Capítulo Dois: A Negação

Capítulo Dois

A Negação

— Hm — gemi ao despertar.

Dormir e não ter consciência do quanto estava doendo era infinitamente melhor do que acordar com minhas costas em brasas. O balanço do barco diminuiu imediatamente e senti as mãos molhadas de Kieran em meus cabelos, percebendo que ainda estava em seu colo.

— Oi — murmurou para mim, parecendo preocupado.

— Oi, Kie — deixei-me falar, a voz falhada e fraca por causa da dor. Ele tinha conseguido me ajeitar no barco ao ponto da conforto e servira de travesseiro para mim.

Forcei-me a me sentar, contendo um grito ao trincar os dentes. Kieran me observava com cuidado, parecendo saber o que estava se passando, mesmo que eu tentasse não demonstrar. Sentia cada pedaço da base das minhas asas queimando e latejando.

— Eu tentei te curar enquanto você dormia — confessou, franzindo a testa. — Não foi como da outra vez. Mas talvez nosso pai...

Concordei com a cabeça. Quando minhas asas nasceram da primeira vez, Kieran tentara a magia da cura, realizada através do fogo. Em dois dias, meus ferimentos estavam curados, para surpresa de toda a comunidade fádica. Eu, como nosso pai, o líder élfico Tharlion, éramos os únicos vivos dotados de tamanha intimidade com o elemento. Dessa vez, porém, minha natureza parecia estar com raiva de mim pelo que eu havia feito e não permitiria que eu tivesse uma provação fácil. Infelizmente, o fogo era meu elemento mais forte e, apesar de nunca ter me deixado na mão, sentia que não permitiria o meu alívio. Era como se estivesse me ensinando uma lição.

— Tudo bem, Kie — concordei. — Não vai funcionar.

Kieran não perguntou como eu sabia, apenas concordou com a cabeça. Ele esticou as pernas e se empurrou um pouco para trás para relaxar, já que tinha permanecido na mesma posição para me acalentar enquanto eu estava apagada. Sorri, vendo-o estender os músculos das pernas e dos braços, tomando noção do homem incrível que ele estava se tornando. Apesar de ter perdido boa parte de sua vida, aparentemente viveríamos longos séculos juntos e eu estava satisfeita em tê-lo ao meu lado naquela jornada.

A noite já estava caindo àquela altura e, com cuidado, deixei-me virar o corpo para observar o lugar. Estávamos navegando por águas tranquilas e eu via a costa não muito distante. Já estávamos chegando?

Ao me debruçar no barco com cuidado, procurando uma posição mais confortável e menos dolorida, verifiquei meu reflexo disforme na água do mar. Soltei uma expressão assombrada.

— Kieran? — chamei-o, em desespero.

Minhas asas tinham nascido diferentes, sua ponta agora era ainda menos arredondada e a parte de cima da minha asa era quase completamente branca. Sua pelagem tinha vindo quase por completa, enquanto da outra vez demorou quase um mês inteiro antes de criar a textura felpuda, mas também era diferente, mais macia.

— É, eu sei — ele respondeu. — Acho que isso aconteceria de qualquer forma, em algum momento — deu de ombros. — Suas orelhas também...

Eu levantei meu cabelo e virei-me de lado, ignorando a dor. Minhas orelhas, que já tinham ganhado um aspecto mais pontudo quando meus poderes despertaram pela primeira vez, há dois anos. Estavam quase iguais às de Kieran.

Ao invés de entrar em pânico, murmurei:

— Fogo — chamei, imediatamente, levantando minhas mãos à frente dos meus olhos e uma fogueira se acendeu no nada, entre elas. Fechei os olhos e sorri, sentindo a quentura contra a minha pele e o poder escorregar por minhas veias, eventualmente amenizando um pouco da dor. Não era forte como antes, sentia a dormência do tempo perdido, mas estava ali. — É bom estar de volta — finalmente disse.

Kieran não conteve o sorriso e balançou a cabeça em concordância.

— Também acho.

