3. Bagunça

Layla se aproximou da mesa e encarou Ethanael.

— Aqui está a folha de ausência de Elliot. — Disse Layla a entregando ao representante do grêmio.

— Então, você desistiu?! — Falou Ethanael, visivelmente decepcionado.

— Dê uma olhada nisso, sim? — Pediu Layla e mordeu o lábio.

Ethanael olhou a folha e incrédulo, disse:

— Não pode ser… Como conseguiu convencê-lo?

— Eu conversei com ele…

Ethanael riu.

— Elliot jamais assinaria essa folha tão facilmente. Eu o conheço bem. Da última vez, tivemos uma discussão feia e mesmo assim, ele se recusou a assinar essa folha. Diga-me, o que foi que ele pediu em troca de assinar esses papéis?

— Então, por que me deu uma missão que considerava impossível? — Layla inquiriu, desconfiada das boas intenções de Ethanael.

— Isso não importa. — Ethanael disse, irritado. — Elliot não cederia tão facilmente, assim…

— Às vezes, uma mulher consegue o que um homem não consegue! — Layla disse, antes de deixar o grêmio.

— Droga! — Ethanael esmurrou a mesa. — Agora, a diretora não poderia mais expulsar Elliot.

                                         † † †

Layla saía do colégio quando deu de cara com Elliot que estava esperando por ela.

— Não acredito que ia embora sem se despedir de mim. Que coisa feia! — Ele disse se aproximando dela.

— O que você quer? — Perguntou ela.

— Relaxa… Quer uma carona? — Ele perguntou.

— Obrigada, mas não precisa. — Falou ela.

— Não quer eu saiba seu endereço? — Ele riu.

— Não é nada pessoal… Só que minha mãe não gostaria de me vir com um cara como você. — Falou ela caminhando.

— Eu posso te deixar na esquina… — Falou ele a seguindo.

Ela riu e disse:

— Não moro longe.

— Oh, eu também não. E então? Espere eu pegar minha moto? — Ele disse.

— Não demora, tá? — Falou ela colocando a mão na cintura.

— Não vou demorar. — Disse ele, sorrindo, e saiu correndo.

Ela riu travessa.

Quando Elliot voltou Layla já tinha ido embora.

— Ah, droga! Não acredito! — Falou ele.

                                           † † †

Já em sua casa, Layla tomou um banho, trocou-se e foi descansar um pouco. Não seria fácil fazer todo o dever de Elliot por três meses, mas ela se esforçaria. Até que ele fora bonzinho e não fizera nenhuma proposta indecente.

Na manhã seguinte, quando Layla chegou ao colégio, Jonathan esperava por ela na calçada.

— Boas novas… Consegui alterar os horários das minhas aulas para se adequarem as suas! Agora, faremos todas as aulas, juntos, exceto álgebra. — Jonathan disse.

— Isso é bom, John. — Layla pegou a mão dele e os dois entraram no colégio.

— Estão todos nos olhando, Layla. Acho melhor ficar longe de mim se quiser ter uma vida social. — Falou Jonathan, chateado.

— Nem pensar. Você é meu amigo! E quem disse que me importo com vida social? Amigos são sagrados para mim. Se essa gente quer falar, deixe que falem. Não estou nem aí. — Layla deu de ombros.

Jonathan sorriu.

— Ah! Achei você, fujona! — Elliot veio por trás dela e a puxou pelo braço.

— Ei? E aí? — Disse ela, rindo.

— Me deu um bolo, hein?! — Falou Elliot sem graça.

— Foi mal, mas quem mandou você ser tão convencido? — Layla disse.

Jonathan se afastou, indo para a sala.

— Acho que me deve um pedido de desculpas, não? — Falou Elliot.

— Owwn… Não fique bravo? Não foi por querer… Quer dizer… Foi, mas… Foi uma brincadeirinha boba, e… Bem… Talvez eu quisesse que você fosse atrás de mim. — Ela disse.

— É mesmo, é? Se eu soubesse… — Elliot sorriu e aproximou seu rosto do dela.

— Ah, você está aqui, meu amor! — Uma ruiva veio e agarrou Elliot, o afastando de Layla e o beijando nos lábios.

Layla, recuou, surpresa. Então ele tinha uma namorada? Mas que filho da… Ela cerrou os punhos com raiva e saiu dali, pisando duro, sentindo-se uma idiota.

— Mas que droga é essa? — Elliot empurrou Zara e limpou a boca. — Layla? Espere? — Ele quis ir atrás dela, mas Zara não deixou, o agarrando pelo braço.

— Quem era aquela infeliz que estava dando em cima de você? — Zara perguntou.

— Isso não é da sua conta! — Elliot puxou seu braço com força, livrando-se de Zara. — Quem você pensa que é pra se meter na minha vida? Não tem mais esse direito, o perdeu quando me traiu.

— Não traí você! — Zara disse.

— Só beijou aquela piranha. — Elliot disse.

— Não percebe que foi uma cilada? Ela sempre foi a fim de você, e como, você nunca deu bola a ela, ela armou tudo àquilo para ferrar comigo. Deus, fui tão burra de ter confiada nela. — Zara disse.

