Capítulo 5

Pingos grossos de chuva, o chão sob seus pés afundava a cada passo, encharcando–lhe a barra da roupa. Chocolates se estreitavam na escuridão e seu corpo tremia a cada novo disparo do céu sobre sua cabeça, porém, já chegara até ali e não voltaria, mesmo que seus ossos estivessem banhados pela chuva. As pequenas mãos afastavam os galhos de árvores que surgiam pelo caminho enquanto penetrava ainda mais na floresta ao redor da casa. Seus pés negros pela lama. O barulho incômodo das gotas nas folhas e o ranger do vento frio entre as copas das árvores... Talvez devesse voltar, estreitou o corpo entre os braços.

Os dentes tremeram quando avançou mais um pouco e a tempestade desabou de vez sobre ela. Como ele poderia ter entrado tão longe na floresta? Não havia nem quinze minutos que o vira sair pela porta lateral da casa, em silêncio. Tinha jurado a sim mesma que descobriria o segredo do Conde naquele dia, só não contava com a chuva. Um vulto se delineou a sua frente, assustando-a e fazendo-a partir um galho ao pisar no chão em folhas. Os rubros que se voltaram até os chocolates dela, alargados, enquanto a menina retrocedia sem prestar atenção no caminho, colidindo com o tronco atrás de si e caindo ao chão. Escorregando pelas folhas e lama para fugir dali... Fugir dos vermelhos que a caçavam.

As mãos que tatearam o solo liso em busca de apoio para poder se erguer e correr pela floresta. Uma tentativa vã, pois sobre a chuva forte, quanto mais se arrastava pelo chão, mais ele parecia tragar–lhe para suas entranhas. Um novo relâmpago e os olhos aterrorizados caíram sobre a figura envolta num grossa capa a sua frente. O rosário proferido pelos lábios pálidos, em chocolates fechados. A voz que chegou até seu ouvido como um alento:

Ellen...

Os olhos que foram forçados a abrir e fitá-lo.

Alejandro... – balbuciou ainda tremendo. Suja de lama contra a camisa branca dele.

O barulho do trovão e unhas dela enterradas no tecido, marcando os braços que a rodeavam.

O que fazes aqui? – Apertou–a contra si, sentindo-a tremer sobre seu corpo. – Vais ficar doente, por que veio atrás de mim?

Então ele sabia? O rubor em sua face que nada aquecia sua alma, nem seu corpo. O cheiro de cravo misturado a outro, que ela descobriu vir da mancha contra sua bochecha. A mancha amarronzada no branco... O cheiro que ela identificou como o férreo de sangue.

O que é isso? – Empurrou-o para longe de si, o tecido sujo entre os dedos. A chuva que molhava-os completamente, sem trégua, mas que não lavava a marca. A marca do pecado dele.

Por que veio? – Ele insistiu, recostando-se no tronco atrás de si e abaixando o capuz . Deixando o olhar ainda rubro sobre ela, o risco do pecado no canto da boca.

Tinha curiosidade sobre o que, há noites, vem fazendo na floresta... – rebateu temerosa.

Nunca pensou que seu excesso de curiosidade a poria em perigo, milady? – contrapôs irônico, o imortal dentro dele gritando.

Ela preferia o mi señora, mas entendia que fora longe demais e não queria descobrir o que de fato aquilo significava.

Pardon... – murmurou, tentando mais uma vez se erguer, mas antes que obtivesse êxito, seus pulsos foram capturados pelos dedos longos dele.

Não há para onde correr, Ellen – soprou ao ouvido dela, afastando o fios escuros de cabelo de seu rosto. – Você veio atrás de aventura e encontrou.

Solte–me... – Puxou os pulsos das mãos dele em vão. O cheiro de cravo possuindo-a, não podia ceder, não reconhecia aquele homem como o Conde... Mas simplesmente aqueles dedos a corrompiam, correndo calmamente pelas linhas do seu queixo, escorregando pela garganta enquanto virava para si, a linha do pescoço.

