Capítulo 2

— Querido, acho que aqui já está bom — falou Olivia ao parar com a cesta nas mãos vendo o marido se afastar com a pequena Khristin carregada nos ombros, a garotinha usava um conjuntinho branco e rosa, além de um divertido chapéu branco com longas orelhas de coelho.

— Não, amor, tem muitas crianças jogando bola nesse ponto do parque, vamos seguir por aqui, paramos num lugar mais tranquilo — disse ao se virar para a esposa, fazendo a garotinha sorrir com o movimento.

— Chris, as crianças estão a muitos metros de distância, não tem como acertar a bola... — falou enquanto ajeitava o cinto de seu vestido azul-céu.

— Vamos, Olivia, mais um pouco e já vamos nos sentar — incentivou, seguindo em frente.

— Está bem, amor, mas você está sendo exagerado em seus cuidados! — declarou dando passos largos para alcançar o marido que segurava firme a menina enquanto apontava para uma flor ou algum animal que estivesse no caminho a fim de entreter a sua filha.

Olivia o seguia sorridente ouvindo o marido falar com a pequena, que respondia através de um vocabulário indecifrável. Christopher usava uma bermuda preta e uma regata de mesma cor, deixando as pernas e os braços malhados expostos, o cabelo estava mais curto e a pele levemente bronzeada, já que agora tomava sol com mais frequência, graças aos passeios em família. 

Ela nunca foi tão feliz como nos últimos dez meses, assim como o seu marido, que descobriram na filha adotiva uma imensa alegria, a maior satisfação que aquele casal poderia ter. Khristin era para ambos a realização de seu maior sonho, o de se tornarem pais, e não importava como a criança chegou até eles, não importava o fato de não ter o sangue deles, pois ela fora um presente! 

Agora, Olivia já não pensava mais em retornar ao trabalho, enquanto Christopher contava as horas para o seu dia de folga para passar junto da sua bela família. Assim, a cada folga sua, saíam os três para um passeio ao ar livre, faziam piqueniques, tomavam sorvete, saboreavam deliciosos lanches, iam à praia ou simplesmente, quando em dias frios ou chuvosos, assistiam filmes e faziam todo o possível para que a pequena tivesse horas agradáveis e animadas, resultando no cansaço da pequena para que dormisse bem durante a noite.

Mesmo quando Khristin dormia, se não era Olivia a admirando em seu berço, era o pai coruja. A pequena sempre fora bastante sadia, e apesar de ser muito esperta, ainda não arriscava os primeiros passinhos. Embora a mãe passasse mais tempo com ela, e sempre a paparicasse, Khristin se mostrava mais apegada ao pai, preferindo por vezes o seu colo ao de Olivia. Também era Christopher o preferido para fazê-la dormir, o que em muito alegrava o detetive, que somente com sua chegada percebera o quanto ansiava por se tornar pai.

Caminharam mais alguns minutos, até que chegaram num gramado onde se via ao longe um casal ou outro, o ambiente tranquilo que Christopher tanto queria.

— Pronto, querida, chegamos — falou sorrindo enquanto descia a filha e a entregava para a esposa. — Me dê a cesta, Olivia! — pediu com gentileza, ao que a esposa de pronto a entregou.

— Finalmente chegamos. — Sorriu Olivia vendo Christopher abrir a cesta e retirar uma toalha de cor marrom, estendendo-a sobre a grama, em seguida, retirou as frutas, alguns potes com fatias de pães, biscoitos e balas, e por fim, três caixinhas de suco.

— Venha, minha coelhinha! — chamou ao se levantar, estendendo os braços para Khristin e puxando delicadamente a esposa pela mão para sentar sobre a toalha.

Olivia sentou arrumando a saia do vestido e se acomodando confortavelmente ao lado da filha, que Christopher já colocara sentadinha. 

— Pegue, coelhinha! — falou oferecendo a ela uma fatia de pão com geleia de morango, ao que a menina obedeceu, levando-o rapidamente para a boca e se sujando com a geleia enquanto seus pais riam da cena. — Olivia, o que vai querer? — Sorriu para a esposa.

— Nada, obrigada — respondeu olhando para a filha que parecia alheia aos pais. — Ela é tão linda, Chris! 

— Sim, nossa filha é linda! — concordou sorrindo, e a puxou pelo braço carinhosamente, fazendo-a levantar e se sentar em seu colo. — Você é linda, meu amor! — falou acariciando os cabelos castanhos da esposa que caíam soltos na altura dos ombros com as pontas levemente onduladas. — Obrigado! — falou tocando com os dedos os lábios dela, que sorriu feliz.

— Por que está me agradecendo, Chris? — perguntou, enquanto acariciava os braços fortes do marido.

— Pela nossa família, por nunca desistir de tentar termos um filho, por insistir pela adoção, por ser tão maravilhosa...

— Chris!

— Me deixe falar, Olivia! — disse tocando mais uma vez os lábios da esposa. — Você sabe que meu trabalho exige muito de mim, que nem sempre consegui estar contigo quando queria. E depois de todos esses anos você está do meu lado, obrigado por não desistir de mim.

— Nunca desistiria de você, Chris! Eu te amo, sei o quanto seu trabalho é difícil e eu te admiro tanto, meu querido! — disse sorrindo. 

