Capítulo V

João Felipe

Depois da saída da Vivi, meu irmão tentou me passar um sermão sobre educação e como devemos tratar as pessoas bem, todo um discurso que ele sempre insistia em fazer, em todas as vezes que não gostava da forma como eu tratava sua amiguinha.

Acabamos discutindo e eu saí sem me importar realmente com o que ele falava. Afinal, eu estava começando a me perguntar se eles não tinham nenhum tipo de relacionamento amoroso mesmo.

A festa na casa da Alicia já estava acontecendo quando cheguei lá e eu iria aproveitar para tentar encontrar alguma mulher para sairmos juntos. Em outras palavras, alguma mulher para me fazer esquecer a Vivi que encontrei ao retornar ao Brasil. Uma Viviane já totalmente mulher, cheia de curvas e com uma língua afiada.

Todas as vezes que eu visitei meus pais nesses últimos três anos, eu consegui não encontrar com a Viviane, sempre a evitando com todas as minhas forças. Poderia dizer que a tinha visto pela última vez quando ela ainda tinha dezesseis anos e um jeito de menina ainda.

Agora ela estava ainda mais bela e ainda era totalmente inexperiente no que dizia respeito a sexo, pois mesmo longe, eu conseguia arrancar do meu irmão tudo sobre a Viviane, pois eles vivam grudados e ele sempre me contava tudo sobre ela, acredito que sem nem mesmo perceber.

Vê-la tão linda e mudada estava me afetando mais do que eu estava preparado e o controle sobre minhas ações estava escapando por entre meus dedos.

Como o que aconteceu hoje, quando os vi chegar de mãos dadas, aquilo me incomodou de uma forma tremendamente irritante. Estava ficando cada vez mais difícil controlar meu sentimento de posse sobre aquela garota, e um exemplo disso era que eu estava em uma festa cheia de amigos e mulheres lindas, e ao invés de aproveitar, eu estava pensando na Viviane.

- Oi, Felipe. Você não veio nem me cumprimentar quando chegou. Estava todo esse tempo esperando você ir até mim. - Falou a Alicia, se aproximando de mim e enroscando um braço no meu. Ela estava vestida com um microvestido vermelho e saltos altíssimos e eu poderia afirmar que, mesmo ela sendo linda e está vestida para chamar a atenção de qualquer homem que a olhasse, eu não senti nenhum interesse por ela.

Pensei em uma desculpa para justificar minha atitude grosseira, mas para meu alívio o Ricardo chegou tomando a cena.

- Você está um arraso, hein garota? - Ele falou abraçando-a e beijando seu rosto de maneira demorada.

Ele sempre havia sido louco pela Alicia e nunca escondera isso de ninguém. Eles já haviam namorado na época do colégio, assim como eu e o Nicolas também a namoramos. Quando fui morar no exterior, ela queria manter a nossa relação à distância, sugerindo ir me visitar, mas eu deixei bem claro que não era algo que eu queria e ela fez uma cena na última vez em que a gente se viu.

- Sempre estou, não sei por que a surpresa. - Alicia falou com enfado, seu olhar fixo em mim. - E então, Felipe?

- Estava nos meus planos ir à sua procura antes de ir embora. - Menti.

- Estava louca para te ver desde que você chegou, mas até parece que você estava fugindo de mim.

Passei cinco anos fora, mas parece que nada mudou no final das contas.

Continuei conversando com o Ricardo e tentando me livrar das garras da Alicia pelo restante da noite, enquanto ela se esquivava das investidas dele.

Assim foi durante toda a noite, não consegui aproveitar realmente a festa e, por mais que várias mulheres, além da Alicia, praticamente tenham se jogando para cima de mim, voltei para casa sozinho.

Isso estava virando rotina já, desde que cheguei ao Brasil e que encontrei com a Viviane na boate, acompanhada pelo meu irmão e não mais com um rosto adolescente e um corpo de menina, como quando eu fui para os Estados Unidos, mas sim com um rosto e um corpo de mulher.

Ela havia se tornado uma mulher belíssima, e mesmo vestindo-se de maneira simples, pois eu nunca a vi com roupas elegantes ou mesmo com roupas caras, de grife, eu podia dizer categoricamente, que ela sempre estava linda e que nenhuma outra chegava aos seus pés.

Suspirei enquanto dirigia meu carro em direção a mansão. Eu estava fazendo muito isso ultimamente, suspirando.

Deixei o carro na garagem e subi para o meu quarto. Estava cada vez mais frustrado. Acho que era hora de assumir meus compromissos na empresa. Eu precisava ocupar meu tempo e os cursos que eu desejava fazer já os havia concluído todos. Não tinha motivos para viajar novamente para fora do Brasil, pois já estava com vinte e quatro anos e era chegada a hora de assumir minhas responsabilidades como primogênito dos Mendes de Albuquerque.