Não posso... – Ele resfolegou junto a sua orelha, molhando seu lóbulo com um beijo enquanto colava seus corpos. A chuva os arrepiando, as respirações descompassadas fervendo o sangue em suas veias, inebriando-os. – Eu a desejo desde a primeira vez que a vi.

A língua que tocou calmamente sua pele enquanto as mãos afastavam a alça da camisola. Os lábios que escorregaram molhados de chuva, do gosto dele sobre a linha do maxilar.

Diga que tem medo de mim, Ellen... – sussurrou entre os dentes num apelo.

A quentura que consumia seu corpo sob aquele toque pernicioso que ela permitia, no cheiro de cravo que se espalhava por baixo de sua pele.

E–u... – O fôlego retirado pela língua que novamente deslizou por seu pescoço, transformando-se em beijos ávidos até roçarem seus lábios, que se entreabriram para recebê–lo, trêmulos.

Impeça-me de prosseguir, mi señora... – Chocolates que brilharam nos violetas. Entre os cabelos que ele lutava para retirar do rosto encharcado pela chuva.

Eu quero que me beije. – Os braços delicados que rodearam seu pescoço, trazendo-o mais próximos dos lábios sob os seus, cheirando a rosas.

Os violetas que os tocaram delicadamente, primeiro só com olhar, sentindo-lhe a inocência, a mesma que marcava o corpo sob a camisola. O corpo que o seu desejava consumir, como o amor que sentia por ela, um veneno doce em suas veias, que ele não deixava que o corrompesse. Que o fizesse tomar o que não era seu. Devia apenas roubar-lhe o beijo, o tão sonhado toque que ela o ofertava... queria sorve-lhe todos até o fim de sua existência e da dela, mas se conformaria se fosse apenas um. Seria o primeiro, o que ela sempre carregaria em suas lembranças.

O veludo que provou ser como a pétala, quando deixou seus lábios sobre ele, sentindo-o tremer, inexperientes. Contornando–o com os dedos, voltando a beijá-los, agora mais intensamente, deslizando a língua entre eles e partindo-os, fazendo com que o recebesse aos poucos no seu gosto. O gosto da sua menina que se entrelaçava ao dele, num toque sedutor da mulher que desabrochava entre seus dedos e que ele agora deixava brincar com seus sentidos. Que enterrava os dedos entre seus cabelos enquanto a estreitava em seus abraços e era consumido pelo toque dela, quente e desejoso dele. O corpo que reagiu a presença da mulher, o imortal que procurou o sangue de quem amava para calar sua dor... E em um movimento, ele a afastou de si.

A visão dos lábios inchados sobre a chuva, o coração disparado demais para alguém como ele e a sede dela que queimava suas veias. Tão rápido quanto se permitiu, ergueu–se e a ela também, com a mão estendida.

Devemos ir, ou podem dar por nossa falta – explicou simplesmente, querendo ficar com ela ali. – Não quero que a encontrem assim, e seu pai sabe que tem medo de trovões.

Você sabia disso?

Sim... – Violetas que a conduziam rapidamente entre as árvores. – Sei tudo que preciso saber sobre você.

É estranho... – Haviam chegado aos jardins e ele a tomou no colo.

Seremos mais silenciosos assim... – Conduziu-a pela casa com uma rapidez que ela não soube precisar. Parou apenas quando estava no quarto dela.

Eu não sei quase nada de você – ela completou ao ser devolvida ao chão.

Sabe o que deve saber para sua própria segurança... – O barulho no corredor e apenas um gesto.

Os dois embaixo da cama, os dois dedos sobre os lábios dela, exigindo silêncio. Os corações que voltavam a acelerar.

... xxx...

Os passos que corriam na direção do quarto da filha e a porta foi aberta num sopetão A respiração ruidosa enquanto os trovões explodiam lá fora.

Ellen... – Os olhos castanhos que varreram cada centímetro do lugar. Um novo estrondo e um clarão iluminando a noite quando novamente seus olhos correram cada sombra. – Onde diabos ela se meteu?

