Capítulo Um: O Renascimento

Capítulo Um

O Renascimento

— Está tudo bem? — Guilherme me perguntou pela milésima vez naquela manhã.

Queria dizer-lhe a verdade. Levantei meus olhos do lenço que meu pai me dera e que estava tentando enfiar na pequena mala que comecei a preparar naquela manhã. Sabia que ele podia entender o que estava acontecendo.

Sentei-me na cama ao lado da mala e enfiei minhas mãos no meu cabelo, desesperada, sentindo a dor latejando em minhas costas, em áreas já conhecidas. Não queria me deixar chorar porque não me sentia triste. Sempre soube que aquela partida teria que acontecer, embora estivesse começando a duvidar depois de passar quase um ano e meio na Terra. Tal como sentira saudades de Guilherme em Lammertia, sentia falta do meu mundo, das minhas amigas e da minha família enquanto estive Terra, mas cada momento, cada milésimo de segundo ao lado de Guilherme... valeu a pena. Foi tudo perfeito, mesmo com a sombra do incerto nos perseguindo de perto, mesmo com ele acordando à noite para me tatear e ter certeza que continuava ali.

— Michie... — Guilherme chamou-me, ajoelhando-se à minha frente, os olhos marejados e preocupados.

Não pude encará-lo. Olhei para nossa TV desligada, fingindo não reparar em meu nariz vermelho pelas lágrimas que estava tentando conter.

— Desculpe — foi a única coisa que consegui soltar antes que fosse atingida por uma maré de soluços.

Ouvi o suspiro cansado de Guilherme e logo senti seus braços ao meu redor, obrigando-me a encharcar sua blusa com minhas lágrimas.

— Está na hora? — perguntou-me. Com um aperto no coração e um monte de pontadas nas costas, concordei com a cabeça. — Está tudo bem, Michelle. Eu entendo.

Não, não estava nada bem e tinha certeza que ele não entendia. Foram inúmeras as tentativas para que aceitasse me casar com ele e inúmeras as vezes em que fora obrigada a lhe dizer que partiria e que não desejava que ele se prendesse a minha memória.

Acalmei-me um pouco, apertando-o contra mim. Ele arriscou se afastar um pouco e capturou meus lábios em um selinho salgado pelas lágrimas.

— Eu amo você — sussurrei-lhe. — Promete nunca esquecer isso?

Guilherme sorriu de lado e levei minhas mãos ao seu rosto, até que ele beijou um de meus pulsos.

— Eu também te amo — afirmou. — E eu prometo que não vou desistir de você, como você não desistiu de mim.

Fechei os olhos com força, desejando que ele não soubesse do que estava falando. Querer não era poder, já havia repetido milhares de vezes a ele. Contei-lhe tudo que podia, sem contar da magia. Contei que se ele fosse, nunca mais poderia voltar. Esperava que tivesse entendido cada palavra dita e que estivesse me dizendo isso apenas pelo calor do momento.

Antes que pudesse retrucar, repetir recomendações e resmungar mais um pouco sobre a impulsividade levar a arrependimentos futuros, a campainha tocou. Guilherme beijou meus lábios e passou os dedos pelos meus cabelos antes de se levantar e sumir para a sala.

Fechei meus olhos e estremeci de dor. Respirei fundo, sentindo o cheiro do mar da baía da Guanabara, tentando manter a calma. Meus sentidos para os elementos estavam aumentando com rapidez, a magia voltando para mim junto com minhas asas. Olhei para minhas mãos, tremendo, e não pude deixar de sussurrar:

— Fogo — implorei por ajuda.

E, como toda vez que lhe pedia, ele respondeu. Agora, sem minhas asas, vinha bem fraco, quase imperceptível, mas sentia sua força ao meu redor, um abraço invisível que me dava a sensação de poder.

Levantei meus olhos para porta, encarando Guilherme me olhar com um sorriso quase divertido.

— Vieram te buscar — contou.

