Capitulo 2

David foi dirigindo a Hilux prata, a mesma que a trou­xe para a cobertura noite passada. Durante o trajeto, Victória, foi relaxando e David não estava tão carrancudo, mas o si­lêncio ali parecia ser necessário.

 Tudo estava acontecendo muito rápido —Ela pensou.

A noite estava tão agradável, o restaurante Donatha estava com suas luzes acesas, uma música calma dominava o ambiente. Sim, era tudo muito luxuoso. Ela achou que não combinava com aquele lugar e pareceu que David ouviu os seus pensamentos, que passou a mão em sua cintura e disse perto do seu ouvido

 — Não se preocupe, você está linda.

Aquelas palavras fizeram o seu coração aquecer.

Victória sentiu alguns olhares em sua direção. Uns curio­sos, outros sorridentes. Assim que ocuparam a mesa, em uma parte reservada do restaurante fizeram os pedidos.

David fez o pedido de entrada, uma Ceasar Sala­da com Peito de Frango e para o jantar, um saboroso Salmão de­fumado com risoto de Pêra e um vinho argentino Roca Malbec. A sobremesa ele pediu para Victória escolher, que preferiu uma Salada de Frutas com Sorvete e Chantili.

— Acho que você nunca veio aqui, não é?

— Não, apenas agendei encontros de negócios para você. Mas, aqui é um ambiente bastante agradável e muito bonito.

David a olhou de uma maneira que ela quase derreteu

— Eu sempre quis trazê-la aqui, mas sempre recusava os meus convites. — David tocou a sua perna de uma maneira bastante íntima e continuou a falar. — Eu só não fico mais furioso, pois até onde sei você não aceitou o convite de ninguém da empresa.

Ele retirou a mão, pegou a taça de vinho e tomou um gole.

— Andou me investigando?

— Sim.

— Se por acaso eu tivesse começado a me envolver com alguém da empresa, o que faria?

— Você já era minha antes de entrar na Boss, eu daria um jeito. Esse seu amante que foi uma surpresa. Aliás, o que você fez também foi uma surpresa.

Victória ficou muito espantada com o que ouviu de David, e pensou que aquele momento seria uma boa oportunidade de contar a verdade. Contudo, se ele achasse que a família dela toda era oportunista, devido a história de seu irmão, o que seria dela? E, como assim ela já era dele?!

Ele era um dos maiores diretores executivos do País e com poderes sobre ela, que era uma simples secretaria, porém, os pedidos foram chegando fazendo com que se calassem e começassem a comer.

O sabor era maravilhoso. Victória que tinha comido quase nada durante o dia, ficou muito satisfeita com aquele jantar.

Quando a sobremesa chegou os dois sorriram com o ta­manho da taça que era gigantesca e colorida, Victória começou a degustar.

— Gostou?

— Está muito saboroso. — Respondeu ela.

David a olhava com certo encanto, ela comia aquelas fru­tas tão docemente como se fosse o manjar mais saboroso do mundo. Saboreou os pratos sem se queixar de peso, gramas, gi­násticas para o dia seguinte… ela era diferente. Ele sabia desde o momento que a viu no vernissage e depois disso tudo aconteceu...

Após, o jantar seguira para o pequeno apartamento de Victória que agora mais tranquila, entrou naquele lugar modesto, o seu lar, um pouco abandonado com poucas mobílias e ela o deixou para fazer a sua pequena mala para levar para a cobertura.

David ficou sala enquanto ela foi fazer a mala e a viu entrar na cozinha, retirando algumas coi­sas da geladeira e retirou o lixo.

— David.

— Sim.

— Quem veio aqui e pegou a meu nécessaire?

— Eu. Antes de ir para a Boss. Depois pedi para um rapaz de minha confiança levar até o meu apartamento. Aliás, todos fi­caram preocupados com você, principalmente a Dalila, acho que ela vai ligar pra você.

Foi então que Victória se lembrou de pegar o celular, jo­gando-o dentro da bolsa.

