Capítulo 2

Cleveland Museum of Art é considerado um dos mais prestigiados museus dos Estados Unidos. Com um total de 45,000 mil peças de arte de todo o mundo, não é à toa que atraia mais de meio milhão de visitantes por ano. Fundado em 1913, junto com o Wade Park o preço de construção foi de 1,25 milhões de dólares. O nome do Park serve como uma homenagem a Joptha H. Wade cujo princípio era: "Para o benefício de toda a população sempre".

Parte das galerias é exposta no próprio Wade Park, dentre ele pode-se destacar Chester Beach's Fountain of the waters (1927); Monumento de Tadeusz Kościuszko, American Revolutionary War. 

Vale destacar também que o departamento possui Arte Chinesa, Arte moderna da Europa, Arte africana, Medieval, contemporânea, fotografia, têxteis, gravuras, esculturas, desenhos e muito mais.

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Apesar da constante ausência de Byron em galerias e eventos artísticos, seus admiradores não o esqueceram. De alguma forma, as poucas saídas que ele dava (quase sempre em bares ou mercados em busca de sustentar seu vício), eram percebidas. Havia sempre alguém que perguntasse qual era o trabalho que estava em andamento. E isso o entristecia e enchia-o de ódio pois sua vida estava vazia e cheia de mágoas que o impossibilitava de exercer sua arte. E tudo isso levava de forma explícita o nome de Elizabeth. Mas é claro: sua vida não era a mesma desde aquela fatídica noite e por mais que uma promessa de uma vida melhor havia sido declarada em Londres, era apenas uma promessa. Ele havia voltado para Cleveland por conta de um sentimento de não-pertencimento às ruas sofisticadas e impessoais de Londres. Mas a verdade é que ele abandonara uma chance de recomeço para voltar à Elizabeth. Ele a queria, mas não da mesma forma como antes. O amor não parecia genuíno, era forçado e errôneo. Errôneo pois não era amor, era ódio. E ele a queria fora de seus pensamentos e dentro da sua vida, a normalidade da vida que fingiam ter.

Os jornais já estampavam seu nome e os mistérios de sua súbita mudança. Jornalistas alegavam com toda a certeza que ele estava produzindo seu maior trabalho. Acreditando nessas especulações, Byron foi convidado à um evento de exposição e concurso no qual aceitou prontamente, apesar de saber que a organizadora do evento o chamara apenas por acreditar que o tão falado "maior trabalho de Byron Mansfield" fosse verdade. E como não passava de boatos e Mansfield não tinha nenhuma obra se quer em andamento, tratou de buscar inspirações.

Era uma sexta feira à tarde e Byron estava começando a ficar fora de si: o excesso de álcool começava a mostrar seu efeito. Ele saiu de sua casa e foi diretamente ao Cleveland Museum of Art e tratou de analisar as obras. Obteve o maior sucesso pois entendia até pinturas que haviam sido feitas para não serem entendidas, tamanha era sua embriaguez. Não demorou muito e foi embora, sentindo total indisposição e voltou para a sua casa sentindo-se pior do que já estava. Adormeceu em sua cama pensando que jamais conseguiria pintar novamente, estava arruinado, sem criatividade, sem vontade e viciado. A culpa era de Elizabeth.

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Onze da noite. Byron Mansfield acordou com uma dor alucinante em todo seu corpo e levantou-se rapidamente. Algo não estava bem. Ele sentiu uma profunda dor em seu peito e uma falta de ar o arrastou de imediato para fora de sua casa. Respirou o ar frio e acalmou-se. O vento passou suavemente por sua pele e Byron fechou os olhos. De repente, estava de volta: A paixão, a chama, as cores. A liberdade do artista, a revolta, a inquietude de uma mente que tudo vê. Era ele de volta, o pintor que abraçava o grotesco e clássico, transformava ambos em um só. Sorriu e sentiu vontade de gritar e chorar. "Estou vivo!", pensou com um sorriso discreto em seus lábios, mas que vinha do fundo de seu amargurado coração. Permaneceu um tempo na mesma posição, sentindo felicidade plena. Ideias não faltavam, como se todo esse tempo em que ficara sem produzir, houvesse acumulado as mais diversas obras de arte.

Byron precisava disso. Não só a sua mente, mas o seu corpo, a sua existência clamava por um meio de expressar as mais terríveis tormentas que ele vinha vivendo.

Em meio à esse turbilhão de emoções algo despertou sua atenção: a rua estava silenciosa, a maioria das casas do bairro já encontravam-se escuras. Menos a última, que passava por uma agitação fora do normal. Byron observou e tentou, do lugar que estava, entender o que acontecia. Suas tentativas mostraram-se inúteis e ele não pôde evitar de realizar um ato errôneo: caminhar até a última casa da rua, a de Elizabeth.

Uns diriam que foi um acaso, já outros iriam defender a ideia de que tudo está conectado com o subconsciente: já faziam nove meses desde aquela terrível noite. A psicologia talvez diria que de forma não-consciente Byron estivesse contando os meses. E pode ser que alguns até dirão que é a super habilidade da mente humana de saber das coisas. Mas a verdade, é que ninguém sabe e foi um acontecimento que pareceu isolado, mas marcou uma tragédia. Quando Byron chegou na casa, soube de imediato o que estava acontecendo. Havia uma ambulância parada, o que significava que o companheiro de Elizabeth não estava presente.

À partir daí, os ocorridos são óbvios. Uma chama crescente apossou-se do coração de Byron e ele correu desesperadamente até sua casa e encontrou consolo em seu carro. Respirou pausadamente, mesmo que sua mente não havia parado um só segundo. Seguiu então, até o hospital que lembrava que Elizabeth sempre ia. Não pensou na possibilidade de errar o destino que a ambulância seguia, não pensou nas conseqüências que esse ato traria e nem na reação que posteriormente sua antiga amada esboçaria. Só seguiu, como um viajante que desistiu do mundo moderno e resolveu ir contra as regras do homem.

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