Capitulo 7

Jack

         Não sabia quantas horas eu tinha dormido, mas pelo meu cansaço, foram poucas. Tive uma reunião lá no quartel, onde eles queriam me pôr num no caso de uma patricinha sem sal. Todos os meus colegas já tinham passado por ela e viviam reclamando que a tapada dava muito trabalho.

         Antes de sair de casa, para ir ao serviço,  dou uma olhada sempre no celular do ogro gostoso, que ainda está comigo. Aproveito e olho o meu também, que já tinha uma mensagem do Rafa, marcando um encontro comigo lá na empresa do amigo dele amanhã sem falta, às 8 horas. Esse povo não dorme, não? Gemo quando termino de ler a mensagem e envio um “Ok”em resposta para Rafa.

         Agora eu estou aqui ouvindo os áudios do meu chefe, dizendo que o caso da patricinha é meu. Ah, não mesmo! Envio um áudio em resposta:

— Por favor, senhor! Eu não quero ficar de segurança dessa menina — peço já quase chorando.

— Eu não queria pegar esse caso, Jack, mas a família é rica e paga muito bem. — responde meu chefe, fazendo pouco caso de mim.

      — Homens — penso revirando os olhos mentalmente. Ainda bem que estou em casa, porque se estivesse perto do meu chefe e ele me visse fazendo isso, eu levaria uma bela advertência.

— Senhor, não vou conseguir pegar este caso. Pois peguei outro por fora. — Envio o áudio com o coração na mão.

— Jackeline Baptista, como você aceita um serviço sem me consultar? — ele pergunta furioso.

Meu chefe se chama Rubens Peres. E é muito parecido com aqueles mafiosos com cara de mau, que poderiam matar qualquer um. Jesus amado! Não o deixe descobrir o que eu penso dele, se não é capaz que de ele m****r arrancar a minha cabeça.

— Senhor, o cara é rico — respondo. Só foi preciso dizer isso para que meu chefe ficasse com os olhos brilhantes.

— Se ele é rico, então é famoso? — senhor Rubens pergunta curioso.

         Meu Deus! Esse homem só sabe pensar em dinheiro. Ainda bem que ele tem um espaço para um ótimo coração, porque senão estávamos perdidos. Eu já estava cansada de conversar com Rubens por áudio, então o aviso que já estou a caminho do quartel e que lá explicaria toda a história.

Assim que chego ao quartel, vou direto à sala do chefe, onde já se encontram algumas de minhas colegas de trabalho que aguardam a distribuição de tarefas.  Mal entro na sala e Rubens me indaga:

— De qual ricaço você vai fazer a segurança Jackeline? — Ele pergunta curioso.

— Fiquei sabendo pelo meu amigo Rafael que ele é dono de uma agência famosa de modelos. — Encolho os ombros, pois eu não sou uma pessoa ligada em moda.

— Então foi aquele seu amigo que te apresentou o caso? — meu chefe ironiza.

         Meu Deus, só gostaria de saber até quando esses dois iriam ficar sem se falar. Pareciam duas crianças mimadas! E isso tudo por causa de mulher. Que os dois ficaram sem saber, é claro, que ela estava com os dois ao mesmo tempo. Bendita hora que tivemos uma festa de aniversário dos meninos num bar e o Rafa apareceu pra vir me buscar quando o meu carro não quis pegar. E quando ele viu a loira, deu em cima, só o que ele não contava e muito menos eu era que o meu chefe estava ali também a cantando. — Sim, Rubens. Antes que você me pergunte, vou te passar o caso todo amanhã quando o encontrar.

— Mas qual é o nome dele? — pergunta curioso, e percebo que eu não tinha falado ainda seu nome.

— Bom O nome dele é Mendonça.  A empresa de modelos é chamada de Belíssima... Perdão, Sarah Model’s — eu me corrijo.

— Caramba, Jack! — Ouço uma de minhas colegas ficarem surpresa, com o que eu disse.