Estava cansado de fugir. Essa era a verdade, e ocupar minha cabeça faria com que eu esquecesse de coisas que eram impossíveis para mim. Mas até em meus sonhos ela estava.

***

Depois de uma noite insone, rolando na cama, acordei estressado e sem paciência. Duas coisas que já faziam parte da minha personalidade, só que elevadas à potência máxima. Decidi ficar em meu quarto. Era melhor que descontar minha frustração em algum desavisado.

Não consegui realizar meus planos, pois meus pais bateram à porta do meu quarto meia hora depois de minha sábia decisão.

-Podem entrar! - Falei alto, para me fazer ouvir, já que eles batiam sem cessar na porta e chamavam por meu nome.

- Desculpa meu filho, mas sua mãe acreditava que você ainda estivesse dormindo. E como sabemos que seu sono é pesado, então. - Explicou-se meu pai, constrangido.

- Meu amor, nós aceitamos o convite dos Alcântara para passar o fim de semana na casa de veraneio deles no Guarujá. - Minha mãe, toda animada. - Você deveria vir conosco. Tenho certeza que você gostaria de reencontrar com seus amigos dos tempos de escola.

Os Alcântara eram sócios do meu pai em alguns investimentos e as famílias tinha uma ótima ligação há anos. Eu era bastante amigo dos irmãos Nicolas e Henrique, inclusive.

- Mãe, estou cansado e estressado. Acho que não serei uma boa companhia p. - Declinei do convite, sendo bastante sincero na verdade.

- Aconteceu alguma coisa? Andou se estressando no trânsito novamente? - Dona Marta logo perguntou, preocupada.

- Não mamãe! - Percebi que meu pai já ia questionar sobre essa história e fui logo explicando, levantando as mãos para o alto. - Não precisa se preocupar papai! Não foi nada do que o senhor está pensando. Eu apenas cheguei estressado outro dia, mas não discuti no trânsito não, como a mamãe está dando a entender.

- Vamos conosco, querido! A Beatrice e a Alicia também estarão lá. - Falou a mamãe mais uma vez, tentando me convencer. - Você poderia revê-las e quem sabe, não é mesmo?

- Estive com as duas ontem, mamãe. Fui a uma festa na casa da Alicia. Nada aconteceu, se a senhora quer saber. - Cortei logo suas expectativas. Não senti nem um pouco de atração pelas socialites fúteis que estavam na festa e também não expliquei que vi a Beatrice apenas à distância, pois não cheguei nem mesmo a cumprimentar ela.

- Ah, que pena. Elas seriam esposas perfeitas. - Minha mãe lamentou.

- Esposas perfeitas para outros homens, para os meus filhos não. Espero que você não siga as ideias de sua mãe e encontre uma mulher de princípios e não alguém tão fútil como essas garotas que a sua mãe tanto admira.

- Meu pai falou, olhando de maneira firme para minha mãe, cortando qualquer protesto por parte dela. - Vamos querida. Sabe que gosto de aproveitar todo o meu dia de folga e tenho vários assuntos a pôr em dia com o Gustavo. - O Gustavo Alcântara era o pai dos meus amigos, e sócio do meu pai.

- Até logo filho. Caso mude de ideia, apareça por lá. Não se iniba. Tenho certeza que todos vão gostar de sua presença. - Minha mãe ainda tentou, saindo quase puxada por meu pai.

- Meu filho, não se deixe levar por sua mãe. Faça o que tem vontade e aproveite bastante esses dias, pois o quero assumindo seu cargo na diretoria da empresa a partir de segunda. Até mais.

Fiquei olhando para a porta por onde saíram e uma inquietação tomou conta de mim, ao ouvir as palavras do meu pai.

Quando eles já estavam no corredor, o João Pedro entrou no meu quarto, depois de se despedir deles de maneira alegre.

- Parece que a manhã vai ser movimentada. - Reclamei quando o vi entrar.

- Deixa de ser chato! Vim apenas avisar que estou viajando hoje e só retorno na segunda.

- E a sua amiga inseparável, ela também vai com você? - Perguntei de maneira displicente. Não queria que ele percebesse o quanto a resposta me interessava.

- A vivi está totalmente dedicada a estudar para as últimas provas do semestre. Não quer nada atrapalhando sua concentração. - Falou se jogando na minha cama, sem se importar em quase ter deitado sobre os meus pés. - Sendo assim, estou indo encontrar uns amigos para um fim de semana bem movimentado. - Falou e sorriu de maneira descarada.

- É, parece que alguém vai se divertir hoje. - Falei aliviado em saber que a Viviane não estaria aproveitando o fim de semana ao lado de meu irmão e de seus amigos.

- Você nem imagina o quanto! - Meu irmão respondeu e eu até consegui sorrir junto com ele.

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