O Duque bufou com a lampião nas mãos. Sabia que a filha odiava tempestades. Quando era muito pequena, Ellen se refugiava em sua cama, cobrindo sua cabeça com o lençol até que, por fim, era vencida outra vez pelo sono junto ao corpo do pai. No entanto, a ausência dela, aquela hora da noite, não era comum. Onde poderia ter se refugiado? Arrastou os pés de volta para o corredor e desceu na direção do quarto de Emile... Talvez estivesse com sua irmã, era uma possibilidade.

Ele fechou a porta atrás de si, fazendo com que Alejandro rolasse o corpo para fora da cama e tirasse Ellen do esconderijo. Silenciosamente, escorregou pelo assoalho e correu o trinco.

Vista alguma coisa limpa, Ellen... Depressa – sibilou. – Ele não tardará em voltar aqui quando descobrir que não está com sua irmã.

Ainda nervosa pelo beijo, ela obedeceu as palavras do Conde, pegando uma muda de roupas limpas. A um canto do quarto, onde a sombra parecia ser mais densa, deixou que o tecido sujo deslizasse pela pele até o chão. Não se atrevia a voltar os olhos para suas costas, poderia encontrar violetas sobre ela... Sobre o corpo de menina que tremia na simples lembrança do beijo.

Os olhos que acompanhavam cada detalhe da cena, mesmo de longe, sentindo o cheiro rosas preencher o ar e chamar por ele. Não a via realmente direito, mas sabia exatamente como era cada curva do corpo dela... e isso lhe retirava a razão. Por um diminuto e frágil segundo, não se conteve, violando o espaço entre eles, colocando-a de encontro à parede atrás de si. O coração aos pulos no peito dela, bombeando o sangue que o chamava, que o fazia querê-la mais que qualquer outra... de uma forma que ele não conseguia controlar. O impulso de deixar suas mãos correrem sobre o tecido limpo, erguendo-o aos poucos, vendo-a fechar os olhos... Entregue a ele. Sua menina, tão inocente do mal que ele era.

A boca que ela entreabriu, esperando recebê-lo de novo... As defesas baixas e o perfume de cravo que se espalhava sob sua pele. Tocava-lhe os traços do rosto conforme sentia-o deslizar os dedos por sua coxa. Arfava sob sua boca aberta, tentando não tremer com a investida dele... E a batida na porta os atirou para lados diferentes do quarto.

Ellen? – o pai gritou do outro lado da madeira. – Você está bem? Abra essa porta!

Violetas nos castanhos que ainda tentavam se recompor, e no desviar dos olhos dela para a nova insistência do pai, ele sumiu na noite... Levando a camisola suja consigo.

...xxx...

O Allera ancorou no porto na manhã seguinte, exatos noventa dias depois de sua partida. Rámon estava em pé, na frente de Alejandro, nas primeiras horas do dia.

Tudo foi feito como ordenaste, Alejandro – murmurou enquanto o via bebericar uma xícara de chá. – Vejo que acordaste bem disposto, teria chegado ontem se não fosse a tempestade que nos alcançou em alto–mar e nos impediu de atracar.

A Revolução está em curso? – indagou num sussurro.

Plenamente... – confirmou-lhe o imediato. – Está correndo conforme você previu, em breve a França estará livre de certos nobres inconvenientes.

Não só a França, meu amigo... – Sorriu-lhe o Conde, atravessado.

E a moça? – perguntou enfim, o irmão. – Conseguiu progressos?

Alguns... – Seu olhar escureceu sobre a xícara de porcelana.

Ainda estás enamorado! – protestou baixo Rámon. – Era para já teres resolvido essa situação, Alejandro!

Cuidado com o que dizes. – Colocou-se de pé num aviso mudo. – Não estás no navio, aqui somos convidados e não tolerarei desrespeito sob esse teto.

Foi a vez do irmão lhe sorri, e argumentar:

Então não conseguiste nada do pivete... Deixarás a cidade com as mãos abanando!

Violetas cintilaram nos castanhos dele.

Não abuse de minha paciência, irmão.

Será a primeira a não cair em suas graças... – Segurou um novo sorriso que tentava aflorar em seus lábios. – Diga-me, o que ela tem de tão especial?

Tudo... – Violetas desviaram dos traços de Rámon para a janela. – Do cheiro à inocência, tudo parece brincar comigo!

E brinca, mesmo, não? – retrucou levemente irritado. – Como pensas em deixá-la para trás ficando nesse estado?

Não posso levá-la comigo...

E ela iria?

Penso que sim.

Aconteceu algo, Alejandro? – Seu tom era de total preocupação. – Entre vocês dois?

Eu a beijei..

Uma gargalhada rompeu dos lábios do subordinado do Allera, mas o olhar de desprezo do Conde partiu em sua direção na mesma velocidade, calando-o.

Achei que havia acontecido algo mais – justificou Rámon.

Ela é apenas uma menina.

E quantas você já teve aos seus pés? – contrapôs o moreno.

Não posso, Rámon... Simplesmente não consigo – despiu-se de sua fortaleza na frente do único a quem confiaria sua vida. – Não quero tocá-la uma única vez... roubando-lhe aquilo que mais me atrai nela, a inocência da sua juventude. Se eu a maculasse com essas mãos, seria um leviano que age por instintos! Eu a deixaria para trás, como as outras, mas ao contrário do que aconteceu nas outras vezes, carregaria o peso de ter subtraído sua alma por egoísmo...

Você não é um monstro, homem! – esbravejou o imediato, assustado com o brilho de violetas.

Mas me sinto um... Eu não devia tê-la beijado. – Meneou negativamente a cabeça. – Enchi-a de falsas esperanças, que para mim não existem.

Prometeu–lhe algo? – alarmou-se de vez.

Não, mas o que não é um beijo quando se tem o coração puro e cheio de ilusões? – defendeu–a.

Céus, Alejandro! Está justificando sua dor ou a dela?

Não sei... – Os ombros envergaram, como se lhe pesassem de repente, os anos. – Eu a desejo profundamente, não posso simplesmente negar o que sinto... Não depois de provar o gosto dela.

Não podes ficar mais tempo aqui, isso sim é um contrassenso!

Não ficarei, já havíamos decidido isso antes...

Vais levá-la consigo?

Como posso pedir-lhe que me siga? – Respirou fundo. – Mesmo que tenha me visto sujo de sangue ontem, não sabe de longe o que era, ou no que se envolvia...

E mesmo assim a beijou? Você ficou louco, meu irmão?

Sim, perdi completamente o juízo.

Então, recomponha-se – alertou-o severamente. – Ela só lhe traria mais problemas, e seria algo mais com que se preocupar. E você, nesse momento, só a colocaria em perigo – pausou. – Ainda não há espaço para romances em sua vida, Alejandro.

Ele concordou de leve com a cabeça, sabia que Rámon tinha razão, mas a sua lhe fora roubada irremediavelmente pelos chocolates.

...xxx...

Então, estás irremediavelmente determinado a partir, Conde Alejandro? – indagou seriamente, o Duque.

Os negócios estão concluídos, entre mim e o senhor... – Fitou o homem a sua frente e deslizou suavemente até as duas moças do outro lado da saleta, que se entretinham com algum tipo de jogo. – Mademoiselle Ellen também já demonstra o domínio sobre o instrumento que a fascinou, resta–lhe apenas a prática. Portanto, não se faz mais necessária minha presença, como em outra parte do mundo. – Deixou um meio sorriso nos rosto, que não passou desapercebido pelos chocolates. – Tocaria para nós, Mademoiselle Ellen? – chamou–lhe a atenção.

Se esse é o seu desejo... – Ela sorriu ao fazer-lhe uma mesura, e caminhou até o piano.

As primeiras notas da sonata, que ela o ouvira tocar no Allera, preencheram o ar suavemente. Os olhos fechados e as mãos finas que se moviam calmamente pelas teclas, tão precisas, que fazia o Conde apreciar ainda mais sua menina.

Uma virtuose – sugeriu o pai a ele, com um sorriso no rosto, num tom baixo. – Só não estou familiarizado com a melodia, mas é certo crer que ela está, pois toca-a sem partitura.

