Capítulo 4

Clara

Saio do elevador junto com a Cassandra e sinto certa tristeza ao ver Bernardo e Bianca nos esperando, eles parecem muito íntimos e não deixo de lembrar das coisas que ela me disse, reparo que ao lado dela sou completamente invisível aos olhos dele. Enquanto nos aproximamos deles vejo Théo vindo até mim, tento disfarçar o olhar, mas ele é insistente deixando-me nervosa.

— Srta. Andrade. - Cumprimenta-me acenando com a cabeça.

— Sr. Vasconcelos. - Retribuo com um sorriso.

— Vai sair mais cedo hoje? - Indaga, deixando-me confusa, não sabia que ele controlava meu horário, vendo a expressão de Cassandra acho que ela pensou a mesma coisa.

— Nós temos um compromisso. - Respondo e começo a caminhar.

— Até a próxima Srta. - Despede-se e eu apenas sorrio.

Quando nos aproximamos do meu chefe e sua secretária não consigo deixar de me sentir nervosa, encaro os dois e começamos a andar.

— Clara aquilo foi estranho. - Comenta Cassandra, falando alto o suficiente para que todos ouvissem.

— O que aconteceu? - Questiona Bernardo, mas eu permaneço em silêncio.

— Sabe o bombeiro? Ele sabe o horário da Clara, achei estranho porque a primeira vez que o vi foi quando ele nos ajudou. - Conta minha amiga, deixando-me nervosa, pois não pude deixar de lembrar-me das ligações.

— Não exagere Ca, talvez ele só tenha se lembrado daquele dia. - Tento tranquilizá-la e minha voz fica melhor do que a forma como realmente me sinto.

Bernardo não diz nada, mas começa a mexer no celular, sei que está mandando mensagem para alguém, seria demais se fosse por minha causa.

Ficamos quietos até chegar ao restaurante, quando entramos já me sinto mais tranquila ao som de Aerosmith com a música que eu tanto amo Armageddon I dont want to miss a thing, fico mais relaxada no momento em que entramos e logo avistamos o Mateus, sentado em uma mesa, mas ele está acompanhado, há um rapaz ao seu lado e quando ele olha para mim não consigo fazer nada, apenas parar no meio do restaurante fico em silêncio olhando para ele, como está mudado, parece mais maduro e mais atraente de alguma forma, ele me encara e vejo que começa a sorrir, levanta e vem em minha direção, continuo paralisada quando se aproxima me abraça tão forte e me levanta do chão.

Eu me deixo levar por ele como uma boneca, o abraço forte também, percebendo como preciso dele, como preciso de alguém que esteja fora da minha bolha de problema. Quando os meus pés tocam o chão continuamos abraçados e eu deixo meu rosto descansar em seu peito, noto que mesmo longe, ele ainda tem o cheiro das flores.

— Caralho Clara como você está linda! - Exclama quando olha em meus olhos, eu sorrio e me afasto um pouco.

— Eu que devo dizer isso, você está elegante, cortou o cabelo. Não acredito que está aqui. - Falo sem parar, ansiosa e maravilhada com sua presença.

— O Mateus me convenceu e tenho algumas pessoas para visitar, familiares que não vejo faz tempo, mas você tinha que ser a primeira. - Diz e morde o lábio, fazendo com que eu me sinta ainda mais nervosa. Ele segura a minha mão e não deixo de sorrir. — Eu senti muito a sua falta. - Confessa agora sua voz está um pouco rouca e ele se aproxima mais de mim, o abraço novamente.

— Também senti a sua falta. - Murmuro e sorrimos olhando um para o outro. Após alguns minutos ele me leva até a mesa e os meus olhos encontram os de Bernardo que possui o olhar tão sombrio como da primeira vez que o vi. — Gente para quem ainda não o conhece esse é o Henri. - Digo sem disfarçar meu sorriso e vejo o Mateus levantar-se para me cumprimentar, ele me abraça forte e sorri.

— Fico feliz por ter sentido a minha falta também. - Brinca Mateus e todos rimos, menos o meu chefe, toda a animação que sentia antes desapareceu.

