebo que Chris segura a risada e vovó b**e de leve nele, deduzo que também queira rir.

A situação não me agrada, então decido fazer o que Chris falou e não depender de ninguém.

— Onde eu posso buscar os ovos, tio Chris?

O mesmo dá um sorriso satisfeito e vem ao meu encontro.

— Vai com essa roupa?

— Algum problema com a minha roupa, tio?

O mesmo me analisa alguns segundos e dá de ombro, em seguida me guia para o lado de fora da casa, andamos um pouco até os fundos e avisto uma espécie de casinha.

— Lá é o galinheiro e é lá que você busca os ovos.

— Okay, vou buscar meu café. — disse determinada.

Sigo para o galinheiro repetindo para mim mesma que vai ser uma tarefa fácil, vai ser uma tarefa fácil, tem que ser fácil… errado isso vai ser muito difícil, penso ao ver vários pares de olhos em cima de mim. Respiro fundo e me aproximo, do que deduzo ser um ninho, estico a mão para pegar o ovo e me arrependo no instante em que recebo uma bicada na mão.

— Ai galinha malvada. — digo massageando o lugar que foi bicado. 

Passei algum tempo observando como faria aquilo, e definitivamente em nenhum lugar da minha cabeça aquilo parecia fácil.

— Tudo bem galinha, nada de estresse eu só preciso de um ovinho. 

Tenho uma ideia nada convencional, mas não custa tentar. Começo a cantar uma das minhas músicas preferidas.

Consigo pegar um ovo, me animo e continuo a cantar.

Mais três ovos, meu sorriso estava de orelha a orelha. 

Agora sim queria ver Christopher me zoar, já tínhamos ovos suficientes para uns quatro café da manhã.

A ganância falou mais alto, quanto mais ovos eu tinha, mais ovos eu queria.

Eu devia ter parado enquanto era tempo.

a teimosia falou mais alto.

Empolgada pela música e pelos feitos, fui fazer um passinho, deu tudo errado… escorreguei e caí em cima dos ovos, resultado estava toda preguenta, estraguei meu moletom novinho e estava sem nem um ovo.

Olhei pela janela do galinheiro e pude ver Chris na porta da cozinha falando com uma garota morena, eles sorriam e ela o acertava com t***s maneiros.

De uma ou duas, ou Chris estava paquerando a menina ou eles estavam rindo de mim… e meu sexto sentido acusa ser a segunda opção.

Solto um suspiro frustrado e levanto pegando o pequeno balde onde havia colocado os ovos, que agora estavam quebrados.

Caminho até a porta e dou de cara com a morena que falava com Chris.

— Oi, eu sou Letícia. — sorriu simpática.

— Melissa. — sorrio não tão simpática.

— Eu estava vendo você ali e conversando com seu tio… ele tem certeza que você vai sair daí sem nem um ovo, vamos provar pra ele que ele está errado? — que garota mais estranha. 

— Ele não tá errado. — mostro meu corpo e o balde tentando fazê-la ver o óbvio.

— Eu posso te ajudar. — Essa é boa, minutos atrás estava rindo de mim e agora está aqui querendo me ajudar.

— A troco de que?

— De nada, você é nova aqui e pelo que sei veio de Londres. 

Continuei encarando-a, sem entender onde ela queria chegar.

— Bom não está habituada a nossa realidade e eu só quero ajudar.

— Tudo bem… — concordo desconfiada.

Afinal qual mal teria isso? Eu já estava toda ferrada mesmo.

— Antes de você pegar o ovo, precisa jogar ração pra elas…

Vovó realmente tinha muitas galinhas, por que não era possível que mesmo com o tanto de ovos que eu havia quebrado ainda tivesse mais. 

Segui todas as dicas que Letícia me deu e enquanto pegava novamente os ovos, nós conversamos.

Não posso negar até que a garota era legal.

Volto para a cozinha dando de cara com Chris e vovó, que começam a rir assim que me vêem.

— Isso pode rir, riem bastante. Não é vocês que estão preguentos e fendendo a ovos. — digo irritada.

Aquela altura do campeonato já havia perdido totalmente a fome. Tenho certeza que na geladeira da cozinha havia ovos e por mais que não tivesse, com certeza teria outras coisas que eu poderia tomar café.

Chris sabia que eu não tinha experiência alguma com galinha e com ovos e mesmo assim me mandou para lá.  

Deixo os ovos que Letícia me ajudou a pegar e subo para meu quarto, seguindo direto para o banheiro, tomo meu banho completamente frustrada, tinha certeza que seria fácil, e conseguiria me adaptar e agora já não sei mais.

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