E com a boca escancarada, encarei a figura loira que o seguira. Bem mais forte do que me lembrava e agora estava mais alto que eu, mas eram os mesmos lábios em formato de sorriso brincalhão que eu tanto amava, o mesmo cabelo loiro enfiado em uma touca para esconder suas orelhas, os mesmos olhos, tão iguais aos meus.

— Kie — sussurrei em admiração, indo ao seu encontro.

Tive que pular para poder encaixar meu queixo em seu ombro, enquanto ele soltava uma gargalhada contente.

— Também senti sua falta, Mi — apertou-me em seus braços.

Pulei para trás para admirá-lo mais uma vez, impressionada como meu irmão mudara.

— Você cresceu tanto — afirmei. — Meu Deus, está tão grande! Tão bonito!

Eu podia começar a chorar a qualquer momento e tinha certeza que ambos os rapazes sabiam disso. Kieran cutucou-me na costela com um sorriso arteiro.

— Você está mais bonita também — disse. — Engordou.

Encarei-o boquiaberta por alguns momentos, nos quais Guilherme não escondeu sua risada. Bateu no ombro de Kieran de leve, que ainda não entendia o que havia dito de errado.

— Não se diz isso pra uma garota, cara — Guilherme explicou.

Kieran deu de ombros.

— Ela é minha irmã, eu falo o que eu quiser — resmungou, passando os braços pelos meus ombros. — Pronta?

Abri e fechei a boca algumas vezes antes de encontrar as palavras certas para responder àquela pergunta.

— Eu... Preciso de um momento — pedi, olhando para Guilherme, que encarava o chão.

Kieran estalou os lábios e escorregou o braço para longe de mim. Disfarçando, caminhou até a minha mala.

— Uau — exclamou. — Você tem uma mala agora. Estamos evoluindo!

E, colocando-a sobre os ombros, saiu do quarto. Guilherme continuou encarando seus sapatos até que olhei para ele.

— Mi... — chamou.

— Preciso de um momento — repeti, com toda a dureza que conseguiria ter.

Ele levantou o olhar para mim, quase admirado, e concordou com a cabeça. Assim que fechou a porta atrás de si, resolvi tentar deixar mais uma pista.

Eu havia lhe dito, várias vezes, coisas que talvez o fizessem me encontrar se quisesse. Não podia entregar de bandeja, mas ele sabia que era uma ilha desconhecida, pois deixara bem claro, mas onde?

Cinco minutos depois, saí do quarto sentindo-me extremamente genial pela ideia sutil e inteligente que tivera. Guilherme, claro, talvez não gostasse de descobrir que eu estragara sua bermuda favorita desenhando triângulos desformes nela. Deixei minha obra de arte em cima da cama.

Ele me esperava encostado na parede em frente à porta do quarto. Kieran, pelos barulhos, estava na cozinha inspecionando, o que não me impressionava.

— Então... — murmurei. Eu voltara para me despedir e, naquele momento, acabava de perceber que não queria ter que dizer adeus.

Guilherme parecia estar na mesma situação que eu, pois apenas cruzou o espaço entre nós e grudou nossos lábios de forma desesperada. Puxei seus cabelos, deixando-o me apertar entre ele e a parede ao lado da porta, sentindo seus lábios abandonarem os meus para morder meu pescoço, com a corrente do meu cordão das línguas entre seus dentes.

Kieran pigarreou em algum lugar próximo a nós, mas nem nos movemos. Guilherme levou seus lábios ao meu ouvido e sussurrou:

— Queria ter você só mais uma vez, antes que fosse — estremeci com a sugestão.

Puxei-o, apertando ainda mais contra mim e a imagem das minhas asas brotando em meio ao nosso ato de amor fez com que eu resistisse.

— Eu preciso ir — sussurrei-lhe, com toda a força de vontade que tinha.

Ele concordou com a cabeça e apertei meus olhos da mesma forma que sentia meu coração se apertar. Ele beijou-me mais uma, duas vezes, selinhos rápidos e dolorosos.