— Claro que senti, mas sou muito grata pela surpresa. Sorrimos novamente. Fico sentada ao lado do Henri, sentindo seu cheiro e pensando em como pude ficar tanto tempo longe, não havia percebido que sentia algo tão forte por ele, realmente é um grande amigo. Depois de tudo o que passei ele é alguém que pode me fazer sorrir verdadeiramente.

Nós jantamos e ficamos conversando em sussurro algo que só nós precisamos saber, após alguns minutos levanto para ir ao toalete, por sorte ele fica distante do centro do restaurante, realmente é bem reservado, sinto-me melhor assim. Aguardo um pouco e assim que fica disponível eu entro, fico ainda mais contente por ser apenas um box, então tranco a porta e uso o banheiro quando termino lavo a mão e passo um pouco de hidratante, olho o meu cabelo no espelho e feliz com o resultado resolvo sair, quando abro a porta me assusto ao ver Bernardo em minha frente, ele entra rapidamente e tranca a porta atrás de si.

— O que está fazendo? - Indago perplexa. Ele não responde, apenas me encara, sinto seus olhos fixos em mim, desfilando pelo meu corpo, deixando-me completamente desconcertada e quente, o calor aumenta a cada olhada que ele me dá. — Bernardo acho melhor sairmos daqui.

Digo, mas ele não responde ao invés disso me puxa para si, joga a minha bolsa no chão e me beija. Sinto-o tão desesperado, como nunca havia sentido, seus lábios me devoram e exigem cada vez mais de mim, sinto-o se afastar da porta e me encostar na parede, seu corpo fica cada vez mais colado no meu e posso sentir como está excitado.

Seus lábios são quentes, fazendo que eu me sinta cada vez mais instigada. O frio na minha barriga aumenta e eu começo a jogar o meu corpo contra o dele, sinto a excitação crescer dentro de mim e conforme sua ereção arde noto como estou ficando molhada e isso é por conta dele, nunca me senti desse jeito com ninguém, ele afasta o rosto do meu e percebo que está vermelho, estamos respirando fundo e de forma acelerada o que só mostra ainda mais como ficamos excitados um com o outro.

— Você é minha Clara. - Sussurra em meu ouvido e eu sinto todo o meu corpo se arrepiar, desejo ardentemente ele dentro de mim.

— Neste momento eu sou sua Be, só sua, sempre serei sua. - Murmuro sentindo como reage as minhas palavras, sei que está ainda mais estimulado.

Ele se ajoelha e passa a mão pelas minhas pernas, sobe delicadamente acariciando minhas coxas, sinto seus lábios beijando-as e não consigo controlar meu gemido, por sorte e muito esforço ele sai baixo, suas mãos sobem e ele tira a minha calcinha, olho para baixo e fico mais excitada quando vejo como ele sente o meu cheiro.

Quando levanta tira uma camisinha do bolso e faz com que eu rasgue a embalagem com os dentes, desabotoa sua calça e coloca seu sexo para fora, após colocar a camisinha levanta-me e me encosta na parede, eu subo a minha saia e deixo que ele se coloque dentro de mim, suas investidas são rápidas e desesperadas.

É como se ele precisasse disso para se libertar de algo, coloco minhas mãos apoiadas em seus ombros e fico firme sentindo-o cada vez mais forte, eu preciso que esteja cada vez mais forte e cada vez mais fundo, beijo-o com força para que dessa forma possamos controlar nossos gemidos.

Conforme a velocidade aumenta, sinto-me cada vez mais excitada e sei que um orgasmo maravilhoso vai me invadir, na verdade sinto que vou explodir, ele aperta a minha bunda e sei que está quase lá também, falta tão pouco para ele como para mim, ele me pressiona contra a parede e puxa o meu cabelo fazendo com que eu perca todo o controle, após alguns segundos jogo a cabeça para trás e sinto que estou explodindo em volta de sua ereção e quando ele goza dentro de mim, sinto que me liberto ainda mais.

