Eu vim para preparar o novo amanhecer

25 minutos depois, a turma já havia passado por 6 alas, enquanto, assim como João disse, alguns foram ficando nas alas anteriores. 

João disse para Mark com uma voz baixa: "Viu só? Eles já passaram por seis alas e nós ainda estamos na segunda."

Mark disse para João enquanto gesticulava em direção a ala egípcia: "É bom a gente ir rápido com isso!"

João olhou em volta e disse: "Bora!"

Mark e João chegaram na tal ala egípcia. Entrando lá, ambos olhavam com muita atenção em volta, até que João disse: "Eu só vim aqui uma vez quando tinha 6 anos, não lembro muito bem do que exatamente tem aqui."

Mark responde enquanto procura por algo diferente: "Eu estive aqui com 13 anos e não lembro de ter visto algo meio "anormal" por aqui."

João dizia enquanto olhava os objetos da ala: Vejamos, uma maquete da esfinge, alguns sarcófagos, uma estátua da deusa Ísis e uma estátua de Anúbis em frente a uma escultura gigante de uma pirâmide. 

Mark diz com um tom de decepção: "Não parece ter mudado muito desde a última vez que estive aqui."

Foi quando um segurança adentrou o local e logo repreendeu Mark e João: "O que vocês fazem aqui? Não sabem que devem andar junto com a turma?"

Mark pensou: "Lascou..."

João rapidamente deu uma resposta ao segurança do local: "Desculpe-nos seu guarda! Estávamos muito curiosos a respeito das peças da ala egípcia. Vamos nos reencontrar com a turma agora mesmo!"

O segurança falou enquanto cruzava os braços: "Acho bom andarem logo! "

Mark questionou o homem antes que ele pudesse se virar para ir embora: "Seu guarda, será que podemos tirar uma foto antes de voltarmos?"

O segurança concordou com a cabeça e disse: "Podem, mas andem logo!"

Mark acrescentou: "Não vamos demorar!"

Nesse momento, o rádio do segurança fez um barulho e saiu uma voz aguda dele: "Fabrício, parece que um dos alunos acabou quebrando um vaso na ala indiana. Aquele vaso custou cerca de 6 mil reais para os cofres do museu. Faça com que esse aluno pague pelo prejuízo!"

O segurança imediatamente acatou a ordem: "É para já, dona Marina!"

João questionou: "Algum problema, seu guarda?"

O segurança respondeu enquanto ia em direção a ala indiana: "Um de seus colegas quebrou um item do museu. Tenho ordens da diretora para averiguar a situação. Tirem logo essa foto e voltem para a turma!"

João concordou: "Sim senhor!"

O segurança saiu do local e Mark rapidamente se posicionou para tirar a foto, ele disse a João: "Aqui! Por favor, tire uma foto minha!"

João intrigado com a insistência de Mark o pergunta: "Por que você quer tanto tirar essa foto?"

Mark responde com um sorriso enquanto fazia pose para a foto: "O meu irmão mais novo nunca esteve aqui, então se eu disser para ele que nós fomos até o Egito, ele vai acreditar. Aqui! Vou tirar entre as estátuas da Ísis e do Anúbis."

João diz enquanto se preparava para tirar a foto: "Lá vai!"

Mark questiona: "Pronto? Deixa eu ver!"

Quando João vai mostrar a foto para Mark, ele repara que Mark está com dificuldades para soltar seu casaco das estátuas. Ele pergunta: "Aqui! Ué? O que houve?"

Mark responde enquanto tenta a todo custo tirar seu casaco dali: "Meu casaco ficou preso na mão das estátuas. Me ajude!"

João vai até Mark enquanto reclama: "Francamente..."

Mark tenta explicar: "Não sei como isso aconteceu. É quase como se elas estivessem segurando minha roupa."

João diz a Mark: "Vou te puxar!"

Mark avisa João enquanto tenta puxar o casaco: "Cuidado que este casaco, é personalizado! Eu fiquei juntando dinheiro mais de um ano para poder m****r fazer."

João responde ironicamente: "Claro, Mark 52!"

Mark exclama: "Mais forte!"

João puxa com toda sua força, mas não consegue. Ele diz a Mark: "Não sai!"

Os dedos das estátuas começam a rachar, até que se quebram. Mark grita feliz: "Conseguimos!"

João diz aflito: "Merda! os dedos das estátuas quebraram!"

Mark questiona João enquanto começa a ficar ansioso: "E agora?! Eu não vou para a cadeia por causa disso!"

Foi quando um barulho pôde ser ouvido. João questionou: "Que barulho é esse?"

Mark respondeu enquanto apontava: "Vem de trás da pirâmide."

João exclamou enquanto olhava para a pirâmide: "Vamos ver!"

Mark tenta convencer João de que não é uma boa ideia conferir. Ele diz em tom de brincadeira: "Olha, eu já assisti muitos filmes de terror para saber que se você escuta um barulho estranho em um lugar que você não tem tanto conhecimento, o melhor a fazer é ignorar e sair correndo."

João sem dar muita atenção responde: "Não é esse tipo de filme, vamos logo!"

A pirâmide triangular tinha por volta de 8 metros de altura. Mark e João encontraram uma abertura atrás dela. Seu interior agora havia se tornado um pouco visível, bem como os segredos ali mantidos.

Mark questiona João: "Vamos entrar?"

João concorda com muita curiosidade: "É claro!"

Mark e João entram na pirâmide e logo Mark diz: "Oh céus, não tem como ver muito bem, mas parece ter um livro em um púlpito."

Assim que eles entram, a abertura se fecha e Mark exclama: "Porra mano! A entrada fechou!"

João diz enquanto pega seu celular: "Ligue a lanterna do seu celular! Vou ligar a do meu também!"

Mark meio contrariado, também liga a lanterna de seu celular e diz: "Meu celular está com a bateria viciada, espero que seja lá o que tenha aqui valha a pena!"

No interior da pirâmide havia uma estátua de 4 metros do deus Rá, que ficava em frente ao púlpito. As paredes eram repletas de figuras, que pareciam ser feitas com algum tipo de cristal, pois reagia a luz dos celulares.

Mark questiona João: "Qual o significado desses desenhos nas paredes?"

João responde surpreso: "Não faço ideia!"

Mark questiona João enquanto colocava a lanterna do celular no rosto dele: "Você não disse que sabia ler os hieróglifos?"

João responde enquanto tentava identificar os desenhos: "Mas esses desenhos não são hieróglifos. Eu nunca vi nada assim em lugar nenhum."

Mark, então, observa o livro que estava no púlpito e pergunta a João: "E quanto a esse livro?"

João vai até o livro e o abre: "Vejamos..."

Enquanto isso, no lado de fora da pirâmide, o segurança volta a ala egípcia indignado e diz: "Aqueles moleques quebraram as estátuas. Só tem vândalos nessa turma! Vou ter que passar isso para a diretora!"

O segurança vai até a sala da diretora do museu e explica o ocorrido. Ela o questiona: "Então, quer dizer que temos mais um prejuízo agora?!"

O segurança responde meio sem jeito: "Sim, dona Marina!"

A diretora mais uma vez o questiona com uma evidente raiva em seu olhar: "Já os cobrou pelos danos causados?"

O segurança responde com a cabeça baixa: "Eu não os encontrei, senhora!"

A diretora pergunta com um tom de preocupação: "Como assim não os encontrou, Fabrício?"

O segurança explicou: "Eles simplesmente sumiram. Não os vi em lugar algum do museu."

Foi quando a diretora começou a vagar em seu pensamentos: "Será que é possível? Um jovem desapareceu em 1920 no Rio de Janeiro quando estava sozinho na ala egípcia. E agora isso acontece! Os registros de compra e troca não deixam claro se aquelas relíquias de fato estão aqui. Se realmente elas estavam aqui, nada aconteceu antes? Por que logo agora?"