Ele virou-se de costas para mim, ficando de frente para a dianteira do barco. Levou a mão a água e conversou com ela. O barco começou a se movimentar e ele retirou a mão. Surpreendendo-me, a movimentação continuou, embora com menos velocidade. Sorri, vendo que ele tinha melhorado seu controle em minha ausência e, assim que sua maioridade fosse alcançada, poderia fazer coisas inimagináveis. Seus poderes, embora fortes, deviam estar adormecidos, tal como os meus enquanto estava na Terra pelo último ano, mas estavam avançando. Os elfos aprendiam assim, gradualmente, mas alcançavam sua vitalidade máxima aos 21, quando paravam de envelhecer. Já nas fadas, o desbloqueio acontecia aos 16 e só então os poderes apareciam. Eu, como híbrida, tinha sido desbloqueada aos 19. Esperava que Kieran também alcançasse sua maioridade nos próximos anos, mas não sabíamos como seria para ele.

— Água — pedi. Kieran virou-se para mim, franzindo a testa. — Ajude Kieran — pedi. O barco deu um solavanco, aumentando sua velocidade. Sorri, convencida e Kieran revirou os olhos. — Espere mais uns dois anos e você chega lá — brinquei, enquanto ele ria. — Aonde estamos? — indaguei, por fim.

Kieran voltou a encarar à frente e apontou a costa com seu próprio queixo.

— Estamos quase chegando em Agulha Erudita — disse. Franzi a testa, sem entender e, quando ele virou-se para mim, percebeu minha confusão. — Todos acham que você está em um retiro élfico.

— Por um ano e meio? — Perguntei, incrédula.

Kieran riu, dando de ombros.

— Você esquece que um ano e meio não é nada para elfos e fadas — lembrou-me. Concordei com a cabeça, rendida. — Nosso pai pediu que você voltasse e ficasse um pouco tempo com ele, mas nossa mãe não achou adequado por agora. Ela vai te explicar depois. Mas vamos para os elfos — continuou. — Para que possam te ver passar por Alvorada a caminho de casa. E para que papai possa te ver, também.

Estava bastante feliz com o roteiro da viagem. Assim, poderia ver todos que queria no menor período. Se eu fosse direto para Castelo Real, talvez demorasse meses até que Kathelynn permitisse uma visita de Tharlion e dificilmente eu encontraria seu conselheiro, Karmark, por quem tinha desenvolvido um apreço, ou todo o povo de Alvorada e a maravilhosa comida que me serviam lá.

— Queria ter passado um ano e meio nos elfos — falei, dando de ombros. Kieran virou para me olhar com um sorriso arteiro. — Não sabia que isso era uma possibilidade.

— Não era — Kieran riu. — Você sabe como ela é. Mas essa história é melhor do que falar que você passou um ano e meio na Terra com seu namorado.

Torci o nariz e dei de ombros. Eventualmente, teria que ganhar permissão de viver nos elfos por algum tempo, meu pai não poderia se ausentar de seu posto pelo período que precisaria para me ensinar os dotes do fogo e ele era a única pessoa que poderia.

Cerca de meia hora depois, deixamos as montanhas da transição para trás e desembarcamos próximo à única grande cidade élfica costeira, Entarde. Por ser noite, não havia ninguém fora da cidade e não chamamos atenção para nós. Kieran teve que me ajudar a desembarcar porque minha movimentação estava dificultada, minha coluna se mantinha rígida e, com o peso das minhas asas às feridas recentes, me fazia acreditar que eu partiria ao meio a qualquer momento. 

— Estamos longe — reclamei. Não era muito boa com mapas, mas sabia que Entarde não era próxima de Alvorada para que descêssemos ali. Deveríamos ter subido pelo rio, mesmo contra a correnteza; mas recordei-me que o rio que cruzava Alvorada era o mesmo de Castelo Alado, então seria impossível de chegar até lá sem sermos notados pelas fadas.

Kieran deixou o barco de qualquer jeito à margem do rio, me informando que nosso passeio marítimo tinha realmente acabado. Levantou-se do chão, olhando o céu como se quisesse entender alguma coisa, mas suspirou e voltou-se para mim.