Quando acabamos ele se afasta delicadamente e coloca os meus pés no chão, deixa-me apoiada na parede, tira a camisinha e a joga no lixo em seguida fecha a sua calça. Eu fico parada tentando controlar minha respiração sem conseguir tirar os olhos dele, quando me encara ele sorri e eu retribuo, vejo-o pegar um pouco de papel, ele se ajoelha em minha frente e me limpa, pois estou encharcada, em seguida coloca a minha calcinha, joga o papel no lixo e se aproxima de mim novamente.

— Sei que parece confuso agora Clara, mas... porra você é minha e eu sou apenas seu. Não quero ver ninguém com as mãos em você. Não sei quando será mais fácil para nós, por enquanto não posso oferecer o que precisa... A parte mais viva em mim é sua, estou vivo para você. - Diz e beija os meus lábios com sofreguidão, quando se afasta de mim segura a minha mão, ao chegar à porta solta-me e abre-a saindo apressadamente, eu vou até ela e tranco-a de novo. Olho-me no espelho e sorrio.

— O que você está fazendo consigo mesma Clara? - Pergunto em voz alta e arrumo o meu cabelo, tentando compreender suas palavras que por algum motivo tocaram-me dentro de minha alma. Ele disse que está vivo para mim, mas não sei o que isso significa. Quando me sinto apresentável, volto para a mesa.

Quando me sento ainda sinto minhas pernas bambas é como se ele ainda estivesse em mim. Seu olhar me persegue por um tempo, mas ele disfarça, fico feliz por ninguém perguntar onde eu estava, porém quando os meus olhos cruzam com os de Bianca acredito que ela sabe o que aconteceu.

Rapidamente volto a conversar com o Henri e por um momento me sinto culpada, não sei por qual motivo. Ele é tão legal e tão fácil de conversar, me entende de uma maneira que se não fosse às circunstâncias me apaixonaria por ele com muita facilidade, me assusto ao admitir isso para mim mesma. Quando vamos nos servir da sobremesa o Mateus pede silêncio e começa a falar.

— Eu chamei todos aqui por um motivo muito importante para mim e quero dividi-lo com vocês, que são meus amigos. - Nós o encaramos e eu fico um pouco ansiosa, olho para Cassandra e vejo que está nervosa e isso me faz sorrir. — Faz alguns meses que a minha vida começou a fazer sentido, de repente eu percebi que eu queria ser alguém, que eu precisava. Pela primeira vez senti vontade de deixar de ser um moleque e virar um homem, mudei muitas coisas em minha vida e estou disposto a mudar muito mais. Conheci alguém que fez tudo ser melhor e sou eternamente grato por isso, por ter alguém assim em minha vida, é por isso que quero que ela fique para sempre. - Ele vira em direção a Cassandra que está vermelha como um tomate e sorri, vejo as lágrimas em seus olhos e sinto-me animada. — Cassandra eu a amo como nunca imaginei que amaria alguém. Você é a luz em toda escuridão. É a pessoa que eu quero ficar para sempre. Você é a minha melhor escolha e eu quero ser a sua melhor escolha também. Você aceita se casar comigo? Prometo que a missão da minha vida será fazê-la feliz, para sempre. - Vejo as lágrimas começarem e escorrer de seus olhos e percebo como o Mateus amadureceu como esse relacionamento faz bem a eles. Cassandra começa a sorrir e a chorar ao mesmo tempo e após alguns segundos finalmente fala.

— Sim... Sim. Eu aceito, quero ficar com você pelo resto de minha vida. - Ele se levanta e a abraça, puxa ela para si e a beija apaixonadamente em seguida lhe entrega uma caixa com o anel e tirando-o dali coloca em seu dedo, beijando sua mão após o anel já estar nela. Nós sorrimos e batemos palmas não podendo deixar que vibrar com a felicidade que eles sentem.

Nós ficamos no restaurante por mais algumas horas, felizes por esse acontecimento e quando já está um pouco tarde resolvemos ir embora.

— Henri onde vai ficar essa noite? - Indago enquanto estamos ao lado de fora do restaurante esperando os demais.

