Capítulo 2

Resmunguei me espreguiçando e abri um olho me remexendo na cama. A merda da minha cabeça latejava de dor. Maldição. Me sentei vendo meu quarto girar a minha volta tentando me lembrar o que aconteceu na noite passada.

Só lembro de ter bebido além da conta e nada mais. Robert deve ter me trazido pra casa ou eu vim sozinho, não me lembro. Dane-se também.

Me levantei seguindo para o banheiro e tomei um banho de água fria, precisava tirar aquela ressaca do meu corpo. Estava todo quebrado, nunca mais bebo além da conta.

 Me vesti sem ânimo e sai do quarto massageando as têmporas. Minha cabeça iria explodir a qualquer momento.

— Preciso de um remédio para dor de cabeça urgente. — disse entrando na cozinha encontrando Alana sentada na mesa mexendo no celular e Samara servindo o café.

— Claro Senhor Lawrence .

Puxei uma cadeira em frente a Alana me sentando e peguei a xícara de café a minha frente levando a boca. Ela nunca acertava meu café.

" Quando ele vai parar de se comportar como um adolescente? que idiota."

Ouvi a voz de Alana e ergui o olhar a vendo com os olhos fixos no celular revirando os olhos negros.

— Olha como fala comigo mocinha. — briguei a vendo levantar o olhar e ergue uma sobrancelha em minha direção.

— Acho que você ingeriu muito álcool na noite passada, eu não disse nada. — ela retrucou balançando a cabeça.

Como não disse nada? Alana está muito indisciplinada.

— Aqui está Senhor Lawrence . — Samara me entregou um comprimido e um copo de água.

Joguei o remédio branco na boca bebendo a água logo em seguida fazendo uma careta. Odeio remédios.

" É bom o meu salário ser muito gordo no final do mês, droga perdi a minha festa de ontem. "

Deixei o copo na mesa olhando para Samara que me dava um sorriso falso.

— Não reclama de barriga cheia. — retruquei bufando.

Ela ia ganhar o dobro do que ganha e ainda ficava reclamando? mulheres. Acho que vou diminuir seu salário.

— Como? — ela me olhou confusa.

A ignorei pois estava sem paciência para discussão com funcionários.

— Já tô indo. Tenham um bom dia. — murmurei me levantando e Alana me ignorou.

— Tenha um bom dia Senhor Lawrence . — Samara acenou e eu segui em direção a porta.

" Olha aquela bunda durinha, que inveja"

— Sua língua tá muito solta hoje. — me virei intrigado para Samara que arregalou os olhos.

Que mulher assanhada.

— Senhor eu não disse nada. — ela sorriu abanando as mãos em frente ao corpo.

— Claro, eu estou ouvindo coisas. — revirei os olhos saindo dali.

Alana e Samara resolveram brincar comigo hoje.

Sai de casa pegando meu amado carro seguindo para o trabalho, o trânsito não estava cheio hoje me fazendo chegar rápido. Deixei meu bebê no estacionamento e entrei na empresa sendo cumprimentado por algumas pessoas.

" Estou atrasada, estou atrasada. "

" O Bernardo esqueceu o lanche de novo "

" Droga quebrei minha unha "

" 197, 198, 199...ah são tantos números"

" Olha só pra ele, sempre se achando superior, ah mas ele pode. "

Enruguei a testa com toda aquela barulheira, o que havia com essas mulheres hoje? resolveram todas falarem ao mesmo tempo? arg maldita dor de cabeça.

Entrei no elevador vazio bufando e uma mulher entrou correndo. As portas se fecharam e ela começou a reclamar ao meu lado.

" Conta da luz, da água, aluguel, droga parece que vou ter que fazer outro empréstimo "

Olhei para a mulher de coques ao meu lado a vendo roer as unhas soltando um suspiro cansado. Estava cheia de olheiras e vestia roupas escuras, eu nunca tinha parado para observá-la antes, mas sempre a via correndo com aquele carrinho pelos corredores.

Ela me pegou observando e estreitou os olhos castanhos.

" olha só o cara que se acha o rei do universo, tem tudo aos seus pés e caga dinheiro enquanto têm gente passando fome"

Arregalei os olhos a olhando incrédulo. Ela...ela não mexeu a boca pra falar.

" O que tanto ele me olha? cara estranho"

De novo.

Dei um pulo para longe levando a mão ao peito. Que merda é essa?

— O Senhor está bem? — ela me olhou estranho.

— Sai de perto de mim seu ETÊ.

As portas do elevador abriram e eu sai correndo para longe daquela aberração. Quase me esbarrei na secretária de Robert que me olhou dando um sorriso falso.

" Que idiota"

Porra ela também.

Soltei um grito correndo para minha sala me trancando na mesma ofegante. Afrouxei a gravata dando tapas em minha cara. Deve ser efeito da ressaca, é isso. 

