Capítulo 03 Treino

Rio de Janeiro

Bangu

Quinta-feira 07:00hrs

(Geovane)

   "Triiiiiiim! triiiiiiiim!"

    As sete em ponto pulo da cama, quase quebrei o despertador com o tapa de outra "dimensão" que dei nele para parar com a barulheira.

    Nessa manhã de quinta como de costume, estou sozinho em casa, minha mãe já foi pro trabalho e levou meu irmãozinho pra casa da dona rosa, ela é tipo a babá do Eduardo embora ele odeie essa ideia.

     Enquanto preparo meu café a matéria do jornal dessa manhã me trouxe uma imensa preocupação, a reportagem se referia a um surto degenerado de pessoas com habilidades que chamavam de "não humanas", essas pessoas já estavam até recebendo apelidos, eram os segundo os repórteres "mods" abreviação chula de "modificados" os superdotados estavam causando muitos problemas.

     Roubos e assassinatos por todos os lados, e viaturas indo em vários lugares tentando prender os "mods".

     Os que eram presos estavam sendo levados para hospitais e estavam sendo mantidos em quarentena, Marcus tinha Razão, no fim das contas eles querem nos fazer de cobaias, entre os capturados, tinha de tudo um pouco, um cara que mudava de cor como um camaleão, uma mulher que ficava em pé nas águas da praia do Recreio e trazia ondas enormes, outra menina esticava sua língua como um chicote afiado, outro porém tinha o dom de derrubar paredes, esse último estava sendo mantido sedado e sobre total observação.

    Entre outros mais, podia dizer uma dúzia de pessoas que no dia anterior viviam suas vidas chatas e pacatas e agora estavam presas num hospital como se tivessem uma doença contagiosa o que obviamente eu não queria para mim.

    Depois de pronto, Tomo meu café as pressas, torrada com Mantega e uma xícara de pingado, visto meu calção de futebol, minha camisa térmica, minhas meias, caneleiras e chuteiras.

Estou pronto, todas as terças e quintas tenho treino, eu jogo no time do bairro, me considero um dos melhores, apesar de já estar esquentando o banco de reservas a quase seis meses, desde que consegui vaga no time do jardim bangu.

   Meu sonho sempre foi ser jogador profissional, meu pai me apoiava bastante antes de ser morto reagindo a um assalto dentro de um ônibus enquanto voltava do trabalho, eu sei que foi loucura mais o seu senso de justiça o fez agir, mais infelizmente após ter derrubado o assaltante, foi surpreendido com um tiro nas costas, disparado pelo capanga a paisana que estava se passando por passageiro, para ajudar em possíveis complicações.

    Quando estou no campo só consigo me lembrar dele me ensinando e me mostrando meus pontos fracos que tinha que reparar em cada dia, vou conseguir e vou honrar o nome dele dentro de campo.

    Vou de bike pro treino, sempre chego cedo, quando se trata de futebol eu levo a sério, assim como o Danilo que também treina no mesmo time que eu e tem o mesmo sonho, ele atravessa o portão do campo e vem na minha direção enquanto me alongo próximo a trave.

— Não use seus poderes.

   Aviso a ele com seriedade.

Ele me lança um olhar de puro desdém.

—  Não vou usar, não preciso deles pra jogar bola.

  Danilo me responde com deboche, mais afinal ele podia ele era o camisa dez do time e titular mesmo antes de eu chegar no clube e entrar no banco.

—  Bom treino.

   Digo a ele não aceitando a provocação.

—  Bora dar nosso melhor. 

   Danilo fala colocando os pesos de tornozelos.

    Depois do aquecimento, de dar voltas e voltas pelo campo, e fazer vários exercícios de resistência e eu me segurar todo esse tempo pra não "acelerar" por acidente que aliás foi mas difícil do que todo o exercício de treino. Parecia que eu não cansava, meu corpo estava muito diferente, tomei muito cuidado para não parecer estranho e nem fazer nenhuma bizarrice, aquela matéria no jornal de a pouco, me trouxe a realidade da minha e da situações dos meus colegas, demostrar meus dons poderia ocasionar na busca e apreensão deles, "eu não posso usar meu dom aqui", minha mente só martelava isso.

    O treinador e ex-jogador Adrian Ramos me trouxe a realidade novamente, me deu um tapinha nas costas e nos convidou para um coletivo, titulares versus reservas, ele trouxe uma bolsa com vários coletes da cor verde com alguns números pintados de branco.

—  Coletes para os reservas, titulares sem, dêem seu melhor, ninguém aqui tem lugar Fixo, tudo depende de seus desempenhos, façam o melhor e deixem seu treinador orgulhoso.

