Capítulo 10

Nina Kandon

E sorrindo em agradecimento, eu apenas confirmei com a cabeça e começamos a comer de verdade.

No fim do nosso almoço, eu e Bruno já havíamos falado sobre várias coisas, família, orfanato e dentre elas, o dia que fui hospitalizada no qual ocasionou minha provável demissão, olhando para o relógio de Bruno, vi que já era 17 horas e com isso ele me levou de volta para o carro e me entregou a minha mala e disse que provavelmente iria manter contato comigo mas que não iria me causar problemas por identidade. 

Agora com a barriga cheia e cheia de expectativas em relação ao meu trabalho, voltei a caminhar para o mesmo banco onde eu estava a horas atrás. Me sentindo tranquila e confiante de que eu iria recuperar meu emprego quando alguém pegou em meu braço bruscamente e me puxou com força e vejo que não reconheço esse homem e então ele me levou a força para dentro do pub que até então estaria fechado e lá encontrei o senhor Jeremy amarrado em uma cadeira com sua boca amordaçada.

Ah merda. Me ferrei.

 —  O que está acontecendo?  

Murmurei nervosa e olhando para os lados continuei a me debater, na inútil tentativa de me afastar daquele homem.

—  Sr. Eu não fiz nada, por favor.

O homem que até então não disse nada, apenas me puxou pra dentro do pub, estendeu sua mão e me deu um forte tapa no rosto onde imediatamente lágrimas escorreram em meu rosto e sorrindo friamente ele disse quase cuspindo as palavras. 

 —   Acha que não a vi espionando nós na semana passada, Vadia?   

E completamente assustada, eu neguei veementemente e ele gargalhou em resposta ao meu desespero e logo disse.

 —   Todos vocês estão me devendo. Ou recebo o dinheiro, ou eu irei levá-la como lanche para meus 14 rapazes. 

 Me analisando de cima a baixo ele completou com seus olhos brilhando maliciosamente.

 — Eles iriam se divertir muito com você, Gostosura.  

Ele falou dessa vez se aproximando o suficiente para cheirar o meu cabelo e gemeu em resposta e logo em seguida disse enquanto se afastava.

—  Jeremy, onde está o meu dinheiro?  

Ele levantou as mãos como se fosse digno de gratidão e continua. 

 —   Estou fazendo de tudo para continuar bonzinho com vocês.  

E eu olhei assustada para o Sr. Jeremy sem conseguir pronunciar nada. Eu não sabia o que estava acontecendo, não tinha nada a ver com a situação, e o Sr. Jeremy em meio as lágrimas diz.

 — Eu não tenho mais dinheiro, Malik, por favor, nos deixe ir.  

E gargalhando mais ainda, o tal Malik se aproximou de mim, tocou em meu rosto de modo que o olhasse enquanto ele falava.

 —   Sabe, agora você levará um castigo toda vez que ele negar o que eu quero. 

Ele estava com uma expressão extremamente diabólica no rosto e me colocou sentada e amarrou minhas mãos atrás da cadeira e nesse instante, lágrimas desceram incessantemente pelo meu rosto. Me dando a certeza de que nunca mais vou esquecer desse dia de merda, vou ficar com traumas psicológicos para o resto da minha vida. Não vou a droga de dinheiro para fugir daqui depois disso tudo.

Mais lágrimas desciam pelas minhas bochechas e pensei na sorte de ter encontrado Bruno hoje e então pensei na sorte que seria caso ele encontrasse minha mala abandonada na praça e viesse à minha procura.

Será que ele poderia desconfiar do meu sumiço, sendo que eu havia lhe explicado que tudo o que eu tinha vida estava dentro daquela mala e assim vir me procurar?

Senti um aperto no peito quando eu vi que o Malik estava prestes a me bater novamente, e pela sua expressão séria com mais raiva e força que a primeira vez e logo tentei me preparar para a dor, e então ouvi o senhor Jeremy implorar por nossas liberdades e o grotesco homem me soltou e se aproximou do homem amarrado a cadeira e perguntou retirando sua amordaça.

 — Onde está meu dinheiro? 

 —  Eu não sei, Malik. Estou falando a verdade, por favor.  

E interrompendo Jeremy, Malik se aproximou de mim com uma expressão feia e desferiu um soco em meu estômago e um tapa forte em meu rosto onde acabou cortando meus lábios com brutalidade e sentindo gosto metálico de sangue em minha língua soltei um gemido de dor, me sentindo embaçada pela forte pancada no estômago e implorei. 

 —  Por favor, eu não sei de nada.  

E então ele sorriu e se aproximou do meu rosto e agarrou forte em meus cabelos. Meu couro cabeludo pedia por socorro, lágrimas desciam incessantemente pelos meus olhos e eu não estava mais com forças para implorar pela minha vida pois eu sabia que esses homens iriam me levar para acabar comigo e foi nesse exato momento que algo inacreditável aconteceu.

A porta de entrada do pub foi arrombada com toda a violência possível, e entraram muitos homens vestidos de preto e entre eles reconheci o Bruno e logo senti uma enorme sensação de tranquilidade me dominar mas antes de qualquer sentimento me atingir, eu vejo Malik gritar e tentar fugir enquanto arrastava a cadeira bruscamente mas alguns homens o capturaram e o algemaram enquanto eu tentava com muito esforço me manter em pé e me olhando diabolicamente, Malik proferiu.

 —   Vou destruir você, Sua vadia. 

Alguns homens o levaram para fora e sumiram do meu campo de visão. Meus braços desceram livres ao lado do meu corpo quando soltaram a corda que me prendia a cadeira, me sentindo fraca, na verdade exausta física e psicologicamente, ergui a cabeça e olhei para a porta desejando sair daqui mas sem conseguir ter forças para levantar acabei encontrando os olhos verdes que tanto me cativaram, trazendo uma doce sensação de paz, e adentrando o local com uma expressão de extrema preocupação, ele veio em minha direção. 

Como meu salvador, para me resgatar, entretanto, o alívio que senti a poucos instantes, foi substituído por um grande aperto no estômago, tentei levantar e me manter em pé, mas meus joelhos fraquejaram e então cai, minha visão ficou turva e tudo estava escurecendo ao redor mas Chease então me pegou do chão e me levantou em seus braços me apertando contra si. Naquele exato momento senti o quanto necessitava ser cuidada e principalmente, me sentir segura e protegida. Sentindo o seu cheiro amadeirado e sua pele quente e firme tão perto de mim, me deixando muito aliviada por ter sido escolhida por ele, meu coração gritava para que eu cedesse ao seu pedido, e no fundo, era tudo o que eu queria, ser cuidada por ele.

 —   Chease, eu aceito a sua proposta. 

Murmurei em um fio de voz e então mergulhei na escuridão.

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