— Eu te amo, Mi — sussurrou, pegando minha mão com a sua e apertando contra seus lábios.  — Pra sempre.

Senti uma lágrima fugir do meu controle com suas palavras.

— Para sempre — repeti, me afastando, sabendo que para mim era muito mais além do que para ele.

Continuei olhando para ele, meus olhos marejados e um sorriso triste no rosto enquanto caminhava em direção à mão estendida de Kieran. Alcancei-o e apertei-a. Ele passou os braços ao redor de mim, guiando-me para a porta do apartamento e beijou o topo da minha cabeça com uma facilidade que não seria possível da última vez que nos vimos.

— Eu vou te encontrar, Mi — Gui disse, assim que Kieran deslizou a mão pela maçaneta, abrindo a porta. — Por Deus, mesmo que demore, acharei você.

Kieran balançou a cabeça em reprovação e sorri para Guilherme, antes de ser puxada para fora do apartamento. O elevador já nos aguardava e, assim que a porta fechou-se, soltei o gemido que estava segurando e deixei todas as minhas lágrimas desesperadas.

— Uau — Kieran disse, puxando-me para encostar a cabeça em seu ombro. — Sabia que você estava feliz em me ver, mas não precisava tanto.

Tão fácil como sempre, ele me fez soltar uma risada em meio a toda escuridão dos meus sentimentos. Funguei, tentando engolir meu choro, rindo de forma tão estranha que Kieran acabou rindo de mim.

— Estou feliz em ver você, Kie — garanti. — Só não muito feliz em... Bom, em deixar Gui.

Kieran revirou os olhos sem nem disfarçar. Neste momento, a porta do elevador se abriu e me empurrou para fora do mesmo, arrastando-me para fora do prédio tão rápido que quase não conseguir acenar para o porteiro, parecendo preocupado com a minha cara de choro e minha mala. Acho que todos ainda se lembravam do quanto Guilherme sofrera sem mim.

Respirei a brisa do mar, contente em sentir minhas forças da natureza serem restauradas. Havia apenas um vestígio do poder que sentia antes e agora estava subindo pouco a pouco.

Com uma mão segurando minha mala e a outra na minha, Kieran me puxou pela rua movimentada do meio da tarde de um fim de semana. Já tinha começado a sentir as dores há algumas horas e isso significava que talvez não tivéssemos muito tempo antes de um desastre. Ele me arrastou até um canto da praia e, apesar da movimentação, me guiou para dentro de um pequeno barco de pescador. Com uma olhada para ver se ninguém prestava a atenção, enfiou a mão da água e disparamos em alta velocidade para alto mar.

— Caramba — impressionei-me.

Kieran me piscou um olho. Tinha perdido dois aniversários dele naquele período e Kieran saíra de um doce adolescente para um quase homem charmoso, belo e confiante. E, aparentemente, extremamente poderoso.

— Tenho praticado — ele me contou.

A água devia ser seu elemento principal então, tal como o meu era o fogo, que me respondia com facilidade mesmo na Terra.

— O que mais eu perdi? — perguntei, direta.

Kieran abriu um longo sorriso e começou a me relatar sobre sua vida. Passara a maior parte do tempo nas fadas, Kathelynn estava tentando ser mais presente e lhe ensinou muito sobre a água.

— Acho que ela ficou com medo quando você foi embora... porque você contou para nosso pai o motivo e não para ela. Quis se aproximar de mim pra evitar que eu fosse embora também — deu de ombros. — É que ele me enviou pra Asa Real pra ficar com você, então quando você foi embora, seria natural que eu voltasse, né?

Percebi que ele tinha demorado algum tempo para se decidir se deveria ir embora ou não e que Kathelynn, com sua proximidade, fez com que ele protelasse até que acabasse desistindo de voltar para Tharlion.

— Que bom que ela foi boa pra você, Kie — admirei-me. E realmente fiquei feliz que ele pudesse tirar aquela pedra do seu coraçãozinho.