— Não sei, eu ia para a casa do Mateus, mas agora prefiro ir para um hotel. - Nós nos encaramos e rimos, entendo completamente o que quer dizer.

— Que tal ir para a minha casa? - Pergunto e vejo que ficou surpreso.

— Tem certeza disso? - Questiona e voltamos a sorrir.

— Tenho sim, você é uma companhia maravilhosa. - Ele me encara e se aproxima de mim, coloca uma mexa do meu cabelo atrás da orelha e sorri.

— Neste caso eu aceito, pois acho o mesmo de você. - Voltamos a sorrir e assim que os outros se aproximam começamos a conversar animadamente. Mateus ira nos levar até a minha casa e Bernardo junto com a Bianca, aguardam o motorista. Esperamos todos juntos, mas o motorista é rápido e assim que chega eles vão embora. Bernardo não se despede de mim, está completamente mudado e isso faz com que eu desconfie do que aconteceu no banheiro.

Será que ele me ama ou apenas é possessivo? Essa dúvida não sai da minha cabeça fazendo com que incomode todo o meu corpo, tento ignorá-la e me esforço da melhor forma possível, mas ainda não me sinto perfeitamente bem.

Disfarço no caminho para casa e isso é fácil, pois não me contenho de animação pelo novo casal, parabenizo muito eles, sentindo-me realmente feliz, quando chegamos em frente ao meu prédio nos despedimos e combinamos de nos encontrar na casa do Estevão no dia seguinte, quando eu e o Henri ficamos sozinhos voltamos a sorrir.

— Vai me dizer o que está acontecendo entre você e o Bernardo? - Indaga para minha surpresa, sinto um arrepio percorrer o meu corpo e me limito a sorrir, viro-me e chamo o elevador, sei que devo responder, da mesma maneira que mentir para ele não é uma opção.

— Nós tivemos um envolvimento, mas não é nada sério. - Digo tentando não parecer desapontada, mas ao falar isso em voz alta faz eu me sentir pior.

— Tem certeza que não é nada sério? - Questiona e eu sorrio para ele, mas dessa vez não o vejo sorrir de volta.

— Sim Henri, ele me pediu em namoro, mas eu não aceitei. Ele não tem interesse em me assumir por causa da Bianca e eu, bom... Não terei um relacionamento controlado por uma terceira pessoa. - Respondo secamente e entramos no elevador, o clima entre nós não mudou, acho difícil ter um clima ruim com ele, sua forma de agir quando está comigo, faz com que eu tenha uma confiança que não conhecia.

— Ele não sabe o que está perdendo. Se eu pudesse ter você, não desperdiçaria a oportunidade, casaria com você. - Ele se aproxima, mas não encosta-se a mim, dessa vez o clima muda e sei que está surgindo algo entre nós que eu desconhecia. — Se um dia você permitir, farei com que nunca mais precise dele. - Seu olhar me penetra, consegue ir tão fundo em minha alma, chega a uma parte de mim que me desconcerta. Respiro aliviada quando chegamos no andar.

— Você vai conhecer a nova moradora da casa. - Digo mudando de assunto. Sei que vai adorar ela. Sorrio e abro a porta, dessa vez sinto que sorri para mim.

Quando abro a porta Atena vem rapidamente em minha direção, me agacho e a abraço carinhosamente, sinto que parece desesperada.

— Então essa é a nova moradora? - Indaga Henri, entrando na brincadeira. Ele se ajoelha ao meu lado e começa a acariciá-la.

— É a mais linda de todas. - Confesso sorrindo.

— Ela tem uma concorrente muito forte e capaz de vencê-la. - Sussurra olhando em meus olhos e aquele arrepio de antes insiste em percorrer o meu corpo, não sei o que está acontecendo, mas de alguma forma é bom. Eu o encaro e após alguns segundos sorrio.

— Vem Atena vou colocar sua comida. - Anuncio levantando e ela vem atrás de mim ansiosa. Após alimentá-la, mostro ao meu hospede o quarto em que vai dormir, ele aproveita para tomar banho e eu digo que farei o mesmo e saio do quarto.