David ficou encostado na parede com braços cruzados, es­perando ela terminar de pegar as coisas. Ficou sem jeito, quando entrou ali a primeira vez, noites antes, já havia percebido que tudo era tão simples, sem luxo. Mas, dessa vez, pela manhã, foi até o guarda­-roupa dela e encontrou o vestido que ela usou naquela noite na galeria, e agora estava embalado com outras peças, porém quando voltou para à cobertura, soube que ela não tinha visto ainda, então guardaria o seu segredo por mais um tempo.

— Estou pronta.

A voz dela o tirou dos seus pensamentos, ela só tinha uma mala média nas mãos e também al­guns potes descartáveis.

— Só isso?

— Só.

— E esses potes?

— Isso se resolverá logo.

Assim que ela passou, fechou a porta e guardou as chaves.

— Elas ficaram comigo até o dia da sua volta.

Os dois desceram. Enquanto ele guardava a mala no car­ro, Victória se afastou e deu os potes com comida para dois homens que estavam dormindo ali próximo ao prédio, no ponto de ôni­bus.

Quando ela voltou, David tinha um olhar perdido, surpreso.

— É horrível não ter o que comer...- comentou ela, baixinho.

— Victória…

—  Já passou, David, passou...

Assim que entraram na bela cobertura, David tirou o paletó, deixando no sofá. Aproximou-se, to­mando os lábios dela, sem fúria, mas com posse de desejo. Ela também o recebeu, dessa vez podia tocá-lo sem medo e com muita vontade. As mãos de David passeavam pelo seu corpo, ra­pidamente ela tirou os sapatos, foi então que David a segurou pela cintura e a pressionou contra a parede, as mãos dele começaram a subir por dentro do vestido. As mãos dela passeavam pelos cabelos macios de David.

— Victória…

— Sim…

— Você toma contraceptivo?

Victória ainda envolvida com aqueles beijos e os toques das mãos que sempre a fazem perder o controle.

— Eu... Eu. Tomo, mas por causa da…

— Tudo bem então, eu gosto de sentir você… Eu gosto de estar dentro de você. — David disse baixinho no ouvido dela. — Vamos para o quarto, quero você agora.

Os dois fizeram o caminho para o quarto entre beijos e afagos. Lá, ele foi tirando a calcinha dela beijando as coxas até chegar ao seu centro, a tocando fundo, fazendo com que derretesse. Victória ficou nua rapidamente.

— Deita na cama.

Ela deitou na cama de costas e o fitou desabotoar a calça e o restante da roupa. Ele tinha um corpo belíssimo, a excitação dele era admirável e então se juntou a ela.

David era um homem carinhoso quando queria. Ela estava completamente entregue, fizeram amor a noite inteira, era como se ele tivesse tentando curar as marcas que deixou no corpo dela desde a primeira vez que a tocou intimamente. Victória sentiu-se dese­jada e muito amada, mas sabia que tudo aquilo tinha hora para acabar.

Horas depois, adormeceram abraçados. David dormiu tranquilo como há muito tempo não acontecia.

Na manhã seguinte…

O dia já estava raiando, mas as cortinas impediam a clari­dade total.

Os dois estavam deitados e abraçados, despertando.

— Acho que dormi demais. — Falou David, cheirando leve­mente os cabelos dela, que estava acordada, mas ainda matinha os olhos fechados.

— Os dois dormiram demais. — Victória comentou, sor­rindo.

David sorriu e olhou para ela que abriu os olhos e sorria de um jeito tímido. Era a primeira vez que acordava com ele ao seu lado.

— Bom dia. — A voz dele quase rouca, deu um selinho nela que sorriu, esticando-se na cama segurando o lençol para não ficar nua completamente. Mesmo com tudo que estava vi­vendo com ele, parecia ainda ter vestígios de vergonha.

— Bom dia, David.

— Eu vou tomar um banho rápido, quer vir?

— Pode ir na frente.

David riu da preguiça de Victória.

