Projeto Cândice
Projeto Cândice
Por: vg Albuquerque
O Encontro

16 de julho de 2019, já se passa das 18:30hs, o dia nublado com nuvens carregadas, um tom cinza marcava o início de uma noite bem fria, o aquecedor do carro parecia não dar conta, estávamos apenas meu amigo Marcos e eu no carro, o GPS mostrava que seria uma viagem longa e cansativa, Marcos dormia no banco de trás, pois revezávamos na direção, meu turno terminava as 22:00hs, o destino? Descobrir quem sou eu?

Ah! Desculpe, eu não me apresentei.

- Meu nome é Alex, bom!!!Pelo menos foi o que me disseram.

E aqui começa a minha história...

Marcos estava indo para casa mais ou menos as 20:18hs passando com seu carro na rodovia 107 a exatos 28 dias atrás, quando passa por mim, ao me ver a pé, cambaleando pela estrada. Homem de bom coração que é, resolveu parar seu carro no acostamento a uns 20 metros a minha frente, era uma noite de tempestade eu estava fraco nesse dia, mal conseguia ficar em pé. Muitos carros passavam por mim, mas não paravam. Eu não os culpo, era noite, quem daria carona a um desconhecido? Ainda mais na situação em que eu me encontrava.

Aqueles 20 metros entre mim e o carro de Marcos, pareciam 2 quilômetros, sem forças e em meio ao vento, o frio e aquela chuva que estava ficando cada vez mais forte. Ao chegar perto do carro acabei caindo apagado, tinha desmaiado. Não sei o que aconteceu. Acordei 3 dias depois em um quarto totalmente desconhecido, estava na casa daquele que sem saber quem eu era, parou para me oferecer carona.

Ao abrir os olhos, contemplava um aposento, azul, simples, com uma cama, um guarda roupa e uma escrivaninha no canto, parecia um quarto que não era utilizado a um tempo. Como cheguei até ali e muito menos de onde tinha vindo, não fazia a menor idéia. Não tinha identificação, fotos ou nada parecido apenas um número escrito na lateral do meu abdômen, não tenho noção do que significa, parece um código.

Ao tentar levantar da cama, me desequilibrei e acabei caindo, ainda não possuía tanta firmeza nas pernas, o barulho que acabei fazendo, fizeram aquele casal rapidamente correrem até o quarto, afoitos, logo me encheram de perguntas.

-  Olá rapaz, você está bem?!

- Sim senhor, onde estou?

- Meu nome é Marcos e essa é minha esposa Sara.

- Como você se chama?

- Eu me chamo... Eu me chamo... Aí! Minha cabeça, não consigo lembrar!

- Calma Filho, vamos devagar. Você sabe onde está?

- Não faço idéia senhor.

- Pode me chamar de Marcos.

- Vou preparar algo pra você comer e se fortalecer – Disse a mulher.

- Obrigado senhora.

- Que isso, me chame de Sara, por favor.

- Precisamos de um nome para te chamar.

- Que tal Tiago? 

- Marcos! Não sei se é uma boa idéia colocar o nome do nosso filho.

- Não fará mal Sara, olha como parece com ele? Apenas deve ser um pouco mais velho assim poderemos matar a saudade um pouco. O que você acha garoto?

- Se por vocês não tiver problema, por mim está bom.

- Então está certo.  Vamos descer e preparar algo pra você comer, tem roupas no armário, era do nosso filho, vai caber em você, já volto com sua refeição.

- Obrigado.

- Bom!!! E aqui estou! 

Dias atuas...

Hoje, 14 de julho de 2019, são 7 horas da manhã, estava sentado numa velha cadeira, na varanda tomando uma xícara de café, sem saber qual é a minha verdadeira identidade, a casa onde moro, não é minha. Observava duas crianças indo do outro lado da rua com seus livros e bolsa seguindo em direção a esquina onde o ônibus escolar os aguardava, como as admirava, sabiam mais das suas vidas do que eu sabia da minha.

Enquanto tomava meu café, esperava por Marcos, um homem de 46 anos de idade dono de uma oficina, trabalho com ele de ajudante, desde que acordei. Está ajudando a me levantar e com o trabalho que me ofereceu já estou conseguindo ir levando a vida, tinha acabado de comprar um celular, e já estou à procura de um lugar pra ficar. Marcos insiste em sua hospitalidade, ele e sua esposa são ótimas pessoas. Mas não posso abusar da bondade deles.

Sara, tem 44 anos e trabalha como corretora de imóveis, seu escritório é o maior da cidade, eles são casados há 22 anos, tiveram um filho mais infelizmente morreu estranhamente em acidente de carro a dois anos atrás com 20 anos de idade, para eles, ainda está sendo difícil superar. Talvez por isso rapidamente se apegaram a mim. O casal insiste para eu não ter pressa em ir embora.   

Esse dia estava sendo tão normal quanto os outros, levantei cedo, tomei um banho e antes de Marcos eu já estava pronto para sair, costumamos sair por volta das 07:15hs todas as manhãs, as vezes me deixava dirigir, apesar de não possuir documentos. Mas já estava planejando alguma forma de tirá-los, só não sabia como.

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