Assim que entro em meu quarto respiro fundo. Não sei o que está acontecendo entre nós dois, mas é algo bom, algo diferente, fecho os olhos e após pensar um pouco decido ignorar qualquer sentimento desse tipo, pois não sei o que fazer com ele.

O quarto está quente, então vou até a janela e resolvo abri-la e para minha surpresa vejo que não está trancada e isso me deixa extremamente apreensiva, começo a ficar mais atenta e a abro lentamente olho envolta e não consigo identificar ninguém, relaxo um pouco e olho a rua apenas para observá-la e sem procurar eu o vejo.

Eu já vi aquele homem, ele veste um uniforme militar que faz com que eu me recorde... Fico olhando para ele, sem conseguir ao menos piscar e sei que está me encarando também, meu pensamento me leva para o passado, um passado ao mesmo tempo distante e recente.

Eu estou correndo o mais rápido que posso, tenho aproximadamente quatorze anos e estou voltando da escola, chorando desesperadamente, quando chego na rua da minha casa vejo meu pai na calçada ele chegou do trabalho faz pouco tempo e ainda não tirou seu uniforme, olha para mim preocupado e pergunta.

— Querida o que aconteceu? - Ele se ajoelha para ficar da minha altura.

— Eu briguei com a Manuela de novo pai. Ela disse que ia me bater e eu vim correndo. - Conto sentindo as lágrimas e a vergonha aumentarem.

— Filha o que eu já te disse sobre fugir? Brigar não é certo, mas não deixe a outra pessoa ficar com vontade. - Ele sorri e eu paro de chorar. — Venha vou com você, vamos resolver isso hoje. E Clara aprenda uma coisa, não pode fugir dos problemas porque eles não vão embora quando fugimos, eles continuam no mesmo lugar nos esperando voltar. - Vejo-o olhar para o chão e para mim novamente. — Sempre resolva seus problemas, eu sempre estarei com você. - Ele se levanta e pega em minha mão.

— Você sempre resolve seus problemas papai? - Indago agora mais confiante.

— Sempre, não sou um homem de fugir. - Ao dizer isso começamos a caminhar, voltando para a escola.

Sinto-me emocionada ao me recordar disso, pensando se ele teria orgulho de quem me tornei. Olho para a rua e vejo que o homem desapareceu, tento identificar se esse é um problema que eu terei que resolver.

Deixo a janela aberta e vou tomar banho, faço isso apressadamente e coloco o meu pijama indo encontrar o Henri na sala, quando chego lá vejo que já virou grande amigo da Atena, vou até a cozinha e faço um pouco de pipoca assim que fica pronto volto para a sala e dando um pote para ele, sento-me no outro sofá segurando o meu pote.

— Conta por que está aqui. - Peço e vejo que sorri, seu sorriso é cativante.

— Estou tentando fazer algo diferente de minha vida. Quero me afastar um pouco da floricultura, deixei isso com o meu pai. - Diz parecendo tranquilo com sua decisão.

— Isso é um desperdício, aposto que muitas mulheres só compravam por sua causa. - Digo e começo a rir, ele faz o mesmo.

— Elas terão que arrumar outro motivo para comprar a partir de agora. - Continuamos rindo e paramos para comer algumas pipocas. — O Mateus fez uma proposta para mim e eu aceitei, vou trabalhar com ele por enquanto. - Confessa deixando-me surpresa.

— Isso é muito bom, de verdade Henri, fico muito feliz por você. - Exclamo e percebo como está nervoso. — Onde vai morar durante esse período? - Indago curiosa.

— Pretendo comprar algo para mim, tenho um valor considerável no banco, mas ainda não decidi bem o que é. - Diz e eu sorrio. — Se precisar ficar por aqui por um tempo, será muito bem-vindo. - Ele pisca para mim.

