da Gênesis à fúria - parte II

Quem foi Lúcifer?

      Isaías no capítulo quatorze do versículo doze ao quatorze, declara: “Como foi que caíste dos céus, ó estrela da manhã, filho d’alva, da alvorada? Como foste atirado à terra, tu que derrubavas as nações. Afinal, tu costumavas declarar em teu coração: ‘Hei de subir até aos céus, erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus, eu me estabelecerei na montanha da Assembleia, no ponto mais elevado de Zafon, o alto do norte, o monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens, tornar-me-ei semelhante ao Altíssim”.

      Ezequiel no capítulo vinte e oito do versículo treze ao dezessete, declara:- “Estiveste no Éden jardim de Deus, as mais lindas e perfeitas pedras preciosas adornavam a tua pessoa: sárdio, topázio, diamente, berilo, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e outras. Seus engastes, guarnições e outras joias eram feitos como ouro puro, tudo foi preparado para ti no exato dia em que foste criado. Além disto, foste também ungido como querubim guardião, afinal, foi precisamente para essa função que eu te designei. Estiveste também no Monte Sagrado de Deus e caminhavas entre pedras resplandecentes. Naquele tempo eras perfeito e irrepreensível em teus ensinamentos e atitudes, desde o dia em que foste criado, até que se observou malignidade em ti.

      Por intermédio dos teus, muitos negócios em toda a terra encheste teu coração de arrogância e brutalidade, e pecaste; por este motivo Eu te lancei, profanado e humilhado, para longe do Monte Sagrado de Deus. Eu mesmo te expulsei, ó querubim da guarda, do meio da glória das pedras fulgurantes!

      O teu coração tornou-se altivo e soberbo por causa da tua impressionante formosura, e corrompeste a tua sabedoria por conta do teu esplendor e da tua fama. Por isso Eu te lancei à terra, diz de ti um espetáculo e advertência perante reis e governantes”.

Anjo Lúcifer

      Esses dois profetas estão falando sobre reis babilônicos usando de metáforas para exemplificar as histórias de cada um e de forma clara estão abordando com propriedade nesse comparativo a figura do Lúcifer, seu pecado e queda.

      Um belo e grande querubim, Lúcifer era tido como um “anjo de luz”, forte, formoso e sábio, com grande influência entre os anjos de Deus e responsabilidades em todo o contexto, mas deixou fluir do seu interior o orgulho e a soberba querendo se estabelecer acima do Trono do Deus Altíssimo e essa postura ao lado de outros anjos influenciados que o acompanhavam fez com que ele caísse destruído e derrotado às profundezas.

      A tática do inferno será sempre a mesma, bom de “lábia”, influenciador, tenta conduzir pessoas a eles eternamente roubando a fé e a sinceridade para com Deus, bem como usurpando a intimidade oferecida por Jesus a todos os que quiserem ser chamados filhos de Deus o aceitando como Senhor e Salvador para viver com Ele para sempre.

      Satanás sabe o que perdeu, bem como que destruído está para sempre e que seu lugar é no lago de fogo e enxofre derrotado (Apocalipse 20.10), dotado de malignidade não quer que nenhum de nós usufrua daquilo que ele perdeu. Portanto, achegue-se e apegue-se a Deus e abandone tudo o que a Bíblia diz que é errado acolhendo seus conselhos e orientações. Deus é bom e tem o melhor para você e o inferno não tem nada que possa ser bom duradouramente aproveitável. No Satanás só há maldade, mentira e morte’’...

     As passagens bíblicas são bem claras e mantem uma definição palpável dos céus e do inferno e é onde o ser humano tende a espelhar sua alma, isto é, o homem tende sempre a ter sua capacidade moral ou amoral de si, ao perceber-se no mundo ele passa a definir ainda nos seus primórdios, uma relação em base de seu caráter e em um determinado ponto da vida, ele se mostra ora ser divino e ora ser malino!