— Ainda está cedo, deve ter acabado de escurecer aqui — alegou. — Há uma hora ou duas. Conseguiremos chegar em Alvorada antes do jantar.

— Comigo assim? — perguntei. Mordi a língua assim que as palavras saíram porque não queria que ele soubesse o estado em que estava. Ele, porém, me olhou, esperto e tive certeza que ele entendia a extensão dos meus ferimentos. — Não sei se consigo caminhar até lá agora, Kie.

Kieran soltou uma gargalhada animada.

— Quem falou em caminhar?

Com um sorriso, ele meneou a cabeça, apontando para o lado, onde podia distinguir dois cavalos correndo em nossa direção. A cor alva brilhante de Princesa se destacava na paisagem opaca da noite recém escurecida. Soltei um suspiro de saudade, vendo-a correr em minha direção e, fiel, parou à minha frente, abaixando a cabeça e encontrando sua testa na minha. Chorando baixinho de saudade, abracei-a, acariciando sua crina.

— Ah, Princesa, como é bom ver você! — eu lhe disse. Ela escavava a terra em seus cascos para demonstrar sua emoção. — Você ficou bem? Cuidaram direito de você? Não me diga que aprontou muito!

Kieran estava rindo enquanto dava tapinhas de agradecimento em Eniark, seu cavalo.

— Nós deixamos ela ficar aqui, nos elfos — contou. — Não respondia a ninguém em Castelo Alado, nem a mim. Então eu disse que ia trazê-la para casa e deixar ela aqui até você voltar. Ela tem ficado com nosso pai e tem sido uma boa garota desde então.

— Então você causou confusão? — perguntei a ela, bagunçando sua crina. Ela relinchou, discordando da minha pergunta. — Essa é minha garota. Não vamos deixar aquelas fadas malvadas acharem que mandam na gente, não é mesmo?

Princesa relinchou novamente, contente com a minha aprovação. Kieran estava rindo enquanto montava em Eniark; alguém os tinha preparado para nossa partida imediata e estavam celados e com alguns poucos provimentos.

— Vamos, temos que ir — pediu. — Vamos passar por Entarde para que nos vejam.

Concordei com a cabeça e dei um tapinha na cara de Princesa, que se esfregou contra a minha mão.

— Preciso que você seja gentil — pedi a ela. — Estou muito machucada — sussurrei, em confissão, esperando que Kieran não estivesse escutando, ainda tentando protegê-lo, como se ele fosse o garoto assustado que eu conheci, não aquele quase homem gentil e poderoso.

Princesa arrastou os cascos no chão, entendendo, e abaixou-se para me ajudar. Mesmo assim, passar minha perna pelo seu dorso não foi uma movimentação fácil e me tomou um tempo sob o olhar atento de Kieran; não conseguiria mais enganá-lo sobre o que estava sentindo. Assim que me acomodei, Princesa, parecendo ainda mais cuidadosa agora que vira a extensão do meu problema, pôs-se em suas patas com o maior cuidado que conseguiu.

— Nosso pai pode conseguir te curar — Kieran sugeriu, atencioso.

Sorri triste para ele e concordei com a cabeça, embora duvidasse que fosse uma possibilidade.

Nosso trote era lento por minha causa, mas isso não me impediu de trincar os dentes a cada solavanco, cada passo de Princesa. Sentei-me, rígida e impassível e apenas concordava com a cabeça aos relatos contínuos de Kieran sobre como estava o nosso mundo. De acordo com ele, nada tinha mudado nos elfos e as fadas estavam menos hostis com ele, mas havia uma guerra prestes a estourar nos humanos que talvez desse problema. Ao contrário do que deveria parecer, ele se demonstrava animado com a possibilidade de confusão quando chegamos aos limites de Entarde e adentramos a cidade para atravessá-la.

Por ser cedo, havia muita gente nas ruas, passando com mantimentos ou observando as crianças élficas nas ruas. Nossa presença foi logo notada, primeiramente com um tímido aceno de uma menininha para Kieran, que se assemelhava demais com o nosso pai, mas sua mãe notou quem éramos e fez uma graciosa reverência para nós dois. Em respeito, agradeci em um aceno de cabeça.