— Também te amo, Olivia! E você está perfeita nesse vestido, nunca te vi com ele antes — constatou com um sorriso.

— É novo. Comprei porque quando o vi percebi que é da cor dos olhos da nossa filha — falou olhando para a menina que estava entretida olhando um rapaz que conduzia um cãozinho na coleira. — Olha como combina! — Sorriu divertida.

— Sim, é verdade. — Sorriu também e em seguida lhe deu um beijo apaixonado.

Chade, África

— Aqui não é lugar pra isso, Ruby! — falou após retirar as luvas e tentando se soltar do abraço que ela lhe dera por trás, acariciando seu abdômen sob a camisa cinza.

— Não seja careta, querido! Aqui é o melhor lugar, ninguém vai aparecer — comentou insistindo em acariciá-lo, deixando sua mão escorregar para tocá-lo de forma mais íntima, mas Vincent a impediu se virando para ela e ficando de costas para o frasco que acabara de fechar sobre uma cadeira, dentro jazia um feto mergulhado em formol. 

— Não, Ruby, olha para isso! — falou apontando para o cadáver estirado numa mesa velha de madeira de onde escorria sangue formando poças no chão. — Não há qualquer clima para... — Ruby o beijou antes de deixá-lo concluir, mas ele a afastou, irritado. — Que droga, Ruby!

— Deixa de frescura, Vince! Esse seu nojinho de sangue tem que acabar logo, deixa eu te ajudar — falou se jogando nos seus braços.

— Ruby! — Revirou os olhos ainda mais irritado. — Não entendo como isso pode te excitar! — declarou olhando rapidamente a mulher morta sobre a mesa, onde se percebiam cortes nos braços, pernas, rosto e muitos outros na barriga. 

— Definitivamente não te entendo — falou se aproximando da mesa e olhando atentamente os ferimentos deixados no cadáver, todos feitos antes da extração do feto. — Essa inútil tem um cheiro tão agradável — declarou aspirando o ar devagar.

— Isso é cheiro de sangue, Ruby! — Vince revirou os olhos, enojado.

— Não, querido! Não é só isso. É cheiro de dor e de medo.

— Ela já morreu, não está sentindo nada disso, querida! — ironizou ele.

— Mas sentiu. E o cheiro ainda está aqui apesar de você não o sentir.

— Você é louca!

— Você também, querido! — falou, encarando-o com um sorriso malicioso. — Somos iguais, apenas com gostos diferentes. Gostos peculiares, eu diria. — Sorriu.

— Você não é capaz de entender o que eu...

— Blá-blá-blá. — Revirou os olhos, interrompendo-o. — Não me interessa por que você faz, me interessa que você o faz. E faz muito bem! — falou erguendo uma sobrancelha. — Apesar de ainda contestar meus modos, somos iguais e você é um tolo ao negar isso.

Vincent cruzou os braços, ciente de que sua parceira estava prestes a iniciar uma palestra sobre quem eles eram.

— Olha para ela! — Ruby apontou para o cadáver, uma garota de quinze anos, um corpo pequeno e magricelo. — Depois que você lhe tirasse seu anjinho, ia matá-la depois de qualquer forma. Singelo demais, sem graça, sem emoção! — falou colocando as mãos sobre o corpo ainda quente e o empurrando da mesa, fazendo-o cair em um baque surdo, ao que Vincent suspirou irritado. — Estamos juntos, meu querido! Te ajudo a ter o que quer. — Apontou fazendo ele olhar na direção do seu dedo, avistando o feto no frasco. — E você me ajuda a ter o que eu quero... — Apontou para o corpo no chão.

— Já entendi isso há muito tempo — declarou ele.

— Não parece! — retrucou impaciente. — Isso tudo pra mim é extasiante, Vince, um momento sublime... excitante! Então preciso de você, isso é tão óbvio que chega a me cansar! — seu tom soou irritado.

— Eu tenho o que quero. — Vince apontou para o frasco na cadeira. — Você tem o que quer. — Apontou para o cadáver e para o sangue no chão. — Estamos quites, não?

— Estaríamos se não fosse eu a pessoa quem vai te ajudar em Los Angeles, não só nesses seus passatempos, como também a encontrar a sua filha, esqueceu? — Sorriu vitoriosa.

— Não acredito que possa fazer grande coisa — falou irritado.

— Isso prova que não me conhece o suficiente. — Sorriu se aproximando do biomédico. — Não me conhece como eu conheço você! — falou próximo de seu rosto. — Ou talvez eu não o conheça tão bem assim — disse em tom provocativo. — Porque jamais imaginei que seu nojinho de sangue o faria brochar! — falou ao mesmo tempo em que levou a mão para o volume na calça do biomédico, apertando-o, fazendo-o gemer.

— Sua... — falou agarrando-a pelo cabelo que estava preso em um coque e a puxou para mais perto do seu corpo, beijando-lhe a boca com um misto de raiva e desejo. 

— Isso! — Ruby sussurrou excitada enquanto ele abria os botões da sua blusa e fazia escorregar a sua calça. Em seguida, Vincent a ergueu pelas nádegas e a levou até a mesa, colocou-a sentada para, finalmente, a possuir do jeito que Ruby queria.

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