— Que loucura.

Engoli em seco me sentando em minha mesa tentando acalmar minha respiração. Ouvi batidas na porta e mandei a pessoa entrar.

— Bom dia Senhor Lawrence . — minha nova secretária entrou me dando um enorme sorriso.

Nunca vou entender esse povo que sorri para o vento.

— Bom Dia.

— Eu trouxe suas reuniões de hoje. — ela balançou o bloquinho rosa nas mãos sem tirar o sorriso do rosto.

— Hn.

— Começando em 1 hora...

Ela começou a andar em círculos falando tudo o que estava marcado para o dia de hoje. Apoiei o rosto nas mãos soltando um suspiro a vendo morder a tampa da caneta vermelha. Hoje ela vestia um vestido rosa rodado e saltos pretos, os cabelos estavam amarrados no alto da cabeça e alguns fios se soltavam em seu rosto. 

Até que ela era bonita.

— E a última termina às 6. — parou de andar me dando um pequeno sorriso.

— Hn. 

— O Senhor está bem?

— Sim.

Não.

" Ele me parece cansado, deve ser difícil comandar uma empresa grande como essa."

Arregalei os olhos caindo da cadeira. Puta que pariu.

— O Senhor está bem? — ela correu em minha direção me ajudando a levantar.

— Tô, não se aproxime tanto. — arfei mancando para longe dela.

Eu não sabia se saia gritando feito uma menininha ou se me jogava pela janela. Estava petrificado encarando minha secretária que estava com as mãos no queixo pensativa e falando sem ao menos mexer a boca.

Será que eu me droguei ontem?

" Nossa que queda feia, acabou bagunçando mais o cabelo de bunda de pato dele"

Arregalei os olhos passando as mãos no cabelo. Bunda de pato? mas que droga, meu cabelo é lindo.

— Tudo bem, eu preciso voltar para o meu posto, qualquer coisa é só me chamar. — ela acenou me dando as costas seguindo para a porta.

Assim que a porta se fechou eu peguei uma jarra de água que estava em uma mesinha ao canto e a virei em minha cabeça me molhando inteiro. Dei mais alguns tapas na cara passando as mãos no rosto tentando acordar.

— Inspira Dante, respira, inspira, respira....

Eu não estou louco.

— E amigo? — Noah entrou animado em minha sala.

Respirei fundo e virei para ele que me encarou fazendo uma careta.

— Não tem água em casa não?

— Não enche Noah.

— O que foi? acordou de ressaca? — riu divertido se jogando em minha cadeira.

— Hn.

— Qual é, tira essa cara de cu e sorria, a vida é bela. — ele abriu os braços deslizando com minha cadeira de rodas pela sala.

Baguncei os cabelos começando a andar de um lado para o outro. Precisava descobrir o que estava  acontecendo comigo.

— Está acontecendo alguma coisa estranha. — murmurei roendo as unhas.

— Não tô vendo nada estranho, sua cara feia continua aí. — riu da minha cara e eu ergui o dedo do meio.

Otário.

— Se não vai ajudar não atrapalha. — bufei saindo da sala apressado o ouvindo gritar.

— ONDE VOCÊ VAI SEU MALUCO?

Ignorei seguindo apressado pelos corredores em direção ao elevador. Eu estava sufocando.

" Ai que cólica infernal"

Uma mulher passou por mim fazendo uma careta e eu comecei a me desesperar.

" Pirulito que bate-bate, pirulito que já bateu..hum hoje eu vou fazer pudim" 

Amélia  passou por mim com uma xícara de café em mãos e acenou seguindo para sua sala.

Corri para o elevador empurrando todos que estavam em minha frente apertando desesperadamente o botão,  assim que ele chegou me joguei dentro dele olhando em volta alarmado.

— Eu não tô enlouquecendo,  não tô enlouquecendo. 

Engoli em seco abraçando meu corpo sendo observado por um homem que estava ao lado me olhando estranho. 

— TÁ OLHANDO O QUÊ? — gritei esperando ele começar a falar mas tudo que fez foi virar o rosto se afastando para longe.

Pelo menos um ainda é normal.

Bati o pé impaciente esperando o elevador chegar ao primeiro andar e sai correndo pelo saguão.

" O que deu nele hoje?"

" Tá perdendo a pose"

Tampei os ouvidos correndo em direção ao meu carro. Eu não posso estar louco, não posso. A única explicação para isso é que os ETÊS devem ter dominado a terra ontem e tomado o corpo de todo mundo. Pois eu não aceito ficar louco.

Nunca, jamais.

Droga de vida.

Me virei irritado marchando em direção ao meu carro chutando tudo que via pela frente.

" Que sono"

— CALA A BOCA. — gritei para a mulher que passava em minha frente e ela gritou saindo correndo e quase foi atropelada ao atravessar a rua.

Porra. Estou louco.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo