Capítulo 2

Nina Kandon

E sem ter percebido a presença de outra pessoa no quarto, soltei um grito pelo susto.

 —   Ai meu Deus, que susto  —   

Pousei a mão em meu peito tentando controlar os batimentos cardíacos frenéticos que começaram a bipar no aparelho insistente que me despertou do sono a segundos atrás, o mesmo que estava me irritando.

—   Perdão, não foi minha intenção assustá-la.  — 

O homem lindo que lembro de ter visto antes de desmaiar está bem à minha frente, me encarando com suas mãos dentro do bolso da calça e uma expressão extremamente sexy e imponente, se desculpando enquanto se aproximava da minha cama, ele abriu um sorriso gentil e eu engoli em seco com a sua aproximação... Droga, muito seco. Minha garganta doeu agora. Preciso de água.

 Essa tensão toda que estou sentindo na presença desse homem é ridícula, e está me deixando desconfortável, como é possível existir isso de verdade? Nunca vi nada igual em toda a minha vida e de repente o bip insuportável surgiu denunciando todo o meu nervosismo diante desse homem.

—  Você consegue chamar a enfermeira para mim , por favor?  —  

Perguntei a ele, que logo confirmou em um gesto de cabeça e um sorriso nos lábios. Se percebeu os bips por conta do meu nervosismo, ele disfarçou bem pois nem tocou no assunto e então observei ele sair do quarto, me deixando sozinha e confusa com toda a situação que me trouxe para um quarto hospitalar e com um aparelho que está me deixando muito irritada.

—   A nossa bela adormecida acordou.  —   

Ouço uma voz masculina surgir através da porta, direcionando a atenção, vejo um homem de jaleco branco entrar com uma enfermeira atrás e aquele homem entrou logo em seguida, observando tudo atentamente.

—  Sou o Dr. Cameron, cuidei de você nos últimos 3 dias.  

 Ele se aproximou com um sorriso simpático no rosto e continuou parando ao lado da cama. 

—  Como está se sentindo?  —  

 O homem de aproximadamente 30 anos me perguntou com um enorme sorriso no rosto e eu apenas confirmei com a cabeça e respondi a sua pergunta. 

— Um pouco confusa e com muita sede, mas tirando isso, estou muito bem, obrigada.  

O doutor assentiu e continuou, dessa vez com uma postura mais profissional.

—   É normal a confusão, você bateu a cabeça com força e estava bem fraca, mas vamos para seu diagnóstico e logo será medicada..  

Ele pegou a prancheta que a enfermeira lhe estendeu, e passou rapidamente os olhos por entre as linhas e então murmura. 

—   Você está com desidratação e está com anemia, o quadro está controlado mas ainda assim, precisamos que você tome os devidos cuidados.  —  

Assim que ele diz isso, a enfermeira me entregou um copo descartável com água  e agradecida, eu bebi até a última gota.

   —  Ela irá permanecer mais alguns dias aqui em observação?  —  

O homem lindo que nos acompanhou em silêncio se pronunciou pela primeira vez, dessa vez se colocando ao lado do médico, que pareceu uns 10 cm mais baixo que o “Senhor perfeito.

—  Não, os sinais dela estão ótimos. O perigo já passou, só recomendo que continue cuidando para que sua garota tome os remédios para anemia, o resto está tudo nos conformes.  

Em meu interior, algo quis gritar que eu não era nada daquele homem, que ele não passava de um completo estranho, que apenas fez algo caridoso  já que eu fui a culpada pelo incidente mas ele apenas assentiu e me olhou firme, enquanto eu fiquei presa naquele olhar, e dessa vez, engoli em seco sem doer a garganta e consegui desviar a atenção para a saída dos profissionais que disseram que logo trariam a minha liberação.

—   Você ficou esse tempo todo aqui?   

Perguntei para ele, que assentiu e começou a se aproximar quando seu telefone começou a tocar alto e insistentemente.

Ótimo, mais um som insistente!

Revirei os olhos e comecei a me levantar da cama quando ele saiu do quarto para atender a chamada logo após murmurar um pedido de desculpas.

Sacudindo a cabeça tentando me livrar daquela sensação estranha que estava sentindo em relação ao”senhor perfeito”, comecei a me vestir no banheiro, sem meus itens pessoais, apenas apliquei um pouco do creme dental no dedo para colocar na língua e fiz um gargarejo com água para me livrar do péssimo gosto de remédio com estômago vazio de alguns dias e penteei meus cabelos escuros com os dedos e sai em direção ao quarto quando bati de frente com uma parede de músculos que me segurou no instante que recuei dois passos para trás.

Nesse momento pude ver detalhadamente  a fisionomia escultural que esse homem tem. Seus olhos de um verde impressionantes, cílios cheios e escuros, nariz de tamanho médio proporcional ao seu rosto, lábios cheios e rosados naturalmente, com uma barba cheia e escura, porém bem feita e para completar, uma cascata de cabelos escuros emoldurando o rosto mais belo que já vi na vida. Eu estava tão impressionada com o homem de perto, que ele precisou coçar a garganta e se afastar um pouco para chamar a minha atenção, e nesse momento me senti envergonhada pois com certeza estou um caos.

 —   Então, voltando a sua pergunta.  —  

Ele murmurou chamando minha atenção quando já estávamos afastados.

—   Eu fiquei com você apenas no horário da noite, durante o dia a minha governanta ficou aqui com você. 

Ele me falou isso com uma naturalidade que me deixou intrigada e muito curiosa.

Estreitando os olhos em sua direção, perguntei sem nem medir o perigo, pois não sei com quem estou lidando. Não sei absolutamente nada desse homem.

 —  E por que exatamente você fez isso?  

Eu me acomodei melhor, de modo que ficasse de frente para ele e continuei com mais uma pergunta. 

 —  Você não é nenhum mafioso que sequestra moças indefesas, né?    

Ele jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada, meu corpo reagiu aquele som positivamente, foi tão gostoso ouvir esse estranho sorrindo, que fez um sentimento desconhecido surgir no meu peito e então ele murmura com um sorriso de derreter os cérebros femininos.

 —  De longe você pode até parecer indefesa, talvez inofensiva…  

Ele se aproximou de um jeito que me deixou travada e tocou em uma mecha do meu cabelo solto, enrolando-o em seu dedo indicador e continuou.

 —  Mas te conhecendo melhor, é fácil ver que você tem uma língua bem afiada.  O que poderá colocar você em perigo futuramente. 

Esboçando um sorriso de lado, ele enfiou as mãos no bolso da sua calça e disse dando de ombros já a alguns centímetros de distância de mim, me fazendo sentir um pouco de segurança novamente.

   — Sobre a primeira pergunta, tenho meus motivos.  — 

Arqueando minha sobrancelha direita em desafio, olhei no fundo dos seus olhos verdes e questionei, não me importando com a sensação estranha que estava sentindo no estômago.

   —  Que seriam?  —  

Ele esboçou um sorriso extremamente sexy e respondeu.

—   Você não entenderia agora, Srta Kandon. No entanto, na hora certa, você descobrirá. Por hora, preciso apenas tirar você daqui e levá-la em segurança para a sua casa.   

Ele falou sem nem me dar oportunidade de protestar e saiu andando em direção a porta. Eu acredito que seja para pegar a minha alta e em resposta eu falei assim que vejo o horário e também não me importando se ele ouviria ou não.

    —  Obrigada por todos os seus cuidados, mas preciso ir trabalhar logo.   

 Mas minha mente logo me faz lembrar de algo, acabando com minhas esperanças, me deixando aflita e preocupada.

“ Se é que você ainda tem um emprego” 

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