Ele continuou relatando que as meninas morriam de saudade, mas estavam todas bem. Ellen aproveitara o tempo para sair em uma incursão por Lammertia para estudar as plantas medicinais que cada uma das espécie utilizava. Lil tinha descoberto gostar da amarela e as duas estavam desenvolvendo uma amizade.

— Como ela é parte do seu conselho, as amarelas começaram a dar a ela posições mais prestigiadas. Para todas, aliás — disse. — Ellen, como é a mais velha, está um pouco mais acima na hierarquia, então ela saiu pra chefiar esse estudo, que é ideia dela mesmo. Lil decidiu acompanhá-la até as ninfas há um ano, mais ou menos. Fui visitá-la na semana passada, ela me disse saudade — meu sorriso se alargou com saudade da minha amiguinha temperamental, feliz que tivesse voltado para casa e estivesse bem. Sentia-me menos pior em tê-la deixado para trás. — Sophia, como você sabe, gosta de livros. Consegui me aproximar um pouco dela e ela esteve bem animada em uma pesquisa sobre a primeira híbrida. Achou livros e textos antigos e andou preparando um compilado para você. Eu dei uma olhada, tem umas coisas que nosso pai falou sobre as terras da transição e tal. Nada que ninguém mais tenha nos contado sobre — ele deu de ombros. — Mas tem uns meses que ela parou de pesquisar sobre isso, disse que encontrou uma pista em livros antigos e que está procurando outras coisas agora. Não sei te dizer o que é, talvez você consiga arrancar isso dela quando voltar — ele suspirou. Sem nem pestanejar, continuou a contar. — Lorena intensificou os treinamentos. Ela subiu na hierarquia também, assim que completou 5 anos de transformação. Ela viajou comigo para Alvorada algumas vezes, eles gostam dela lá. Nosso pai pediu que lhes ensinassem alguns truques de guerra élficos porque ela seria sua protetora pessoal e pronto, se apaixonaram por ela — apesar de seus antigos sentimentos, Kieran relatou sem quaisquer ciúmes e algo me dizia que seu primeiro amor havia ficado para trás. — Ele está bem, aliás, como sempre. Está com muitas saudades suas. Todos nós estamos, na verdade.

Agradeci as informações com um sorriso, sentindo meu peito se expandir com a saudade que eu também sentia.

— E Siena? — perguntei, estranhando a falta de menção à ela em seu relatório.

Kieran entortou os lábios e desviou o olhar para longe, observando o caminho. Em meia hora, já quase não podia identificar as cidades à distância, de tão rápido que estávamos indo.

— Ela está bem — relatou.

Franzi a testa e estava prestes a questionar o que tinha acontecido para ele não me responder sobre Siena quando uma pontada forte em minhas costas me interrompeu e curvei-me sobre mim. O barco parou e logo Kieran estava com as mãos em minhas pernas. Ele usou um pouco de fogo que ativou minha própria magia, correndo pelas minhas veias.

— Estamos indo? — perguntou.

— Ainda não — choraminguei. — Está mais devagar dessa vez.

Kieran concordou com a cabeça. Nós sabíamos que era para ser mais dolorida e demorada que da primeira vez, então não houve surpresa. Ele, porém, olhou para atrás de si e percebeu que estávamos à uma distância segura da costa.

— Ao menos valeu a pena? — indagou. — Conseguiu fazer o que queria?

Sorri em meio a dor e concordei com a cabeça.

— Consegui fazer tudo o que eu queria e mais — garanti-lhe. — Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.

Kieran sorriu, satisfeito. Ainda passava uma leve corrente de fogo para os meus joelhos, mas não estava surtindo muito efeito. Era como se a natureza quisesse me castigar por ter ido contra ela por meus caprichos.

— Ele parece legal, o seu namorado — Kieran deu de ombros.

Apesar da careta de ciúmes comum nos irmãos, parecia tê-lo aprovado.

— Ele é — garanti.