— É o príncipe Kieran e a princesa Michelle — ela disse para sua filha. — Veja, criança.

A menina deixou os olhos brilharem em nossa direção, impressionada. Houve uma pequena comoção quando a população começou a se aproximar para acenar para nós, encostar, dizer palavras de incentivo. Ignorando minha dor, tentei ser o mais simpática possível com aquele povo que era muito mais acolhedor que o que me recebera em Lammertia.

— Olá, desculpe — eu ia dizendo, trotando com cuidado por meio da multidão. — Temos que chegar em casa ainda hoje. Prometo voltar com mais tempo assim que possível.

Eu gostava do carinho que recebia em Agulha Erudita. Kieran tinha perdido um pouco da surpresa inicial quando percebera que seu povo o aceitava mais após os anos em Castelo Alado e conversava mais tranquilamente. Tinha um pequeno menino com ele em seu cavalo enquanto o pai, orgulhoso, caminhava ao lado.

Ouvimos um trotar rápido aproximando-se e o grupo de pessoas se afastou, assustado. A primeira coisa que vi foi uma sombra azul, antes que Lorena parasse à nossa frente, puxando as rédeas de seu cavalo. Deixei a surpresa escapar de meus lábios ao vê-la sobre um cavalo élfico e portando uma lança; tinha mesmo se acostumado com o povo, como Kieran dissera. Suas madeixas encaracoladas tinham sido cortadas curtas em um corte que enaltecia suas belas feições.

— Desculpe, pessoal, os príncipes precisam ir — anunciou, enquanto a guarda real de nosso pai chegava para nos rodear. Reconheci alguns dos guardas e Kamark estava com eles, um pouco atrás, ainda tentando nos alcançar. Kieran estava se despedindo do garoto em seu cavalo quando Lorena virou-se para mim e, com os olhos brilhando em ironia, reverenciou-me com um aceno de cabeça. — Bom te ver, princesa.

O tempo tinha curado as feridas e desavenças entre nós, percebi, porque meu coração se encheu de prazer ao vê-la novamente.

— É muito bom te ver também, azul — brinquei. — O tempo lhe fez muito bem. Gostei das novas aquisições.

Apesar de sua pele escura não lhe entregar como a minha, percebi que estava ruborizada porque a conhecia muito bem.

— Seu povo tem sido muito gentil comigo, vossa alteza — havia ironia no tom de voz que ela usava, mas era só para que eu percebesse. De alguma maneira, queria que o povo escutasse com clareza a forma correta de me chamar, mesmo que jamais se referisse a mim dessa forma em nossas conversas. — Não posso dizer o mesmo sobre você — ela trotou um pouco mais para trás e inclinou a cabeça para verificar minhas coisas. — Parece que passou muito tempo com os elfos, afinal.

Por um momento, achei que Lorena não sabia aonde eu estava, mas acabei percebendo que estava apenas implicando com a nova disposição de cores do renascimento das minhas asas e soltei um riso que acabei por prender entre meus dentes porque a movimentação me fez gemer de dor. Neste momento, senti algo sendo jogado por sobre minha cabeça e uma mão se pôs sobre meu ombro enquanto o tecido se assentava ao meu redor.

— Olá, princesa — Kamark me cumprimentou com um sorriso. — Seu pai vai ter que dar uma olhada em suas costas quando chegarmos — continuou, abaixando o tom de voz. — Vamos torcer que ninguém tenha visto. Está tudo bem?

Concordei com a cabeça, embora meus olhos dissessem outra coisa.

— Na medida do possível, está tudo ótimo — respondi, apenas para que ele e Lorena pudessem ouvir.

Ela tinha se posicionado à nossa frente, abrindo caminho entre o povo, que ainda nos admirava, mas com um pouco de distância. Acenei timidamente enquanto Princesa começou a seguir o caminho atrás de Lorena e seu cavalo, Kieran finalmente entregou a criança para o pai e seguiu ao meu lado. Kamark também tinha jogado o manto real por cima de seus ombros em algum momento.