    Um longo discurso do treinador Ramos se segue, ele gostava mesmo de falar, porém, foi um discurso motivador.

    Passando de mão e mão o time de reservas recebeu o colete.

Peguei o colete verde com o numero onze, Danilo me olha com um leve riso no rosto porquê ele não precisava usar.

    Agora a coisa ia ficar séria como todo treino era, eu do time reserva atacante obstinado a marcar gols.

Contra o danilo meio capista armador que era muito habilidoso, mas que não era de brincar, ele sempre entrava em campo pra vencer.

"Fiiiionn"

   Toca o apito e rola a bola.

No começo, logo de cara pressão do time titular, danilo dar as ordens nas ações ofensivas do seu time, com um passe incrivel no meio de dois marcadores ele da assistência cirurgica para o tony( Atacante do time titular).

—  Gollll.

   Todos do time jardim bangu comemoram.

    Eu já estava perdendo o jogo, e mal havia começado o coletivo, Já estava em desvantagem e isso me deixava louco, corri de um lado para o outro tentando alcançar a bola, buscando a linha de fundo pra receber e forçar um cruzamento, queria mostrar que merecia a confiança de nosso treinador, mas, só o meu esforço humano e intensidade, toda minha tenacidade física não surtavam efeito em campo, me segurei ao máximo durante o coletivo pra não usar meus poderes mais depois de estar perdendo de 4 x 0, isso foi me fazendo esquecer como segurar meus "dons" ocultos.

    Comecei desacelerando por milésimos de segundos todo o tempo a minha volta, de modo que parecesse que tudo ainda estava normal para todos que fitassem eu conduzindo a bola, fiz isso de um jeito que parecesse que eu só estava correndo um pouco mais rápido, quem via o jogo diria que eu estava me esforçando mais. Naquele mesmo lanche, voltando para marcar roubo a bola de Danilo no momento em que ele iria chutar para marcar o quinto gol.

—  Eiiii.

    Ele grita com supresa.

—  É minha essa!!!.

    Levo a bola com cuidado em direção ao gol. De modo que ninguém conseguisse me alcançar saio de entradas e carinhos driblo o goleiro, um gol lindo.

    A bola rola de novo para eles, não perco meu tempo e acelero de novo e tomo a bola outra vez vejo todos ficando pra trás levo a bola pro gol rolo pro lado em que chega um companheiro de time, marcinho ele marca o gol.

   Em seguida no meio de campo.

— Eu sei o que você está fazendo, ninguém percebeu, mas eu sim. — Danilo fala com voz de repreensão.

—  Isso é futebol.

   Falo para ele sem um pingo de vergonha na cara, nessa altura do jogo eu só queria vencer, ah qual é? Quem não faria o que eu estava fazendo ?

—  É, não se assuste comigo de agora em diante.

    Danilo parecia estar mesmo irritado.

   A bola rola de novo.

Danilo corre com a bola. Me aproximei dele estando um pouco mais rápido, quando estava preste a pegar a bola. Não consigo e me afasto por sentir um calor intenso vindo dele. Não tinha chamas.

    Mas percebi que se eu tocasse nele poderia acabar queimado, mas mesmo assim ignoro o perigo e paro o tempo um pouco mais, no momento em que ele coloca a bola na frente, por meio de um milésimo de segundo. Fui até a frente dele e peguei a bola mesmo com todo aquele calor queimando os pelos do meu braço sem nem o ter tocado.

—  Canalha! Ladrão!

   Danilo me xinga com vontade agora.

   Vou deixar minha marca! vou com tudo com a bola.

    perto do meio de campo, sinto novamente aquele calor, não sei como mais Danilo já estava logo atrás de mim. Num esforço enorme ele coloca a perna na minha frente estava quase explodindo em calor, mas, não havia chamas, ele controlava bem os seus poderes.

    Eu vi que poderia me queimar ali e agora e ainda iria perder a bola.

    Naquela dividida coloquei toda velocidade nas minhas pernas, naquele momento tudo ficou lento

Todo o mundo a minha volta parou

Olhei em volta e vi meus companheiros correndo a minha volta e Danilo do meu lado aquecido e furioso tentando chutar a bola contra o outro lado do campo.

    Não pensei duas vezes e chutei a bola naquele meu estado de frenesi durante total inércia do tempo e espaço a minha volta.

    Tudo acelerou de novo, tomei um tronco super aquecido do Danilo que me fez sair rolando na grama, a bola do meio de campo foi em direção ao gol como um tiro. Atravesou todo o gramado morrendo dentro das redes que ficaram bem estufadas com o meu chute, que por pouco não furou as redes.