— O que você costuma fazer nos finais de semana?

David estava tão bonito com os cabelos desalinhado, sem camisa e um sorriso cativante. Com rostinho da sonolência mati­nal.

Ele agora era tão dela!

A fantasia de Victória tinha se realizado na noite passada.

— O que eu faço? Nada demais. Eu caminho, pago contas, arrumo a casa, vou ao supermercado, passo no salão para arru­mar meu cabelo, depois passo o domingo inteiro no sofá assistindo televisão.

— Sério?

— Verdade. Não é nada empolgante, como o seu final de semana.

— É você tem toda minha agenda. Ontem não fui nadar, hoje não fui ao clube. — David tinha sorriso malicioso. — E quan­do eu ligo às vezes no domingo, você está assistindo televisão e deitada no sofá?

— Sim, mas às vezes dormindo.

— Sozinha? – O olhar dele era mais de curiosidade do que de posse, David com certeza achava que ela tinha alguém.

— Sozinha.

David se aproximou e deu um beijo rápido em Victória.

— Vou tomar uma ducha rápida, é o tempo que dou para você acordar.

Victória sorriu e virou-se para o outro lado. Se ele soubes­se como o corpo permanecia depois de uma noite de amor, ele daria mais tempo para ela levantar e começar o dia.

Victória nunca tinha se sentido daquele jeito, na verdade nunca tinha sido assim com seu primeiro e único namorado. Sua primeira vez foi quando tinha dezessete anos, estava um pouco nervosa, tudo foi muito rápido mesmo com o ambiente lindo que preparou. As dicas das amigas não adiantaram, seu namorado na época era três anos mais velho, logo depois do ato caiu no sono a deixando ali, vazia. Foram assim nos dois próximos e últimos encontros, ela perdeu o interesse e ficou com medo de que com outro fosse a mesma coisa.

E também ela precisava estudar e trabalhar para ajudar na casa, ajudar a tia que tinha se acidentado, fora o irmão. Victória achava que sexo não era para ela, até David, entrar brus­camente na sua vida íntima.

Meia hora depois, os dois estavam na copa tomando café da manhã.

David estava arrumado e perfumado.

— A mesa está linda.

— Olga já deixou tudo pronto. Aliás, a partir de segunda, quando ligar para ela a fim de avisar se venho ou não jantar, que­ro que você escolha o que vai ser servido. E, pode pedir o que quiser esse tempo que ficar aqui.

Victória o olhou surpresa, pois quantas vezes ligava para Olga para cancelar, ou simplesmente avisar que ele tinha uma companhia, aquele papel lembrava mais o de uma esposa.

— Tem certeza David?

— Pode ficar tranquila, ainda está dentro do seu papel.

O telefone tocou, David, saiu para atender, deixando-a pensativa.

— Pronto!

— Filho!

— Oi Mãe, como vai?

A voz do outro lado sempre tão agradável e carinhosa.

— Estou com saudades, faz tempo que não vem me visitar, pare de trabalhar um pouco.

— Não estou trabalhando, agora, mas tenho umas coisas para resolver.

— Ah, não, nada disso, quero que venha hoje aqui, a famí­lia do seu irmão está aqui, seu pai e alguns amigos, a piscina está cheia.

— Mãe… agora eu não posso.

—Você está doente? Filho, não me esconda nada ou então eu mesma vou aí. Vou pedir para o Fausto me levar agora.

David nunca conseguia dizer não para sua mãe. Na verda­de nenhum homem da família Rafaelli Boss conseguia dizer não para aquela mulher linda e doce, que passou por tantas lutas e sempre ali firme e forte como um pilar.

Branca Rafaelli foi modelo nos anos 70, até conhecer o in­glês e executivo Carl Boss. Então resolveram viver uma grande história de amor e tiveram três filhos; Allan, Fausto e David.

— Não mãe. Eu dou uma passada aí, mas será rápido.

— Venha almoçar comigo, ficarei muito contente. Assim colocaremos nossa conversa em dia, estou com saudades.

David olhou para Victória que entrava na sala. Ela usava um vestido longo, solto de cor vinho e os cabelos estavam presos. Havia nela um olhar de quem entendeu o telefonema.

— Ok. Eu estou chegando. Beijos.

E desligou.

— Os meus pais estão com convidados na casa, eu até lá.

— Eu vou arrumando as minhas coisas por esse tempo.

— Deixa que a Olga faça isso na segunda. Ainda tem que separar um espaço no closet.

— Eu pensei em colocar as minhas roupas no outro quar­to, onde estão as outras roupas que você mandou.

David a fitou e calou-se.

— Aquelas roupas são suas o contrato é bem explí­cito nesta parte.

Victória parecia recuar.

— Hoje eu arrumo as que eu trouxe comigo. - Rebateu.

— Faça da maneira que achar melhor, eu quero que fique bem aqui. Logo mais estarei de volta.

David aproximou e deu um rápido beijo em seus lábios, afastando-se em seguida.

Mansão dos Rafaelli Boss.

Branca era uma mulher linda, educada e muito refinada. Mesmo longe das passarelas já a muitos anos ela era um ícone de beleza. Esposa, mãe e avó, ainda era uma águia se tratando da sua família. E já algum tempo ela estava muito preocupada com o seu caçula, David, mesmo ele já sendo um rapaz de trinta e dois anos.

— Pronto. — Branca Rafaelli, o tom de voz da mulher mu­dou completamente de mãe adorável a uma mulher dura.

— Ele vem?

— Vem Valérie, mas eu estou pensando, vou dar essa chance para você pois não dei no passado, e estou preocupada com o meu filho, que desde o fim do casamento de vocês ele ficou distante, tendo casos aqui e lá. Se ele der um voto de con­fiança para você, se o meu filho ainda a ama, eu aceitarei de bra­ços abertos.

— Eu adoro o seu filho, na época eu era muito imatura, éramos. — disse a moça tentando sorrir: _ hoje tudo será diferente. Pelo que estou sabendo há meses ele não está tendo um caso com ninguém, eu quero dar uma chance para o nosso amor.

Branca levantou e viu que o marido a chamava com o olhar.

— Eu deixei você entrar na minha casa, fiz o que me pediu, é verdade estou com saudades do meu filho, mas isso eu poderia resolver rápido. Eu só peço que não o faça sofrer de novo como no passado. Carl está me chamando, fique à vontade Valérie.

Valérie deu um sorriso e esperou a mulher se afastar. E es­palhou-se na espreguiçadeira em frente à piscina e tomou o seu coquetel de frutas, com um olhar esperto.

A família toda estava reunida na mansão.

Algum tempo depois, David chegou à casa dos pais. Que­ria ir e voltar logo, desejou não ficar muito. De longe já ouvia a animação em volta da piscina, realmente todos estavam lá; seus irmãos com seus filhos e esposas, amigos próximos, era assim que sua mãe gostava dos sábados, rodeada de gente até o anoi­tecer, parecia sempre uma festa.

— Ele chegou! — Anunciou Fausto. — Hey, David, pensei que estivesse doente, ontem não foi ao clube, hoje de manhã também não. Está acontecendo alguma coisa?

— Está tudo certo, Fausto, apenas não quis ir. Fiquei em casa.

— Antes de entrar quero falar uma coisa.

— Fala.

— Tem uma convidada da nossa mãe. Isabela não gostou, disse que eu tinha que avisar antes, aliás, ninguém está entendendo nada.

— O que foi Fausto, quem está na casa?

— Valerie, chegou aqui como convidada de nossa mãe.

David ficou sem reação e de longe avistou a ex- esposa usando um biquíni provocante e quando o viu, abriu um belo e sedutor sorriso.

David rapidamente pensou em Victória que estava a sua espera e rapidamente as suas lembranças voltaram há oito meses quando os seus olhos pousaram em Victória.

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