2º Parte

—Sente-se logo aqui, Dalila que não temos todo o tempo do mundo para conversar! —Ela me diz enquanto me olha me fazendo rapidamente sentar do seu lado.

Um silencio constrangedor se estala entre nós duas me fazendo olhar para frente enquanto engolia em seco, eu e minha mãe não éramos tão unidas assim. Eram poucas vezes em que agíamos como mãe e filha, somos duas estranhas que convivem em baixo do mesmo teto.

—Bem, como começar essa conversa sem te assustar? —Ela se pergunta enquanto olha para todo canto menos para mim, como se fugisse da conversa que a mesma queria ter.

Cruzo minhas pernas enquanto coloco minha cabeça em cima da mesma esperando que ela comece a tal conversa mais tudo que consigo ouvir é apenas a respiração de minha mãe e a minha nesse quarto tão grande.

—Dalila ontem você... —Ela começa mais para como se estivesse tentando puxar o ar que lhe escapa me fazendo ficar quieta apenas olhando para um ponto brilhante no chão do meu quarto—Você deve ter, querer dizer, você lembra que lhe falei que você se transformaria em um pequeno pássaro ás 18 horas? —Minha mãe me pergunta me fazendo apenas balançar a cabeça como se confirmasse o que ela tinha me dito.

Então me dou conta de que ela não tinha prestado a atenção no meu movimento me fazendo ter que a olhar rapidamente pelo canto do olho, posso ver seu lábio inferior pálido por causa da pequena mordida que a mesma dá no seu lábio.

—Sim, mãe! —Digo enquanto a olho ainda pelo canto do olho tentando entender o que estava acontecendo. —Lembro-me sim. —Digo enquanto me viro para ela puxando um dos meus joelhos até meu peito e colocando a palma da mão contra o mesmo. —Falando nisso, mãe a senhora acredita que tive um sonho estranho onde eu me transformava em um pequeno pássaro?

Pergunto tentando sorrir porque para mim aquilo era um pequeno sonho e não a realidade, não podia ser.

—Na verdade, você se tornou um pequeno pássaro, você assim como eu no mês do seu aniversário de 24 anos tem que encontrar o seu amor verdadeiro e receber um beijo de amor senão você se tornará um pequeno pássaro para toda vida! —Ela me diz tão rapidamente que se embola entre as palavras que parecem entrar nos meus ouvidos e deslizarem para bem longe como pequenos camundongos.

Ergo a cabeça e olho rapidamente para minha mãe tentando não manter minha boca escancarada mais tudo que consigo é a olhar sem conseguir acreditar.

—O que? — Pergunto enquanto deixo com que meu queixo bata contra meu joelho me fazendo ter que morder o interior da minha bochecha para conter o gemido de dor que quer deslizar dos meus lábios.

—Eu queria que você não precisasse passar por isso, mais você é mulher e somente as mulheres se tornam pássaros! —Minha mãe me diz enquanto puxa minhas mãos a cobrindo com as delas.

Olho para a mesma com meus olhos piscando, sem conseguir acreditar no que ela estava me falando, mais seus olhos azuis banhados de lagrimas me dizem que era verdade.

—Quer dizer que o meu sonho não era sonho, ontem à noite eu me tornei um pássaro? —Pergunto enquanto sinto as mãos de minha mãe apertar ainda mais minhas mãos entre as suas, seus olhos azuis não conseguem conter as lagrimas que deslizam por sua face pálida.

—Sim, você se tornou um pássaro ontem à noite, você tem até o dia vinte e quatro, eu rezo para todos os deuses para que você encontre o amor verdadeiro.

—Mais.... Mais como vou saber qual é o homem que eu amo de verdade? —Pergunto sentindo o medo deslizar por minhas veias como pequenas labaredas de fogo que consomem tudo que veem pela frente.

— Você vai saber quando o encontrar, você se sentira uma boba apaixonada! —Minha mãe me diz com um pequeno sorriso nos lábios como se estivesse tentando conter um pequeno segredo que ela querer tanto me contar — Mais agora vamos descer, porque temos visita.

Olho para a minha mãe e logo depois para as nossas mãos que se encontravam entrelaçadas entre nós duas. Essa é a primeira vez que me sinto bem por ter uma conversa com minha mãe sem brigas.

—Você, minha pequena beija-flor será muito feliz, eu sei disso! —Ela me diz enquanto toca minha face e me dá um pequeno sorriso como se me confortasse.

Posso ver em seus olhos a sinceridade de uma mãe, era como se ela soubesse que aquilo era verdade. Era como profecia de uma mãe para uma filha.

—Vista o vestido logo, Dalila! —Ela me diz com sua voz fria me fazendo sair da bolha de mãe e filha.

—Sim, sargenta! —Digo com um pequeno sorriso nos lábios enquanto coloco o vestido pela cabeça.

—Mãe, quem são nossos convidados? —Pergunto enquanto descemos a escada, mais tudo que consigo dela é um pequeno silencio como se ela quisesse manter em segredo os nomes de nossos convidados me deixando cada vez mais alflita como se temesse quem quer que fosse.

—Surpresa filha! —Ela me diz com um pequeno sorriso contido me fazendo engolir em seco.

Eu conheço esse sorriso, minha mãe não é do tipo de mulher que brinca...

Oh, droga, já sinto que não vou gostar de quem eu vou encontrar.

Que Jesus me contenha mais sinto que nessa pequena reunião vamos ter algumas cabeças rodando escada a baixo, só espero que não seja a minha porque ainda sou muito jovem para morrer.

Respiro fundo enquanto minha mãe caminha na minha frente com seus saltos altos me deixando para trás enquanto rezo em pensamento, rezo para que não seja um dos filhos do sócio do meu pai porque se for sinto muito mãe, mais acho que sua filha vai para a cadeia!

—Você conseguiu fazer com que Dalila saia do quarto, querida? —Ouço a voz do meu pai falar enquanto minha mãe entra no jardim deixando com que a luz do sol me cegasse.

Caralho meu, que luz forte é essa?

—Claro querido, eu sempre consigo o que eu quero! —Minha mãe diz sarcástica me fazendo bufar porque minha língua temeu para lhe falar: Claro que consegue tudo a ponto de não conseguir impedir uma maldição...

Eu me transformo numa droga de um pássaro a noite, mãe!

—Então cadê a pequena Dalila? —Uma voz masculina pergunta me fazendo morder minha língua para não responder com sarcasmo.

—Estou aqui! —Digo enquanto caminho pelas portas altas do jardim deixando para trás a linda casa para um jardim maravilhoso só que com um sol que estava me cegando.

Olho rapidamente para frente e encontro um jovem homem com cabelos da cor da areia parado me olhando com os braços cruzados, seus olhos castanhos pareciam rir de mim como se eu fosse uma pequena piada internar nele.

Olha, meu filho não ri de mim não!

—Como você cresceu pequeno beija- flor! —O jovem homem me diz com um sorriso nos lábios me fazendo engolir em seco porque naquele momento senti algo querer se libertar no meu interior.

Parecia como se algo se remexesse no meu estomago como pequenas borboletas, algo deslizava no meu interior...Oh, droga, penso enquanto arregalo os olhos.

Não, isso não.

Puta merda.

O cara ali na minha frente é o meu amor verdadeiro?

Mãe, desfaz essa maldição!

Penso enquanto tento me lembrar de como respirar porque naquele exato momento tudo que conseguia pensar era em como não surtar ali na frente dele.

—Desculpe-me mais quem é você? —Pergunto quase gaguejando como se estar na presença daquele jovem homem me fosse algo de outro mundo.

Mais eu não conseguia parar de olha-lo como se ele fosse alguém que eu queria muito, algo que deseja a muito tempo.

—Então ela o encontrou! —Ouço meu pai falar baixinho para minha mãe que apenas ri do que ele falou.

— Eu falei ela não ia aceitar ele como seu verdadeiro amor! —Minha mãe responde para o meu pai como se ela soubesse que eu impediria que isso acontecesse.

Eu não queria amar alguém que acabei de conhecer, como ele pode ser minha alma gêmea se eu o conheço agora?

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