—  Golllll é Golllll outro do Geovane.

    Todos do meu time me abraçaram, enquanto comemoravam!

  "Fiiiionn"

    A bola rola novamente no círculo Central do campo,

    Marcinho da a bola pra mim na medida, eu vou levando a bola e estranho algo, aonde estava Danilo?

Cadê todo aquele calor de agora pouco? Levando a bola dou uma pequena pausa olhando para trás e o que vejo me assusta, Danilo parado no mesmo lugar da onde estava parado enquanto a bola rolava, não entendi bem o que ele estava fazendo mais ao olhar pros seus olhos juro que vi umas chamas saindo, mas mesmo assim ele não se movia, bom o ignoro e mais uma vez alcanço a meta rápido e fácil, ninguém podia me parar ali, era o contrário era eu que podia parar a todos, literalmente, olho pro gol aponto e chuto um chute bem da entrada da grande área, daqueles que vão rasteiro, queimando a grama e por mais que o goleiro se estique é indefensável.

—  Outro gol.

    Meu triplete, hat trick do papai aqui.

"Fiiiionn fiii fiiiium"

    O tecnico Adriano Ramos assopra o apito indicando o fim do coletivo e término de treino. Terminou 4×4 o jogo, um empate, mais parecia que a Vitória era do time reserva. Todos gritavam, era a festa dos perebas.

   Danilo estava com cara de inconformado e veio até mim.

— Você roubou!!!

    Me acusou seu olhar como duas espadas afiadas, futebol era coisa muito séria para ele.

— Roubei ? Eu empatei o jogo com você só isso.

    Rebato enquanto sentia meu rosto queimar porque mesmo que eu não admitisse sabia perfeitamente que havia sido desonesto na partida.

Não debati mais com ele e fui para longe.

     Eu me assustei quando logo no fim do treino o professor Adrian me chamou para conversar.

    "Estou frito" era só o que eu pensava, porque de alguma forma talvez ele soubesse que fui desonesto e agora estava me chamando para informar minha expulsão do time.

—  Está no time titular, a partir de hoje, você fez por merecer, pode logo tirando esse colete verde ai.

    Anunciou o técnico de modo definitivo.

Eu o encarei completamente atônito.

     Eu era titular, vibrei interiormente como nunca.

—  Uau eu com certeza vou dar o meu melhor!

    Respondi com confiança.

Danilo que havia se aproximado de nós me encara e murmura alguma coisa que era bem ofensiva.

— Danilo não seja um mal perdedor, o Geovane fez por merecer, conto com você Geovane no time principal daqui pra frente.

    Disse o técnico indo em direção aos equipamentos pós treino.

—  Seu controle de calor, foi estranho hoje, como dominou isso tão rápido?

Como você consegue é meio que ficar com uma febre super alta, achei demais.

    Comentei a Danilo, afinal, ontem a noite ele nem conseguia apagar suas chamas, hoje ele aquece sem produzi-las, é muito estranho isso, minha fascinação repentina pareceu distrai-lo porque logo sua expressão de indignação suavizou.

—  Fiz isso do mesmo jeito que você, não entendo ainda a natureza dos seus poderes, mas agora tenho certeza de que eles existem, não tem outra explicação para sua habilidade repentina.

  Danilo responde zombando de mim e enfatizando todos os anos em que estive atrás dele, na sombra de sua habilidade, hoje tudo mudou, agora me igualei a ele.

—  Mesmo eu estando muito zangado pelo seu roubo, e pela forma absurda que você conseguiu empatar comigo essa partida, não temos tempo pra essa discussão, daqui a pouco o Marcus vai falar com a gente e com os outros, precisamos saber quais são as reais intenções daquele nerd com a gente.

     Pode ser até cômico, mais a razão estava nas palavras de Danilo.

—  Está certo, eu sei que deixei subir a cabeça, mas agora o que importa é nossos poderes vamos focar em usar esses dons de uma forma melhor daqui pra frente, chega de usar no futebol.

    Apertamos as mãos um do outro, um sinal de aliança de paz entre rivais e amigos.

—  Te vejo daqui a pouco na reunião que o Marcus vai dar com a gente na aula.

     Danilo se despediu, atravessou o portão e foi em direção a sua que ficava bem perto do campo, sempre pensei que o talento dele de jogar bola se resumia a morar do lado do campo,

Mas agora sei que não, ele realmente nasceu com o dom.

—  logo logo chego lá irmão.

    Penso isso em voz alta, corro pra casa em cima da bike, para me arrumar para escola.

Esse dia tinha tudo pra ser bom.

Vamos com tudo, eu vou ser o maior herói.

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