— Pegaram a gente — Kieran murmurou para mim. Karmark cavalgava ao lado dele e virou o olhar para nós com um sorriso contido no rosto.

— Estávamos fugindo? — questionei, rindo de leve.

Kieran deu de ombros.

— Não seria a primeira vez — brincou. Não consegui conter minha risada e o balançar de ombros me fez soltar um sopro pela dor lancinante que eu estava sentindo. Tanto Lorena quanto Kamark viraram para olhar e eu me dispus a sorrir amarelo para tentar disfarçar. Kieran torceu os lábios. — Nós já iremos chegar.

Concordei com a cabeça e deixe-me concentrar no caminho. Fiz carinho em Princesa para agradecer sua gentileza e seu cuidado em tentar não me machucar, embora não estivesse surtindo muito resultado. Ao meu redor, todos pareciam estar seguindo o ritmo que Princesa impunha, mais lento, apesar de como os cavalos élficos podiam correr. Demorou cerca de uma hora até cruzarmos o portão de Alvorada, embora pudéssemos ter chegado em vinte minutos em velocidade normal. Fomos logo percebidos pela população para o meu desespero porque não queria que eles descobrissem que eu tinha acabado de recuperar minhas asas. Com um sorriso gracioso, acenei para quem chamava meu nome, reconhecendo rostos amigáveis de minha breve visita anterior.

— Vamos, vamos — Lorena rodeou ao meu redor e de Kieran, percebendo meu desconforto. Kamark desmontou e foi conversar com alguém enquanto seguíamos caminho até o palácio de meu pai.

— A princesa está cansada da viagem — ouvi Kamark explicar para as pessoas antes de partir. Tentei me virar para olhá-los enquanto Princesa seguia, mas a dor foi alucinante e eu congelei na montaria, sentindo o olhar de Kieran em mim.

O palácio de meu pai era diferente de Castelo Alado e tão bonito quanto. Enquanto Castelo Alado era construído à beira mar, sob um penhasco, era rústico e cheirava a mar, já o palácio de Alvorada era no alto de uma colina não muito alta, mas o suficiente para ver toda a cidade e os campos abertos à frente. Ele era feito para receber a luz do sol e parecia bem moderno em comparação. Da primeira vez que estive em Alvorada, tínhamos descido na vila e subido a escadaria da colina a pé, mas, dessa vez, subimos a cavalo. Lorena e Kieran pareciam ter decidido isso sem dizer uma palavra sequer e, enquanto a guarda desmontava, eles começaram a trotar escada acima e Princesa os seguiu sem nem pestanejar. Agarrei-me à sua crina e apertei minhas pernas contra a sela, sabendo que subir a pé seria infinitamente pior.

No topo da escada, meu pai nos aguardava com um sorriso aberto, sozinho. Princesa abaixou-se sem que eu precisasse dizer nada e fiz uma nota mental para lhe arrumar algumas maçãs assim que possível. Kieran segurou-me pelo braço e, percebendo seu cuidado comigo, meu pai se aproximou e apanhou-me pelo outro lado e, juntos, me ajudaram a desmontar de Princesa enquanto eu rangia os dentes.

— Oi, filha — ele me disse, segurando meu rosto e puxando-me para si, tomando cuidado para não me machucar em seu abraço. Protegida por Lorena e a guarda real élfica, no meu lugar favorito e com a minha família, deixei-me chorar em seus braços. — Oh, minha menina — meu pai reclamou. — Eu sei. Sinto muito.

— Eu sei — eu lhe disse. — Eu que quis. Não quer dizer que não dói.

Ele afrouxou nosso abraço, mas manteve as mãos em meu rosto e o olhar no meu. Vi as chamas em seus olhos e houve uma quentura em sua pele contra a minha por só um segundo e ele soube, como eu, que não poderia me ajudar. Com aquela ligação especial que tínhamos, só abaixei o olhar e concordei com a cabeça enquanto ele beijava minha testa. Sua mão envolveu a minha.

— Venha — disse. — Estava esperando para jantar com vocês. Vamos, Kieran — chamou meu irmão, que se posicionou em seu outro lado com um abraço.

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