— Sinto-me contente pelo convite, mas prometi a minha tia que ficaria esse tempo com ela. Aliás, se colocou completamente contra eu comprar a minha casa e queria que eu morasse com ela, mas não aceitei. - Enquanto fala observo que acaricia Atena com o pé deixando-a cada vez mais animada.

— Compreendo, é muito bom morar sozinha. - Sorrio e pisco para ele.

— Não precisa se justificar com ninguém. - Brinca.

— Pode deixar a casa bagunçada se quiser. - Entro na brincadeira.

— Chega em casa em qualquer horário. - Exclama.

— Deixa o sapato na sala. - Digo sorrindo.

— A toalha molhada em cima da cama. - Nós dois rimos.

— Prato sujo na pia. - Continuamos rindo e comendo pipoca.

— Realmente Clara você é ótima em morar sozinha. - Ironiza fazendo com que eu me divirta ainda mais.

— Eu tento, mas confesso que estou me aperfeiçoando com o passar dos tempos. - Falo sentindo muito orgulho de mim mesma.

— Não pensa em casar-se? - Questiona, deixando-me surpresa, não me sinto preparada para essa pergunta.

— Me pegou desprevenida. - Sorrio e penso um pouco. — Não penso em casar, para isso é necessário conhecer alguém e se envolver emocionalmente e sério eu tentei isso e me dei mal. Não quero tentar de novo. - Sorrio tentando fazer minha resposta parecer menos séria do que realmente é.

— Por que não tenta com a pessoa certa? - Pergunta e eu o encaro.

— Como saberei quem é a pessoa certa? - Indago confusa e nós dois rimos.

— Certo você me pegou, também não tenho essa resposta. - Voltamos a comer nossa pipoca, deixando o silêncio tomar conta do ambiente, mas não é um silêncio ruim, não é algo que me deixe constrangida... Sinto-me bem com ele, é um grande amigo e sei que será assim para sempre. — O que pretende fazer amanhã? - Pergunta após alguns minutos.

— Algumas coisas rotineiras e vou finalmente buscar o meu carro. - Sorrio, pois realmente estou feliz com isso. — Tem uma festa na casa do Estevão, você vai comigo, não é? - Questiono.

— Eu sou convidado? - Vejo a surpresa em seu olhar junto com a dúvida.

— Agora é. - Sorrimos e eu me levanto pego nossos potes e vou para a cozinha lavar a louça. Após alguns minutos em silêncio começo a escutar algumas músicas e percebo que ele ligou o som, fico contente por ele se sentir à vontade. Está ouvindo Evanescence uma banda que eu também amo.

Assim que termino pego o tabuleiro de xadrez e começamos a jogar, ele é bom e nossa primeira partida demora quase uma hora para terminar e eu sorrio, pois venci.

— Clara com quem aprendeu a jogar? - Indaga impressionado.

— Com o meu pai. Quando completei dezesseis anos era o passatempo preferido dele. - Confesso orgulhosa.

— E você aprendeu para jogar com ele. - Diz me provocando.

— Sim, sempre fui próxima dele. - Respondo e mostro a língua para ele, mostrando que não me importei com sua provocação.

— Você era a puxa saco. - Grita e sorri, pego uma almofada e jogo nele.

— Eu não era isso, só o amava muito agora pare de ser um mau perdedor e vamos jogar de novo. - Nós rimos e iniciamos outra partida, jogamos mais duas vezes e ele me vence uma vez, comemorando como uma criança e isso me diverte muito, quando já passa das três da manhã vamos para a cama.

Acordo um pouco antes das sete me arrumo e vou para o meu treino de Krav Maga, faço duas horas de treino e volto para casa, sentindo-me completamente disposta. Preparo o café e acordo o Henri que surge com uma aparência engraçada na cozinha, seu cabelo está desgrenhado e mesmo após se trocar parece que acabou de sair da cama, não consigo deixar de rir quando olho para ele.

— O que houve com você? - Indago, ele fica um pouco sério e se se senta à mesa.

— Estou com sono. - Diz e começa a bocejar.

— Percebi, parece que nem dormiu. - Brinco colocando o café em sua frente.