     E são as suas escolhas que somadas às escolhas de outrem, que fazem criar os factoides sobre esta terra criada por Deus, contudo, todas as perspectivas de vida se são determinadas dentro de um contexto complexo e às vezes mais-que-perfeito de uma visão ora deturpada do bem e do mal. Dando aos cegos de coração a vitrine de sua áurea.

     Entre tudo isso, ainda temos que tecer uma prerrogativa cristã, que nos impede de jugarmos o que é certo ou errado entre nós mesmos e muito mais o de condenar o próximo, sem que haja dentro de cada um de nós a luz da verdade e que esta, se é confundida com a luz da insanidade moral. Com toda esta gama de escolhas e definições, o homem tende é claro a se manter em uma corda-bamba e ainda sim, sabendo que existe o certo e o errado na própria vida material e na vida espiritual lhe serve como peso, o homem ainda se dá ao luxo de errar e errar e errar...

O começo do fim atroz, através da doçura e de outrem...

  (...) noite de lua cheia, a sétima do ano, inevitavelmente uma noite de um clarão estranho e sombrio, as relvas da noite tinham uma cor estranhamente azul e o frio, esse dava um calafrio na espinha, a floresta nem um pio de inseto ou bicho e até pareciam estar pressentindo algo ruim no silêncio da noite.

     Uma linda donzela descansava seu sono juvenil, após ter comemorado os seus treze anos junto à sua família, ela estava tão feliz que para ela, nada estava estranho e que só o seu presente dado por seu pai a satisfazia por inteira (era um pedido dela há anos, um filhote hibrido do “Cão de Saint-Jones”), tinha um tom pardo e muito lindo de fato e que assim que seu pai lhe mostrou, ela não mais largou seu animalzinho tão desejado.

     Da floresta sombria lá de fora, olhos maus e vermelhos estavam apontados para casa da inocente família e em um momento de descuido, o lindo animal se esquia dos cuidados da sua dona e em uma brecha na porta dos fundos da casa, conseguiu sair e a casa tadinha, era antiga e encrostada na floresta, toda feita de madeira de lei, porém, tão envelhecidas as paredes que já lhe tomava tom verde de limo.

     Escapando para os fundos da casa e seguindo em direção daquela mata sombria, o pequeno e novo mascote, seguia abanando seu rabo e farejando o chão úmido, em um momento a menina dá conta da ausência de seu bichinho e o chama de seu quarto, não tendo uma certeza do que aconteceu, ela se levanta e pela pequena casa sai a procura do filhote que nem um nome certo não o havia dado ainda. Ela sozinha pela casa, passa pelo quarto de seus pais e mesmo em sussurros seus pais não se levantam, ela aquece sua mãozinha em um lampião sobre a mesa vazia que havia na cozinha e observando o ambiente e tendo em seu coração um aperto, por não entender o que aconteceu com seu lindo presente, ela passa a vista na porta dos fundos da casa e denota aquele pequeno buraco e declina a certeza de que sim, poderia por ali seu animalzinho ter escapado.

    Ela então, pega o lampião e quase de forma sorrateira destranca a porta, que tinha uma barra de madeira um tanto reforçada atravessada no centro da porta e abrindo a porta, enche seu peito de uma tal coragem, que para uma pessoa adulta em um instante natural, onde que observasse o breu daquela noite misturada àquela floresta negra e sombria, jamais sairia de casa naquelas condições nefastas. Mas a menininha, além de ter tido uma linda noite de alegria junto à sua família, de ter tido uma refeição de princesa e de ainda ter recebido de seu pai o presente que ela tanto sonhava; não lhe restava outra motivação maior, se não fosse de ir em busca de seu mascote e era apenas o desejo de ir até a ponta do seu quintal chamando por seu cachorrinho, uma vez que ele nem conhecia o ambiente como um todo, talvez ele só se perdeu assustado por toda aquela novidade. Era só o que passava na cabecinha da menina sonhadora e feliz.