Alejandro assentiu brevemente com a cabeça, sua mente fluindo na harmonia das notas sob os dedos dela. Quando ela aprendera a tocá-lo daquela forma, tão única... tão dela? Fora justamente aquela sonata que os aproximara e agora lhe dizia adeus. Lentamente, como um choro... como o luar prateado que escorria pelas frestas das janelas e alcançavam a pele dela... fazendo-a brilhar sentada ao piano.

Devo lhe agradecer pela excelência do seu trabalho com Ellen, Conde – insistiu novamente o Duque, fascinado pelo dedilhar da filha.

Eu não fiz nada, meu bom Duque... – Violetas não desviavam das costas dela, onde os cabelos ondulavam graciosamente. – O que ouve sempre esteve em sua filha. – Os lábios se moveram num murmúrio contido.

Modéstia sua, meu caro... – devolveu–lhe o que achou ser o maior dos elogios feito a sua menina. Não podia deixar a oportunidade passar em vão. – Modéstia sua.

Era claro, para o pai, já há alguns dias, o encantamento de Alejandro. Não considerava de todo impróprio aquele tipo de arrebatamento entre professor e aluna, afinal, um Conde é um Conde. Emilie traria certamente um nome honrado das casas de França para o berço dos Telliard. Ellen, entretanto, era uma dúvida e um tormento. Quem conseguiria dobrar–lhe o gênio? Se o Conde aceitava esse desafio, por que ele se oporia? No entanto, ele estava de partida.. Os olhos de Piérre caíram sobre Alejandro, que não diminuíra em um milímetro, seu interesse pela música da menina.

Os últimos acordes e chocolates o encararam suavemente.

É uma pena que tenha que nos deixar... – Aplaudiu, entusiasticamente, o Duque.

Eu guardarei muitas lembranças de meus novos amigos... – sentenciou Alejandro, seguindo Piérre nas palmas. – Acredite.

Lembranças nem sempre são tudo... – replicou o Duque, se dirigindo à filha e abraçando-a. – Esteve magnífica, Ellen.

Espero que tenha apreciado a melodia, Monsieur le Conté – disse após deixar os braços do pai.

De fato, eu a admirei muito. – Sorriu-lhe em agradecimento. Não saberia dizer o quanto, e se quer o faria, se soubesse como se expressar... Não ao menos ali. Seu coração estava aquecido, e doía-lhe mais que nunca deixar para trás sua menina. – Foi uma grata surpresa de despedida – o tom era baixo, escondido sob o beijo depositado no dorso da mão dela, que ele reteve entre seus dedos.

Emilie havia tomado lugar ao assento do piano, sua notas corriam no ar com a presteza lida na partitura de Bach. O pai inclinara-se ao longo do piano, apreciando–a dali, não tencionava se intrometer entre o Conde e Ellen, restava–lhe apenas alguns quartos de horas para que ela o conquistasse de vez.

Diga que posso ir consigo... – A cabeça inclinada ao chão, sem fitá-lo. As mãos nas dele, que tremiam.

Não sabe nada de mim, Ellen. – Acariciou a pele entre seus dedos com carinho.

Por que não me conta? – o sussurro dela, ao se sentar ao lado dele, deixando chocolates sobre a irmã.

Porque não quero vê–la me odiar para sempre. – Os lábios mexeram suavemente.

Não pode decidir por mim... – ela protestou na mesma nota.

Acredite-me, estarás mais segura se eu ficar apenas nas suas lembranças...

Então não voltarás mais aqui. – Os olhos alargados no que não via.

Não.

Eu o desprezo... – Ele pode ver os olhos dela turvarem enquanto ela se erguia e se precipitava para porta.

A linha triste que contraiu seus lábios num sorriso mal desenhado. O olhar perdido de Piérre para o futuro que lhe escapava das mãos... E a resposta ecoava na cabeça do Conde, como as notas tristes da música de Emilie: era exatamente isso que farias, Ellen, se soubesse o que sou. Tout de même.

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