E continuei contando para ele sobre minha vida na Terra, sobre como, mesmo sem saber quanto tempo ficaria, tinha voltado a estudar para incentivar Guilherme a se formar em sua própria faculdade, como tínhamos ficado morando juntos na antiga casa do pai dele e a irmã, minha melhor amiga, tinha se casado há alguns poucos meses. Contei cada uma das quatro vezes que Guilherme tentou me pedir em casamento e como foi terrível dizer não, querendo dizer sim. Estava narrando sobre um passeio que fizemos após o casamento de Mariana quando meus músculos se retesaram sem meu comando e deixei um grito sair de minha boca.

— Michelle? — Kieran me perguntou. Segurando-me pelos ombros, ele se esforçou ainda mais em sua magia de fogo.

A quentura corria pelas minhas veias, me informando que estava ali para mim e que queria voltar a me obedecer com toda a sua glória, mas em nada conseguia amenizar minhas dores. Sentia meu corpo inteiro tremer, meus dentes batiam com brutalidade e apertei meus olhos, sentindo algo se desenrolar por dentro de mim.

Centímetro a centímetro, a pele das minhas costas começou a rasgar. Trinquei os dentes e Kieran se pôs de pé no barco, curvando-se sobre mim para entender o que estava acontecendo. Eu tinha me dignado a vestir uma blusa de frente única, dessa vez.

— Está...?

— Si... — não consegui responder, uma nova onda de dor me acometeu enquanto sentia minha pele se abrir para voltar a receber minhas asas.

Kieran voltou a se sentar e pegou meu rosto com as mãos, encostando a testa na minha.

— Olhe pra mim, Mi — pediu. Abri os olhos, encontrando o espelho dos meus. Segurei seus pulsos com minhas mãos e deixei minhas lágrimas correrem livres pelo meu rosto. — Estou aqui, divide comigo.

Ele puxou o fogo de mim, mesmo que fosse o elemento que tivesse menos afinidade. Permiti lhe passar minha energia, enviando meu fogo como se estivesse tentando curá-lo e ele me devolveu tudo com uma intensidade redobrada. Por alguns segundos, chorei aliviada com a dor diminuindo ele beijou meu nariz, percebendo que estava dando certo. O fogo continuou a transitar entre nós dois, alegre em ser útil.

Kieran me abraçou pelos ombros enquanto eu chorava copiosamente, sentindo que o fogo começava a dar menos resultado e, quando menos esperava, cessou. Senti minhas costas rasgando em um talho, um lado de cada vez. Meu choro se tornou ainda mais alto quando senti meu corpo começar a expulsar as asas de dentro de mim.

— Água — Kieran murmurou em um desespero similar ao meu, enquanto eu me deitava sobre suas pernas, desfalecendo. — Seja gentil com os ferimentos de Michelle, por favor. Precisamos de lavar e curar.

Com a gentileza pedida, gotas de água do mar começaram a respingar pelas minhas costas, ardendo a ferida, mas eu sabia que era para melhor. Mordi a barra da blusa de Kieran para conter meu grito quando comecei a fazer força para tentar empurrar minhas asas para fora mais rápido.

— Sim — Kieran concordou. — Está dando certo.

Entre o choro, a dor e o pânico, continuei a empurrar. Sentia o rasgo aumentar, os músculos reclamando da passagem e, ao mesmo tempo, comecei a sentir o poder das minhas asas, como se tivessem passado todo aquele tempo com um membro fantasma em meu corpo.

— Falta... Falta... — tentei perguntar.

— Estamos quase — Kieran garantiu. Senti que ele também tinha o corpo travado pelo meu sofrimento. — Vamos, Mi. Só mais um pouco.

E eu tentei, continuando a empurrar e chorando em seu colo. Senti quando a base se encaixou em minha coluna, fazendo um solavanco que me tirou os sentidos. Kieran começou a acariciar meus cabelos e um jato maior de água lavou minhas costas enquanto eu tentava respirar. Desta vez, quando meus sentidos falharam e adormeci, foi mais pelo cansaço do que pelo trauma.

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