     Ela anda vagarosamente e dá uma volta entorno da casa, voltando para os fundos da casa, ela ouve o que lhe parecia ser uivos ou sinais de seu cachorro e que o barulho tímido vinha da direção de uma picada que tinha e que essa dava caminho rápido a um leito de rio a poucos metros da casa, ela vai bem devagar e chamando pelo cachorro mas com sua garganta trêmula, ela quase não fala e seguindo essa picada ela não se percebe já bem afastada de sua casa, assim mesmo desejando ter de volta seu cãozinho ela o chama e avança por mais alguns metros adentro da floresta.

     Depois do último som ser emanado da doce voz da pequena Emanuelle, minutos de silêncios são prostados na vazão daquela noite e logo depois se é quebrado o eco da tundra, com um grito de pavor, era a Emanuelle em sua infeliz sorte de ser dragada pela floresta e estranhamente desaparecendo depois de seu grito torrente.

      Só apenas depois de ouvir o grito de sua filha, o pai de Emanuelle salta da cama, como se estivesse em um transe que o imanava na cama e ao ouvir sua filha em um alto grito de dor e pavor, ele dispara e procurando por toda a casa não encontra sua filha e nota a porta da cozinha aberta e sem pensar corre até um canto do seu lado da cama e se arma com uma velha espada que fizera para sua defesa, corre atropelando sua esposa e segue a trilha da mata como se ele soubesse de algo além de seu silêncio tão íntimo. A sua esposa Karin, não entende nada o que passara e apenas se desespera e se agarra ao chão, jogando-se de joelho e lançando rios de preces.

      A sena de seu esposo sumindo na escuridão, foi a última lembrança que a Karin reteve por anos em sua memória e o ato de desespero do pai da Emanuelle rompendo o véu da noite são de longe o que se sucedeu naquela noite e nas noites seguidas naquele vilarejo. Os homens e pais de todas as casas próximas se uniram por uma semana e saindo em busca de Emanuelle, em uma esperança eloquente de encontrar até mesmo os restos mortais da doce menina.

     Naquelas bandas, uma velha história sempre foi contada de geração em geração além de uma vertente das velhas bruxas, que saiam em busca de novas servas do demônio, havia uma lenda quase esquecida de que, uma certa tribo nômade pairava pela Europa e sempre na surdina agia nas noites insanas e mais bestiais possíveis, levando o medo e o desespero de todas as formas por onde essa tribo passasse e se de alguma forma homens de pele enrugada e pálida, cobertos dos pés à cabeça com túnicas negras e com seus lábios costurados com fios de prata, cruzasse o caminho de outrem, ninguém sobreviveria a este encontro fatídico.

    Após os dias de buscas em vão, toda ansiedade do povo do vilarejo se transformou em uma profunda depressão e na certeza do que de fato possa ter acontecido à virgem Emanuelle e que não mais seria vista viva. A mãe da Emanuelle, já sem ânimo se prosta pelos cantos da casa e nem mais sai de seu canto solene, o pai da Emanuelle vive seus últimos dias de pai dedicado, caçando os rastros ou qualquer evidência pela floresta e sai todos os dias para encontrar sua filha ainda enquanto vida ele tiver. Todos no vilarejo passaram a manter suas crianças em cárceres e tendo seus passos sempre vigiados e isso se deu por anos e anos sem tirar de suas mentes as lembranças de um tempo feliz.

    “A pequena Emanuelle sim, foi atraída para a floresta naquela fatídica noite e o cachorro foi o pretexto mais que perfeito, um certo senhor estava no meio da estrada principal de acesso ao vilarejo e tinha em um saco de estopa velho, cinco filhotes de uma certa ninhada, que ele confirmara ter encontrado jogado na mata. O pai da Emanuele ao encontrar este inocente senhor, o indaga sobre o que ele iria fazer com tantos cachorrinhos dentro de um saco! – o velho com poucas palavras e uma cara sisuda, apenas expressa dizendo que talvez jogaria no rio, já que não tinha nem um lar para ficar e era um andarilho.

     O pai da Emanuelle viu ali uma chance de agradar sua filha, uma vez que era o seu aniversário e que ela havia pedido por mais de uma vez, um cãozinho de presente...

                 

               

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