Enquanto isso, de volta a pirâmide, João dizia eufórico: "Isso é incrível!"

Mark o questiona: "O que você leu ai?"

João ignorou Mark e seguiu com suas conclusões: "Como isso é possível? Esse livro deve ter por volta de 4 mil anos. "

Mark irritado pede mais uma vez a João que diga o conteúdo do livro: "Para de enrolar e diz logo o que você leu!"

João ainda animado diz: "Esse livro...está escrito em diversos idiomas!"

Mark fica mais curioso: "Sério?!"

João fala mais sobre o livro enquanto lia outras páginas: "Veja, ele vai desde idiomas antigos como o grego até idiomas criados a apenas 100 anos como esperanto! No final do livro existem alguns idiomas completamente diferentes de tudo que eu já vi.

Mark questiona João: "Quantas páginas esse livro tem?"

João responde enquanto vai até a última página: "As páginas estão númeradas em caracteres romanos, são ao todo..."

Mark com medo pergunta: "O que foi? Diga logo!"

João responde enquanto gaguejava: "São... exatamente...2019 páginas. Estranho, onde era para ser a página 1920 não tem nada. "

Mark preocupado constata: "Espera, não teve alguém que sumiu na ala egípcia em 1920? Isso está ficando estranho... O que está escrito? Até agora você não disse!"

João diz enquanto Mark fica impaciente: "O mais estranho de tudo é que as escrituras em hieróglifos estão exatamente na metade do livro, no caso na metade da página 1009."

Mark diz enquanto vai ficando zangado: "FALA LOGO O QUE ESTÁ ESCRITO PORRA!!!"

João responde calmamente: "Apenas um parágrafo!"

Mark fica surpreso e pergunta: "Como assim apenas um parágrafo?"

João responde e em seguida começa a ler o parágrafo: "É apenas um parágrafo que se repete em outros idiomas durante todo o livro. 

"과거, 현재, 미래는 항상 연결될 것입니다 ..."

Mark diz sarcasticamente: "Oh meu consagrado, eu não falo coreano. Procura em português aí no livro."

João responde meio sem jeito: "Oh, tem razão. "Passado, presente e futuro, estarão sempre interligados, por conta disso, sempre haverá um novo amanhã, onde eventualmente alguém irá terminar o que você começou. Neste mundo, as pessoas não podem viver para sempre, mas suas ideias são capazes de transcender o tempo e atingir os confins da existência, até porque, o tempo é relativo e pode ser interpretado de diferentes formas conforme a posição e natureza de cada um. Nesse mundo em que vivemos, o Sol decide quando o dia começa e termina, por isso que independente do tempo e local, todos irão sempre aguardar por um novo amanhecer. O desejo de todos é que esse amanhecer seja sempre mais iluminando que o anterior, mas a realidade é que as escolhas de cada um são o que definem como esse amanhecer será. A verdade existencial, é que todos podem escolher hoje o amanhecer que irão vivenciar amanhã."

Mark constata: "Rá é o Deus sol, não é? Parece que tudo isso está relacionado a ele."

João repara em algo que não havia reparado antes: "Acabei de reparar em uma coisa, a escritura em hieróglifos contém mais duas frases abaixo.

"Hoje é dia 16 de agosto de 1920 e eu vim para preparar o novo amanhecer."

Mark questiona: "Esse negócio está ficando cada vez mais complicado. O que diz na outra frase?"

João meio assustado lê o último parágrafo: "Hoje é dia 04 de novembro de 2019 e nós vamos terminar o que começamos, como o sol que nasce e se põe ao nosso redor."

Nesse momento, as paredes começaram a brilhar e o cenário em volta a mudar completamente. Esses dois jovens haviam acabado de embarcar em uma jornada e ver o que ninguém jamais viu.

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