— E você parece que dormiu umas vinte horas. - Resmunga e eu começo a rir.

— Toma café, acredito que se sentirá melhor depois disso. - Falo indicando as coisas que estão na mesa, sorrio vendo-o tão cansado.

Como algumas torradas e tomo um pouco de café, quando terminamos organizo a cozinha apressadamente e pego a coleira de Atena.

— Vai levá-la para passear? - Pergunta confuso.

— Nós vamos isso vai ser ótimo para fazê-lo acordar. - Anuncio vendo-o sorrir e fazer uma careta ao mesmo tempo.

Saímos e vamos para o parque, o dia está quente e Atena muito animada, deixo que o Henri a leve e acho engraçado observando a forma que ela o puxa, ele parece despertar rapidamente e brinca com ela animado, levo seus brinquedos e quando chegamos ao parque tiro sua coleira e deixo que ela explore o lugar. Confio nela sei que não se afastará de mim ficará sempre próxima. Após alguns minutos a chamo e jogo seu osso para que ela busque, vejo como se anima com essa brincadeira, então a repito várias vezes. Ela sai muito pouco e precisa se exercitar assim como eu.

Meu amigo fica correndo junto com ela, esta manhã se torna mais divertida do que eu havia pensando. Quando já se passou mais de uma hora e todos estamos cansados, nos sentamos embaixo de uma árvore para aproveitar a sombra, eu compro água e dou para o Henri e a Atena.

— Isso parece divertido para se fazer toda semana. - Comenta Henri após alguns minutos de silêncio.

— Realmente é divertido. Acho que a Atena é o melhor presente que já ganhei. -Digo e sorrio fazendo carinho em seu pelo.

— Ela é um belo presente. - Ficamos em silêncio por mais alguns minutos. — Clara você está com calor? - Indaga e eu inocentemente respondo.

— Sim, o sol está muito quente hoje e... - Sinto algo gelado em mim e demoro alguns minutos para perceber o que aconteceu. Pego a minha água e me preparo para jogar no Henri, mas ele levanta e se afasta rapidamente gargalhando.

— Por que fez isso? - Indago tentando parecer brava.

— Você disse que estava com calor só quis ajudar. - Ele ri e eu sinto o meu sangue esquentar.

— Sabe que vou me vingar, não sabe. - Exclamo e vejo seu sorriso aumentar.

— Estou ansioso por isso. - Ele começa a correr e eu o sigo segurando minha garrafa de água que está quase cheia. Atena realmente está cansada, pois ela não se levanta. Ficamos correndo envolta da árvore a qual estávamos sentados. Quase o pego duas vezes e ele para um pouco longe de mim para respirar.

— Atena me ajuda, pega ele. - Peço, mas ela me encara e se deita de barriga para cima fazendo com que um sorriso escape dos meus lábios.

— Pensei que você fosse mais rápida sabia. - Ele me provoca deixando-me ainda mais irritada.

Voltamos a correr, dando voltas no mesmo lugar, mas ele está muito confiante e se distrai aproveito esse momento e o alcanço jogo-o no chão e me sento em cima dele abro a garrafa e jogo água em seu rosto, cabelo e um pouco de seu peito.

— Te peguei, convencido. - Digo vitoriosa, mas ele nos vira e eu vou para o chão, agora ele está em cima de mim e balança a cabeça para me molhar, quando para começamos a rir e ele se deita ao meu lado. — Você sabe que isso não foi justo né. - Digo e nós dois sorrimos.

— Achei tudo justo. - Brinca e nós nos deitamos de lado ficando de frente um para o outro. — Você fica linda despenteada. - Faço uma careta e me levanto, mas ele me puxa de volta caio por cima dele e por alguns segundos nossos lábios ficaram mais próximos do que deveriam. Ele me encara e sinto como o seu olhar é diferente, tão doce, tão bom, sinto-me desconcertada ao lado dele, por sorte Atena sabe quando deve me ajudar e vem rapidamente até nós. Quando nos levantamos voltamos a sorrir, tentando esquecer o que esse pequeno incidente nos fez sentir.

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