— Você interpreta muito bem… Será uma ótima atriz um dia.  — Elliot disse, aplaudindo ela.

— Por favor? Acredite em mim? — Pediu Zara.

— Não, Zara… Não vai brincar comigo de novo… Não mais. Eu te dei todas as chances e você pisou no meu coração. Droga! Eu te amei como nunca amei alguém em toda a minha vida, mas… Acabou. Aquele burro que acreditava nas suas mentiras morreu. Fica longe de mim. Não te amo mais. — Falou Elliot, ressentido.

— Elliot… Eu juro que dessa vez é para valer. — Zara pegou a mão dele.

— Você não ouviu? Não amo mais você! — Falou Elliot soltando a mão dela.

— Eu não acredito em você! — Falou Zara e o beijou. Elliot não a correspondeu e a afastou mais uma vez, encarando-a com ódio.

— Não sinto mais nada por você, exceto pena. Você não sabe o que quer para si mesma e pensa que os outros sempre estarão ali, esperando por você, só que a fila anda. Ninguém espera por ninguém. — Elliot a deixou chorando e se foi.

Elliot procurou por Layla, mas não a encontrou, então, foi para sua aula e fingiu prestar a atenção no que o professor ensinava. No terceiro tempo, Elliot encontrou Layla e Jonathan na aula de artes. Layla não desgrudou de Jonathan, e Elliot se sentiu incomodado com aquilo porque ela parecia muito à vontade ao lado daquele nerd.

— Minha irmã é uma ótima desenhista. — Jonathan disse à Layla.

— É mesmo? — Layla disse, interessada. — Adoro desenhistas!

— Sim, ela desenha qualquer coisa com perfeição, e também… Ela curte ocultismo. — Jonathan encarou o pingente de coruja do colar dela.

— Ah, agora você conhece meu segredo… — Brincou Layla se aproximando dele. — Sou uma bruxa, mas não conte a ninguém?

— Não conto… Minha irmã também é. — Ele disse.

Layla tirou os óculos dele e bagunçou seus cabelos castanhos claros.

— Caramba! Como você é gato! Parece um modelo disfarçado. — Falou ela, rindo.

— Por favor? Devolva meus óculos? Não enxergo nada sem eles. — Disse Jonathan.

— Oh, mas você fica tão melhor sem eles, John. Não devolvo! — Falou Layla.

— Layla? Por favor? — Pediu Jonathan e quando tentou pegar seus óculos de volta se desequilibrou e caiu, derrubando as tintas que estavam em cima da mesa e sujando-se todo. Toda a sala riu do coitado.

— John? Desculpe? — Layla foi ajudá-lo e também, escorreu na tinta, caindo no chão. — Opa!

— John? Eu… Sinto muito. — Falou Layla se ajoelhando e colocando os óculos nele. — Desculpe?

Apesar da vergonha, Jonathan ficou feliz por perceber que Layla se importava com ele e que não fizera aquilo de propósito. 

— Olha, juro que vou compensá-lo por isso. — Falou Layla em um sussurro.

— Mas como isso foi acontecer? — Disse a professora se aproximando da dupla de trapalhões. — Vocês dois podem buscar esfregões e limpar toda essa bagunça!

— Foi minha culpa, professora. Sinto muito. — Falou Layla querendo cavar um buraco e se meter nele.

— Pouco me importa de quem foi a culpa! Quero que limpem essa bagunça enquanto a tinta ainda está fresca. — Falou a professora.

Jonathan e Layla foram até a sala do zelador buscar um balde com água e dois esfregões. Layla empurrou Jonathan e riu. Ele riu, também.

— Até que foi divertido! — Falou Layla.

— Só não será divertido explicar aos nossos pais como nos sujamos. — Disse Jonathan.

— No meu caso só terei de explicar à minha mãe porque meu pai está morto. — Layla disse.

— Nossa! Sinto muito. — Jonathan, disse.

— Minha irmã e ele morreram em um acidente quando eu era criança. — Falou Layla.

— Imagino que sinta falta deles… — Jonathan tocou o ombro dela.

— Sim, mas tento ser forte por minha mãe. — Falou Layla.

Jonathan abraçou Layla. Ela suspirou. Os dois ficaram em silêncio por um tempo até ela quebrar o gelo.

— Se te convidasse para jantar na minha casa essa noite, você aceitaria?

Jonathan recuou e encarou Layla.

— Com certeza. — Ele respondeu.

— Pode levar sua irmã. Vou adorar conhecê-la! — Layla disse.

— Tem certeza? — Ele perguntou.

— Tenho sim. — Ela disse. — Apesar de nos conhecermos há pouco tempo, gosto muito de você, principalmente porque você é transparente, sincero, meigo e…

— Um modelo disfarçado? — Ele disse.

Os dois riram.

— Vamos? A professora deve estar louca para arrancar nosso sangue e usar como tinta em um de seus quadros. — Falou Layla pegando os esfregões enquanto Jonathan pegava o balde. Jonathan apagou a luz e bateu a porta ao sair da sala, logo depois de Layla.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo