Capítulo 5

Nina Kandon

Não consigo acreditar que eu estava tão doente a ponto de ter anemia, e pior, fiquei 3 dias em observação, com toda a certeza perdi meu emprego, e dona Marta já deve ter encontrado um novo inquilino, e eu fiquei sem meu"apertamento". 

Levantei as mãos e apertei meu rosto em desespero, perdida em meus pensamentos, senti uma lágrima descer pelos meus olhos e outras logo desceram em sequência e chorei me sentindo angustiada e literalmente sozinha. 

Não sei o que vou fazer se perder tudo de uma só vez, como vou me recuperar? Como vou recomeçar sem um teto e um emprego?

Meu coração acelerou diante dos meus medos, e puxando o ar para meus pulmões, fechei os olhos e tentei me acalmar. Preciso pensar positivo para acreditar que amanhã será melhor, e já me sentindo mais calma, começo a me preparar para sair quando de repente algumas batidas surgem e atenta, ouço a porta se abrir e rapidamente sequei os vestígios de lágrimas e me virei para ver a figura alta e elegante daquele homem preenchendo o espaço que até então estava vazio.

 — Você ainda está aqui?  

Perguntei franzindo a testa virando-me de costas para ele, pois não quero mostrar o quão abalada estou, pois esse homem tem um poder magnético que me faz sentir uma sensação diferente só em olhá-lo.

   —   Pensei que já havia ido embora.    

Murmurei novamente dando de ombros, já me sentindo melhor e virei-me para ele, mas não estava pronta para ver a expressão indecifrável que estava em seu rosto, e como se ele estivesse alcançado seu objetivo que é me deixar envergonhada, ele deu um sorriso de lado e respondeu.

 —   Eu precisei resolver algumas questões.   

E se apoiando na parede, ele cruzou os braços sobre seu peito, a expressão descontraída não estava mais em seu rosto, mas seus olhos afiados estão percorrendo meu rosto atentamente. Ele me analisou minuciosamente até que sua cabeça pende para o lado e pergunta em um tom de voz rouco.

   —   Estava chorando, garota? O que aconteceu?  

Arregalei os olhos me sentindo encurralada e sem saída, abri a boca e fechei pois não havia resposta para a sua pergunta e engolindo em seco, respondi num fio de voz, envergonhada.

 — São problemas pessoais, não se preocupe. Estou bem e viva Graças a você, isso é o que realmente importa.  

Sorri para ele, tentando demonstrar um pouco da minha gratidão pelo ato de preocupação e bondade comigo e ele negou com a cabeça e responde ainda com uma expressão séria em seu rosto. Seus olhos estavam semicerrados em minha direção, seus lábios numa linha firme.

—   Apesar da culpa ter sido sua, me senti diferente em relação a você, claro, se fosse outra pessoa, iria fazer todo o procedimento de primeiros socorros, mas com você foi diferente desde o início.

Senti que ele disse isso como se estivesse estranhando sua própria atitude e vi em seus olhos um tipo de receio com esse acontecimento e passando a língua pelos lábios para umedecê-los, perguntei muito curiosa. Tentando entendê-lo melhor.

— Por que foi diferente?  —  

Ele negou com a cabeça e disse engolindo em seco enquanto se afastava da parede.

—   Não sei, apenas não conseguia me manter longe. Tanto, que fiquei 3 noites aqui nesse quarto com você. Se eu não o fizesse, com certeza não iria sossegar.

Aquela informação me pegou em cheio e enviou pequenas mensagens ao meu coração, e eu sabia que era um terreno perigoso pois esse homem tem tudo o que preciso para cair de amores por ele, seria muito fácil me apaixonar, mesmo não sabendo absolutamente nada sobre esse homem meu coração já estava batendo descompassado e freneticamente com a nossa conversa.

Eu conseguia ouvir a risada da minha consciência, também me acusava ironicamente.

“Iludida”

—   Bom, seja o que for, eu sou muito grata a você. E não sei o que poderia fazer para recompensá-lo por cuidar da… —  

Ele então me interrompeu e disse num tom baixo, e de repente, num movimento rápido, ele já estava à minha frente, muito perto de mim. Perigosamente posso dizer.

 — Eu nunca faço as coisas receber algo em troca mas… 

Ele murmura com um sorriso perigoso em seus lábios, fazendo com que se tornasse insuportavelmente lindo a meus olhos e cruzando os braços que não havia notado, que parecem ser bem musculosos, murmura atraindo minha atenção novamente. 

—  Eu sei como você poderá me recompensar. 

Confesso que ouvir isso me deixou um pouco assustada. 

Acredito que ele seja um homem bem sucedido, caso contrário, não estaria aqui num hospital vestido com a roupa sob medida que está usando, um terno de corte fino sobre um sapato bem lustrado e brilhante com abotoaduras que brilhavam até sobre a luz da lâmpada fluorescente. Puxando o ar, eu perguntei tentando tomar coragem, mas temendo sua resposta mordi o lábio nervosamente.

—   E como eu poderia recompensá-lo?  

Ele me analisa atentamente, sinto meu rosto queimar diante dos seus olhos avaliativos. Ser avaliada por ele não me parece ser perigoso, mas o peso e magnetismo que me prendem a ele sim parece ser mais perigoso do que deveria.

   — Gostaria que você aceitasse meu convite para jantar essa noite. —  

Ele murmura num tom baixo e rouco, com seus olhos brilhantes olhando para mim profundamente e meu ar de repente ficou preso nos pulmões, uma pontada de esperança de que alguma área da minha vida entraria no caminho certo, o caminho do amor ajudou na euforia que crescia a cada segundo em meu peito.

Sempre sonhei em conhecer um homem, no qual fizesse meu coração acelerar somente com o olhar, que eu fosse completamente apaixonada e que no fim, ficaríamos juntos para sempre, mesmo sabendo que o “para sempre” não existe, que não vivemos num conto de fadas, mas que cuidasse de mim, se dedicasse e me amasse do jeito que eu mereço. 

Eu acredito no amor, e acredito que exista o verdadeiro amor para todos. Acho tão maravilhoso quando encontro casais idosos ainda juntos e desejo fortemente um amor desses para mim e viajando nos meus pensamentos, sinto ele se aproximar de mim e pousar sua mão em meu rosto em uma carícia e perguntar me arrancando dos meus pensamentos sobre um futuro incerto.

 —  O que me diz? Você aceita?    

Como posso negar um pedido cheio de carinho como esse? Mesmo não o conhecendo, nem sabendo o seu nome, eu apenas sinto que posso confiar nele. Em nenhum momento me senti em perigo e com isso confirmei com a cabeça envergonhada e ele diz sorrindo.

—  Ótimo, então vamos  sair daqui.   

Ele pegou a minha mão e me puxou para segui-lo, o que fiz de bom grado.

No momento em que ele pegou em minha mão e me puxou senti o seu toque enviar fagulhas quentes por todo meu braço, como se fosse pingos d 'água quente, e sorri em apreciação, pois não havia sentido nada parecido até então.

Continuei seguindo-o a passos largos pois também estava ansiosa para sair desse hospital, e estava desejando a minha cama mas estava sentindo algo dentro de mim, uma sensação desconhecida muito forte em relação a esse homem, um sentimento que nunca senti antes e acredito que não seja algo ruim, pois sinto meu estômago apertar em expectativa, acredito que seja por causa desse lindo homem que está me puxando gentilmente e andando com elegância pela saída do hospital enquanto segura minha mão de um jeito protetor e possessivo, quando paramos em frente a um BMW conversível, essa é a única coisa que reconheço de carros, só consigo assegurar que é maravilhoso, e fiquei tremula só em chegar perto. 

  —   É seu carro?     

Perguntei com a voz num fio quando ele abriu a porta do carona para mim e sorrindo respondeu com um gesto negativo.

 — Não, eu o aluguei. Os meus estão na minha casa em São Paulo.    

Confirmei timidamente e me acomodei no confortável banco forrado em couro branco enquanto o acompanhava com os olhos. Dando a volta no carro, ele abriu o botão de seu blazer e entrou já se acomodando em seu assento e disse.

  —   Eu gostaria de ter uma conversa com você, é algo sério.    

De repente direcionou sua atenção para a estrada e não disse mais nada enquanto comaçava a dirigir seu belo automóvel alugado.

No silêncio confortável que estava entre nós, fiquei me perguntando o que um homem como esse teria para falar com uma mulher como eu? algo sério tipo o que? 

Merda, meu corpo pareceu ganhar vida depois dessas informações, e minha mente começa a trabalhar nas possibilidades que podem ser essa tal “conversa”.

Ai meu Deus.

E se ele quiser cobrar por algum dano no carro preto? E se a conta do hospital foi exorbitante? Como vou pagar minhas dívidas?

Só vou conseguir saber quando chegarmos ao local, então respirando fundo, procurei me acalmar e aproveitar a ótima e última oportunidade que tenho de entrar em um carro chique como esse.

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