4. Confrontada

Elliot esperou a aula terminar para finalmente se aproximar de Layla.

— Layla? — Ela virou-se e o encarou, séria. — Eu queria explicar o que aconteceu mais cedo…

— Não tem de explicar nada. O que você faz ou deixa de fazer da sua vida não é da minha conta. — Disse ela e se virou. Elliot segurou o braço dela. — Só fica longe de mim porque quero distância de caras como você. — Falou ela, antes de soltar-se e ir embora.

 

                                           † † †

À noite, Layla se arrumou para jantar com Jonathan e a irmã dele. Ela colocou um vestido vermelho e um cinto preto. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo elegante. Se maquiou e calçou um par de sapatos de salto vermelho que pegara das coisas de Eliana. Sentou-se no sofá e esperou, ansiosa. Quando a campainha tocou, ela levantou-se num pulo e foi correndo abrir a porta.

— Boa-noite? — Disse ela com um sorriso de orelha a orelha.

— Boa-noite. — Responderam Jonathan e sua irmã.

— Layla? Essa é Hannah, minha irmã. Hannah? Essa é Layla. — Falou Jonathan as apresentando.

— É um prazer conhecê-la. Meu irmão falou muito bem de você. — Falou Hannah sorrindo e se aproximou de Layla e deu-lhe um beijo no rosto.

— Igualmente. — Disse Layla e retribuiu o beijo de Hannah. — Mas vamos entrar? Sintam-se em casa. Infelizmente, minha mãe não nos fará companhia porque está de plantão esta noite no hospital, mas não se preocupem? Ela deixou o jantar pronto, antes de ir.

— Sua mãe é médica? — Hannah perguntou.

— Enfermeira. Aceitam uma bebida? — Falou Layla.

— Sim. Por favor? — Disse Hannah.

— Se não for nenhum incômodo… — Disse Jonathan.

Layla foi até a cozinha e voltou, trazendo três latas de refrigerante. 

— John me disse que você também é uma wiccana. É verdade? — Hannah perguntou à Layla.

— Não, Hannah… Eu inventei isso. — Falou Jonathan com sarcasmo e revirou os olhos.

— Bem, não sou iniciada ainda, mas já me considero uma. — Respondeu Layla.

— Legal. É difícil encontrar outra bruxa. — Falou Hannah. — Ah, se importaria se eu olhasse a sua sorte? Trouxe um tarô.

— A gente podia aproveitar e brincar com um tabuleiro Ouija. — Falou Jonathan. Ele não levava muito a sério a magia.

— Ignore? John é do tipo que só acredita no que a ciência explica. — Hannah revirou os olhos e abriu sua bolsa, pegando seu tarô.

— Ou ele teve uma previsão muito ruim… — Layla brincou.

— Não sei. Ele nunca me deixou ler a mão dele. — Falou Hannah.

— Oh, desculpe? Eu não quis… — Disse Layla percebendo que ofendera Hannah.

— Não… De boa. Só tô brincando. — Hannah riu. — Mas é isso mesmo… Eu disse a ele uma vez que ele teria um casamento infeliz e não teria sorte no amor e que seria o maior corno da história e… Desde então, ele odeia tudo isso.

— Foi a previsão mais podre que você poderia ter feito, Hannah… Como pode saber essas coisas? O futuro é algo incerto e completamente mutável. — Falou Jonathan.

— Não tem jeito maninho. Você será corno e ponto. Se acha ruim, reclame com o universo? — Falou Hannah enquanto colocava as cartas em formato de cruz. — Por favor? Escolha uma?

Layla escolheu uma carta e a indicou à Hannah.

— Você é uma pessoa infeliz. Vejo muitas lágrimas e dor em sua alma. Perdeu alguém importante. Quem? — Falou Hannah.

— Meu pai e minha irmã… Morreram em um acidente de carro. — Respondeu Layla e mordeu o lábio, desviando o olhar, chateada.

— Sinto muito. — Hannah apertou a mão de Layla. — Quando se sentir pronta…

Layla olhou para ela e então para as cartas antes de escolher outra. Hannah alternou o olhar entre a carta e Layla, indecisa.

— O que foi? — Perguntou Layla, aflita.

— Perderá outra pessoa importante em sua vida. — Disse Hannah.

— Minha mãe? — perguntou Layla.

— Não. É outra pessoa… Alguém que é, ou, será importante… Um homem que te apoiará e te amará incondicionalmente e fará tudo por você. Esse homem te ama ou te amará de uma maneira violenta. Não sei se isso é bom. — Falou Hannah.

— Hum… Quem pode ser esse homem? — Perguntou-se Layla, pensativa.

— É melhor parar com essa besteira. Está assustando ela, Hannah. — Falou Jonathan.

Layla tirou outra carta.

— Uau. — Hannah fez uma cara de surpresa e riu. Obviamente ela não estava levando aquilo tão a sério quanto Layla. — Dois rapazes disputarão pelo seu coração. Um deles é um rapaz sério, justo e bondoso, mas que se deixa influenciar facilmente. O outro é rebelde, ardente e encrenqueiro. Vai te trazer muitas dores de cabeça. Você é, ou, será ligada a esses dois rapazes.

