O TRABALHO

Lara chega ao trabalho pela manhã.

  Só que jamais antes tinha visto de perto uma fábrica na vida, que dirá uma fábrica de massas por dentro, está deslumbrada com tudo o que vê, tudo é muito grande, muito maior que sua imaginação poderia ir.

  Lara tem uma letra bonita, um português bom, para uma moradora de rua, e além disso tem olhos apurados nos detalhes de tudo, pois o artesanato para ser bom, o segredo são os detalhes.

  É muito atenta a tudo que lhe dizem, bastante simpática com todos e muito alegre, a primeira impressão de todos é muito boa, ela deixa todos com uma impressão favorável sobre si.

  Noah, viaja bastante, mas dentro das atuais conjunturas, em razão do acidente, vai ficar por um tempo só na matriz de Goiânia, organizando as coisas afinal, ele ficou algum temo sem trabalhar e seu pai teve de assumir os negócios enquanto isso, então tem muita coisa a ser posta em dia.

  Noah tem um sistema de trabalho o pai tem outro então para trabalhar com o pai a turma teve de observar certos detalhes que o filho por ser mais jovem não ficava tão em cima.

  Na volta o pai passa ao filho as pequenas modificações que fez para conseguir administrar tudo, coisas que Noah, gosta, pois facilitou seu serviço.

  Ao chegar no terceiro dia de trabalho de Lara no setor de produção, se dirige direto a ela e pergunta se ela está gostando, do trabalho.

  Ela diz estar adorando e os colegas de trabalho dizem que ela aprende rápido é muito simpática, e já se enturmou com todos do grupo.

  O chefe de setor de produção já percebeu que a moça é atenta a detalhes que a maioria não percebe de início e está gostando muito disso.

  Diz ao chefe que ela tem futuro, Noah sorri.

  Ao terminar o turno da manhã, Noah, chama Lara para uma conversa.

  Conta a ela o que o superior direto disse e pergunta se ela está gostando da casa, e da forma que ela está mobiliada, se ela precisa de algo mais.

  Ela pergunta das contas de água e luz locais se são caras, pois pensa ser um imóvel comercial e normalmente esses quesitos são mais caros em locais comerciais.

  Ele diz que a casa é um imóvel residencial, que a firma tem para receber pessoas que vem de fora tratar algum assunto com a empresa e que a água e a luz dali correrão por conta dele, afinal, o local ali é provisório até que ela tenha meios de ter seu próprio lugar.

  Ela diz, com o salário que o senhor me ofereceu, sem pagar aluguel, água e luz, em breve terei economizado o suficiente para ter uma casa, minha, pode ter certeza.

  Ele sorri.

  Eu acredito que sim, minha querida.

  Ele então olha no relógio e diz, não vai dar tempo de você fazer o almoço hoje, nossa conversa fez a gente entrar muito na sua hora de almoço, vem, vamos almoçar no restaurante aqui do lado, hoje você é minha convidada.

  Ao chegarem no restaurante ele puxa a cadeira para ela, escolhe os pratos para os dois, pede um vinho, e uma sobremesa ao garçom.

  A seguir começa a conversar com ela a respeito de sua vida, de quem ela era, antes, como as coisas acabaram como acabaram na vida dela, falam sobre muita coisa, ela pergunta o que ocorreu a Alberto, pois até então não teve notícias se o rapaz está bem, descobre que sim, e que a esposa e os filhos dele, estão muito gratos a moça pelo socorro dela a ele, e desejam convidá-la para um churrasco no fim de semana, na casa dele, ela diz que vai sim.

  Ai ela pergunta a Noah, se ele é casado, ele diz que não, vive na ponte aérea, os negócios tomam muito seu tempo e desde que terminou a faculdade e implantou a firma não tem tempo para ele.

  Sair passear, conhecer pessoas tem sido muito difícil.

  Ela diz, eu te entendo, quando eu fazia meus artesanatos, para ter o sustento mínimo básico eu trabalhava muitas horas e tinha tanta coisa para pensar, que também não achava tempo para minha vida pessoal.

  Você nunca se casou e nem teve filhos? Pergunta ele.

  Ela responde que não.

  Ela saiu de casa para trabalhar aos dezoito anos, como seus irmãos, e deseja construir uma vida para ela, para depois pensar em filhos.

  Casamento é uma loteria e tem de conhecer bem alguém, para se casar, e as opções até então demonstraram ciúmes exagerados, e tendência a uma violência que ela não deseja para si, a violência doméstica.

  Ele então pergunta como sabe se um homem é violento, algum já te agrediu fisicamente, ela responde que não, mais existem sinais, que eles acabam dando.

  Ele pergunta quais?

  Nas conversas deixam escapar algo, como se fosse minha mulher eu não deixava barato, eu fazia e acontecia, e muitas outras coisas, que já vi homens violentos dizerem a amigas minhas, e depois de casarem vi os resultados, em seus rostos e corpos.

  Tem coisas que a gente só aprende observando, e a violência mora nos detalhes.

  Eu tenho irmãos homens e tem dois que são extremamente violentos com as esposas e já eram desde namorados, e eu cresci com eles, sei como são, os outros não são agressivos.

  Um dos dois a que me referi antes já se tornou feminicida da ex esposa, então sou muito detalhista, vi o exemplo dentro de casa, onde leva a violência.

  Mas se você for olhar todo homem como um provável feminicida jamais se casará.

  Noah, eu não vejo todos os homens como feminicidas, mas

  Só chamo atenção de pessoas problemáticas, apenas, pessoas sensíveis e honestas não se aproximam de mim, para relacionamentos, apenas isso.

  Tem também que eu sou de uma classe social, que é comum a violência contra a mulher.

  Se engana você se pensa que isso é coisa de gente pobre, querida, nas classes mais altas isso é comum também, só é mais escondido.

  Está vendo, eu tenho razão isso é mais comum, que achar homens honestos.

  Portanto eu, só não sou especialista em encontrar agulha em palheiro.

  Noah, ri e fala, fique calma você vai achar a agulha que procura.

  Ele começa a observar a moça mais de perto, a partir do almoço deste dia, afinal ela é belíssima e teve coragem suficiente para salvar a vida de dois completos estranhos no meio do mato, apesar de nada possuir e acreditar que o sexo masculino é um provável agressor.

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