Capítulo 1 | Mudanças (Part.1)

O clarear do dia banha minha pele, os raios fortes do dia me tiram do sono profundo incomodando meus olhos, me escondo debaixo de minhas cobertas na esperança de dormir alguns segundos a mais, sentindo o conforto de meu colchão ainda se manter sob mim continuo meu leve cochilo me levando a sonhos tranquilos.

— Bom dia pequena princesa, melhor se levantar agora! - Ao sentir meu lençol ser puxado finjo um leve choro, abrindo preguiçosamente meus olhos vejo quem seria o invasor de meus aposentos, olhando nos olhos esmeralda de meu irmão mais velho.

— Alexander Conrad Ettore, me deixe dormir apenas mais alguns minutos. - Cubro meu rosto com o travesseiro me escondendo de seus olhos.

— Usando meu nome completo? Golpe baixo irmãzinha, sabe que o odeio! - Sinto o colchão afundar com seu peso exagerado, olho seu rosto marcado e examino seus belos olhos, seus dedos traçam carinhos em meu rosto e desembaraçam algumas mechas do meu cabelo.

— O que o faz me acordar a esta hora meu querido irmão? - Ironicamente falo.

— Por mais que eu adore lhe deixar em maus lençóis com nosso avô por perder a hora do café, hoje é o dia da sua mudança, esqueceu? Logo estará longe daqui, viverá como bem entende, lembre-se,  seu treinamento está completo. - Concordo sorrindo levemente.

— Foram anos de treinamento duro, talvez se não fosse uma meia-imortal as cicatrizes ainda cobririam meu corpo. - O respondo olhando pela janela lembrando dos tempos distantes.

— Treinos dignos de um membro da família real do ramo principal, mas agora chega de conversa fiada, Nana preparou seu banho e estamos esperando por você na sala de jantar. - Ele sai me deixa só novamente não antes de me mostrar seu sorriso iluminado, suas presas pontiagudos enfeitavam seus dentes, o que me fazia rir com sua falha tentativa de me assustar.

Caminho para o banheiro retirando minhas poucas peças de roupa, entrando na banheiro de água morna e perfumada carinhosamente preparada para mim, devo agradecer e dar um beijo em Nana depois, esfrego meu corpo afim de retirar a fina camada de suor que se fez presente e qualquer sujeira que existisse, deixando-me divagar entre minhas lembranças e sonhos penso no que o futuro me reserva, talvez algo bom venha a acontecer em minha vida nesta nova casa, em minha nova vida.

Notando que a água começava a esfriar saio terminando meu banho, deixando as gotas cristalinas escorregam por meu corpo com auxílio de uma toalha me seco, me vestindo finalmente desço para o andar de baixo, beijo a bochecha de Nana que se localizava na entrada do lugar e olho ao redor encontrando meu avô lendo seu jornal, minha avó conversando com Alex e Diego com o rosto enfiado em um livro.

— Bom dia a todos.

— Bom dia! - Respondem juntos.

— Quando perderá os maus hábitos minha neta? - Diz meu avô.

— Bom dia vovô! - Vejo Alex sorrir.

— Victor, deixe a menina, Alex não sorria de sua irmã, Diego, meu amor, deixe este livro e se alimente.

— Sim, vovó! - Respondemos juntos.

— Você a mima demais! - Vovô retruca recebendo um olhar de reprovação, mordo meus lábios para esconder um sorriso, noto Alex e Diego fazendo o mesmo, afinal não é todos os dias que vemos Victor Ettore, rei dos vampiros, ancião milenar, ser retrucado por sua esposa Helena ou como a corte adora chamá-la "uma simples vampira centenária".

— Sua mudança será feita hoje não é? - Seu tom de desgosto é óbvio, sei que depois do que aconteceu com mamãe e meu tio, seus dois filhos ele não se perdoa, assumiu um papel cuidadoso e muito protetor, não me permitindo as vezes me aproximar da minha família lupina.

— Sim, já conversamos sobre isso.

— E continuo achando um disparate sem tamanho!

— Vovô, por favor, o dia mal começou, não quero ter mais uma de nossas discussões. - Suspiro em derrota. O vejo bebericar de sua taça, ainda cheia do líquido escarlate, como todos os presentes, sem conseguir sequer tocar no alimento sempre que uma discussão entre nós era iniciada.

— Você sabe o que eu acho sobre isso!

— É sobre a minha vida que estamos falando, já aceitei uma de suas decisões em morar com uma guarda real treinada pelo próprio general da guarda real, Vivian, que se mudará comigo, o que mais deseja?

— Que viva aqui, sob minhas ordens! - Esbraveja em toda sua autoridade.

— Devo lembrá-lo que me proibiu de ver minha avó Cristina? Só a vi na cerimônia de cremação do corpo de meu avô Alistar, o senhor acha justo? Ele morreu e a última vez que me viu eu era uma criança em seus dezesseis anos. - A cada acusação dita o tom de minha voz se eleva, levanto-me da mesa ouvindo seus protesto e os chamados de minha avó e irmãos, entro em meu quarto batendo a porta que talvez se não fosse reforçada como todo castelo teria se partido em duas.

Me jogo no colchão da cama sentindo a raiva borbulharem mim, minhas bochechas ligeiramente coradas pela pulsação fraca porém acelerada de meu coração raivoso, desde que anunciei minha mudança foi assim, brigas e discussões, entendo o lado de meu avô e sua proteção exagerada, mas estamos falando de mim e da vida que quero ter, imortal ou não imortal ela me pertence e as escolhas devem ser minhas e de mais ninguém.

-toc-toc-toc-

Três leves batidas ritmadas, apenas uma pessoa poderia bater assim, tão melodioso como é o deixo entrar.

— Entre Diego.

— Hey pequena, como se sente? - Sorrio com o apelido e me afasto dando espaço para que sente ao meu lado no colchão, o que faz de bom grado me abraçando.

— Me sinto mal, cansada de sempre discutir com ele.

— Sabe por que discutem tanto?

— Porque ele não me entende?

— Não, porque além de ter medo de te perder, você é igualzinha a ele! - O vejo sorrir e o acompanho em um sorriso fraco. — Vovô já viveu muito Mel, você sabe, comparado a nós, somos ainda vampiros em formação, mas ele, ele já vive por incontáveis anos e bem, perdeu dois filhos, o que o deixou com mais medo ainda, quando tia Anna sua mãe e meu pai morreram, vovô ficou desesperado e talvez se não fosse a vovó, ele teria se perdido, o Victor que conhecemos talvez não existiria mais.

— Eu sei Diego, as vezes eu acabo pesando nas palavras e esqueço o que ele passou!

— O que ele fez foi errado, não pode se esquecer disso, mas foi por pavor de nos acontecer o que aconteceu com nossos pais! - Pondero suas palavras ficando alguns segundos em silêncio, por fim, falo.

— Obrigado Diego, eu te amo!

— Eu sei, alguém tem que colocar juízo na sua cabeça e na de Alex, ele é meu irmão de sangue então espero que talvez tenha herdado um pouquinho de sensatez, mas você, tenho que abrir seus miolos e enfiar clareza! - Sorrio o estapeando.

— E um completo estúpido! Não lembro de tio Marco ou tia Nerine serem tão metidos! - Concluo rindo, mas noto a tristeza em seu olhar, divagando ao longe lembrando da família. — Sente falta deles não é?

— Todos os dias! - Piscando os olhos para afastar as lágrimas ele sorri. — Agora vou deixá-la organizando suas coisas, se precisar de mim basta me chamar! - Beijando minha bochecha Diego me deixa novamente sozinha em meu grande quarto.

Começo a organizar minhas bagagens que não se organizarão sozinhas, uma nova jornada me espera.

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