— Desculpe, mas deve ter havido algum engano. Eu nunca conseguiria atrair a atenção de dois caras ao mesmo tempo. — Falou Layla, rindo. Aquilo não podia ser sério… Podia? Quer dizer… Era coisa demais para absorver.

— Desculpe, mas não costumo me enganar. — Falou Hannah segura de suas palavras.

Layla tirou outra carta.

— Tem uma inimiga muito poderosa em seu caminho, que vai fazer de tudo para prejudicá-la e ela não descansará enquanto não destruir você. — Hannah a alertou.

— Espere? — Jonathan colocou as mãos na cabeça e fechou os olhos, zoando. — Meus poderes mediúnicos me dizem que essa inimiga é loira, com cabelos cacheados e é chefe das líderes de torcida.

— Deixe de ser palhaço! — Hannah atirou uma almofada nele.

— Não precisa ser bruxo para saber que Eulalie Davis é o demônio em pessoa. — Falou Jonathan.

— Pois ela que venha… Vou mostrar a ela com quantos paus se faz uma canoa. — Layla tirou outra carta.

— Você poderá contar com o apoio de amigos leais para enfrentar as adversidades que surgirem pelo caminho. — Hannah disse.

Layla pegou a última carta.

— Você passará por grandes mudanças na sua vida e se transformará em uma pessoa diferente da que é agora. — Falou Hannah.

— Mas no bom ou no mal sentido? — Perguntou Layla.

— Isso depende de como vai lidar com as mudanças que ocorrerem… Se aceitar que elas são para melhor, poderá evoluir, mas, caso contrário… — Falou Hannah.

                                         † † †

Após o jantar, Layla, Hannah e Jonathan assistiram a um filme e conversaram um pouco, até os irmãos se despedirem e irem embora para a casa.

 Layla não conseguiu deixar de pensar em tudo que Hannah lhe dissera quando lera sua sorte no tarô. Será que Hannah era mesmo uma boa cartomante ou só tirara uma com a sua cara?

Na manhã seguinte, em Barstow School, Layla ia para a sua sala quando viu Elliot conversando com Morgan e os gêmeos. Nervosa, apressou seus passos, pois queria ir para a sala, antes que Elliot a visse. 

— Ei? Layla? — Cantarolou Earl.

TARDE DEMAIS.

— Vem cá? Gatinha não foge não. — Disse Kirby.

— Parem com isso! Parecem crianças! — Falou Elliot.

— Puxa! Elliot, o que você fez? Ela parece assustada! — Falou Kirby.

— Droga! Kirby, não fiz nada. Vê se não me enche o saco! — Falou Elliot.

— Não, Cara… Eu te conheço… — Insistiu Kirby.

— Por que não cuida da sua vida, velho? Da minha, cuido, eu! — Falou Elliot.

— Olha? Ele ficou todo nervosinho… Por que será? — Disse Morgan, rindo.

— Pô, Morgan… Até você… — Elliot o empurrou.

— Ih, cara… Olha lá? Eulalie está mexendo com a sua garota. — Falou Earl.

— Ela não é minha garota! — Disse Elliot virando o rosto e viu Layla recolhendo seus livros.

— Não vai lá defendê-la? — Perguntou Morgan.

— Isso não é problema meu! — Falou Elliot, indiferente.

                                            † † †

— Qual é o seu problema comigo, garota? Ah, já sei… Ficou chateadinha porque dispensei você, foi? — Falou Layla encarando Eulalie.

— Não seja ridícula, garota! Você é inferior a mim! — Falou Eulalie e chutou o livro de Layla.

— Já chega disso, vadia! Vou te ensinar que comigo não se brinca! — Falou Layla com ódio.

— Ei, o que tá pegando aqui? Vamos se acalmar e conversar, meninas? — Falou Kirby se metendo na confusão.

— Esse colégio é pequeno para nós duas! — Eulalie disse à Layla.

— Concordo… Por que não se transfere para outro colégio? — Falou Layla e quando quis avançar em Eulalie, Kirby a segurou, rindo.

— Vocês devem ser quentes entre quatro paredes. — Kirby disse com um sorriso malicioso.

— Ah, seu nojento! — Eulalie o empurrou, antes de se afastar.

— Me solta! — Layla também empurrou Kirby.

— Oh, de nada… — Falou ele levantando as mãos em sinal de rendição.

Layla o encarou, séria. Bem, ele era um babaca pervertido, mas, pelo menos, ajudara ela, ao contrário de Elliot que continuava parado com os braços cruzados, apenas encarando. Será que ele interviria se ela levasse uma surra?

— Ei? Tá aí? — Kirby estalou os dedos na frente do rosto de Layla. — Você está bem?

— Sim, estou. — Layla disfarçou.

Kirby pegou o livro dela que estava caído no chão e o devolveu a ela.

— Valeu. — Ela disse e foi para a sala. Kirby a seguiu.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo