Capítulo 2

Era sexta-feira à noite, e tanto Kevin quanto Antônia estavam sentados no sofá da sala enquanto assistiam a um filme de terror. A luz do cômodo estava apagada, deixando apenas uma penumbra, a qual era feita pela claridade da televisão. Entre um susto e outro, Antônia e Kevin saboreavam uma pipoca temperada, a qual era suficiente para encher dois potes com capacidade de um litro.

Enquanto isso, Fiona estava em seu quarto, sentada sobre um tapete colorido e bastante infantil, o qual havia sido dado de presente por sua mãe quando ela ainda tinha os seus dois anos de idade, e por isso ela o tinha até os dias atuais. Quando Fiona começava a brincar com as suas bonecas, ela se esquecia tanto da hora quanto dos seus afazeres, os quais são referentes às lições de casa provenientes da escola.

O filme estava tão bom e tão eletrizante que Kevin também não se lembrava de olhar o relógio, mas pelo seu celular ter emitido um som de alerta avisando que soavam as vinte e duas horas, ele se distraiu e olhou a tela do telefone, lembrando-se de Fiona, pois geralmente nesse horário, ele sempre falava que está na hora de criança ir dormir, o que deixava Antônia muito feliz, por poder ficar a sós com o seu marido em dias que estavam todos juntos no mesmo cômodo. Retirando o seu braço direito que estava envolvendo as costas de Antônia, ele se levantou e foi caminhando até o quarto de Fiona. Quando ele se aproximou, tocou a maçaneta e abriu a porta, disse:

– Vamos dormir? Já são dez horas da noite.

Mas todas as vezes que Kevin a avisava a respeito do horário, ela reclamava, pois Fiona não gostava nem um pouco de ter que interromper a sua brincadeira para obedecer ao seu pai, então ela respondeu:

– Pai, me deixa ficar mais tempo acordada! Eu ainda não terminei de brincar.

– Nada disso! Tem que dormir cedo para acordar se sentindo bem no dia seguinte. Vamos dormir! Eu posso ler um livro para você, se você quiser.

– Eu quero!

– Escolhe o seu livro favorito que eu venho daqui a pouco ler para você.

Na sala, Antônia continuava sentada no sofá comendo a sua pipoca e se refrescando com o refrigerante, quando de repente o filme acabou. Nesse momento, Kevin voltou para a sala e ela começou:

– Você perdeu o final do filme. Foi ótimo, mas não vou te contar para não ficar sem graça.

– Tenho que colocar Fiona para dormir.

– Ela já está bem grande, não?

– Vou ler uma história para ela. Pode ir dormir se você quiser. – Disse Kevin tocando com os seus lábios a boca de Antônia, e em seguida caminhando até o quarto da filha.

Aproximando-se novamente do quarto, Kevin perguntou a Fiona se ela já estava pronta para ir dormir e se ela já tinha escolhido o seu livro favorito. E Fiona, por sua vez, mostrando um largo sorriso que encantava a qualquer um, se aproximou de seu pai com um livro na mão. Quando Kevin o pegou, ela se adiantou, de modo a subir em sua cama, puxar as cobertas e se envolvendo nelas imediatamente.

Para que Fiona pegasse no sono rapidamente, Kevin foi até a porta de seu quarto e apagou a luz, deixando apenas a luz difusa do abajur amarelo que ela tinha sobre o criado mudo ao lado de sua cama. Kevin se sentou na beirada da cama de Fiona e, abrindo o livro, começou a ler o primeiro capítulo, o qual ela já tinha decorado todo o texto, pois ele frequentemente lia as mesmas palavras quase todas as noites para ela.

Cerca de dez minutos depois, Kevin interrompeu a leitura e olhou para o rosto de Fiona, e se certificando de que ela já tinha pego no sono, fechou o livro e se levantou para  sair do quarto de forma silenciosa. Quando Kevin estava se aproximando da porta, ele ouviu uma voz, dizendo:

– Pai, por que você parou de ler? Eu ainda não dormi. – Disse Fiona, que estava apenas fingindo que tinha adormecido, fazendo o seu pai sorrir e se sentar novamente na cama a fim de prosseguir com a leitura.

Depois que ele leu mais alguns capítulos, ele viu pela expressão facial relaxada de Fiona que ela, de fato, tinha adormecido e que ele poderia ir para o seu quarto a fim de dormir também.

Quando Kevin chegou no quarto, Antônia já estava deitada embaixo das cobertas. E quando ele se aproximou da cama e se deitou, ela perguntou:

– Amor, você não acha que a Fiona passa tempo demais na ociosidade? Ela fica brincando o tempo todo. Você não acha que ela deveria fazer algum curso?

Olhando para Antônia e sentindo o seu coração disparar devido a descarga de adrenalina acompanhava pela impaciência, ele disse:

– Eu acho que a Fiona, assim como qualquer criança, tem que estudar, mas também tem que brincar. Boa noite. – Disse Kevin, virando-se para o lado oposto de Antônia, de modo que estivesse de costas para ela, como um sinal para que ela não ficasse o importunando naquele momento.

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