— Jack. Você vai trabalhar com o senhor gostosão!? — diz a outra. E dava para notar uma nota de inveja.

— Sou a única que não sabe nada sobre ele? — pergunto com sarcasmo. Não sabia nada sobre o homem, tudo que  sabia era o pouco que o Rafa tinha me contado e só.

— Caramba, Jack. O que você faz nos dias de folga? — pergunta outra colega que estava na sala. Entendendo o que ela quis dizer respondo ironicamente:

— Bom, durmo, leio, luto, jogo videogame, etc... — Dou de ombros.

— Alex é simplesmente um gato! Você é muito sortuda. — volta a dizer uma das meninas.

— Ok, ok! Vocês estão muito eufóricas — Rubens diz:

— Bom, chefe, amanhã vou me encontrar com ele e começarei a sua segurança.

— Jack, me mantenha atualizado.— meu chefe diz e começa a distribuir tarefas a todos e dou graças a Deus por não ficar com a patricinha.

         Logo que o chefe termina de passar os casos, eu vou treinar um pouco. No treino, a música que não sai de minha cabeça é: “Bring Me to Life” – Evanescence.  Eu amo um rock. Pegando o celular, vejo que tinha várias chamadas perdidas. Merda! Eu tinha esquecido que o celular estava comigo, deveria ter deixado o celular do Gelo dentro da mochila, que besteira a minha, ficar carregando dois celulares durante o treino. Ainda bem que o celular do Gelo estava ok! Deus me livre eu ter que comprar outro.

         Resolvo sair da sala de treino e sigo para o vestiário, fico torcendo para que a pessoa ligue novamente, afinal, pode ser o dono do aparelho. O celular está todo bloqueado, não tem como retornar ao número que ligou. Tomo um banho, pego minha mochila, tranco meu armário, despeço-me de todos e vou para casa. O celular não acende mais e eu fico aliviada. Estou precisando de um banho seguido de uma Coca-Cola bem gelada e pizza, oh, delícia, mal posso chegar em casa!

Assim que chego em casa, escuto um barulho, acendo a luz e vejo a minha cachorrinha, a Estrela. Eu a ganhei de aniversário dos meus pais que enquanto eu trabalhava, cuidavam dela, alimentavam-na, e passeavam com ela. Quando eu a ganhei, tomei um belo susto e não sabia o que fazer, pois com o meu trabalho, nunca sabia o horário que alguém ia precisar de minha proteção, às vezes preciso trabalhar à noite, então preciso mesmo da ajuda de meus pais. Quando a olho, meu coração transborda de amor.

Jogo-me no sofá, ela vem ao meu encontro e a pego no colo. Estrela é minha companheira, faz com que eu me sinta amada. Os caras do serviço, ao saberem que eu havia ganhado uma “Yorkshire”, zombaram de mim, dizendo que eu tinha uma cadelinha toda delicada e não combinava comigo. Eu só os mandava irem se foder e mostrava o dedo do meio para ver ser assim eles paravam de me atormentar. Ledo engano, eles riam mais.

— Como está a bebê da mamãe? — pergunto olhando pra ela.

— Você se comportou? — faço uma nova pergunta e como resposta eu ganho uma lambida. — Isso foi um sim. Eu espero.

         Dou risada e brinco mais um pouco com Estrela. Meu estômago ronca e lembro que não pedi a minha pizza, faço o pedido, perguntando quanto tempo iria demorar, enquanto isso fico brincando com Estrela.

 Não demora muito, coloco um short e uma regata, o que me deixa muito mais confortável. Sou uma mulher gordinha, odeio roupas que me apertem e que facilitem a formação de assaduras. Por isso não uso vestido, nem saia e sinto uma raiva quando preciso usar esse tipo de roupa em uma missão.  Amava um jeans, odiava vestidos e saias, pois vivia assada, uma mulher gordinha não dava para usar um vestido, mas eu era obrigada a usar um quando a missão pedia.

         Abaixo o volume quando ouço o toque da campainha, vou correndo até meu quarto e pego a minha arma e escondo atrás das costas, é a minha pizza, mas é melhor prevenir do que remediar. Antes de sair, eu pego o dinheiro e saio como se não quisesse nada, vou até o portão e vejo que é apenas o entregador. Ele me entrega a pizza, eu pago, espero que ele vá embora e só depois que eu entro em casa. Sou muito desconfiada.

         O aroma está delicioso, amo pizza e Coca-Cola. Abro a caixa, minha  pizza é meio a meio, tiro três fatias de calabresa com cebola e, ah, e não resisto e pego uma de Mussarela e também Pego a garrafa de coca e levo tudo para sala, onde Estrela está dormindo, mas ao sentir o cheiro  de comida, a danada acorda. Pego umas fatias da de calabresa, pico alguns pedaços e ponho no potinho dela, que sempre deixo ali perto do sofá. Ligo a TV para ver o seriado Lúcifer. Eu sou apaixonada pelo diabinho, ficando ali me imaginado como a Chloe, a detetive e o Lúcifer, veio-me à cabeça o Gelo.

         Mas fantasia à parte, e vamos assistir ao meu diabinho favorito. Dou várias risadas com ele, mas logo começa outro seriado e acabo dormindo.  Sonho com o ogro do elevador e ele está me comendo... Que trepada gostosa...

         Mas na melhor parte do sonho, o celular toca e eu acabo despertando, sonolenta. Pego o celular e desligo. O celular volta a tocar e agora tem um registro escrito Casa. Meu primeiro impulso é não atender, seria uma burra se não atendesse, então o faço. 

— Alô? — Minha voz sai rouca, sem perceber.

— Boa noite. Estou ligando nesse celular direto e ninguém atende! — diz uma voz bem sexy, mas com tom sério. 

          Nesse momento noto que atendi o celular do Gelo:

— Senhor, me desculpe! Só pude atender agora — minto para ele.

— Eu perdi esse celular hoje. Podemos marcar para ele me ser devolvido? — diz ele com voz de cansado, mas mesmo assim sexy. 

— Olha, senhor, hoje com certeza, não — falo, olhando para meu relógio de pulso que marca mais de meia-noite.

— Senhora, acho que te acordei. Me desculpe! Sei que hoje não há condições, mas preciso desse celular. É possível ser amanhã? O horário que puder?  Eu preciso mesmo do meu celular de volta — ele implora praticamente

— Tudo bem. Amanhã podemos nos encontrar — digo para tranquilizá-lo. — Senhor, vamos fazer o seguinte, amanhã tenho que ver um cliente, poderíamos marcar em algum lugar para te entregar o celular.

— Ótimo. Vamos fazer o seguinte, tem uma cafeteria chamada “Coffee”, podemos nos encontrar lá às 10hs da manhã? Pode ser? — ele pergunta, passando-me o endereço. Acho muita coincidência a cafeteria ser próxima da agência que eu iria, mas respondo.

— Sem problemas, eu procuro por? — questiono curiosa para saber o seu nome.

— Alex — responde a voz sexy.

— Ok, então, senhor Alex, a gente se encontra nesse “Coffee”. A hora que eu chegar, o procuro — respondo já querendo encerrar a ligação.

— Ok, senhora. Como vou saber quem é você?  — ele pergunta curioso.

— Estarei de uniforme. Com certeza, você vai saber quem sou eu — comento sem dar muitos detalhes. Ele nem imagina que ando armada. 

— Vou esperar a senhora...? — ele pergunta curioso.

— Baptista — digo e logo encerramos a ligação. Olho para minha cadelinha Estrela, que está dormindo e digo: — Ah, Estrelinha, esse homem é muito gostoso, tem uma voz tão sexy. Como ele deve ser na cama? Ai, caramba, Jack, se controla, tenta dormir, pelo amor de Deus.

           Levanto, tomo mais um copo de Coca, para ver se acalma o fogo do meu corpo. Depois pego a Estrela, os celulares ,desligo a TV e sigo para minha cama, onde dormimos como  anjos.

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