Minha Doce Perdição
Minha Doce Perdição
Por: L.G.Coelho
Capítulo 1

"Laura"

Corria pela rua escura sem saber para onde ir, sai de casa pela janela, meu padrasto estava atrás de mim totalmente bêbado, sei o que ele quer por isso fugi, peguei o dinheiro que minha mãe tem escondido no colchão já a alguns dias.  As primeiras roupas que achei coloquei na mochila, fugi sem saber para onde ir ou se eles viriam atrás de mim.

Agora estou na rua, com fome, sem saber nem onde estou e nem o que fazer, suspiro cansada, paro na calçada me sentando no chão e olhando meus pés, tenho que decidir para onde ir. Não sei o que fazer mas com certeza não voltarei pra aquela casa, nem que eu tenha que morar na rua e passar fome por um tempo.

Levantei decidida eu já tenho dezessete anos posso muito bem morar sozinha, viver minha vida longe desse inferno. Vou andando até o ponto de ônibus e me sento, antes de sair não peguei nem o mapa da cidade, conheço algumas pensões e irmandades que ouvi das minhas colegas da escola.

Quando o ônibus aponta na esquina desisto de paga-lo, ir andando me poupara dinheiro, tenho para ir embora dessa cidade, mas primeiro vou achar um local para ganhar mais dinheiro. Está na hora de reconstruir minha vida e sai desse buraco. Hora de crescer, de me tornar uma mulher, respiro fundo e ando mais rápido.

Andei por mais de uma hora até chegar na pensão mais próxima que conheço, está cada vez mais frio, bati na porta esperando. Logo escutei o barulho de chaves e a porta se abriu, uma senhorinha sorri pra mim seu olhos pequenos e bochechas redondas.

-Boa noite, a senhora tem um quarto? -pergunto enquanto tento me aquecer com os braços.

-Entre minha filha, está muito frio aqui fora. -ela me puxa para dentro e sinto o cheiro de chá e biscoitos. -Sorte sua que um dos quartos ficou vago hoje mais cedo.

Vou seguindo ela pelo corredor da grande casa, chegamos em uma cozinha, vejo várias pessoas sentadas em uma mesa comendo e conversando, algumas de pijama outras arrumadas em roupas de sair, mulheres e homens.

-Sinta-se a vontade, aqui nós nos tratamos como família. -diz me fazendo sentar na cadeira e me estendendo um prato com comida, mesmo com vergonha dos olhares sobre mim, começo a comer devagar.

Me sinto estranha sob os olhares compreensivos e ate mesmo de pena, afinal hoje é uma data comemorativa, um dia parra se passar com a família. Começo a sentir os olhos marejados e continuo a comer de cabeça baixa, sinto uma mão em meu ombro, levando a cabeça limpando as lágrimas com as costas das mãos, vendo uma mulher magra com rosto abatido e sorriso fraco.

-Diga qual seu nome criança? -olho para ela que me serve um como de suco e se senta ao meu lado, os outros já se dispersaram.

-Laura Drummer, quanto custa a noite no quarto? -questiono, não sei se meu dinheiro é suficiente, meu corpo pede por descanso, preciso tomar um banho e dormir.

-Oh sim, o quarto é compartilhado, espero que não se importe. -confirmo com a cabeça, não irei ficar muito tempo aqui. -Uma noite é vinte. -logo quero ir para outra cidade e viver bem longe desse meu passado estranho.

-Não há problema algum, quero descansar. -digo e ela sorri ternamente, depois me entrega uma xícara com um líquido que deduzo ser chá. Pego e a mesma aquece meus dedos, suspiro por tudo que passei para chegar ate onde estou agora, meu corpo relaxa só por minhas mãos estarem mais aquecidas.

-Beba, vai te ajudar a aquecer o corpo... -antes que ela termine de falar uma moça loira e de olhos azuis aparece, ela é linda, não deve ser mais alta que eu, mas tem uma beleza exorbitante.

-Dona Judith vim lavar as louças. -diz e amarra os cabelos em um coque frouxo. Fico observando sua postura, o jeito de lavar os pratos e talheres, tudo parece ser feito no automático. A senhorinha que estava sentada em uma cadeira perto da porta ergue o olhar de seu tricô e diz:

-Diga boa noite para Laura, não seja mau educada Olivia. -sorrio negando com a cabeça. -Ela irá ficar com a cama no seu quarto com sua mãe, espero que cuida da criança Hannah e Olivia.

-Tudo bem dona Judith, estou com pensamento longe, desculpe. -responde Olívia com um sorriso sem vida, vazio. -Olá, boa noite. Eu me chamo Olivia Sentyl, acho que seremos colegas de quarto.

Ela diz me olhando nos olhos e estendendo a mão para mim, coloco a xícara na mesa me levantando para pegar sua mão, sorrio pegando sua mão cheia de calos, nos encaramos e é como se estivesse me olhando no espelho do que sou agora.

-Laura Drummer, muito prazer. -acho que a muito tempo não converso normalmente, mas essa noite esta sendo boa, finalmente estou me sentindo livre para fazer o que sempre quis, interagindo com pessoas, comendo coisas diferentes. Espero que daqui pra frente seja ainda melhor.

                                  ⭐🌟⭐

Sebastian

Meu pai praticamente me intimou a casar, se não ele passa tudo pro nome do meu irmão que ficou apavorado assim como eu.

Não sei o que fazer, as únicas mulheres que conheço são as prostitutas que trabalham para a máfia, mas duvido muito que tenha alguma que preste para um casamento arranjado.

Suspiro, o que eu faço agora?

Eu nem consigo pensar, pego meu carro e saio andando pelas ruas pouco movimentadas, isso sempre me ajuda a relaxar, aumentar a velocidade, ver as luzes passando como um flash.

Mas nada disso me faz ter alguma ideia de como seguir minha vida, como lidar com esses problemas que surgem a cada momento.

Volto pra casa cansado e com raiva de todos os acontecimentos dos últimos meses, tantas coisas para lidar.

Assim que entro vou direto ao quarto de Lian, ele dorme tranquilamente no berço, tão pequeno, frágil, delicado, tem apenas seis meses, ainda nem caiu a fixa de que eu sou pai, engravidei uma prostituta e assim que ela deu a luz sumiu no mundo, claro assim que lhe paguei uma certa quantia.

Em pensar que eu quase fiz ela tirar o bebê, meu filho primogênito, quase fiz uma besteira enorme, mas agora olhando esse ser tão pequeno que pode quebrar a qualquer momento me sinto o melhor homem do mundo.

Caio no chão de joelhos, já não tenho forças quase matei meu menino, mas está na hora de mudar um pouco, pelo meu filho e por mim, tenho que mudar.

Hora de mudar por ele, de achar uma esposa, eu não tenho a vida toda já estou com 25 anos, esta mais que na hora mesmo de me amarrar com alguém, procurar meu grande amor se é que isso existe mesmo.

Sai do quarto dele em direção ao meu, tenho muitas coisas para pensar mas é melhor fazer isso amanhã, quando eu estivesse menos estressado e sóbrio. Por mais difícil que minha vida esteja, por tudo que já passei, irei apenas tentar seguir adiante e ser feliz, ser pai, crescer.

                                  ⭐🌟⭐

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