Páginas em Branco
Páginas em Branco
Por: Vanessa Matos
Capítulo 1

                                              Páginas em Branco - Vanessa Matos

Cibele é uma mulher de vinte e um anos, que possui cabelos castanhos, entretanto, alguns fios loiros invadem os tons mais escuros principalmente quanto mais se aproximam das pontas. Sua pele é clara e os seus olhos, ainda que necessitem de óculos de grau, possuem uma tonalidade mais próxima ao verde da relva, quando a mesma é iluminada pelos raios dourados do sol, e que pode ser facilmente encontrada no belo jardim que se localiza na frente da sua casa.

Mesmo que Cibele seja uma mulher adulta, ela ainda não conseguiu deixar para trás um dos seus costumes que mais faziam parte de sua infância e de sua adolescência. Por ela se agarrar à ideia de que escrever se tornou uma forma de desabafar, Cibele continua com a utilização de um diário, onde cada dia que nasce, ela insere a chave a fim de abrir aquele pequeno cadeado, e depois de esfolheá-lo, ela encontra uma página em branco, a qual será preenchida com o que ela pretende fazer durante todo aquele dia. E geralmente ao final do dia, ela novamente o abre a fim de, através de sua caneta rosa pink, contar o que aconteceu ao longo daquelas últimas horas, mostrando com detalhes as suas experiências, e como de fato tudo ocorreu.

Naquele novo diário, o qual tinha sido adquirido há menos de um mês, era possível observar uma capa acolchoada, bem como a sua contracapa, sendo ambas na cor bege, com um desenho de um ramo de flores brancas, e com algumas linhas, como se a partir da capa já pudesse começar a escrever, em poucas linhas, o que mais se fazia presente em sua mente em cada momento, a partir do instante em que ela destrancava o cadeado.

Cibele sempre percebeu que as suas vontades eram, desde quando ela era apenas uma criança, de conhecer uma pessoa boa de coração, que tivesse um bom caráter e outras qualidades, cujo objetivo era unicamente de lhe fazer feliz. Depois de ela tanto sonhar com o almejado casamento, ela finalmente encontrou um homem que ela ainda não conhecia, mas que já morava em seu coração. E ele era, de fato, uma ótima pessoa. Seu nome era Miguel, um homem que também tinha vinte e um anos, que tinha a pele clara, quase da mesma tonalidade da pele de Cibele. Entretanto, o seu cabelo é composto por fios de espessura fina e de uma cor que varia entre o castanho escuro e o preto. Tendo o corpo praticamente todo coberto por tatuagens, com os desenhos sendo quase todos feitos apenas em contornos na cor preta são uma vantagem para que Miguel seja reconhecido por Cibele ao longe, devido ao problema que ela tem na vista que a impede de enxergar de forma nítida quando se vê algo ou alguém a certa distância, o qual é conhecido por miopia.

Cibele estava dentro de seu quarto, o qual possui uma arquitetura que ela faz questão de manter, visto que a lembra de seu tempo de criança, Cibele se sente muito apegada a essa época de sua vida, pois ela sempre reforça a ideia de que eram os tempos nos quais ela era mais feliz, pois foram, de fato, muitos anos que não exigiam que ela tivesse qualquer responsabilidade além das aulas, dos trabalhos e das provas, cuja dedicação era necessária para que ela tivesse sucesso em tudo o que ela fizesse na escola.

Um dos motivos por ela apreciar tanto o seu tempo de infância, foi Miguel, que cursou tanto a terceira quanto a quarta série na mesma turma que ela. E desde então, ela passou os próximos anos de sua vida almejando um reencontro, visto que, devido à separação de seus pais, ele teve que sair de casa, mudando-se com a sua mãe e a sua irmã para o estado do Rio Grande do Norte, necessitando, consequentemente, mudar de escola. E por isso eles não se viram mais. E como na época a tecnologia ainda não era tão avançada de modo a ter aplicativos voltados aos envios de mensagens instantâneas, eles perderam o contato também via internet.

Mas os anos se passaram, até que Miguel completou os seus dezoito anos, e por ele ter chegado à maioridade, a lei lhe deu o direito de escolher onde ele gostaria de morar, permitindo também que ele morasse sozinho, caso assim ele desejasse.

Por ele sempre ter gostado de apreciar as consideráveis faixas de areia clara, o lindo mar azul, bem como a variação de seus tons, a qual é causada pelas ondas que quebram constantemente nas praias da cidade da Barra da Esperança, ele optou por retornar à cidade maravilhosa, tentar conseguir um emprego a fim de sustentar uma casa, ainda que fosse pequena, e desfrutar de sua própria companhia através da ideia de morar sozinho, pois era o seu sonho desde a sua adolescência.

Miguel sempre foi reconhecido por seus amigos mais próximos e pela sua família devido à significativa força de vontade que ele sempre teve desde que era apenas uma criança. E a partir do momento em que ele ocupava a sua mente com uma ideia, ela permanecia forte até que ele a tornasse realizada.

Quando Miguel retornou à cidade da Barra da Esperança, ele imediatamente foi procurar um hotel para ficar hospedado. Como ele só precisava da hospedagem por alguns dias, os quais seriam necessários até ele encontrar um local para morar, ele deu preferência para um estabelecimento, o qual era muito simples e era localizado em meio às ruas estreitas do centro da cidade, o que o deixava feliz, pois quando Miguel se aproximava da janela em um fim de tarde, ele via as diferentes cores do crepúsculo próximas ao grande relógio da Central do Brasil, e isso ativava a sua memória, avisando que ele tinha voltado para a cidade que ele tanto amava.

Durante uma das vezes em que Miguel esteve andando pelo centro da cidade, ele avistou uma jovem que lembrava a sua amiga de infância, a qual se chamava Cibele, pois ela tinha o mesmo formato do rosto, entretanto os seus cabelos estavam com a cor diferente de quando ela era uma criança, fazendo com que ele se sentisse tão confuso a ponto de não se aproximar dela e se apresentar de modo que a fizesse se lembrar dele. Mas quando ela se virou, os seus olhos encontraram os dele e ela viu um brilho tão intenso que ela mesma foi caminhando até ele, e quando eles estavam de frente um para o outro, eles se abraçaram. Um abraço demorado e que demonstrava todos os sentimentos de saudade e de amor que qualquer palavra que estivesse no dicionário não seria capaz de dizer.

A partir desse reencontro, eles trocaram o número de telefone celular e por isso, passaram a conversar frequentemente. Pensando em todos os anos que eles tinham perdido enquanto estiveram distantes um do outro, eles resolveram sair, de modo a se conhecerem melhor, com a ideia de futuramente iniciar um namoro.

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